Arquivos da Frota Estelar 2 - Spock escrita por Valdir Júnior


Capítulo 5
Encontro




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O caminho para chegar aos laboratórios passava por trilhas estreitas que ficavam a beira de grandes precipícios, de onde qualquer queda seria fatal. Os três oficiais da Frota Estelar seguiram com cuidado, até chegaram à instalação principal, onde que Spock e o capitão Kirk haviam estado há três anos, na sua primeira missão.

Ao chegarem à frente da porta, o vulcano parou para dar as instruções finais aos dois seguranças.

— Vamos ficar alertas ao entrar, pois o androide certamente estará a nossa espera, provavelmente armado. Programem os rifles phaser para ajuste máximo e tenham certeza de que a Srta Chapel está fora da linha de tiro antes de disparar. Preparem-se.

Spock colocou-se ao lado direito da entrada, junto com Matheis,  enquanto  Laurentis se posicionava do outro lado. Assim que o vulcano acionou o botão e a porta se abriu deslizando para a esquerda, eles entraram rapidamente, com as armas preparadas. E pararam surpresos ao se depararam com Christine Chapel caída no chão próximo a uma grande bancada, parecendo estar desacordada.

Antes de se aproximar dela, Spock olhou a redor para se certificar que não havia mais ninguém.

— Senhores – disse ele aos seguranças – eu vou verificar se a Srta Chapel não está ferida. Enquanto isso fiquem atentos para evitarmos qualquer surpresa desagradável.

Ele foi até onde a enfermeira estava caída e tocou levemente seu pescoço. Quando sentiu a pulsação, pegou suas mãos com suavidade e deu algumas palmadas leves e chamando seu nome, para tentar fazê-la voltar a si.

— Srta Chapel – repetiu o vulcano, ainda tocando as mãos dela.

As pálpebras de Christine começaram e se mexer e repentinamente ela abriu os olhos e olhou em volta, confusa.

Parecendo reconhecer os oficiais da Enterprise, ela se acalmou e sentou-se, embora demonstrando ainda estar meio desorientada.

— Você está bem? – perguntou Spock, ajudando-a a se erguer.

— Estou bem, ele não me feriu – Ela voltou a olhar em torno, preocupada – vocês já o acharam?

— Ainda não procuramos – respondeu o vulcano – e talvez não seja necessário por agora. Nossa prioridade era resgatar você.

Ela olhou Spock nos olhos e deu um sorriso encantador. E tocou a maçã do rosto do vulcano de leve com a ponta dos dedos.

Então Spock também a olhou, surpreso com o que sentiu. Ou melhor, com o que não sentiu.

Três anos atrás a tripulação da Enterprise foi infectada por um vírus que afetou as suas mentes e fez com que todos perdessem as suas inibições naturais (1). E por isso Christine Chapel confessou a Spock o amor que sentia por ele. Esta revelação o abalou profundamente, a ponto de quase fazê-lo desistir de toda a sua disciplina vulcana e corresponder à paixão da moça. Mesmo que a relação não tenha progredido, este encontro criou um elo permanente entre eles, que existiria enquanto vivessem.

Por estar temeroso de que ela pudesse ter sofrido algum trauma psicológico em razão do rapto, o vulcano havia abaixado os seus escudos mentais para tentar sondar se tudo estava realmente bem com ela, através da sutil ligação mental que eles compartilhavam. No entanto ele não sentiu nada. Não havia uma mente naquele corpo. Aquela definitivamente não era Christine Chapel.

Spock retirou a mão dela do seu rosto e se afastou, dando alguns passos para trás.

Ela ainda estava sorrindo quando o vulcano disparou seu rifle, atingindo-a no peito e fazendo com que ela caísse para trás com o tórax completamente destruído, deixando vários circuitos eletrônicos e músculos mecânicos expostos.

Ainda olhando para a carcaça da androide destruída, o vulcano ordenou para os atônitos seguranças:

— Fiquem alerta. O outro androide com certeza está por perto.

O aviso chegou tarde para Laurentis. Um painel oculto se abriu às costas dele e o androide do Dr. Roger Korby o atacou, imobilizando seus braços e torcendo seu pescoço, que estalou de forma assustadora.

Soltando o corpo do segurança no chão, o autômato encarou friamente o vulcano e apontando para ele um phaser de mão.

— Não sei como descobriu que não era a verdadeira Christine – disse Korby sorrindo sarcasticamente – ela estava quase perfeita. Possuía até temperatura corporal, batimentos cardíacos e todas as lembranças e conhecimentos dela. Se você a levasse, ninguém iria notar a diferença.

Spock ignorou o comentário.

— Como você ainda está aqui? – perguntou o vulcano – pensamos que havia sido destruído a mais de três anos.

— A Frota Estelar subestimou a tecnologia que me criou – respondeu o androide – milésimos de segundos antes de eu ser desintegrado, os sistemas automáticos de salvaguarda transferiram minha consciência para uma cópia que estava escondida em uma câmara oculta anexa ao laboratório. Assim que vocês se foram, fui ativado e fiquei aguardando a oportunidade de trazer Christine de volta pra mim.

— Onde está ela? – perguntou Spock friamente, apontando a arma para o androide.

— Ela é minha! – respondeu Korby com ênfase – sempre foi e sempre será. E se acha que eu acredito que você vai atirar em mim, está enganado. Se me destruir, você nunca a achará!

O vulcano encarou o androide por alguns segundos. Depois disse calmamente:

— Acho que as possibilidades estão contra você. Adeus.

E disparou o rifle antes que o autômato pudesse reagir, atingindo-o na cabeça, que foi completamente destruída.

O Sr. Matheis olhou confuso para o que restou do androide e em seguida para Spock.

— E agora comandante – perguntou ele – como vamos achar a Srta Chapel?

Em vez de responder, o vulcano largou sua arma sobre a bancada e colocou-se no centro da sala.

— Por favor  Sr. Matheis – disse – peço que fique em silêncio.

Spock fechou os olhos, uniu dedos e indicadores e os encostou na sua testa, profundamente concentrado. Abriu totalmente a sua mente para o ambiente a seu redor, tentando contato com Christine através da ligação telepática que eles compartilhavam. Apesar de ela ser tênue, o vulcano esperava que fosse suficiente para indicar onde a enfermeira estava.  Depois de alguns minutos vagando, sua mente tocou algo que parecia ser como um eco, uma lembrança feliz. E ele ouviu nitidamente a voz dela dentro da sua cabeça: “Spock”.

— Eu sei onde ela está – disse o vulcano, já saindo apressado do laboratório  – eu vou buscá-la. Enquanto isso instale todas as cargas explosivas que trouxemos. Vamos demolir tudo isso assim que sairmos, para garantir que nenhum outro androide possa ser criado.

— Sim senhor – respondeu  Matheis.

 

 

Referência do Capítulo:

(1) Série Star Trek (Clássica), 1ª temporada, episódio 5 — “Tempo de Nudez”.

 


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