Perfect escrita por Is Latore


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpem por demorar a postar, mas estava sem tempo.

Espero que gostem, boa leitura!



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Melanie

Hoje está completando exatamente dois anos em que tudo aconteceu, dois anos em que minha vida mudou por completo. Tenho que admitir que os primeiros meses foram complicados, a falta de vontade de viver era maior do que a vontade de permanecer de pé. Era complicado, doloroso e eu não sabia como lidar. Perdi alguns quilos, meus cabelos ruivos começaram a cair, comecei a ter falta de ar constantemente e uma belíssima ansiedade me apareceu. 
Mas então passou, o luto passou, a dor continua ali me lembrando de tudo, mas a vontade de seguir em frente foi muito maior. Mudei-me de cidade, coisa que dona Maria, minha mãe, não gostou muito, mas eu precisava. Comprei um apê em Bento Gonçalves, e comecei a trabalhar feito louca. Não tinha um fim de semana se quer que eu estivesse por casa, vivia pro trabalho. E acredite, foi bom, foi um ano em que eu precisava me distrair, caso contrário a ansiedade aparecia me fazendo lembrar de tudo aquilo. 

Agora, tudo mudou. Depois daquele ano de trabalho, veio a recompensa. Consegui por fim comprar um belo estúdio de dança. Eu estava feliz, radiante. Minha vida finalmente teria mais cor, eu poderia fazer aquilo com que tanto estudei e batalhei para trabalhar, aquilo que eu amava e tanto rezava para que desse certo. Eu começaria a dar aulas de ballet. Meus planos era começar com o ballet para crianças, depois para adolescentes, e por fim expandir o estúdio com todas as modalidades de dança. Finalmente as coisas iam começar a dar mais certo. 

Era sábado, mamãe avisou que estava vindo a Bento para me visitar e conhecer o estúdio que inauguraria a tarde. Eu estava ansiosa, a cidade inteira ja estava sabendo sobre a inauguração, e muitos já haviam me parado na rua falando que iriam ir conhecê-lo. Ao sair do banho coloquei minhas roupas habituais, uma calça jeans, uma blusa de manga comprida e um cardigã por cima. Bento estava fria, não tanto como no inverno, mas fresquinha. Nos pés coloquei minha sapatilha, e os cabelos deixei soltos. Peguei minha bolsa e as chaves do carro para enfim buscar a dona Maria que teria um ataque caso eu chegasse atrasada. 

— Finalmente, Melanie. - disse minha mãe ao entrar no carro. - Pensei que tinha esquecido de mim. - revirei os olhos. 
— 5 minutos de atraso, mamãe. - dei um beijo em sua bochecha.- Como foi de viagem? 
— Ah, um saco. Veio um cara do meu lado escutando uma péssima música, além de conseguir escutar a música dele tive que lidar com suas piadinhas e cantadas baratas. Mereço. - dei risada de sua indignação e segui viagem. 

Dona Maria tinha cerca de 50 anos, seus cabelos eram morenos, diferentes do meu, que batiam em seu ombro. Mamãe não parecia de longe ter a idade que tinha, tinha um corpo de dar inveja a qualquer menininha de 20. Divorciada de meu pai há cerca de 20 anos, segundo ela, não aguentou o gênio forte de seu Orlando. Meu pai não o vejo desde então, ele se mudou pra França, onde constituiu família e então nos vemos apenas por chamadas de vídeo 1 vez por mês, ou quando dá. 
Da rodoviária fomos direto para o estúdio, mamãe estava ansiosa para conhecê-lo e eu tinha que ver os últimos detalhes para a inauguração. 
Ao entrar fiquei admirada em como tudo estava lindo, Ayumi, minha amiga e “secretária”, havia deixado tudo organizado, faltava apenas as comidas e bebidas que chegariam depois do meio dia. 

— E aí, gostou? - perguntou Ayumi ansiosa. 
— Muito, ficou incrível. -olhei encantada.- Muito obrigada, você arrasou.
— Nossa, está tão lindo. - mamãe me olhou com os olhos cheios de lágrimas. - Como você cresceu. - e ela começou a chorar- Estou tão orgulhosa. - ela me abraçou e em seguida secou as lágrimas- Querida, sua vó iria amar este lugar. - e novamente começou a chorar. 
— Mamãe, você prometeu que não iria chorar. - respirei fundo e a abracei. - Deixe as lágrimas para mais tarde. - sorri ao vê-lá limpando suas lágrimas e indo olhar mais de perto o estúdio. 

 

 Eduardo 

Desde a morte de Bárbara minha vida mudou de cabeça pra baixo. Criar Liz sozinho foi o maior desafio que eu poderia encarar. Eu havia uma vida em minhas mãos que dependia de mim para tudo, se alimentar, trocar fralda, dar banho e etc. Era difícil ser pai sozinho, e eu via o quanto muitas mães passavam por isso, e me senti mal por pensar que apenas eu sofria. Os primeiros meses eu obtive a ajude de minha mãe Marcela, que foi como um anjo pra mim. Nós começamos a frequentar alguns grupos de pais, era acolhedor de certa forma, aprendi muitas coisas ao qual seriam difíceis se eu não tivesse ajuda. 
Após os 3 meses de Liz voltei as atividades das Jonh's, minha empresa de gerenciamento de hotéis juntamente com meu melhor amigo Philipe. Se cuidar de Liz era difícil, cuidar dela e da empresa era mais ainda. Mas, aos poucos fui me organizando e conseguindo lidar com tudo. 

Era engraçado como meu ciclo de amigos diminuiu, como eu passava todo o meu tempo com Liz ou na empresa, estava difícil sair com eles, eu precisava estar com a Liz, e ela precisava de mim. Começaram com as piadinhas, e depois de tanto insistirem de me levar para uma festa qualquer, eles desistiram de mim por completo. Os únicos amigos que restaram foram Philipe e Marcos, os que eram meus amigos desde o colegial. E então, quando Liz completou um ano eu voltei a sair à noite, com muita insistência de minha mãe. Saia com os amigos pra beber de vez em quando, as vezes íamos pra uma balada, mas nada de muito extraordinário. Tive algumas namoradas passageiras, nada com que meus amigos ou família souberam. Eu não conseguia me apegar ou me apaixonar por alguém, e esse foram os motivos se todos os términos. Depois de Bárbara, minha vida nunca foi a mesma.

Agora, já se passaram quase 5 anos desde o ocorrido. Foram anos difíceis, tive que aprender muita coisa na marra na arte de ser pai de menina. Mas fui lidando. Liz era uma garotinha adorável, muito sapeca, inteligente e simpática. Era difícil ela não gostar de alguém, ou alguém não gostar dela, encantava a todos onde passava. Isso com toda a certeza ela puxou a mãe. Daqui dois meses ela completaria seus 5 anos, e ela estava ansiosa, queria muito uma festa de princesa, com fadas e unicórnios. Mamãe ja estava organizando tudo, e fazia questão de ser uma completa surpresa pra ela. 

Hoje nós estávamos de mudança, nossa casa ficava muito longe do trabalho e da casa de Marcela, nós precisávamos também de um lugar menor. Foi então que eu achei um apê no centro de Bento, ele era pequeno, mas aconchegante. Era a 5 minutos do trabalho e a menos de 2 minutos da escolinha de Liz. Marcela morava a menos de 10 minutos de nós, o que facilitava ainda mais, já que eu sempre estava precisando dela.

Assim como eu imaginava Liz havia amado nossa nova casa, principalmente seu quarto. O apê era pequeno, tinha um quarto, uma suíte, um banheiro, uma sala-cozinha, uma lavanderia e uma varanda com uma belíssima vista. Após terminar de colocar todas as caixas dentro do apê começamos a organizar os quartos, Liz se encarregou de arrumar sozinha o seu. Não demorou muito pra eu ver um serzinho loiro pular em minha casa com aquela carinha de pidona, decidi então levá-la para almoçar.

Almoçamos num restaurante italiano, era novidade em Bento, havia aberto em alguns poucos dias atrás. Sentamos em uma mesa ao lado da janela, por muita insistência de Liz, e pedimos nossas comidas.

— Olha papai, um estúdio de ballet. - ela me chamou me despertando.- Eu quero ir lá, podemos? Por favorzinho. - ela juntou as mãozinhas e fez aquela carinha de cão sem dono.
— Interessante, não sabia da existência desse estúdio, e nem do seu interesse por ballet. - a olhei desconfiado. 
— Ah papai, na minha escola quase todas as meninas fazem ballet, pensei que se desse eu poderia fazer também. Acho tãaaaaaao legal. - ela sorriu e piscou os olhinhos sem parar. 
— Hum, sei. - dei uma risada. - Ok, depois do almoço vamos lá conhecer, e quem sabe te inscrever. 

Vi seus olhos brilharem e ela sorriu animada. Minha felicidade era vê-la daquele jeito, toda feliz e animada. Nós almoçamos quase que tranquilamente, se não fosse por Liz ficar pedindo pra comer rápido, pois ela queria ir logo no estúdio. 
Era um lugar bonito, parecia de fato ser a inauguração. A entrada era simples com o nome estampado: Estúdio de dança Mel Fronck. Aquele nome não me era estranho. Ao entrar vi de perto os diversos pufs coloridos na recepção, era possivelmente uma sala de espera para os pais, mais para frente havia uma sala totalmente de vidro com espelhos e barras, provavelmente a sala de ballet. Continuamos andando e vimos os vestiários e banheiros, alguns bebedores e uma sala reservada, que seria o escritório da dona do local ou a sala dos funcionários. Decidi por fim fazer a inscrição de Liz, ela estava animada e queria começar logo as aulas. 

Conversei com Ayumi, uma mulher muito simpática que se denominou ''secretária provisória'', achei ela engraçada, tinha um sotaque diferente e era muito animada. Fiz a inscrição juntamente com o pagamento do primeiro mês, peguei as instruções e deixei reservado o que ela precisaria para as aulas.  Ao me virar procuro por Liz, e a vejo dentro da sala conversando com uma belíssima mulher, ela era bem branquinha, ruiva, com os cabelos até a cintura, com um corpo bem moldado, sua boca era rosadinha combinando com o rosado de suas bochechas. Era uma bela mulher, eu estava de fato muito encantado por ela. Entrei na sala para chamar Liz a ir embora, mas então ela levantou a cabeça e me encarou. 

— Eduardo? - ela me chamou ao me olhar. E foi então, que meu mundo caiu. Aqueles olhos, era ela. Comecei a suar frio, algo invadia meu estômago, e o coração acelerou. 
— Melanie? - ela sorriu ao ver que eu a reconheci, e foi então que eu vacilei, e o sorriso foi involuntário ao ver aquele sorriso que eu tanto gostava a uns anos atrás. 


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