Eternal escrita por Marimachan


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sacrifícios


Notas iniciais do capítulo

Olá~
Não trouxe o próximo capítulo da short-fic Forbidden, mas trouxe uma nova fic, que eu queria muito escrever. Eu preciso disso no mangá e enquanto Kusanagi não nos presenteia, decidi escrever por mim mesma. XD
Terá apenas dois capítulos! ^^
Boa leitura! ;)



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— Majestade — cumprimentou o soldado da Tribo do Céu assim que o loiro chegara à cavalo, ajudando-o a descer.

Soo-won observou por um minuto. Mesmo que já fosse noite a grande baixada próxima à floresta, repleta de soldados das cinco tribos de Kouka, era iluminada pelas fogueiras.

A batalha contra Kuerbo chegara ao seu fim, a guerra contra o Império inimigo, no entanto, parecia longe de alcançar tal resultado. O Imperador de Kai agora se preparava — aliando-se a outros, até mesmo alguns nômades — para enfrentar por definitivo o Reino de Kouka. E era por esse motivo que todas as tribos foram convocadas e marcavam presença ali.

Em cinco dias invadiriam Tenchou.

À sua esquerda uma parte de seus conterrâneos agrupavam-se, alguns já montando a tenda que seria destinada a ele; à sua frente, as Tribos da Terra, da Água, uma pequena massa da do Fogo e o restante da do Céu misturavam-se e se ajeitavam junto à seus generais; enquanto isso, mais à direita, poucos metros mais distantes, a maior parte da Tribo do Fogo e toda Tribo do Vento faziam algazarra — sem dúvidas era a parte mais animada e barulhenta dos 10000 soldados reunidos naquele lugar; no meio: eles.

À alguns metros de si encontravam-se, metidos no meio dos homens que bebiam e conversavam alto, Yona e seus companheiros dragões. Já havia recebido, ainda em Saika, a notícia de que eles iriam permanecer na batalha que se aproximava. E, na verdade, estava satisfeito com isso, porque assim poderia resolver aquilo de uma vez.

Estava prestes a dar o primeiro passo em direção aos festeiros quando ouviu Joo-doh atrás de si.

— Tentamos avisá-los que estamos em meio a uma Guerra e que isso não é hora de fazerem festa, mas parece que não dão a mínima — declarou irritado, o que fez com que o jovem risse brevemente.

— Nunca tente impedir a Tribo do Vento de fazer uma festa. Você provavelmente falhará. — Voltou-se para o general, fechando os olhos ao sorrir, mas esse apenas bufou em resposta. — Kye-sook manteve-se longe deles? — questionou mais seriamente.

— Sim, nem mesmo nos aproximamos deles enquanto você não esteve aqui, embora o conselheiro não tenha me parecido muito satisfeito com isso — informou também observando os “intrusos” ao longe, distraídos pelos soldados bagunceiros.

— Obrigada por me atenderem — agradeceu pela ordem obedecida, logo seguindo em direção à festa.

— Você pretende chegar assim? — indignou-se o mais velho, seguindo o lorde. — Sem qualquer tipo de aviso?!

— Por que precisaríamos de um? — devolveu com outra pergunta, caminhando sem hesitação.

— Rei idiota! — xingou, mas não demorou a suspirar resignado, continuando a seguí-lo.

Yona naquele momento encontrava-se sentada em um tronco, entre Yoon e Tae-jun, saboreando a sopa que o primeiro fizera. Os dragões estavam à sua frente, em outro tronco, também comendo, enquanto em volta deles dezenas e mais dezenas de homens e mulheres das Tribos do Fogo e do Vento comiam, bebiam, gargalhavam e faziam farra. Alguns comemoravam a vitória sobre a Tribo Tully, outros apenas queriam fazer festa realmente, como era o caso dos conterrâneos de Hak — que chegaram ao acampamento naquela tarde e não demoraram a dar início a ela. Esse, ela acabara de observar, havia ido pegar água no rio há mais de dez minutos e ainda não tinha voltado.

A princesa estava prestes a ir à procura do rapaz quando atentou-se aos soldados do fogo, mais próximos do restante do acampamento. Ao guiar seu próprio olhar na direção da comoção, encontrou Soo-won, aproximando-se do grande grupo — acompanhado de Joo-doh—, carregando uma expressão aparentemente descontraída. Descontração essa que sumiu quase por completo dela mesma, ao encará-lo. Os dragões também atentaram-se a situação, já que agora deixavam as distrações de lado para concentrarem-se unicamente no ponto em que os dois se encontrariam.

Assumindo uma expressão mais formal, o loiro parou em frente à ruiva, não negando o contato direto entre os olhos lilases e os verdes.

— Boa noite, Yona-Hime — cumprimentou cortesmente.

— Soo-won. — Acenou com a cabeça, levemente.

— Será que poderíamos conversar por um momento? — Olhou em volta, inclusive para o general ao seu lado, todos os encaravam fixamente. — A sós. — Sorriu mais uma vez fechando os olhos, embora agora uma gota de suor escorresse por sua testa.

Os olhos de Yona, provavelmente expressavam a surpresa que ela também enxergava nos que os cercavam. Ela definitivamente não esperava por aquilo. Todavia, não demorou a responder:

— Tudo be-

— Não. — Uma voz firme atrás dela a interrompeu. — Não posso permitir que você vá sozinha com ele pra qualquer lugar que seja, Hime.

— Hak. — Virou-se para encarar o guarda-costas.

— Não me importo. — Soo-won chamou a atenção para si novamente, sem qualquer hesitação aparente. — Que você nos acompanhe — completou, para desespero do General do Céu. — Façamos assim, — tirando a própria espada embainhada da faixa em suas vestes, entregou-a a Joo-doh, que a recebeu com surpresa. —, nenhum de nós terá qualquer tipo de arma — continuou tranquilamente. — Assim, você estará em vantagem, embora eu realmente pretenda que seja nada além de uma conversa. — Encarou o moreno, o qual devolveu o olhar com intensidade, deixando um breve aviso de que ele não hesitaria em matá-lo se o desse qualquer motivo.

Sem dizer mais nada, Hak apenas abandonou sua glave em cima de Ki-ja, que pego desprevenido quase foi ao chão com o peso — “Não faça essas coisas sem avisar, Hak!” —, e então deu as costas para a multidão, que ainda observava calada, seguindo de volta para a floresta. Yona fez o mesmo, o que levou Soo-won a pôr-se a seguí-los também. Por um minuto ele sentiu seu braço sendo segurado, entretanto.

— Majestade, tem certeza disso? — Joo-doh encarou-o seriamente, mas o olhar e o sorriso melancólico do jovem rei já o responderam antes das palavras.

— Está tudo bem — limitou-se a responder, não demorando a se desvencilhar das mãos do mais velho e encaminhar-se para encontrar os outros dois.

— Não está nada bem, Rei idiota — sussurrou consigo mesmo enquanto observava tristemente o loiro afastar-se.

— Bem, acho que podemos ir direto ao assunto — Soo-won declarara assim que chegara a pequena clareira próxima ao rio, aonde Hak e Yona já o esperavam. Suas feições eram sérias e centradas, o que demonstrava que ele de fato queria ir direto ao assunto, fosse lá esse qual fosse. — Sabemos que, no momento, Kouka está longe de ser um país unido.

— Por que diz isso? — a garota questionara, também não deixando de expressar a seriedade exigida implicitamente. Mesmo que já soubesse a resposta, queria ouvir as palavras que seriam usadas.

Soo-won sorriu, afiando o olhar sagaz.

— Acho que todos já percebemos isso. — Levantando a mão direita, passou a enumerar o que falava. — A fidelidade Tribo da Terra está comigo, assim como a do Céu. A Tribo do Fogo é fiel a você, assim como, obviamente, a do Vento. E a da Água é uma incógnita, já que temos Lili envolvida. Nesse sentido, qualquer disputa que exista entre nós para ter o trono, culminará em uma guerra civil.

— Eu não tenho intenção de trazer nada parecido para o país — assegurou com firmeza.

— Eu sei — concordou, ainda carregando a expressão anterior. — Assim como eu, você não quer derramar o sangue do nosso povo por uma tragédia como essa.  No entanto, não é algo que vamos conseguir controlar se as coisas continuarem como estão. Todos já têm conhecimento da situação, e para a Tribo do Fogo e a do Céu iniciarem um conflito, não precisará de muita coisa. As outras apenas seguirão o fluxo.

— E o que você pretende, então? — questionou defensivamente. — Fazer eu me calar? Fazer eu ficar quieta, enquanto assisto você governar o reino como bem entende e aceitar tudo o que você decidir?

— Não — negou sem hesitação. — Pelo contrário. Eu quero entregar o Reino nas suas mãos.

A expressão do casal à sua frente não poderia ser mais surpresa e confusa.

— O quê?

— Exatamente o que você ouviu — reafirmou para a ruivinha. — Assim que essa guerra chegar ao fim, eu entregarei a coroa a você. E você assumirá o trono, Yona. — Encarou os olhares perplexos. — Eu disse antes. Não tenho intenção de tomar o trono de Kouka. Tinha algo que eu precisava fazer, e para fazê-lo precisava me tornar Rei. Então me tornei. Quando essa Guerra chegar ao fim, eu finalmente terei concluído a missão que assumi para mim mesmo e então não terá mais motivos para eu permanecer sendo Rei. — Sorriu tristemente, encarando os olhos ainda surpresos da prima. — Não espero que algum dia me perdoe… Yona. Não é por isso que estou pedindo que retome o castelo. Estou pedindo, porque sei que agora finalmente está pronta. E que esse Reino continuará perseverando enquanto estiver aos seus cuidados. — Dando as costas para os dois, passou a encarar o céu estrelado. — Sei que não tenho o direito de dizer isso, mas seu pai deve estar orgulhoso da mulher que você se tornou. — Baixou a voz até o ponto em que apenas ele ouviria a si mesmo. — Eu também estou.

— Soo-won. — Ouviu chamar, o que fez com que voltasse a encarar os dois. As ametistas de Yona não expressavam mais surpresa, mas agora um tom melancólico, embora o encarassem como se tentassem ler sua alma. — Você amava o Rei II?

A pergunta não poderia ter trazido mais surpresa aos outros dois jovens presentes. Hak, contudo, permaneceu calado, embora dentro de si existisse um turbilhão barulhento de sentimentos.

Soo-won levara alguns lentos segundos para processar as palavras, mas assim que o fez, voltara a endurecer seu olhar, indisposto a expressar o que elas de fato causaram em seu interior.

— Por que me pergunta isso? Por acaso já foi capaz esquecer aquela noite?

Yona sentiu Hak estremecer atrás de si, mas logo se precaveu do pior quando segurou sua mão com firmeza. Ela estava bem, aquele tipo de ataque que Soo-won usava como defesa não iria afetá-la como afetava antes, não àquele ponto.

— Não — negou firme, embora seu tom também exalasse a mesma melancolia de seu olhar. — Eu jamais me esquecerei daquela noite. E jamais me esquecerei do que você fez. Ainda assim, eu quero que me responda isso.

— Por quê? — insistiu.

Yona, soltando Hak, caminhou em sua direção. Seus lábios agora traziam a sombra de um sorriso tristonho.

— Eu quero apenas descobrir o quanto e o quê você obrigou-se a jogar fora para chegar até aqui...

Ela agora não conseguia impedir que as lágrimas cristalizassem seus olhos. Não importava o que a dissessem ou o quanto ela tentasse por si mesma, jamais conseguiu odiá-lo, e depois de ter visto tudo o que viu enquanto viajava por Kouka passou a compreendê-lo.

Mesmo que afirmasse para si mesma que nunca iria perdoá-lo pelo que fez, não parecia ser a verdade que jorrava de seus próprios sentimentos há um bom tempo. Talvez ela fosse boba e inocente demais por isso, ainda assim nunca deixou de acreditar, em algum lugar dentro de si, que o quê viveu ao lado dele desde a infância não tinha sido uma mentira. E enxergar o que ela naquele momento enxergava naqueles verdes vivos só a confirmava tudo isso.

Findando a caminhada, Yona agora estava próxima o bastante para levar sua mão ao rosto paralisado do jovem rei. As lágrimas agora rolavam por suas bochechas.

— O quanto você sacrificou por esse país, Soo-won?

Era visível a impossibilidade dele de fazer qualquer movimento, mesmo que fosse para corresponder o abraço que agora recebia da princesa.

Se amava o Rei II? O que havia jogado fora?... Eram perguntas com respostas aparentemente simples, mas que ele simplesmente não conseguia responder em voz alta. Talvez porque não fosse capaz de mensurar tais coisas.

Nos braços de Yona — ainda sem conseguir corresponder o gesto —, ele ergueu o olhar e encarou o ex-general ao longe, sua cabeça estava baixa e seus punhos apertados. Estaria Hak tão transtornado quanto ele? Ou estaria apenas lutando contra o ódio que o fervia?

Sem conseguir controlar, sentiu seus olhos queimarem como fogo e então finalmente foi capaz de apertar a garota em seus braços, escondendo o próprio rosto nos ombros tão frágeis e ao mesmo tempo tão fortes.

O quanto ele havia sacrificado? A resposta era única: Tudo o que ele mais amava.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler até aqui! No próximo trarei a cena que tanto necessito entre Hak e Soo-won :')

Até! =*



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