P.O.V. Romeu.

Foi bastante chocante. Coisas maravilhosas que por mim nunca antes foram vistas. Televisão, rádio, internet, telefone, celulares, computadores, máquinas de lavar, máquinas de secar, máquinas de todos os tipos.

Luz elétrica. E houve toda a preparação para o casamento. Flores, um enorme bolo, quitutes, mesas, cadeiras, uma infindável lista de convidados. Quem sentava-se ao lado de quem. Vampiros, lobisomens, bruxas, humanos, híbridos.

Ter que aprender a falar inglês, novos costumes, me adaptar a moda desta nova era.

E o casamento? Não era o que eu esperava. Nós ensaiamos, escolhemos a musica e uma sacerdotisa faria um ritual.

—Como este ritual funciona exatamente?

—Antigamente, as linhagens de lobisomens eram todas distintas. Apesar de todas terem vindo do tio Cassius. Alguns tinham velocidade, alguns tinham força, outros podiam sentir inimigos á quilômetros de distância. Agora... para evoluir fazia-se um ritual. Um xamã, casava os alfas de cada linhagem e estas habilidades especiais e únicas, cada uma seriam herdadas. Misticamente por todos que participavam do ritual. E após alguns séculos todos tinham as mesmas habilidades. Então, os casamentos dos Alfas viraram políticos, eram sobre território, poder. E eu tenho uma habilidade única.

—E eu não sou lobisomem.

—Não. Não é. Mas, não funciona só com... lobisomens. Você terá minha imortalidade.

—Então, com certeza será uma festa.

Ela olhou para mim com seriedade.

—Não é apenas uma festa! Se os votos não forem honrados não funciona! Terá que ser um casamento de verdade em todas as formas por toda a eternidade. Está disposto á isso?

—Estou.

Então é finalmente chegado o momento. Haviam vários convidados, sentados em cadeiras cuidadosamente organizadas no piso inferior da enorme mansão. Todos usando suas mais belas vestes, ternos e vestidos.

Ela entrou primeiro usando o mesmo vestido que usou da primeira vez que nos casamos e eu depois, usando um terno preto e camisa branca. Fomos até o meio do caminho juntos de mãos dadas, então nos separamos para subirmos as escadas e sermos reunidos novamente, frente a frente diante da sacerdotiza e dos convidados que assistiam do piso inferior.

O ambiente todo iluminado, com lustres, candelabros e velas. Luz elétrica e luz de velas, combinados. Fitas e treliças amarradas aos corrimãos das escadas por onde subimos. Uma harpista, violinistas.

—Por favor, sentem-se.

Os convidados que até então não notei estarem de pé, sentaram-se a mando da sacerdotisa.

—Nos reunimos como uma comunidade, buscando paz. Inspirados pelo amor e pela união deste casal diante de vocês. Houve um tempo em que lobisomens não se viam como amaldiçoados, mas abençoados. Com uma conexão com o nosso eu mais puro. E esta noite, honramos esta benção com a tão aguardada unificação das linhagens da matilha dos crescentes. E fazendo isto, escolhemos abraçar a natureza vampira de Julieta.

Ela amarrou nossas mãos com uma planta.

—Com esta união, Julieta vai dividir seus dons únicos com todos nós. Agora... seus votos.

Disse a anciã colocando uma vela longa, fina e acesa em nossas mãos unidas.

—Eu juro honrar e defender você e os seus, acima de todos os outros.

—Para dividir bençãos e fardos. Para ser seu conselheiro, seu campeão.

—Para ser o seu conforto. Seu santuário, enquanto nós vivermos.

—Para ser sua família.

—Para ser sua família.

Acendemos a vela maior com a menor e apagamos a chama daquela que segurávamos.

—Vocês dois cumpriram com todos os costumes, tradições e rituais dos lobisomens. Agora, só falta um. Romeu, você pode beijar a noiva.