Cheiro escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 1
OneShot




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— Você não está enfurnado na casa da Lucy, a que devo esse milagre? – Natsu levantou os olhos do seu copo de bebida, enquanto Gajeel sentava-se no banco da frente – Brigou com a  BunnyGirl também?

— Não, é que o cheiro da Lucy mudou e isso me incomoda.

— Como assim? – Gajeel perguntou sem entender – Salamander, o cheiro dela não mudou.

— O cheiro dela está diferente sim. Ainda é a Lucy, eu tenho certeza, mas não é também.

— Diferente como?

— Ah, eu sei lá. Tem dia que parece que só sinto o cheiro dela – O rosado entornou o todo o seu copo de uma vez. Quando olhou novamente para o metálico, ele sorria. Daquele jeito sarcástico.

— O que é? Quer brigar? Estou pronto!

— Não, eu só acho que se o cheiro dela é tão horrível, devia falar pra ela.

— Não disse que é horrível. É bom.

— Hmm. Bom quanto?

— Só é bom. E é estranho... – Admitiu.

— Não é estranho, é gostoso – Gajeel afirmou, alargando mais o sorriso – Está mais atrativo, não está?

— Qual é! Mirajane já tentou jogar a Lucy pra mim, você também?

— Tenho cara de que faz isso, esquentadinho? – Esbravejou – Você pode negar, mas eu sou um Dragon Slayer também, por isso eu sei. O cheiro da Lucy não mudou, se não eu também sentiria. Pergunta pra Wendy se mudou.

Natsu o fitou emburrado. Fazia sentido.

— O que é então, seu sabe tudo? Estou dizendo que está diferente.

— Você que mudou.

— Mudei nada Gajeel, está doido?

Gajeel suspirou. Era difícil conversar com ele às vezes.

 — Aconteceu comigo. O cheiro da Levy também “mudou” – falou, fazendo aspas no ar – E eu também tentei negar como você está fazendo. Não deu muito certo, já que ela vai ter um filho meu, não acha? Você só está se fazendo de bobo. Mais do que você já é.

— Gajeel, eu vou te bater – ameaçou, se pondo de pé.

Gajeel levantou os braços em sinal de rendição, então pôs a se levantar também.

— Sabe que não dispenso uma boa briga, mas é a verdade. Só estou dizendo o que aconteceu comigo.  Dá um beijo nela e você vai saber se estou certo – Afirmou fitando o outro Dragon Slayer que parecia pensar – E se você está considerando é porque quer, gehe.

Gajeel se afastou, indo em direção ao balcão. Natsu sentou-se novamente, pensando no que ele disse.

Lucy era sua amiga há anos e eles já tinham passado por muitas coisas juntos. Ela era de longe a melhor pessoa em sua vida. E sim, Gajeel tinha razão, por isso ele meio que a estava evitando.

E estava sentindo muita falta dela. Por isso, resolveu tirar isso a limpo.

Levantou-se de novo, dessa vez decidido, e passou a caminhar em direção a porta.

— Onde esta indo, Natsu? – Happy surgiu, voando em sua direção.

— A casa da Lucy.

— Vamos! Essa semana não invadimos o quarto nem uma vez. Até estou com saudade de ouvir os gritos dela – O gato azulado disse sorrindo, enquanto colocava as duas mãos na boca.

— Happy, quer um peixe? - Gajeel gritou ao longe e o gato não pensou duas vezes.

— Quero! – Voou até o balcão, mas o rosado ainda pode ouvir— Depois eu vou Natsu.

Ele deu de ombros e foi. Correu até a casa dela. E graças ao seu constante treinamento, a distancia era insignificante.

Finalmente parou em a casa dela, debaixo da janela, que estava aberta. Sentiu o cheio forte que emanava dela, mesmo dali. Fechou os olhos e inspirou fundo, se permitindo aproveitar da sensação, completamente, pela primeira vez. Quando seus olhos se abriram, ele sorriu.

Impôs impulso sobre seus pés e pulou, alcançando a janela. Num salto, já estava no quarto da jovem, mas ela não estava lá. Ouviu um barulho vindo do banheiro, então cruzou os braços e sentou-se na cama, esperando pacientemente.

Poucos minutos depois a porta se abriu e Lucy apareceu. Estava com seu shorts curto preto e ainda colocava uma regata branca. Os cabelos longos e loiros estavam soltos e parcialmente umedecidos. Já tinha visto a amiga em situações mais constrangedoras e com ainda menos roupa que isso, mas essa visão fez o coração do rosado acelerar, então ele entendeu o que Gajeel quis dizer.

Quando Lucy o percebeu, gritou com o susto.

— Lucy! – Natsu disse animado, ignorando a expressão furiosa dela.

— Que droga Natsu, já falei para não invadir a minha casa. Quando eu finalmente acho que você entendeu, você aparece como uma assombração. Um dia ainda vou te atacar!

— Adoro um desafio Lucy... Eu não ia pegar leve com você.

Lucy suspirou. Era verdade, ele acabaria destruindo sua casa e pondo tudo abaixo, então fez um lembrete mental de só brigar com ele bem longe dali.

— E onde está o Happy? – A loira perguntou, enquanto se dirigia a cozinha.

— Ficou na guilda comendo peixe – Levantou-se, a acompanhando.

— Aquele esfomeado – A amiga comentou baixo, abrindo os armários e pegando algumas coisas para um lanche.

Natsu a observava se movimentar em silencio.

— O que foi, Natsu? Você assusta muito mais quando está quieto, sabia? – Alfinetou.

— Seu cheiro... Mudou.

— Ah, deve ser o meu condicionador novo – Falou animada – Comprei na nossa ultima missão, ele é tão bom – Falou de maneira arrastada, puxando uma parte de seu cabelo para si mesma e sentindo o aroma. Então caminhou até o jovem e inclinou-se levemente, oferecendo para que ele também sentisse – Aqui, não é bom?

Natsu segurou as mechas de cabelo e inspirou profundamente. Realmente o cheio de seu cabelo era outro. Quando ele a fitou, ela sorria ainda empolgada.

Linda.

— Sim, é mesmo – Sorriu, soltando as mechas – Mas, não era disso que eu estava falando.

— O que é então? – Bufou, afastando-se novamente. Ela estava de costas para ele, concentrada no lanche que preparava quando sentiu a aproximação.

Natsu sempre beliscava ou roubava comida, então ela não estranhou. Tinha até desistido de brigar com ele por isso.  Qual não foi sua surpresa quando sentiu um nariz percorrer o seu pescoço.

 — Natsu, para, eu estou normal – Falou, tentando o afastar, mas ele não permitiu. Seu olhar era tão sério que Lucy sentiu um frio na barriga. Então, ela se virou de frente para ele, preocupada – O que é, fala de uma vez.

— Lucy, eu quero te beijar.

O queixo na loira quase cai. E com certeza seu rosto estava vermelho, pois estava quente.

— Natsu, você bebeu?

— Duas canecas. Eu não estou bêbado, Lucy – Natsu sorriu, daquele jeito brincalhão dele e Lucy pensou que ele estaria apenas a provocando. Porém, ele se inclinou e aproximou-se, perigosamente.

— Espera, espera – A jovem o interrompeu bem a tempo.

— O que?

— Como assim o que? Você se afastou esses dias. Eu percebi que estava me evitando e só não falei nada porque eu finalmente tive privacidade. Sabia que uma hora você invadiria minha casa e me contaria, mas daí a vir me beijar do nada? – Acusou.

— Deixa de ser neurótica Lucy, eu só quero testar uma coisa. Se você não gostar eu paro, pode ser assim? – Falou inocente e Lucy surpreendeu-se com a cara de pau dele.

— Claro que n... – A jovem loira não pode concluir a frase, pois Natsu a prendeu entre si e a pia, com as duas mãos no rosto da jovem e pressionou os lábios aos dela.

O jovem iniciou um beijo investigativo, lento, até porque ainda sentia que a jovem escaparia se vacilasse. Lucy estava surpresa com a iniciativa repentina do Dragon Slayer, mas ao ver que não teria como escapar, se rendeu.

No fundo ela não queria escapar mesmo.

Aos poucos, Natsu foi relaxando e o beijo tomando mais forma. Os lábios começaram a se mover com mais intensidade e desejo. Natsu travou os dois braços na cintura da loira, enquanto ela levava seus braços ao pescoço do jovem.

— Lucy... – Natsu afastou-se minimamente, sem fôlego – Não diga que não gostou, eu não quero parar – Confessou fitando a loira, que ainda parecia surpresa.

— Então não para – Confirmou para o jovem que balançou a cabeça concordando, e então recomeçou outro beijo.

Ainda não tinha certeza do que era, ou tinha certeza e não queria admitir ainda. O importante agora é que não fazia mais diferença saber o que havia mudado: se ele ou o cheiro dela. 

Ele a queria e adoraria descobrir o quanto.


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