Custe o que custar escrita por Lady Mataresio


Capítulo 1
Único — Custe o que custar


Notas iniciais do capítulo

A HIST?“RIA A SEGUIR CONTÉM GRANDIOSOS SPOILERS SOBRE VINGADORES: ULTIMATO!!!
Se não assistiu, prossiga por sua conta e risco.

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Gente do céu, que que foi esse filme? Eu senti o impacto.
As mortes, a despedida desse arco de 10 anos, tudo me machucou bastante. Em especial, Natasha Romanoff.
Chorei tanto, minha nossa. Solucei de tão mal.
Precisava expressar tudo isso em palavras. Fiz essa one pra sofrer mais um pouquinho, é isso.

Boa leitura!



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 — É a minha hora...

Sentiu o aperto em seu braço se tornar mais forte. Natasha sabia que Clint não queria deixá-la e não iria fazê-lo; ficaria horas segurando-a se pudesse salvar a vida dela. O coração da mulher se partiu quando as lágrimas de Barton começaram a rolar. Por mais que ele estivesse trêmulo e fragilizado, sua mão segurava com cada vez mais força o punho de Romanoff e ela sabia – sabia que ele não iria soltá-la em nenhuma circunstância, ainda que ela o implorasse por isso.

Mas ele precisava deixá-la ir.

Um tímido sorriso se formou em seus rosados lábios secos, tentando passar confiança para o melhor amigo.

— Eu ‘tô tranquila.

Sem perder tempo, Natasha pegou impulso e forçou seus pés contra os rochedos ásperos de Vormir e rompeu seu contato físico com Clint. Podia sentir a dor corrosiva no peito do herói, que agora se distanciava do seu campo de visão, enquanto seu corpo acelerava perante a queda livre do penhasco vorminiano. O vento desmanchava a perfeição da trança que enfeitava os cabelos dela, mas a mulher sequer se deu conta de tal detalhe.

Natasha Romanoff considerava a si mesma uma entusiasta quando se tratava de paisagens. Durante toda a sua vida, esteve nos mais diversos e inimagináveis lugares ao redor do globo terrestre – desde os majestosos campos de flores holandeses até os mares considerados como mais belos do mundo. Em algum lugar de seu armário no Quartel General dos Vingadores, ainda guardava uma lista em que elencou as vistas mais bonitas com as quais já se deparara: o Castelo de Budapeste, a visão de Nova Iorque do parapeito da Torre Stark, as luzes de Natal em São Petesburgo...

Nada se comparava a Sokóvia.

Sem sombra de dúvidas, ela era apaixonada por aquela visão. As nuvens altas enquanto a cidade levitava, a brisa que balançava seus curtos fios ruivos na época, o azul que pintava a imensidão da abóbada celeste... Quase dez anos se passaram e não havia outro cenário que pudesse se equiparar àquele...

Até Natasha contemplar a grandeza violeta de Vormir pela primeira vez.

Romanoff não sentiu quando se chocou com o chão, diante da adrenalina que corria em suas veias. Mesmo diante da morte certa, seu corpo lhe proporcionou mais dez segundos respirando antes de sucumbir. Seus olhos queriam se fechar, mas ela se esforçou para mantê-los abertos. Queria continuar vendo aquele belo céu vorminiano, gravar cada detalhe daquele lugar em seus últimos momentos de vida.

Natasha sentia muito, muito mesmo, por ter que deixar a sua única família.

Sentia muito por não ter dividido uma última cerveja com Thor quanto teve a chance;

Com certeza deveria ter ficado para o almoço na tarde em que conversaram sobre a viagem no tempo, com Pepper, Tony e sua adorável filha;

Gostaria de ter dado um último abraço em Bruce;

Nunca mais poderia estar com Laura e seus sobrinhos de consideração, fosse para fazer compras ou simplesmente jogar conversa fora;

Jamais queria ter obrigado Clint Barton a soltar sua mão – longe dela querer magoá-lo de alguma forma;

Principalmente, Natasha adoraria pedir perdão por descumprir a promessa feita a Steve Rogers. Ele confiava nela de uma maneira visceral e ela jurara que faria aquela confiança valer a pena, que não existiriam mentiras entre os dois, mas agora era tarde. Ela disse que o veria em um minuto, mas não o faria.

Mas Natasha estava grata por isso. Extremamente grata.

Durante todos os anos que esteve na S.H.I.E.L.D., despencando com sua reputação manchada por um saldo em vermelho, nunca imaginou que seria capaz de se tornar uma pessoa melhor. Estava acostumada a não ter nada... Mas então, ela ganhou aquilo. A Iniciativa Vingadores deu a ela não somente um status, mas sim a única coisa que nunca tivera antes mas que sempre desejou.

Ela tinha uma família.

Uma família complicada e imperfeita, mas era boa. É, era boa. Natasha faria de tudo por eles.

Sua vida se esvaia de seu controle como a areia escapando pelos dedos, porém ela sorria. Sua dívida com Barton finalmente estava paga, seu saldo finalmente saíra do vermelho e ela finalmente era uma pessoa melhor.

Sua família precisava de uma chance de reverter o caos que Thanos causou, e se o preço era a vida dela, tudo bem.

Custe o que custar, afinal.

“Há formas piores de morrer, Capitão. Onde mais eu encontraria uma vista como essa?”

Romanoff encontrou uma vista muito melhor do que a de Sokóvia. O céu de Vormir era lindo, e seria a última coisa que seus olhos contemplariam.

Natasha fechou os olhos.

Estava em paz.


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Notas finais do capítulo

Nunca vou superar a morte da rainha.
Natasha, te amo mil milhões.