Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: The Score - Born For This



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 Elizabeth Cooper

O bairro estava tão movimentado quanto na noite anterior. Músicas altas podiam ser ouvidas da rua mesmo que abafadas por tijolos e cimento. A ideia de entrar pela porta de emergência sem sermos notadas foi descartada assim que vi três homens fumando por lá. E então caminhamos a passos largos até a entrada onde um segurança cruzou os braços frente a porta impedindo nossa passagem. Eu e Verônica trocamos olhares antes de entrar no personagem.

— Querido, estamos atrasadas para o show, com licença. – ela deu um sorriso de lábios fechados.

Ele não se moveu um centímetro.

— Show? Vocês têm o que? 16, 17 anos? – disse carrancudo.

Retirei as identidades lhe entregando.

— Acho que Penélope vai adorar saber que estamos atrasadas por culpa do maldito segurança dela. – disse Verônica em minha direção, alto o suficiente para que ele escutasse – E do jeito que ela está nervosa hoje vai pedir para degolarem sua cabeça. – sua voz soou elegante demais e eu me segurei para não rir apenas concordando com um aceno de cabeça.

O homem levantou seu olhar para nós sobressaltado. Talvez essa mulher fosse capaz de pedir isso e nós não sabíamos. Se o próprio segurança a temia, o que ela faria com duas intrusas?

— Só estou fazendo o meu trabalho. – nos entregou as identidades dando um passo para o lado com o rosto claramente preocupado.

Assim que passamos por ele Verônica deu leves batidinhas em sua bochecha.

— É brincadeira bobinho. – sorriu.

Entrar pela porta da frente agregava uma visão melhor do lugar do que entrar pelos fundos. O bar estava com toda certeza bem mais cheio e meu olhar foi direto ao palco onde, para o nosso azar, algumas garotas dançavam aleatoriamente.

— Entramos, e agora? – Verônica corria seus olhos por toda parte.

— Agora nós procuramos por algo errado ou suspeito. – respondi.

— Se nos pegarem, somos as novas dançarinas da boate. – completou.

— Exatamente. – assenti – Mas não vai chegar a isso.

O plano consistia em colher quantas informações fossem possíveis e, caso fossemos pegas, estávamos interessadas em trabalhar lá, mesmo que agora não fizesse tanto sentido, era a desculpa que poderia salvar nossa pele. Verônica havia se encarregado das identidades falsas com um dos vários contatos que tinha. Ela conseguiu também as perucas e as roupas que esconderiam nossa identidade. Se fossemos reconhecidas por alguém eu esperava que ser filha de Hal Cooper e Hiram Lodge fosse motivo suficiente para nos poupar de qualquer sacrifício. 

Verônica e eu fomos até o balcão onde pedimos um drink. Ficamos um bom tempo analisando o ambiente e nada diferente ou que pudesse levantar suspeitas aconteceu. Inclusive nenhum dos homens que vira na noite anterior se encontrava ali. Me lembrei de Malachai dizer sobre a chegada de cargas e muito provavelmente estariam ocupados com isso. Agora precisaríamos descobrir se esse era o lugar de receptação.

Meus olhos foram a um espaço que antes não tinha dado a devida atenção. No lado oposto do palco existia um segundo andar decorado com balaústres rústicos de madeira, sofás e mesas tão refinados que se diferenciavam completamente do restante do lugar. Todas as mesas estavam preenchidas por pessoas bem vestidas com taças nas mãos.

— Aprende amiga, a realeza nunca se mistura com a ralé. - Verônica observou o mesmo que eu.

— Não vejo escada. – procurei em volta.

— Se nem todos podem subir, a escada deve ser bem escondida... Ali... – apontou com a cabeça para uma porta na lateral do palco.

Engoli em seco. Era o momento de correr riscos.

Nos levantamos sorrateiramente indo até lá. Era um corredor largo com algumas portas que terminava em uma escada. Para nossa sorte ninguém estava ali, então seguimos tentando abrir a primeira das portas. Ao perceber que estava trancada retirei um grampo de cabelo por debaixo da peruca preta.

— Você acha que vai conseguir destrancar uma porta com isso? – Verônica questionou intrigada vigiando nossas laterais enquanto eu girava o grampo dentro da fechadura.

— Calma, é só... – um clique se fez e eu girei a maçaneta para abri-la.

— Depois o diabinho sou eu. – ela deu um largo sorriso antes de empurrar a porta.  

A sala não era tão grande e tampouco agradável. Em uma das paredes tinham grandes espelhos e penteadeiras em toda a sua extensão. Do outro lado armários com vários cabides ocupavam a maior parte do lugar.  Era apenas um camarim.

Apaguei a luz fechando a porta novamente.

— Provavelmente são todos camarins. – Verônica concluiu ao ver as outras portas idênticas a esta.

— Provavelmente. - concordei.

— E ali? – Verônica apontou para o lado oposto da escada, onde havia um corredor transversal.

Passamos por trás do palco entre as cortinas chegando até o que parecia ser uma garagem, mas ao invés de carros, várias caixas preenchiam seu espaço. Verônica e eu nos entreolhamos antes de nos aproximarmos de uma das pilhas.

 - Liga a lanterna. – pedi e ela acendeu a lanterna do celular no mesmo instante.

As caixas estavam bem lacradas, mas com a minha melhor ferramenta em mãos, rasguei o durex distribuído ali.

— Ele é multifuncional. – dei de ombros com o grampo em mãos.

Retirei um tablete pesado e compacto o analisando na luz fraca.

— Que merda é essa? – o girei nas mãos.

— Betty, – Verônica sussurrou em sua voz aguda – acho que isso é cocaína.

Meus olhos se arregalaram.

— Eu pensei que acharíamos Jingle e Jangle, mas isso é muito pior. - o coloquei de volta rapidamente.

— O que nós fazemos agora? - Verônica começava a entender onde estávamos enfiadas.

Mordi o lábio pensando.

— Chamamos a polícia?

— Eles vão precisar de um mandato pra entrar e até lá já vão ter tirado toda essa porcaria daqui. – Verônica iluminou o restante das pilhas e pilhas de caixas.

Um som estrondoso revelou a iluminação de faróis quando o portão metálico da garagem começou a subir. Permaneci estática com o susto e uma mão delicada me puxou para trás de uma das pilhas próxima ao corredor de onde viemos.

Um caminhão baú de pequeno porte iluminou toda a garagem ao entrar nela. Logo em seguida quatro motos também entraram parando ao lado dele. Os pilotos foram se revelando um a um, constatando o que eu havia pensando antes sobre estarem ocupados com a carga. Quando acenderam a luz pude reconhecer os mesmos homens que vi na floresta.

— Porra Malachai, veio muito mais dessa vez! – Joe disse quando abrindo as portas traseiras do caminhão.

Os outros começaram a subir e jogar caixas uns para os outros que as empilhavam do lado de fora do caminhão.

— Cala a boca Joe, você reclama demais! – um outro gritou.

— Não tô reclamando cara, mas pensa só, a gente tá movimentando muito mais grana agora sem os Serpentes na cola então já tá na hora de um aumento. – ele pegou uma das caixas colocando na pilha em seguida.

Malachai parou frente ao caminhão digitando algo no celular.

— A gente não vai precisar se preocupar com eles por muito tempo. – ele sorriu ao ler algo na tela – Acho que a distração de Nick vai servir pra sempre.

Meus olhos saltaram das orbitas e encarei Verônica. Esperava que ela entendesse a gravidade daquele nome ser dito ali e naquela situação.

— Filma isso. – sibilei tão baixo que minha voz praticamente não saiu - ela fez que não com a cabeça sinalizando para voltarmos por onde viemos - Por favor, confia em mim. – completei.

Seus ombros se retesaram e ela apontou a câmera do celular por entre as caixas.

— Como assim? Nick pretende matar o garoto na luta? - o cara magro de cabelos arrepiados sorria e alguns outros tiravam sarro entre si. 

— Não... – Malachai fez um estalo com a língua no céu da boca – Mas acho que ele deve ser expulso da gangue. – guardou o celular no bolso – Termina isso rápido, Hal já vai mandar a lista da distribuição de amanhã.

Malachai apontou para o caminhão caminhando em nossa direção enquanto tirava um cigarro e um isqueiro do bolso do jeans surrado.

Imediatamente eu e Verônica nos movimentamos em direção ao corredor escuro, não rápido o suficiente.

— Ei! – ele gritou sob nossas costas quando já estávamos prestes a sair do seu campo de visão – O que vocês estão fazendo aqui? – me virei para ele que já estava com o cigarro aceso entre os dentes no canto da boca.

Ele levou dois dedos ao cigarro soprando uma fumaça enquanto dava mais alguns passos até nós. Esse era o momento de usar nossa desculpa, porém estávamos no lugar errado demais.

Malachai chegou mais perto analisando meu rosto. Me recompus imediatamente assumindo a personalidade que deveria. Ergui o rosto frente ao seu buscando simular desdém. Enquanto isso minhas mãos soavam e se atrofiavam com a tensão. 

— Estamos procurando pela Penélope, acho que erramos o lado do corredor. –  tentei soar o mais natural possível. 

Malachai deu um sorriso de canto me olhando dos pés à cabeça. Levou o cigarro a boca mais uma vez inspirando a nicotina para os pulmões.

— São as dançarinas que Hal mandou? – expirou a fumaça fedorenta para o lado -  Nada mal. – seus olhos pararam no decote que escapava do sobretudo de Verônica.

Uma repulsa maior do que senti de Joe na noite anterior parou em minha garganta. Malachai não estava bêbado ou fora de si. Mesmo assim nos olhava com pura luxuria como se fossemos mercadorias.

— Levo vocês lá. – puxou mais do cigarro antes de jogá-lo no chão e pisar sobre ele.

Ele envolveu nossos ombros em seus braços, de forma que cada uma ficasse de um lado nos guiando corredor a fora. Fitei Verônica sorrateiramente e ela fez um gesto de calma com a palma da mão apontada para baixo. Só então percebi que minhas unhas já perfuravam a pele da mão que agora ardia. Era impossível ficar calma.

Assim que chegamos ao segundo andar ele foi até uma das mesas onde inclinou-se para falar ao ouvido de uma mulher com um casaco de pele.

— Não. Acredito. – Verônica sussurrou.

Seus olhos se arregalaram para mim me deixando alerta.

— O que foi? – sussurrei de volta em pânico.

— É a mãe da Cheryl.

— Não.

— Sim.

— Merda, a gente tem que ir embora então. – olhei a mulher por mais um pouco constatando que era ela. Quem mais estaria envolvido?

— Não B, ela nunca me viu. – sussurrou – Ela te conhece?

— Já me viu algumas vezes, não sei se vai me reconhecer.

— Fica tranquila, nem eu reconheceria você. – a tentativa de me acalmar foi falha.  

Os olhos de Penélope finalmente pararam em nós quando Malachai se distanciou. Ela colocou sua taça sob a mesa pedindo licença aos que estavam ali.

Quando ela se levantou reparei melhor, não era a Penélope que eu esperava. Parecia outra personalidade e eu mais uma vez me surpreendia com a capacidade dos moradores de Riverdale em ser algo completamente diferente do que aparentavam. Em seu rosto cílios enormes com lábios vermelhos se destacava. O casaco de pele contrastava com o vestido vermelho e os brincos grandes. Seu vestido tomara que caia exibia um enorme decote com os seios praticamente saltando para fora dele. O casaco era com certeza de animal. Eu podia sentir sua maciez só de olhar.

— Pode ir querido, obrigado. – ela disse a Malachai que deu uma longa olhada em minhas pernas assim que passou por nós - Vocês são maiores de idade? – nos analisou com um cigarro entre os dedos.

— Se não fossemos, seu segurança não teria nos deixado entrar. – Verônica sorriu – Ficamos sabendo que precisa de dançarinas.

Penélope continuou nos olhando com a melhor cara de desdém que eu já havia visto.

— Realmente sabem dançar? – não nos deixou responder – Vou melhorar minha pergunta, - comprimiu os olhos – Vocês por algum acaso sabem qual tipo de dança fazemos aqui?

— Eu imagino que... – Veronica começou mas Penélope ergueu um dedo. 

— Vocês de certo perceberam que o palco está preenchido. – puxou mais um trago do cigarro – Acho que devo explicar o motivo. – soprou – Eu exijo perfeição dos shows que acontecem aqui. Ou seja, não é tão simples como vir até aqui e subir lá.

— Viemos de Las Vegas, e imaginamos que esse fosse o melhor lugar para começar. Se quer ver a qualidade do nosso serviço, porque não um show experimental? – sorriu educadamente – Se gostarem da gente, e vão, você pode tirar suas conclusões. – Verônica disse jogando os cabelos para trás.

— O show experimental será sem cachê. – a fumaça de seu cigarro subia enquanto ela mordia unha do dedo mindinho.

— Claro. – Verônica concordou prontamente.

Penélope olhou para mim puxando outra tragada.

— E você? Não fala? – soprou.

Meu estomago se embrulhou com o cheiro de nicotina que já envolvia todo o oxigênio que pudéssemos respirar. Pensei em dizer algo, mas Verônica foi mais rápida.  

— Annabelle é mais de fazer do que falar. – Veronica levou as mãos até meus ombros sorrindo.

Penélope concordou com um bico levando seu cigarro a uma das mesas, onde o apagou em um cinzeiro deixando-o ali.

Em seguida passou por nós descendo as escadas.

— Venham comigo. 

A seguimos prontamente até um dos camarins que estava vazio.

— Podem se arrumar aqui antes do show. - começou a abrir o sobretudo de Verônica analisando a roupa que ela vestia e depois veio até mim – Amanhã é sexta-feira então teremos anfitriões interessantes. - ela encarou meu rosto de perto segurando meu queixo – Você me é familiar.

— Annabelle tem um rostinho angelical, os homens adoram. – Verônica interveio imediatamente.

Penélope me encarou por mais alguns segundos finalmente tirando os olhos de mim me soltando.

— Eu tenho uma coisa melhor para você vestir. – me olhou dos pés até a cabeça e fez um sinal negativo com o indicador antes de abrir o armário e retirar dois cabides levando até mim e empurrando contra o meu colo – Use isso amanhã.

Seu olhar tendencioso foi até Verônica.

— Estejam aqui às nove. – deu o ultimato e saiu pela porta.

— Precisamos ir V. – disse apavorada – Precisamos avisar o Jug o que está acontecendo.

Verônica assentiu e partimos daquele lugar o mais rápido possível.

◙ ○ ◙ ○ ◙

O lado Sul nunca pareceu tão distante quanto nesse momento, cada minuto que se passava aumentava a minha angustia em saber se Jughead estava bem, ou o que estaria acontecendo com ele. As palavras de Malachai se repetiam em minha cabeça me fazendo lembrar do convite misterioso de Nick na noite anterior.

Eu precisava encontrar Jughead e avisá-lo sobre tudo o que havia visto e ouvido. Sentia a estranha necessidade de protegê-lo do que poderia acontecer e isso só confirmava o que eu sentia por ele.

Outras coisas ficariam para depois, Jughead seria minha principal prioridade agora.

Ao passar em frente o Whyte Whyrm, uma movimentação misteriosa me chamou atenção.

— V, para ali. – indiquei o estacionamento percebendo minha moto encostada junto a outras – Ele tá aqui!

Tirei a peruca preta saindo do carro no mesmo instante. A viatura de FP também estava aqui, junto com uma quantidade anormal de motos. Meu coração martelava contra o peito e eu senti medo, mais medo do que jamais havia sentido na vida. Corri em direção a entrada. Os Ghoulies queriam machucar Jughead, torciam pela sua morte, e se tivessem conseguido?

— Betty, calma! – Verônica correu atrás de mim e entramos juntas no bar.

Dentre tantos rostos juntos num mesmo lugar foi incrível a forma com o qual encontrei rapidamente os olhos verdes que me encontraram também. Lutei contra corpos unidos que prestavam atenção em algo no centro até chegar até ele.

Sem pensar colidi o meu corpo contra o seu o envolvendo em meus braços. Lágrimas desesperadas preenchiam minhas pálpebras e eu apertei os olhos para que elas não escapassem. Um grunhido surgiu de sua boca e ele levou a mão ao tórax.

— Eu tive tanto medo. – minha voz saiu embargada e eu me separei dele verificando seu rosto machucado – Você tá bem?

— Acho que agora você voltou a piorar minha situação. – ele olhou para baixo onde uma toalha ensanguentada estacava seu abdômen.

Levei a ponta dos dedos até lá com receio de o ferir mais.

— Jug, eu sinto muito. -  balancei a cabeça em negativo. Uma lágrima teimosa insistiu em escapar. Meus pulmões ardiam suplicando por ar devido ao esforço por ter corrido tanto. 

— Pelo que Liz? – ele pareceu confuso e segurou meu braço preocupado.

Quando eu não respondi ele tornou a perguntar.

— O que foi? 

Outra lágrima escorreu sem que eu me preocupasse. Estava aflita e angustiada demais para controlar qualquer emoção.

— Eu devia ter chegado a tempo. – engoli em seco - Eles queriam te matar usando o Nick.

Jughead me olhava apreensivo.

— Eles quem?

— Os Ghoulies! – a impaciência me tomava enquanto pessoas discutiam ao nosso redor.

— Liz, como você sabe disso? – ele me puxou para mais perto da parede onde havia um espaço maior.   

— Nós voltamos lá e vimos tudo! Descobrimos tudo! – disse afobada.

— Você voltou lá? – Jughead questionou bravo – O que? Mas como você?

Verônica apareceu ao meu lado ainda com a peruca loira.

— Nunca mais saia correndo no meio de grandalhões! – ela ordenou brava ao me olhar.

— Verônica? – Jughead analisou sua peruca.

— Archie? – vi o ruivo se aproximar atrás de Jughead com um embrulho de gelo no rosto. 

— Verônica? – ele questionou também ao vê-la.

— Archie? – Verônica devolveu – O que você tá fazendo aqui? – perguntou confusa fitando o sangue em sua camisa.

— Não, não. O que você tá fazendo aqui – ele pegou uma mecha da peruca – com isso?

— Eu tenho um questionamento melhor. – Jughead parecia incomodado – O que vocês foram fazer no bordel sozinhas?

Fitei Verônica que me encarava de volta boquiaberta, eu não queria encrenca-la com Archie. Quando me preparei para explicar tudo uma voz ao meio chamou a atenção de todos com um assovio cessando as discussões do lugar.

(música)

Um homem que eu havia conhecido anteriormente como Bruce estava ao centro do bar e todos lhe davam atenção.

— É evidente o que os dois fizeram! – ele gritava para que todos ouvissem – Mas Nick estava apenas atendendo a um desafio, a honra dele estaria em jogo se recusasse.

— Qual é Bruce! – Toni disse feroz – Todos aqui sabem que Nick organizava lutas desde muito antes disso, por qual motivo ele ainda não foi expulso? – sua altura era contraditória com a forma com a qual ela enfrentava o grandalhão a sua frente.

Me surpreendi ao ver Cheryl ao seu lado.

— Não eram lutas para machucar, eram treinos de defesa pessoal. – ele cruzou os braços frente ao peito – Jughead deve ser expulso por ir contra os princípios da gangue! Toda essa confusão começou pela oferta dele de luta!

Minha respiração falhou. Tudo o que Malachai dizia mais cedo condizia com o momento de agora e talvez Bruce, o pai de Nick, estivesse envolvido nisso também.

— Eu proponho que Nick não seja mais um líder e que Jughead seja expulso da gangue! Assim eu assumirei a liderança! - cochichos se espalharam rapidamente - Acalmem-se! Uma votação vai decidir se concordam ou não! – ele completou – Levantem os dedos quem concorda que um serpente não deve se propor a ferir outro.

Dedos em forma de presas iam se erguendo, um a um, lentamente. Reparei em FP em um dos cantos com uma das mãos passando pelo rosto. Evidentemente ele reprovava tudo isso e não poderia fazer nada a respeito. 

Mas isso não ficaria assim. Não comigo aqui.

— Verônica o celular! – estendi a mão até ela. Os três me encararam.

Ela arregalou os olhos se lembrando do tesouro que tínhamos ali, retirando o celular do bolso do sobretudo me entregando.

Quando me movimentei para ir até o centro uma mão no ombro me impediu.

— O que vai fazer? – Jughead questionou.

Levei uma mão até sua bochecha. Ele estava bem e estava ali, em minha frente. Minutos atrás eu lutava contra o medo de que algo terrivelmente ruim lhe acontecesse e agora tinha a oportunidade de dizer o quanto vê-lo bem me aliviava. Mas eu não tinha tempo. Sem pensar demais levei meus lábios aos seus deixando que eles dissessem tudo o que precisava ser dito.

Separei meu rosto do seu apreensiva e quis olhar profundamente em seus olhos.

— Você confia em mim?

Ele assentiu com ternura e então eu corri até o centro do círculo.

— Ei! – gritei com toda a força dos meus pulmões – Nick é um traidor! Tudo isso foi combinado com os Ghoulies.

FP se endireitou rapidamente vindo até mim. Aqueles que erguiam os dedos para votação abaixaram os braços e uma nova discussão se formou.

Me mantive firme, por fim encarando Bruce e Nick, que se entregavam pela cara de preocupação que não durou muito tempo quando ele acusou de volta avançando para cima de mim.

— Do que a patricinha do Norte tá falando? Você não tem voz aqui! – Nick praticamente cuspiu as palavras contra meu rosto.

FP colocou a mão em seu peito o afastando. Sua atenção se voltou até mim com urgência.

— Você pode provar isso? – ele quase sussurrou.

Assenti erguendo o celular.

— Eu tenho provas! – gritei exibindo o vídeo que foi ouvido por FP e por quem mais estava próximo. 

A fúria desfigurou seu rosto ao ouvir o final e em um movimento rápido ele desferiu um soco contra Nick. Seu corpo oco colidiu contra o chão. FP foi até Bruce agarrando as golas de sua jaqueta.

— Você tem noção do que seu garoto fez??

— Ei FP!! – mãos os separavam tentando acalmar o Xerife.

— Vocês dois! Estão expulsos da gangue, seus traidores de merda! - FP gritou exaltado. 

Segurei o celular forte frente ao peito com a cena. Nunca imaginei que o veria tão furioso assim, mas eu nunca imaginei que minha mãe desapareceria e que meu pai estivesse envolvido com tráfico de cocaína. Nunca imaginei que Penélope Blossom coordenasse as danças de um bordel, fitei Cheryl por um instante. Ou que Hiram Logde compactuasse com tudo isso, meu olhar foi até Verônica. 

Nada em Riverdale era verdadeiro mais, várias mascaras precisavam cair com urgência. 

— FP! Não pode deixar que eles saiam daqui! - pedi.

Verônica, Archie e Jughead se aproximavam de mim. Todos ao meu redor me davam total atenção.

Corri meus olhos pelos serpentes que estavam ali e decidi que precisaria de muito mais do que uma desculpa fajuta de dançarina para enfrentar os Ghoulies.

Eu precisaria da gangue inteira e agora que tinha a atenção dela, era o momento ideal para ser um deles.


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Notas finais do capítulo

Então, o nosso Bughead está saindo quentinho do forno.
Estava meio desanimada com a fic, mas vou agradecer imensamente a ASSilkes que está sempre comentando e mostrando apoio!!!
Obrigado amor ♥
O restante de vocês não tenham medo de aparecer, ok?
Ok! Beijos e até o próximo capitulo!



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