Confusão em Dose Tripla escrita por Lelly Everllark


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Geeeente, vooltei!
Devia? Provavelmente não, mas voltei!
Espero que gostem de conhecer a Olivia e de acompanhar a história dessa família que espero que ganhe o coração de vocês como já ganhou o meu!
BOA LEITURA :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777149/chapter/1

— Você está brincando certo, Christina? - pergunto só para ter certeza de que ouvi direito.

  - Desculpa, Livy. Mas você está vivendo de graça aqui em casa há mais de três meses e eu e o Tuker decidimos que já está na hora de darmos um passo a mais no nosso relacionamento.

  - E precisa fazer isso aqui? - sei que essa não é questão maior, mas o que mais eu posso fazer? Minha melhor amiga, ou ao menos a garota que devia ser minha melhor amiga está me despejando por que quer morar com o namorado.

  - O apartamento é meu e você sabe disso. Fora que o Tuker vai me ajudar com as despesas, coisa que você não está fazendo - Christina joga na cara e isso magoa.

  - Não é que eu esteja desempregada por que quero. Você mais do que ninguém sabe que quero trabalhar, vai Chris, por favor - estou implorando e sei disso, mas qualquer coisa é melhor que voltar para a casa do meu pai e daquela esposa insuportável dele.

  - Sinto muito, Livy. Mas o Tuker vem amanhã e você tem até o fim da semana pra sair - ela sorri e dito isso dá meia volta sem esperar uma resposta minha.

  E é assim, desse jeito que minha melhor amiga com quem dividi o apartamento por quase quatro anos me deixa sem teto. Só a observo caminhar e depois se fechar em seu quarto antes de me deixar cair no sofá. Agora é oficial, eu estou muito, muito ferrada.

  Não é como se eu não tivesse pra onde ir, eu até tenho, papai virou um pau mandado, mas nunca me negaria um teto, só que eu sei que a partir do momento que eu estiver outra vez sob o mesmo teto da mulher dele, ela vai fazer da minha vida um inferno, simplesmente porque me odeia.

  Eu devo ter caído no sono enquanto divaga sobre se era melhor ir morar na rua ou na casa do meu pai, por que o toque do meu celular me acorda e quase me faz dar de cara no chão. Olho para a tela e vejo um número desconhecido.

  - Que seja uma boa notícia, por favor, uma boa notícia - desejei antes de atender. - Alô?

  - Olivia Cooper?

  - Eu mesma, quem gostaria? - que não seja cobrança pelo amor de Deus!

  - Meu nome é Jéssica, trabalho na agência de empregos e gostaria de saber se ainda tem interesse em uma vaga.

  - Sim! - gritei quase caindo do sofá. - Eu definitivamente tenho interesse!

  - Aqui diz que você não tem preferência por cargo ou local de trabalho, certo?

  - Sim, eu aceito qualquer coisa. Pelo menos por hora, quer dizer, eu não estou podendo escolher de qualquer forma - tagarelo e ouço a atendente pigarrear. - Ah, certo. Vou  calar a boca, mas você não me disse qual o emprego no fim das contas.

  - Babá, Srta. Cooper.

  - Babá, tipo, cuidando de crianças? - pergunto só para confirmar e a escuto suspirar.

  - Exatamente, você tem interesse?

  - Claro, mas você sabe que eu não tenho nenhuma experiência com crianças, certo? - Ah pelo amor de Deus, para de se sabotar, Olivia!

  - Sei Srta. Cooper, está na sua ficha. Mas esse cliente específico não exige experiência, na verdade ele não está exigindo nada ultimamente — a ouço sussurrar e fico sem entender.

  - O que disse? 

  - Nada — Jéssica garante. - Você quer mesmo o emprego?

  - Com certeza!

  - Certo, então vou te mandar os dados da entrevista por e-mail. Boa sorte!

  - Obrigada, eu com certeza vou precisar - digo depois dela desligar.

  Encaro o aparelho desligado em minhas mãos com um sorriso de orelha a orelha, dessa vez vai dar certo, tem que dar! Confiro o e-mail lá estão todas as formações, amanhã as dez, não reconheço o endereço então provavelmente vai ser na casa do cliente. Mesmo com a boa notícia e a minha garantia de que vou conseguir esse emprego, Christina não cede, ela vai morar com o namorado e me quer bem longe o mais rápido possível.

  E o que mais me incomoda não é nem ela me querer longe, ela vai começar uma nova fase e quer privacidade, eu entendo, mas o que me incomoda mesmo é ela ter me despejado assim do nada por causa do namorado babaca que provavelmente a está traindo com a vizinha do andar de baixo, mas ela acredita em mim? Óbvio que não.

  Suspiro depois de comer meu macarrão instantâneo e vou para a cama, tenho que chegar cedo e impecável, por que a minha vida está atualmente dependendo desse emprego.

  Eu poderia ter esquecido o despertador ou não ter acordado, mas felizmente são oito horas e eu estou pronta. Linda e maravilhosa, com a minha melhor roupa (a única social que só uso pra entrevistas de emprego) sentada no sofá que não é mais meu desde ontem esperando a porcaria de uma chuva que começou do nada passar.

  Olho para a janela suspirando, a chuva bate furiosamente nos vidros e não consigo acreditar que isso está acontecendo.

  - Você não tinha uma entrevista de emprego? - Christina pergunta surgindo no corredor de pijamas.

  - Ainda tenho.

  - E não vai, não?

  - esperando a chuva passar, é isso ou ir a nado. Mas está tudo bem, ainda são oito e só tenho que estar lá as dez - digo apontando o relógio na parede da cozinha.

  Christina olha de mim para o relógio e depois de novo pra mim.

  - Você sabe que aquele relógio está parado, né?

  - O que!? - exclamo ficando de pé e encarando os ponteiros do relógio que estão fixos no mesmo lugar desde que me sentei no sofá vários minutos atrás.

  - Tem mais de uma semana, Livy, sério que não percebeu?

  - Ai meu Deus! - praguejo sem ouvi-la mais. - Que horas são?

  Christina pega o celular que por algum motivo está no bolso do pijama e levo um segundo me perguntando por que não fiz o mesmo e vi as horas no aparelho em minha bolsa.

  - Exatamente 09h27m - minha ex-colega de apartamento responde calmamente e entro em pânico.

  Tenho trinta e três minutos para chegar à entrevista do outro lado da cidade. É, eu estou muito ferrada. Não digo mais nada, nem me despeço de Christina, só pego minha bolsa e sigo em direção ao elevador, um raio lança um clarão no corredor e decido ir pelas escadas, por que definitivamente, ficar presa no elevador é a última coisa que preciso agora.

  Quando chego à entrada a chuva não diminuiu, mas não tenho mais a opção de esperá-la passar, abro o guarda-chuva e sou obrigada a tentar a sorte com um táxi. Esse é um luxo que não devia ter, mas que dada à situação sou obrigada a aceitar. Um carro passa apressado e quase levo um banho.

  - Vai devagar, filho da mãe! - grito mesmo sabendo que o motorista já não pode mais me ouvir. E é só depois de quase ficar encharcada várias vezes que consigo um táxi.

  Digo o endereço ao motorista e sei que vou perder uma pequena fortuna (que não tenho só pra constar), nessa corrida. Peço a ele para acelerar e vou checando a hora a cada cinco minutos só pra ter certeza de que vou chegar atrasada, muito atrasada.

  Quando o motorista vai se aproximando da área residencial do endereço vou ficando cada vez mais nervosa, as casas têm três e quatro andares com portões duplos e enormes jardins, onde foi que fui me meter? Quando ele finalmente para em frente a portões tão grandes quanto os anteriores engulo em seco. Mas aí me lembro que não tenho tempo para ficar nervosa, pago o motorista e saio do carro com meu fiel guarda-chuva.

  Está tudo bem, eu consegui, cheguei e nem estou tão molhada assim. Olho para o relógio uma última vez, 10h44m, podia ser pior, eu poderia estar em casa olhando para o relógio parado esperando dar o horário.

  Olho para a distância entre mim e a porta de entrada, se eu correr agora chego lá antes das onze. Ainda estou ajeitando a bolsa e divagando sobre correr ou não quando uma rajada de vento passa com tudo bagunçado meu cabelo e levando meu guarda-chuva, ainda estou atônita olhando-o quando ele é atropelado e não resta nada. O motorista do carro chique ainda tem coragem de buzinar pra mim como se eu o tivesse jogado ali por querer.

   Agora não tenho mais escolha, uso a bolsa para me proteger da chuva (o que não adianta nada) e começo a correr. Mesmo encharcada e morrendo de frio ainda sou barrada no portão, aperto o interfone meia dúzia de vezes até que finalmente sou atendida.

  - Alô. Quem gostaria? - quando uma voz responde já estou batendo queixo e desejando minha cama.

  - S-Sou Olivia Cooper - consigo me controlar o suficiente para falar. - Vim pela vaga de babá.

  - As entrevistas eram as dez, sinto muito, mas pode ir.

  - É o que!? Está dizendo que atravessei meio mundo debaixo de chuva à toa?

  - Sinto muito senhorita, mas... - Há uma pausa e então quem quer que seja volta a falar. - Tudo bem, pode entrar. Venha pelos fundos, a porta da cozinha estará aberta.

  A pessoa desliga, o portão se abre e dessa vez eu corro pra valer, por que estou com frio e principalmente por que estou muito atrasada. Chego à porta indicada e há uma mulher de olhar severo e roupas sociais bem passadas me olhando de cima a baixo como se eu fosse um animal abandono que ela foi obrigada a acolher.

  - Srta. Cooper?

  - Eu mesma.

  - Certo, o Sr. Price vai vê-la em... - sua fala é interrompida por uma mulher talvez tão jovem quanto eu que passa por nós praguejando e vai embora sem nem se dar ao trabalho de olhar para trás. A mulher minha frente suspira. - Ele vai vê-la agora. Você talvez precise de um minuto?

  Ela ainda está olhando para as minhas roupas molhadas e o cabelo bagunçado. Eu adoraria tentar me recompor, mas penso melhor e desisto, e se o tal Sr. Price mudar de ideia e decidir que não vai mais esperar?

  - Não obrigada, eu estou bem. Vamos?

  - Última porta no final do corredor - ela indica e me dá as costas no instante seguinte. Que gente mais mal educada!

  Sigo até lá tentando ajeitar minha roupa, mas é em vão, só um banho resolveria minha situação. Dou uma olhada em meu reflexo na tela escura do celular e dou graças a Deus que meu rímel é a prova d'água e não passei mais nada que pudesse me deixar com cara de panda. Respiro fundo e quando vou bater na porta ela se abre, acabo dando de cara com um peito largo, braços me seguram quando ameaço cair de bunda no chão.

  Recomponho-me o suficiente para olhar a pessoa que me atropelou ou foi atropelada por mim, ainda não sei. O homem a minha frente tem cabelos escuros, olhos azuis marcantes, está usando terno e agora sua gravata tem um carimbo vermelho da cor do meu batom. Parabéns, você começou muito bem, Olivia!

  - Desculpa! - me apresso em dizer, mas ele não está me ouvindo, está olhando de mim para sua gravata um tanto quanto chocado.

  - Você quem seria? - ele pergunta desistindo da gravata.

  - Olivia Cooper, vim pela vaga de babá.

  - Está atrasada - é tudo que ele diz antes de voltar para dentro da sala da qual saiu. Como não mexo um músculo ele vira para trás para me olhar. - Você vem?

  - Claro - digo o seguindo. A sala na verdade é um pequeno escritório, com uma mesa de madeira escura, cadeiras de couro giratórias, um sofá de dois lugares e algumas estantes de livros.

  Ele se senta atrás da mesa e indica a cadeira a sua frente, me sento também apertando a alça da bolsa e encarando a marca dos meus lábios na gravata dele.

  - Eu sou Ethan Price, e gostaria de saber Srta. Cooper, o que a faz apta para cuidar dos meus filhos.

  - Eu gosto de crianças, sempre me dei bem com elas, sou esforçada, aprendo rápido e gostaria muito mesmo de uma chance para mostrar isso.

  - Quais são suas referências? - ele pergunta e dou de ombros remexendo seu porta canetas ainda sem olhá-lo.

  - Não tenho - decido ser sincera. - Mas disseram que não exigia.

  - Não estou exigindo, mas isso não quer dizer que emprego qualquer um.

  - Não foi o que eu quis dizer só... - me interrompo ajeitando as canetas que derrubei.

  - Srta. Cooper, por que não me olha nos olhos? - sua pergunta me pega de surpresa e dessa vez esbarro no porta canetas e ele vai para o chão com canetas e tudo. Abaixo-me para pegar e quando levanto faço questão de bater a cabeça no tampo da mesa.

  - Ai - gemo me sentando outra vez e devolvendo o porta canetas para o seu lugar. Ethan pigarreia e finalmente o olho. Não o estava evitando por ser lindo e maravilhoso coisa que ele é, era mais por que eu tinha carimbado sua gravata com batom e seus olhos azuis me desconcertavam de um jeito que eu não sabia explicar. - Eu estou olhando pra você e pode me chamar de Oliva.

  - Certo, Olivia, eu vou estar entrando em contato nos próximos dias e... - sua fala é interrompida pelo toque do seu celular. - Com licença - ele pede, se levanta e vai até o canto da sala. - Alô? O quê? Mas quando foi isso? Eu tenho que ir agora? Certo, certo já terminei o que tinha que fazer, chego aí em meia hora.

  Ethan desliga e se vira outra vez para me encarar, ele está prestes a dizer alguma coisa quando é interrompido por batidas na porta. Ele suspira me pede mais um minuto e segue até lá, ele a abre só o suficiente para sair, mas vejo a mulher mal encarada que me indicou o escritório do outro lado antes dele fechar.

  Ajeito minha roupa mais uma vez mesmo que saiba que isso não vai resolver nada, felizmente minha camisa social vermelha é escura de mais para ficar transparente, mesmo que tenha se colado ao meu corpo. Enquanto encaro as estantes de livros estou também pensando se eu tenho realmente alguma chance de conseguir esse emprego, espero mesmo que sim, mas acho que não, por que ele em sã consciência contrataria a doida que o atropelou antes mesmo de se apresentar?

  Quando a porta se abre e Ethan volta, está obviamente com raiva, ele passa a mão pelos cabelos escuros e respira fundo antes de se sentar outra vez.

  - Onde estávamos? - ele pergunta e dou de ombros.

  - Você ia começar com aquele papo de ligo depois ou entro em contato, coisa que você obviamente não vai fazer - tagarelo e ele me olha divertido.

  - Sinto contrariá-la, Olivia, mas está contratada - ele diz e levo um minuto digerindo suas palavras.

  - É o quê?

  - Você começa amanhã e tem que ter disponibilidade de ficar a semana toda aqui, o que acha, pode fazer isso?

  - Tipo morar aqui? - pergunto só pra ter certeza de ouvi certo e ele faz que sim.

  - Isso mesmo. Amanhã as sete, pode estar aqui?

  - Claro, eu definitivamente vou estar aqui. Mas sabe, e a... Criança?

  - Crianças você quiser dizer, eu tenho três filhos e você irá conhecê-los amanhã. - Eu engasgo com a minha própria saliva surpresa, Ethan deve ter lido minha expressão por que me olha com um meio sorriso. - Não te disseram quantas crianças eram, disseram?

  - Claro que disseram - respondo mais irônica do que pretendia e ele sorri, Ethan devia parar com isso, por que ele já é lindo de cara feia, sorrindo é um perigo.

  - Então é isso, Olivia, até amanhã, espero que possamos nos dar bem.

  - Eu espero o mesmo - sussurro ficando de pé ainda sem acreditar que consegui um emprego, que tenho um chefe incrivelmente gato e que vou ter que cuidar de três, três crianças de uma única vez!

  Bem, seja o que Deus quiser, é o meu último pensamento antes de sair da casa do meu futuro chefe, por que outra benção assim, pra mim? Só em outra encarnação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Quero opiniões!
Me digam o que estão achando, por favor!
Beijocas e até, Lelly ♥
PS: Pra quem não viu o book trailer da história, vou deixar o link aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=N4z8sy5aB9k&t=1s



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Confusão em Dose Tripla" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.