“Cara amada,

Sou incapaz de salvar seu coração desta vez.

Mas se você quiser,

Eu vou fingir ser seu herói só por hoje.”

                                                              - Dear Lover, Little Mix.

O Adrien gosta da Kagami. Claro, já que ela ama esgrima e era tão boa quanto ele. Ela também conseguia dizer mais do que uma frase coesa para ele. A Kagami era legal, mas eu... Quem eu era?

Eu mal conseguia dizer “oi”. Só saíamos juntos por causa de Alya e Nino e por mais que eu não tenha contado a ele de fato, já dei vários sinais de gostar de Adrien e ele nunca percebeu. Ou pior ainda, ele percebeu mas fingiu que não, pois provavelmente não sente o mesmo.

Pensar sobre essas coisas fez com que nem a festa do pijama da Juleka conseguisse me animar.

— Dupain-Cheng? Vai ficar aí parada com essa cara de tapada? – Chloé chamou a minha atenção. Até ela tinha sido convidada, porque apesar do jeito rude dela, ultimamente ela têm sido uma pessoa bem melhor.

— É sua vez de girar a garrafa! – Rose disse empolgada e em um tom bem menos agressivo.

— Ah sim, desculpem. – segurei a garrafa e girei. A ponta parou em Chloé, indicando que ela teria que me perguntar algo e eu teria que dizer a verdade.

— Hum... Vejamos! – a loira pensou com um sorriso no rosto.

— Anda logo! – Alya falou, fazendo Chloé revirar os olhos.

— Tá, tá. É verdade... – ela sorriu novamente – Que você gosta do Adrien? – minhas amigas sabiam que sim. Alya principalmente, podia ver ela prendendo a respiração, preocupada que Chloé descobrisse o meu segredo..

Eu teria que dizer a verdade, então respirei fundo e o fiz:

— Acho que não mais. – as garotas ficaram confusas, mas não perguntaram nada. Sabia que conversaríamos melhor depois. – Sua vez, Sabrina.

O jogo continuou, no entanto quando não era minha vez, eu nem prestava atenção. Perdia meu tempo fazendo de tudo para não ficar triste demais e correr o risco de ser akumatizada. Porque isso sim seria um desastre.

Como o jogo seria nossa última atividade, decidimos ir cada uma para seu saco de dormir – que estavam espalhados pelo chão do quarto de Juleka – e finalmente descansar.

Mas como previsto, eu não consegui relaxar e dormir. Fiquei me revirando e por fim suspirei pesadamente e encarei o teto – até Tikki tinha pegado no sono dentro da minha mochila e eu não.

Decidi ir na cozinha beber uma água, já que Juleka tinha dito para ficarmos à vontade se precisássemos de algo. Então fui com todo cuidado, para não correr o risco de derrubar algo e acordar alguém.

— Também não consegue dormir? – ouvi uma voz e pulei com o susto, tapando a minha boca para não gritar. – Não quis assustar você, desculpa. – um garoto de cabelos pretos com as pontas azuis estava sentado à mesa rindo, com um cobertor por cima de si. Provavelmente era o irmão mais velho de Juleka.

— A-Ah, sem problemas! Só estava meio distraída.

— Marinette, não é? – assenti – Juleka estava tão empolgada que me mostrou a foto de todas as amigas dela ontem e disse algumas características de cada. A propósito, eu sou Luka.

— Prazer Luka. Então quer dizer que você descobriu quem eu era porque sua irmã provavelmente mencionou que sou muito distraída? – falei me aproximando e ele riu.

— É, ela falou. Mas eu não decorei as características de todas, então não sei se saberia reconhecer outra amiga dela.

— E como conseguiu fazer isso comigo? – Luka baixou o olhar e sorriu, em seguida ficou de pé e parou na minha frente.

— É difícil eu esquecer alguém que me chama atenção. – ok, eu fui pega de surpresa. Definitivamente não esperava por essa resposta.

Naquele momento eu agradeci pela cozinha estar apenas iluminada pela luz da lua que entrava pela janela sem cortinas, pois eu provavelmente estava muito vermelha.

— Enfim, acho que você é muito mais do que apenas a garota distraída, legal, criativa e incrivelmente fofa! – o encarei ainda mais constrangida – Palavras da minha irmã quando me mostrou a sua foto. – levantou as mãos em sinal de rendição – Então, Marinette Dupain-Cheng, quem é você? – infelizmente nem eu sabia a resposta para essa pergunta – Viu? Até decorei o seu sobrenome!

— Estou lisonjeada! – disse com um sorriso, fazendo uma reverência de brincadeira – Mas essa é uma pergunta bem complexa e eu sinto que não estou apta para responder, Luka Couffaine. Viu? Também decorei seu sobrenome!

— Não vale, é o mesmo da Juleka! – o moreno apontou o dedo e nós rimos – E você está certa, não é uma pergunta fácil de responder. Então, vou deixar passar se me responder outra pergunta.

— Qual?

— O que deixou essa cabecinha linda tão distraída à ponto de não conseguir dormir? – desviei o olhar.

Pensar no motivo me fazia relembrar as minhas frustrações. No entanto, Luka não sabia disso e apenas estava sendo gentil.

— Eu apenas cansei de esperar. – dei de ombros – Quero dizer, existem certas coisas que nós achamos que vai mudar e por isso esperamos por essas mudanças. Porém eu já perdi as esperanças e antes que diga algo, eu esperei por um tempo considerável. Então eu simplesmente cansei e me conformei. – não quis revelar o meu problema de cara, já que por mais que Luka realmente parecesse confiável, nos conhecíamos há cerca de cinco minutos.

— Hum, entendo! Parece complicado, já que pelo que eu entendi, não depende de você.

— É, não depende. Não cem por centro.

— Bom, eu tenho uma sugestão pra melhorar o seu ânimo.

— E qual seria? – ele estendeu a mão e eu a encarei.

— Pode confiar. Garanto que vai adorar. – sorri e coloquei a minha mão sobre a sua. Então Luka me conduziu até a parte externa da sua casa/barco. – Quando eu preciso pensar, ou quando eu já pensei demais, eu venho aqui ver a lua. – ficamos na borda do barco, encarando a lua, a água e as estrelas.

Luka abriu o cobertor e me envolveu com a outra metade, me fazendo ficar próxima dele.

— Realmente é uma vista incrível! – pude ver por canto de olho o moreno encarando o meu rosto.

— É, a mais linda que eu já vi! – olhei para o lado, tentando esconder as minhas prováveis bochechas rosadas. – Posso te dar um conselho?

— Por favor. – Alya normalmente fazia isso, mas como Luka estava oferecendo, obviamente eu não recusaria.

— Eu entendo que você está cansada de esperar que as coisas mudem e nada acontece. No entanto, você também pode mudar as coisas. – encarei ele, que deu um sorriso gentil – Talvez não as mesmas coisas, mas pode mudar outras.

— É, você tem razão. – desviei meu olhar e encarei a água se movimentando lentamente.

O que Luka tinha dito parecia um pouco confuso, entretanto fazia total sentido para mim. Eu não precisava ficar esperando Adrien gostar de mim. Sei que não é assim do nada, já que o coração é quem manda, porém eu poderia dar um chance para amar outra pessoa.

Por alguns segundos pensei em Chat Noir. Certamente ele se sentia assim como eu com Adrien, já que eu rejeitava seu amor por mim. E depois dessa desilusão, até posso pensar em dar uma chance pra ele. Quem sabe...

— Obrigada pelo conselho. Como posso retribuir a sua gentileza? – ele riu.

— A única coisa que eu quero, é que você não fique triste. Seu sorriso é bonito demais para escondê-lo! – fiquei paralisada por alguns segundos e depois sorri. Por alguns minutos, Luka foi tão legal comigo quanto Adrien em todo tempo que nos conhecemos. Não que Adrien não me tratasse bem, mas ele não gosta de mim, então nunca me diz coisas do tipo – Era desse sorriso que eu falava.

Ficamos nos encarando durante alguns segundos.

— Você... É real? – perguntei e o moreno riu novamente.

— Sou. Quero dizer, eu acho. Mas porque a pergunta?

— É que você... Bem, esse momento, parece mágico. – disse e encarei o chão. O que eu estava dizendo? Marinette, você pode calar a boca?

— Sabe... Também pensei nisso. – senti sua mão levantar o meu queixo, me fazendo olhar em seus olhos. – Depois de hoje eu passei a saber um pouco mais sobre você. Mas se não se importa, eu estou disposto a saber muito mais. – Luka permaneceu me encarando, esperando uma resposta.

— E-Eu não m-me importo. – o garoto sorriu, provavelmente achando graça do meu jeito.

Luka se aproximou e selou seus lábios nos meus. Por alguns segundos eu arregalei os olhos e fiquei paralisada. Depois, eu apenas decidi me deixar sentir o momento e fechar os olhos.

Nos distanciamos depois do beijo e permanecemos nos encarando. Luka acariciava a minha bochecha com a sua mão.

— Acho que eu segui o seu conselho. Mudei algumas coisas. – disse em um tom baixo, por conta da timidez.

— Fico feliz por isso. – ele me puxou levemente para o seus braços. Apenas deixei que ele me conduzisse e permaneci ali. – Espero que dê tudo certo pra você.

— Já está dando. – sorrimos um para o outro e continuamos a admirar a lua abraçados.

"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor."

                                                               - William Shakespeare.