A cidade sofre com uma incessante chuva de granizo como se estivesse sendo severamente castigada por tudo que fez de errado, mas, tamanha fúria divina não recairia sobre os humanos nesse período do tempo já que seus dividendos pagos no passado são muito maiores que os atuais. Já basta o sofrimento interno e por que não dizer eterno que sofrem em suas próprias mentes. Mas, a ainda alguma coisa que pode ser feita para acalentar alguns corações tão machucados e sofridos.

            Andando a passos largos pelas largas calçadas do centro de Brasília indo em direção ao hospital Sarah vemos um homem oriental por volta dos 20 a 30 anos de aparência exótica e uma beleza que chama a atenção de todos trajando um longo casaco de cor azul escuro que parece lhe cobrir todo o corpo e, de volumosos cabelos de cor negra, mas, algo curioso acontece, conforme anda rapidamente parece que a cor do cabelo muda para dourada e outras para uma tonalidade rosada ou seria apenas impressão? Talvez você esteja enlouquecendo já que notou isso, não acha? Mas mesmo sendo dono de grande beleza seu semblante é triste tal qual a aquela chuva anormal. Não demora muito para adentrar no hospital para o qual estava se dirigindo, mas, as surpresas não param já que ele parece se mover como um fantasma e vai passando despercebido por todos e vai adentrando cada vez mais até chegar ao leito especial de um paciente que parece estar muito doente. Com um movimento singelo a porta se abre sozinha e logo se fecha, mas ele já está dentro do mesmo.

            Ali vemos uma garota, deve ter algo em torno dos seus 14 anos, uma adolescente e completamente envolvida por todo o tipo de aparelhagem médica com fios, medidores em seu pequeno corpo, ela não aparenta estar chegando ao fim de suas forças, notasse pela sua pele que está tão pálida e sua aparência tão frágil. O jovem também percebe que tem muitas plantas ali trazidas provavelmente por seus entes queridos, mas que já estão velhas quase sem vida, por um segundo para e ele respira profundamente todo o ar ali e ao soltar o ar de seus pulmões pequenas partículas de luz começassem a surgir ao seu redor e vão saindo de seu casaco e tomando todo o lugar. Primeiro as plantas que começam a voltar à vida aos poucos. Ele chega perto da menina e segura sua mão e a coloca em seu peito a apertando contra o casaco e, da maneira mais gentil e suave encosta sua testa na da menina e toda a sala é tomada por um brilho de sol de primavera. Aos poucos a garota estava recobrando os sentidos e começou a tentar falar mesmo com dificuldade:

—J...Ji...n...?

Mas antes que pudesse perceber já tinha voltado a dormir. A chuva já passara e o sol abraçava toda a cidade com seu esplendor naquele final de tarde.

            O dia já tinha acabado e era final de noite, vemos o mesmo rapaz em uma cafeteria mexendo em uma xícara com chocolate quente e ao fundo uma televisão passando a matéria de um jornal falando que uma paciente em estado terminal tinha se recuperado milagrosamente e sua doença sumido como se tivesse sido puxada para fora de seu corpo. Ele coloca a mão em seu peito e faz uma careta de dor como se estivesse doendo ainda assim ele da um singelo sorriso de canto de boca sabendo o porquê da dor. Seu celular começa a tocar e ele prontamente o pega e atendente, a única coisa que da para se ouvir antes de desligar é: - Jin, estamos te esperando no Candy Shop, venha logo.

            Ele paga a conta e sai rapidamente da cafetaria, não demora muito ele começa a cambalear como se algo estivesse saindo dele. Ao ver que já são quase meia noite se apressa a passos largos e se esconde em um beco e é envolto por todo tipo de plantas, a sensação não é agradável, mas, ele não demonstra dor. Algo aconteceu, ele já não é mais o mesmo, sua aparência é outra, mas em meio a noite a única coisa que percebesse é que seu casaco agora é rosa.