Dynamite escrita por MaahHeim


Capítulo 2
Oásis de um Lutador




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“Você não pode ter pensado nem por um segundo que eu concordaria--” O Katsuki começou a dizer, quase que começando a rir “Você não poderia--”

“Está decidido, Katsuki. Você e Ochako vão se casar. Eu não me importo com o que você quer ou deixa de querer, ela é a única pessoa que eu consigo pensar que vá conseguir dar um jeito em você” Ela balançou a cabeça negativamente.

“Tá bom, velha. Eu vou voltar pra academia e fingir que nada disso acabou de acontecer” O loiro disse, ainda tentando controlar o riso.

“Não, você não vai” Ela respondeu “Eu tranquei a academia. E seu quarto. Vamos conversar sobre isso.”

Que porra você pensa que está fazendo, velha?!” A voz dele havia subido alguns decibéis, e ele agora estava sério. Não, não sério, puto. “Me deixa em paz, caralho! Deixa eu viver a minha vida!”

“Você é um mimado desgraçado!” Ela gritou de volta para ele “Você utiliza da academia que eu e seu pai pagamos, da nossa casa, de tudo nosso… E não faz nada! Nada! Você se formou faz meses e ainda assim você não entrou numa faculdade! O que você está pensando?!”

“Que você não tivesse filhos então, sua velha do caralho! A vida é minha e eu faço o que eu quiser! Eu vou lutar, já falei pra você. Assim que tiver dinheiro vou sair dessa merda, e não quero nenhuma ajuda sua. Se você quiser que eu saia agora, eu saio também. Só se decida de uma vez, cacete!”

Masaru, Sara, Mathias e Ochako observavam tudo. Os três primeiros pareciam assustados ou preocupados com a situação, mas Ochako lançava ao garoto loiro um olhar de pura compreensão.

“Você é o único filho da família Bakugou!” Ela chiou, e, ao falar da família Bakugou, seu peito pareceu inflar em triunfo. “Você não ousará sair dessa casa. Eu não vou admitir isso. Se você quer brincar de lutinha por aí, vá em frente, eu estou lhe dando essa chance. Eu vou dar suporte à toda essa merda! Você só precisa se casar!”

se casar?” O loiro riu. Se tivesse o poder de explodir coisas, a casa estaria em pedacinhos. Infelizmente, ele estava no mundo real, e não tinha poder algum “Casamento é uma porra séria, sua demente! E a vida é minha! Devolve a porra da chave da minha academia e do meu quarto! Agora!”

“Ou o quê, Katsuki? Você vai fugir de casa?” Ela zombou “Eu encontro você em menos de vinte e quatro horas.”

“Você quer que eu mate você, velha? É isso que você quer?” Katsuki cerrava os punhos com tanta força que eles começavam a ficar vermelhos. Sua voz era quase um rugido. “Vai tomar no cu! Vai se foder! Puta que pariu!”

Ele virou de costas e começou a se retirar da sala, batendo forte com os pés no chão.

“Katsuki! Volte aqui agora!"

“Boa sorte me achando em menos de vinte quatro horas então, caralho!” Ele respondeu para ela, saindo da cozinha. Era óbvio que nenhum dos empregados teriam coragem de impedi-lo. Ouviu-se apenas o barulho de uma porta batendo com força.

Mitsuki suspirou longamente e colocou a mão no rosto, sentindo-se exausta. Masaru pôs a mão em seu ombro numa tentativa de dar-lhe suporte.

“Eu disse que ele era complicado…” Mitsuki murmurou para as visitas “Desculpe por isso tudo.”

Ochako olhava para a porta por onde o garoto tinha saído, séria. Não esperava que ele fosse daquele jeito, apesar do que os pais haviam lhe contado. Sabia apenas que era desajustado com a família. A reação dele não significava muito, entretanto. Qualquer um ficaria daquele jeito diante de um casamento arranjado. Sentia-se compadecida pelo garoto. Não que fosse deixar ele saber disso, óbvio. Ele arrancaria sua cabeça.

Olhou para a Bakugou que se lamentava nos braços do marido.

Ela não voltaria atrás do combinado. Entendia Katsuki, entendia de verdade. Ela também não queria se casar, pelo amor de deus! Não tinha nem vinte anos ainda! Mas se era para ajudar seus pais, ela faria de tudo.

Seria difícil fazer com que o garoto cooperasse consigo, entretanto… Tentaria entrar em algum tipo de acordo com ele, mas não fazia ideia de se daria certo.

A menina cerrou os punhos. Ainda assim, precisava tentar. Explicaria as coisas para ele, e tentaria chegar em algum tipo de consenso. Seria muito mais fácil se pudessem ser apenas amigos, mas não havia sido isso que sua mãe havia proposto.

Procurou manter a expressão neutra, apesar de tantos sentimentos conflitantes dentro de si. Era importante que mantivesse a aparência de princesa perfeita para os Bakugou. Não queria que desistissem do acordo.

Por sinal, que acordo machista… Até quando iriam acreditar que uma garota deveria mudar um cara? Em que século estava mesmo?

Shhh, Ochako. Conteve-se. Precisava ajudar os seus pais, o que quer que acontecesse. Ela e Katsuki poderiam se divorciar depois de um tempo, também.

Divórcio? Ela cerrou os olhos, pensativa. Quer dizer então que ela seria uma divorciada — Aos, sei lá, vinte, vinte e um anos?

Fechou os olhos e pediu licença para ir ao banheiro. Quem ela queria enganar? Estava tão chocada com tudo aquilo quanto o próprio Katsuki. Mal tinha se formado na escola e queriam que ela se casasse. Ela nem tinha escolhido uma faculdade para cursar ainda.

Trancou a porta do banheiro e recostou-se nela por alguns segundos, respirando fundo.

Tudo bem, era por um bom motivo. Ela se adiantou até a pia e jogou água no rosto, satisfeita pela maquiagem que estava usando ser à prova d’água. Sentou-se sob a tampa do vaso sanitário ainda com o rosto pingando e olhou ao redor do banheiro amplo e perfeito, tão diferente do de sua própria casa.

Era por um bom motivo… Mas ainda assim.

Colocou uma mão sob o rosto, preocupada. Lembrou-se da expressão furiosa do garoto com quem ela havia sido designada a casar.

“No que foi que eu me meti…” Murmurou.

 

.   .   .

 

Bakugou Katsuki não lembrava de já ter estado tão furioso em sua vida. Tinha vontade de sair destruindo tudo que via pela frente: carros, árvores, casas, o que quer que fosse. Sabia que qualquer destruição de propriedade, entretanto, traria sua mãe ainda mais rápido para seu cangote, e resolveu pela decisão lógica de se conter.

Casamento. Ele realmente não sabia de onde sua mãe tirava aquelas merdas. Não era por serem ricos que eles tinham que se comportar como se vivessem no século 15, porra. Ele lembrou-se da garota de vestido frufru. E queriam que ele se casasse com a princesa da Disney? Pelo amor de deus. Eles nem conseguiriam manter um diálogo juntos.

Ah, como ele se sentia homicida. Sua vontade era de pegar um ser e esmagar, esmagar, esmag--

“Boa tarde!” Um garoto alto se aproximava dele. Vestia uma roupa idiota de garoto-propaganda e tinha vários folhetos na mão. “Já conhece nossa academia? Temos natação, artes marciais e muito mais! A primeira aula é grátis!”

Katsuki abriu a boca para mandá-lo tomar no cu, mas ao ouvir a palavra academia e artes marciais, mudou de ideia. Não lembrava de ter uma academia tão próxima de casa. Se houvesse, ele já estaria nela, é óbvio. Muito melhor do que treinar em casa sendo incomodado pela desgraçada que era sua mãe.

Ergueu o olhar para o prédio de três andares que se erguia em sua frente. Tinha um grande “ALL MIGHT GYM” escrito. Presunçoso, pensou. Mas conseguiu sorrir. Era ali que ele liberaria toda a sua raiva.

Agarrou o panfleto que o garoto-propaganda lhe estendia e entrou no prédio, já preparado para dar alguns socos.

 

.   .   .

 

Uma academia no bairro residencial mais rico da cidade. Quem tivera a ideia de criar um negócio desses?

Kirishima Eijirou coçava a nuca, confortavelmente sentado em uma das várias bicicletas dispostas pela academia.

Para ele, parecia bem óbvio que pessoas ricas teriam sua própria academia e personal trainers em casa. Pelo menos ele teria, se fosse rico.

Olhou para os diversos equipamentos e salão completamente vazios e suspirou. Ele mal sentia que estava trabalhando.

Tinha ficado surpreso quando Kaminari, seu amigo de infância, lhe falara do lugar e da oportunidade de trabalhar nele.

Ele sabia que Eijirou precisava de dinheiro e que precisava continuar treinando, se quisesse, um dia, se tornar um grande lutador de jiu-jitsu - seu recente objetivo de vida. Por isso, assim que um amigo de seus pais resolveu que abriria uma academia com artes marciais, Kaminari correu atrás dele para implorar pela contratação de Eijirou.

Sim, Eijirou tinha acabado de terminar o ensino médio. Mas ele também era o melhor aluno em educação física da escola, e todos acreditavam que ele poderia ser não apenas um grande esportista, mas também um grande professor, um dia, se quisesse.

Apesar de ter apenas dezoito anos, o garoto carregava em suas costas alguns títulos adquiridos em campeonatos de jiu-jitsu da escola. Nunca chegara particularmente longe ao ponto de ganhar o campeonato estadual ou nacional, é claro, mas todos sabiam que ele era bom e que, se tivesse o treinamento necessário, tinha o talento para ir cada vez mais longe.

Lógico que, para ter o treinamento necessário, ele precisava de dinheiro. Era o funcionamento do sistema capitalista em que vivia, afinal.

Debruçou-se sobre a bicicleta, encarando o teto. Se tivesse começado a treinar jiu-jitsu antes do ensino médio, talvez tivesse ido mais longe. Mas ele só descobriu o amor pelo esporte no primeiro ano do colegial, depois de assistir um campeonato promovido pela sua escola.

“Bom, pelo menos agora estou empregado…” Ponderou em voz baixa.

Com a insistência de Kaminari e uma rápida entrevista, o dono da academia, Toshinori Yagi, resolveu que contrataria Eijirou. Ele trabalharia as oito horas do emprego e poderia usar a academia sempre que quisesse. Naquele ambiente, estaria rodeado por diversos professores e personal trainers: Era sua chance de pegar dicas e melhorar sua forma, estilo de luta, e tudo mais que pudesse.

Foi o que ele pensou, é claro. Mas ele logo entendeu por que haviam contratado alguém que só tinha o ensino médio completo.

“Eu sou praticamente o único funcionário desse lugar…” Suspirou “Eu devia ter imaginado, vindo do Kaminari…”

As intenções do amigo tinham sido as melhores e Eijirou estava grato por ter um emprego, mas toda a parte de receber ajuda em seu treino, até agora, não estava acontecendo.

Já era o seu terceiro dia de trabalho e, desde então, só tinha recebido cinco clientes - que acabaram sendo apenas curiosos. Ele também não tinha visto nenhum professor de jiu-jitsu, judô, luta livre ou qualquer outra coisa. O lugar era novo, limpo e bem organizado, mas estava quase que completamente abandonado. Não lhe surpreendia que tivessem oferecido gratuidade na primeira aula. Na verdade, deveriam ter oferecido gratuidade por uma semana. Mas talvez nada daquilo fosse importante num bairro de milionários.

“”Kirishima-kun!” Era Kayama Nemuri, uma das personal trainers do lugar. “Acabaram de acionar o elevador! Talvez tenhamos mais um cliente hoje!” Ela fez um sinal positivo com a mão.

Ah” O garoto se adiantou para a recepção do segundo andar, onde tinha sido designado para trabalhar. “Obrigado por avisar, Kayama-san.

Um dos elevadores emitiu o agudo barulho que significava que alguém tinha acabado de chegar ao andar, e Eijirou procurou adquirir uma pose profissional. Era possível que aquele fosse ser o primeiro cliente a usar dos equipamentos do lugar.

A porta do elevador se abriu e um jovem loiro com trajes de skatista saiu de dentro dele. Sua expressão era de raiva, e Eijirou se perguntou se o atendimento do primeiro andar - que focava em hidroginástica e natação - tinha sido ruim. Não se repetiria, se fosse esse o caso. Ele estava preparado para ser o mais gentil e prestativo possível.

“Boa tarde, senhor” Ele disse assim que o loiro começou a caminhar na direção da recepção. Parecia estranho chamar um garoto que devia ter mais ou menos a sua idade de senhor, mas ele estava em seu modo profissional “Gostaria de fazer cadastro em nossa academia?”

O garoto loiro espalmou o folheto da academia no balcão da recepção, ainda com uma expressão de puro ódio.

“Ok… A aula grátis então?” Eijirou perguntou, observando o folheto e se sentindo um pouco confuso com a atitude do loiro. “O senhor já gostaria de fazer o cadastro ou--”

“Eu não preciso de professor ou qualquer merda.” Ele cortou o recepcionista “Só quero um saco de pancadas.”

O cliente está sempre certo, Eijirou pensou.

“Bom, você pode utilizar qualquer um dos sacos de pancada livres…” Antes que ele pudesse sequer terminar de falar, o loiro começou a andar na direção dos sacos de pancada e, assim que chegou perto do mais próximo, começou a socá-lo com toda a força, mesmo sem luvas de boxe.

Eijirou e Kayama se entreolharam rapidamente, mas a mulher rapidamente desviou o olhar e voltou a conversar com Aizawa Shouta, outro personal trainer do lugar. Ambos claramente não queriam se envolver com o novo cliente.

Por mais que conseguisse compreender a aversão ao jovem, Eijirou não era sangue frio o suficiente para ver alguém destruindo as próprias mãos no mesmo local que ele.

Agarrou duas luvas de box e correu na direção do loiro.

“Ei!” Eijirou chamou, mas o garoto não parou de socar, nem olhou para ele. “Luvas! Luvas de boxe!”

“Não preciso dessa merda!” O loiro grunhiu de volta. As mãos dele já estavam arranhadas. “Sai daqui, Pica-pau!”

Eijirou franziu a testa para o apelido que zombava de seus cabelos tingidos de vermelho. Achou-o criativo.

“A sua posição está toda errada, cara!” Retrucou “E você vai acabar com seus punhos assim!”

O garoto loiro olhou para ele pela primeira vez. Seus olhos eram de um castanho tão intenso que mais pareciam ser vermelhos. Seus punhos aos poucos pararam de bater no saco de pancadas, e ele os colocou ao lado do corpo. Uma gota de sangue pingou no chão.

“Você é um dos professores de artes marciais ou algo assim?” O loiro perguntou, emburrado. Não parecia ligar para as mãos arranhadas e sangrando.

“Não, mas definitivamente sei mais de sacos de pancada do que você” Eijirou respondeu.

O que você acabou de dizer?!” Olhares preocupados de Kayama e Aizawa se dirigiram para os dois com o grito do jovem loiro, mas Eijirou os ignorou. Estava tudo sob controle. Ele estendeu as luvas para o explosivo garoto, não se importando com seu tom ameaçador ou com os olhos castanho-avermelhados que o fuzilavam.

“Estou dizendo o que estou vendo. Você precisa pelo menos enfaixar as mãos, ou colocar luvas de boxe, para usar um saco de pancadas.” O ruivo explicou rapidamente.

“É claro que eu sei dessa merda.” O garoto falou, emburrado, arrancando as luvas da mão de Eijirou. “E da minha posição e da posição dos meus punhos. Não sou um idiota. Só estou pouco me fodendo.”

Eijirou o encarou enquanto ele colocava as luvas sem se importar de sujá-las de sangue. O loiro claramente tinha uma personalidade explosiva.

“Eu sou Kirishima Eijirou.” O ruivo se apresentou. “Sou só o recepcionista daqui, mas fiz jiu-jitsu e treinei outras artes marciais também.” Ele deu uma olhada rápida para a recepção vazia. “Sei que você não vai durar muito se ficar socando de qualquer jeito.”

O loiro pareceu puto, mas não disse nada. Apenas terminou de colocar as luvas.

“Bakugou Katsuki” O loiro se apresentou. “Não vou socar com a porra das luvas só porque você está mandando. Só não quero foder os meus punhos.”

Eijirou deu um leve sorriso.

“Tudo bem.” O ruivo tornou a olhar para a recepção, ainda vazia. “Acho que vou treinar um pouco com você, já que não temos outros clientes.”

Katsuki deu de ombros, tornando a socar o saco de pancadas.

Eijirou pegou luvas para ele e as colocou, começando a socar o saco de pancadas ao lado do de Katsuki.

Pelo menos agora temos um cliente…? Eijirou se questionou, começando a desferir alguns socos no objeto a sua frente.


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Notas finais do capítulo

EU ESQUECI DE POSTAR AAAAAAA ;_;



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