Companhia escrita por Enchantriz


Capítulo 1
Capítulo 1: Companhia


Notas iniciais do capítulo

- lámen: tipico prato chinês
— dojo: local onde treina artes marciais japonesa



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— Ei, Zed?

Syndra chamava caminhando pelos corredores da Ordem das Sombras, logo, encontrando Zed treinando sozinho em um dos dojos. Ela parou em frente à porta cruzando os braços, apoiando o ombro no batente de madeira. Em silencio, observou interessada o homem alto de postura impecavelmente ereta levantar uma barra de ferro com dois anéis largos de peso em cada ponta, deixando ainda mais torneados os músculos abaixo do tecido preto da camisa.

Enquanto se exercitava, Zed notou um repentino aumento nos pesos. Desconfiado, ele moveu os olhos âmbar para os anéis da direita e depois para o da esquerda, e por fim, para a porta nos fundos da sala onde estava a maga distraída analisando as longas unhas tingidas de preto, até que ela lhe emitiu um sorriso sínico ao acenar remexendo os dedos no ar, fazendo imediatamente o peso aumentar outra vez.

— Desgraçada... – murmurou ele por entre os dentes.

Zed soube naquela hora que Syndra não iria perder a oportunidade de atrapalhar o seu treinamento. Mesmo assim, ele optou por continuar deixando os limites do seu corpo serem testados constantemente pelo aumento das cargas nos anéis. Então ele respirou fundo, estalou o pescoço e fechou os dedos firme na barra de ferro, flexionou e estendeu os braços, levantando o peso sem ter qualquer tipo de esforço. Convencido, Zed piscou o olho esquerdo para Syndra, divertindo-se com a abrupta mudança no semblante dela, descontente por sua magia não surtir o efeito desejado.

E o que era para ser uma simples brincadeira, acabou por se tonar uma competição.

— Ah, por favor! Isso é ridículo! – Syndra se aproximou de Zed, o qual estava prestes a continuar. – Tem muito mais do que alguns míseros quilos aí. Você não vai conseguir.

A maga cruzou os braços, sorrindo confiante. Só que o seu sorriso logo desapareceu ouvindo o ruído do ferro soltando do chão. Espantada, ela observou o ninja lentamente conseguir levantar a barra, sustentando o peso no ar por alguns instantes antes de jogá-lo no chão, afundando o piso de madeira.

— Vai ter que fazer melhor da próxima vez.

— Não me provoque. – avisou autoritária apontando o dedo indicador.

— Se não, – deu alguns passos à frente, engrandecendo-se perante o pequeno corpo. – vai fazer o que? – a enfrentou.

Ela arqueou as sobrancelhas e estalou os dedos, removendo a máscara de ferro do rosto dele.

— Muito engraçada. Me devolve isso. – ordenou ele sério, tentando pegar o objeto que se movia de um canto para o outro dentro de uma esfera negra. – Ei! Quer parar!

Aquela não era a primeira vez que ele mostrava para ela as imperfeições no seu rosto, embora não fossem muitas as oportunidades também, ainda assim, costumava se sentir um pouco desconfortável de se expor diante da beleza dela.

— Vamos. Eu tenho muito trabalho para fazer, Syndra.

— Claro. Depois que você joelhar e implorar.

— Você está louca! Não vou entrar nessas suas brincadeiras narcisistas.

— Quem sabe, então, – ela trouxe a máscara até as suas mãos, sorrindo maldosa. – depois que você me der um beijo como pedido de desculpas pela sua grosseira, eu posso pensar no seu caso.

— Você costumava ser menos mercenária.

— Aprendi com um certo ninja por aí. – respondeu orgulhosa. – E aliás... 

Zed revirou os olhos, desinteressado na falação. E rapidamente, ele puxou Syndra pela cintura para trazê-la mais perto de si quando abaixou o rosto pressionando os seus lábios sobre os dela, a fazendo se calar com o breve beijo. Mas assim que ele percebeu a expressão surpresa no rosto dela, apertou impiedosamente os seus dentes no macio lábio inferior, somente pelo prazer egoísta de poder lhe arrancar da garganta um baixo gemido de dor.

— O que foi? – a voz grossa saiu com um certo tom de escarnio. – Por que essa cara? – sorriu pegando a máscara de ferro, voltando a esconder o rosto atrás da armadura. – Foi você quem pediu. – ele cruzou os braços vendo a jovem ainda estática à sua frente.

— Não... – negou procurando as palavras. – Não foi exatamente verdade... Ah, – suspirou, sentindo os joelhos fraquejarem indo ao chão. – porque você tem que levar tudo tão a sério! – abaixou a cabeça levando as mãos ao rosto enrubescido, sentindo as bochechas esquentarem cada vez mais.

— Você começa e depois não aguenta.

— Cala a boca!

Ela odiava o modo como ele lidava com as suas provocações, mergulhando a sua mente em um caos de sentimentos, sendo sempre tão direto e convencido assistindo o seu coração queimar com o fogo que ateava. 

— Ei, garota? – o ninja chamou estendendo a mão para a maga após receber a atenção dos olhos claros. – Vem... – inclinou a cabeça em direção ao corredor. – Ainda está cedo. Vamos tomar café antes que isso aqui vire uma bagunça.

Os delicados dedos da jovem deslizaram pela palma da mão áspera do homem, deixando que lhe ajudasse a levantar. Ela sempre se questionava intrigada como alguém conseguia ser tão grosso e cavalheiro ao mesmo tempo.

— O que você costuma comer? – continuou ele, atravessando o corredor até a espaçosa cozinha. – Eu não sei exatamente do que você gosta além daquela porcaria de chá. – resmungou vasculhando os armários.

— Bom, – pensou por um instante, se debruçando na mesa. – o que você faz?

— Uma tigela enorme de lámen que você nunca comeria. Foi uma péssima escolha. – ele conteve o sorriso.

— Eu vou me arriscar dessa vez.

Syndra contornou a mesa e parou ao lado de Zed, dividindo entre eles as verduras que estavam em cima da pia. Depois, ela abriu a gaveta retirando duas facas, entregando uma peça para o aliado que abaixou os olhos âmbar para encontrar com os seus olhos prateados elevados abaixo dos longos cílios.

Eles nunca se importaram de estarem tanto tempo sozinhos, mas, às vezes não parecia tão ruim ter um pouco de companhia.


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Notas finais do capítulo

Uma bem rapidinha só para matar a saudade desses dois, ♥ ... Espero que tenham gostado. ;)



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