Qual o problema de ser diferente? escrita por Manoela390


Capítulo 1
Inteligência e Artes




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O dia começa de forma normal na vida de James Kirk, contudo ele não esperava que ao chegar em mais uma aula de biologia, se depararia com o rapaz mais estranho que já viu e como ninguém parecia se importar com isso mesmo sendo muito claro que algo estava errado, poderia o mundo estar ficando louco ou somente ele perdeu o juízo? Bem, tudo se iniciou em uma manhã deveras animada com seu pai lhe acordando com os gritos dele para seu irmão:

— Como pode ser tão irresponsável?! – A voz grave de seu pai fazia seus gritos se tornarem mais urgentes – COMO PODE FAZER UMA COISA DESSAS E AINDA MANTER A CALMA?!!

James não querendo se intrometer naquilo de nenhuma forma, afinal já bastava seus problemas com o pai, se levanta da cama com um suspiro, vai direto para o banheiro onde toma um banho frio rápido e veste uma roupa comum, uma blusa de manga curta e por cima uma camisa de manga comprida amarela, calças jeans pretas junto de um tênis também preto. Após se arrumar, ele sai do quarto em silêncio ainda ouvindo os gritos do pai, passa pelo corredor com as fotos dos membros da família incluindo a de si próprio felizes e sem perceber parava em frente a um dos retratos onde tinha os quatro membros unidos em um grande abraço coletivo, mas eles não estavam sorrindo, e sim querendo separar o abraço em uma raiva momentânea. “Quando nossa família chegou nesse ponto?” Pensou o jovem até escutar a buzina do lado de fora que lhe acordava do devaneio, ele passa na cozinha onde pega somente uma maçã, agarra sua mochila azul e preta e sai indo direto para o carro prateado de seu amigo:

— Sempre atrasando Jim! – Resmunga Leonard vendo a hora sabendo que não chegariam a tempo, de novo.

— Bones, se eu ficasse tão preocupado com a hora como você, eu já estaria com rugas, doutor. Relaxa, o Scott sempre nos faz chegar na hora lembra? – Sorri o loiro – Velocidade dobra 6 Scott.

— Sim, capitão.

Scott, o motorista dono do carro sorri e pisa com força o acelerador deixando, menos Kirk, levemente assustados mesmo já acostumados não é como se ir a mais de 100km/h seja uma coisa muito divertida ainda mais quando se é um adolescente de 18 anos dirigindo. O carro de Scott era diferente dos outros convencionais, afinal dentro dele conseguiam ir no máximo 8 pessoas sem ser desconfortável para todos, o que seria algo impossível se eles não soubessem das habilidades mecânicas do irlandês que ultrapassava as expectativas. Durante o caminho, os amigos ficaram conversando sobre coisas aleatórias sem profundidade, porém James ainda mantinha aquele pensamento em mente do retrato mas procurava disfarçar com perfeição.

Era o primeiro dia de aula depois das férias de verão, faltava apenas mais dois anos e meio para eles finalmente se formarem e irem para a faculdade interligada da escola Interprise. Como previsto por Kirk, eles haviam chegado a tempo, todos descem do veículo após o mecânico estacionar e começam a se dispersar cada um para sua aula deixando a dupla dinâmica juntos:

— Eu te disse para confiar no Scott Bones. - Fala o jovem com tom arrogante.

— Tá, tá, quero ver quando isso não funcionar. Você fez o dever de casa para a aula de biologia e física? – Perguntou Leonard para Jim.

— Fiz, mãe. Você sabe que não posso deixar de fazer o dever de casa. Sou um aluno extremamente responsável e direito, meu caro. – O amigo revira os olhos causando um leve sorriso no loiro. – E você McCoy? Fez o grande dever que vai definir sua vida?

— Claro que eu fiz, agora me fale o que aconteceu, você não disfarça direito quando está pensativo sobre alguma coisa. – Comunica o moreno que no momento abria o armário e pegava o livro para a aula de biologia. O Loiro suspira se mantendo sério.

— Você sempre consegue me ler, não tem nem graça ser teu amigo cara. – Eles começam a caminhar para a sala – Eu acordei com ele gritando com o Sam.

— Isso não é nenhuma novidade.

— Sim, mas isso me deixou pensativo. Faz muito tempo que minha família não se une para nada, é como se não se importassem um com o outro.

— Não seria coisa de sua cabeça? Não é a primeira vez que ocorre desentendimentos nos Kirks.

Os jovens chegavam na sala antes da professora chegar e se nas colunas do meio nas fileiras do canto, a sala era bem comum, com um quadro negro, carteiras com mesa e nas paredes projetos antigos de deveres de casa que supostamente eram os melhores nos anos em que foram passados.

— Sei lá cara, é como se o caminho que minha família devia seguir está indo para filamentos diferentes, como se estivéssemos nos separando e...

— Deixando de ser o seu lar, certo? - Interrompe McCoy se sentando no lugar ao lado do amigo.

— Sempre sabe as respostas certas, hein. - Responde o loiro com um sorriso que logo se desfazia enquanto se sentava no lugar e começava a observar o céu pela janela.

— Você tem que relaxar mais Jim, essas coisas acontecem com todas as famílias mas saiba que mesmo com tudo isso, vou estar aqui como sempre, afinal o que seria de você sem seu médico?

O loiro se vira e ambos sorriem, o sinal então toca e a professora entra na sala de aula fazendo todos ficarem em silêncio para prestar atenção, a professora esse ano era diferente, se tratava de uma senhora aparentemente na idade de 30 a 40 anos que usava um vestido da altura do joelho e mangas curtas que jaz no rosto um sorriso gentil. Os alunos estranham que o antigo professor não estava na sala assim se escutando os cochichos dos alunos que não entendiam o motivo repentino daquela mudança. Ela coloca sua pasta com os itens em sua mesa e depois escreve seu nome no quadro se apresentando para a turma:

— Bom dia alunos, devem estar confusos com a nova mudança, mas garanto que logo nos acostumaremos. Me chamo Amanda Vulcan e serei a nova professora de biologia de vocês.

Após ela se apresentar, a porta se abria revelando alguém muito estranho, a pele era levemente esverdeada, as sobrancelhas curvadas para cima tornando sua aparência um pouco anormal, os olhos que pareciam analisar tudo nos mais mínimos detalhes além de que por algum motivo ele usava touca na cabeça sendo que o dia não estava frio para isso, seu cabelo em formato de cuia poderia ser esquisito ou que não combinasse, mas coincidentemente nele parecia se encaixar complementando a visão de um aparentemente nerd sem óculos. A professora sorri para o aluno o chamando para sua mesa, a sala se manteve em polvorosa com as meninas discutindo sobre o novo aluno em sussurros nada discretos, Jim ao ver o alvoroço que estava acontecendo olha para Bones tentando entender o que estava acontecendo e o mesmo apenas aponta para frente fazendo Kirk ver o novato parecendo discutir algo com a professora Amanda, ele encarava o outro como se sentisse que tinha alguma coisa estranha naquele ser, as roupas dele eram comuns, uma calca preta junto de uma camisa também preta com leves detalhes azuladas, contudo o jeito extremamente sério do outro mesmo durante uma discussão o deixava de certa forma incomodado. Minutos se passam e o novato se vira para a classe revelando seus olhos pretos que combinavam com as frestas do cabelo que podia se ver embaixo da touca, a professora se levanta e pede silêncio para todos:

— Silêncio por favor pessoal, quero que conheçam um novo colega de classe que passará os últimos anos aqui conosco, poderia se apresentar para todos, querido? – O jovem se mostrando totalmente desconfortável com aquilo apenas respira fundo acenando com a cabeça.

— Me chamo Spock Li Wang, espero que possamos conviver uma relação profissional entre nós. – Diz o jovem olhando para todos na sua forma séria sem expressão, ele observa todos os alunos ali chegando na conclusão de que em sua maioria se mostravam alunos medianos e alguns poucos ignorantes ainda mais que não pareciam surpresos com sua aparência e sim com o fato de ter entrado um aluno novo na metade do ano.

Assim que se apresentou, a senhora Amanda fez ele se sentar no outro canto da sala enquanto Kirk continuava o encarando, Spock sente isso e se vira para Jim levantando sua sobrancelha estranha, mas logo voltava sua atenção para um livro aleatório sobre arte a qual estava interessado anteriormente não se importando muito com a aula de biologia. McCoy cutuca Jim para que o mesmo preste atenção na aula que finalmente tinha começado explicando sobre a diferença dos humanos em comparação com os outros mamíferos.

As horas se passavam até que a aula finalmente termina se iniciando o intervalo, alguns colegas de classe se reúnem ao redor de Spock querendo conversar com ele e descobrir de onde ele tinha vindo, o motivo de ele usar aquela touca e o porquê de ter vindo em meados do ano, até que ele simplesmente responde:

— Acredito que sabendo minhas informações não farão vocês melhorarem de ano, aliás isso possivelmente vai atrapalhar seus rendimentos, então poderiam por gentileza me deixar estudar, afinal não possuo tempo livre para ficar perdendo com coisas que não ajudarão em meu futuro. – Após sua fala o grupo de alunos se dispersa taxando-o como babaca o que não o incomoda afinal ele não veio ali para agradar as pessoas.

Jim e Bones após o termino da aula resolvem se encontrar com o resto do grupo no refeitório e voltar a conversa, principalmente sobre o aluno e a professora nova. O refeitório possuía sua divisão de grupos próprios, como líderes de torcida, valentões entre outras formações sociais, na cantina tinha um homem que cozinhava para os alunos, o famoso “tio da cantina” mas voltando para o Jim e os outros, o grupo continuava a discutir:

— Tem alguma coisa de estranha com aquele cara. – Fala Bones pegando sua bandeja colocando salada, carne e de bebida um suco simples.

— Não dê uma de paranoico. – Comenta Chapel, uma das colegas do grupo, uma garota loira de olhos azuis que possuía um corpo normal, mas bastante atraente trajando meia calça preta junto de um vestido azul da altura do joelho justo em seu corpo. – Eu achei ele interessante, o jeito misterioso dele... é intrigante.

— Sempre de olho nos novatos, Christine-chan? – Provoca Sulu, um rapaz de descendência asiática que era o último da fila junto de Chekov, um jovem russo, Uhura que mexia no celular e Scott.

Após todos fazerem suas bandejas, eles se sentam juntos em uma mesa, Kirk se encontrava pensativo agora sobre o jovem que chegara, talvez tentasse uma amizade com ele, mas após ouvir aquela resposta começou a pensar se era uma boa ideia, afinal não queria levar um fora por esta sendo legal.

— Sabe algo que não faz sentido? Ele não tem nenhuma rede social. – Comentou Uhura mexendo no celular.

— Não ser melhor deixar o garoto em paz? Ele chegar na escola hoje, dever estar com problemas de se enturmar. – Resolve falar Chekov ao perceber como o grupo estava julgando o garoto.

— Acho que devíamos só ignorar ele. – Comenta Bones – Ele não parece estar querendo fazer amigos, e eu não tô afim de ficar atrás de um babaca. Não é, Jim?

James ainda continuava na mesma posição, sua comida estava intocada na mesa e seu olhar distante, talvez estivesse dando importância demais a esse fato tão simples, ou será que tinha algo com o que se preocupar? Deve ou não desconfiar do desconhecido ainda mais se tratando de alguém tão estranho? “Como pode um ser humano ser tão pálido? Nem Sulu que é diretamente japonês é assim, aquelas sobrancelhas nunca vi em nenhum lugar na minha vida inteira.” Enquanto continuava a pensar, Bones passa a mão na frente dos olhos do amigo querendo tirar ele do transe de seus pensamentos.

— Jim? – Nenhuma resposta – Jim! – Nada – Planeta Terra chamando Capitão James Tiberius Kirk!!! - Ele então sai do transe e olha para os amigos que o encaravam confusos.

— Que foi?

— Pelo visto não é surdo, prestou alguma atenção na conversa ou ficou preso no espaço? – O loiro revira os olhos já sabendo do temperamento nada tranquilo do amigo. – Enfim, estávamos discutindo sobre não chegarmos perto do tal “Spock”.

— Olha, eu não concordo com vocês e se querem saber, eu vou falar com ele. – Fala a loira irritada com o pessoal e se dirigindo para aonde o novato estava.

— Que bicho mordeu ela? – Pergunta Scott olhando ela ir embora enquanto os outros apenas dão de ombros, James pensa se devia falar alguma coisa mas resolve esperar a hora da saída pois assim teria mais tempo ainda mais que estava tremendamente curioso de sua conversa com o rapaz verde.

Enquanto o grupo de Kirk almoçava no refeitório, o jovem Spock se encontrava na sala no pátio debaixo de uma árvore almoçando enquanto estudava sobre matemática, ele percebeu que causou uma impressão não muito boa na sua sala de aula para com seus colegas. Ele termina de estudar dois capítulos do livro quando escuta alguém lhe chamando:

— Você é Spock, certo? – Pergunta uma garota loira que lhe mostrava um sorriso gentil agachada em sua frente sem se aproximar demais, o jovem de olhos pretos encarava a moça e acenava com a cabeça.

— Sim, precisa de alguma coisa senhorita? – Se comunica ele formalmente fechando o livro e também guardando o pote de seu lanche já vazio. – Aliás como você me encontrou aqui? Pelo que vi os alunos não frequentam o pátio no intervalo.

— Christine Chapel... E-eu queria saber como está sendo a adaptação da escola e... estava indo em direção a sua sala quando olhei pela janela e agora estou aqui. – Ela sorri um pouco nervosa. – Se incomoda que eu me sente com você?

— Fique à vontade senhorita Chapel. E quanto a sua pergunta, não faz muitas horas que eu cheguei a Interprise, contudo percebo hostilidade de 100% dos colegas da sala. Acredito que se trate da forma não muito educada com a qual eu tratei as curiosidades dele que possuíam das minhas origens e motivações.

— Lamento por isso, não estamos acostumados com alunos como você chegando, um jovem de touca e roupas pretas parecendo um gótico ainda mais com essa maquiagem esverdeada e sobrancelhas em formato estranho. Não que sua aparência seja ruim, é só diferente.

— Hmmm, interessante. Porém não vejo como mudando minha forma de me vestir ou de agir fará com que eu passe a ser bem visto para os outros, além do mais não me trará nada positivo. A chance de isso dar certo é de menos de 15,5% ainda mais que filmes, séries, redes sociais e discussões já retratadas sobre esse assunto me fazem concordar com essa porcentagem.

—... – Ela escutava o discurso do outro sem saber o que responder para ele, ainda mais que estava correto, então ainda mais sem graça do que antes, ela se mantém sentada em sua frente e resolve mudar o assunto não querendo desistir de ter algum tipo de laço com aquele jovem cada vez mais misterioso. – O que anda estudando?

Spock logicamente percebe a repentina mudança de assunto, mas prefere não comentar sobre isso, pois sabia que mesmo insistindo não conseguiria obter respostas satisfatórias da mesma, ele então pega o livro de matemática e abre no capítulo em que ele estava fazendo os cálculos, se tratava de logaritmo o qual era extremamente complicado e que só seria ensinado daqui a dois anos para os alunos. Chapel olha o capítulo sem entender nada do que era retratado ali, conseguindo ver marcas de lápis onde ele parecia fazer anotações e fazendo os exercícios sem parecer complicado. Impressionada ela fica olhando as páginas do capítulo vendo ele totalmente feito e até uma correção em uma questão. Curiosa, ela resolve questionar o mesmo:

— Você fez tudo isso sozinho?

— Sim, demorou mais tempo do que eu esperava, mas era porque uma das questões estava errada em vez de ser 1 seria 2 no enunciado, não foi muito complicado ainda mais que já tinha feito algo parecido com isso antes a alguns anos atrás.

— Uau. Você é superdotado? – Perguntou a loira olhando outras páginas vendo outros capítulos de matemática que também tinham anotações até que ela começa a ver símbolos estranhos não sabendo o que são. – O que significa esses traços? - Ela aponta para eles mostrando para Spock que ergue a sobrancelha.

— São apenas alguns rabiscos aleatórios, enquanto faço cálculos geralmente me perco em minha linha de raciocínio. - Explica o jovem estendendo a mão em um pedido silencioso para ter o seu livro de volta que a loira logo entrega.

— Entendi. Bem, você pode me considerar sua amiga, se quiser logicamente, ainda mais para ter alguém com quem conversar... bater um papo ou desabafar se precisar.

Spock ergue a sobrancelha novamente meio desconfiado sobre aquela repentina aproximação mas prefere ceder pois de fato, seria bom ter alguém com quem conversar além de poder observar e descobrir o que acontecia de forma mais fácil do que ficar apenas olhando e analisando as coisas a sua volta. O sinal toca e ambos se levantam do gramado para retornarem às suas salas. Chapel se despede do Spock com um aceno e vai diretamente para sua sala enquanto o esverdeado caminha e se senta em seu lugar na sala. Ele pega na mochila um livro sobre arte moderna e resolve retornar para sua leitura.

Kirk e Bones retornam para a sala conversando sobre o final de semana onde ocorreria o jogo mensal. Eles continuam o dialogo animado se permitindo risadas de ambas as partes antes do professor chegar, Kirk zombava do amigo por ele não querer participar do jogo por se considerar alguém que não se encaixa nesse tipo de ação diferente do amigo:

— Jim, nem todo mundo é como você que adora exercícios, para mim uma boa sombra junto de música já basta.

— Vai envelhecer bem rápido.

A conversa se interrompe quando o professor finalmente chega em sala, a turma resolve ficar em silêncio enquanto anotavam o que era escrito no quadro, contudo isso não impedia que certo loiro olhasse de esguelha um menino leitor de arte.


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