After Dark escrita por saturn


Capítulo 7
Eu não fui feito para você




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Então, Peter tinha uma quedinha – mais como um precipício imenso e vergonhoso – por Wanda. Nada demais, não era como se ele deixasse isso muito explícito – ele deixava – ou como se ele passasse tempo demais fantasiando sobre estar com ela – ele passava – ou agisse como um palerma perto dela porque ela era tão bonita que fazia a lua e as estrelas parecerem sem graça – ele agia. E nem era como se ele tivesse deixado Deadpool de todas as pessoas perceber isso – mas ele meio que tinha, porque Wade de alguma forma parecia saber tudo sobre tudo, principalmente se fosse fofoca.

Era por isso que ele estava, em pleno sábado à noite, preso em um interrogatório com o referido mercenário, tentando decidir como se mataria para sair dali.

— Peteeey...

— Não.

— Mas Pete...

— Absolutamente não.

— Só um comentáriozinho?

— Nem meio.

— Vamos lá, não seja sem graça.

— Eu vou ligar para o Bucky. – ele ameaçou, tentando desesperadamente fugir daquela conversa.

— O desmembrado gostoso? Pode ligar. Eu ia adorar descobrir o tamanho da arma dele. – seu amigo disse maliciosamente, fazendo Peter engasgar com a saliva.

— Wade! Que nojo!

— HOMOFÓBICO!

— Não é homofobia não querer ouvir os detalhes sórdidos das suas fantasias sexuais com meu outro amigo, é bom senso.

— Homofobia.

— Bom senso.

— HOMOFOBIA!

— Que seja. – ele revirou os olhos sob a máscara.

— Tirando o fato de que você é a pessoa menos divertida do planeta Terra, eu ainda sou seu amigo e ainda quero saber.

— Por que você se interessa tanto assim na minha vida amorosa?

— Primeiramente que ela nem existe. Mas pode, se você tirar a cabeça da bunda e chamar a bruxinha para sair.

— Lá vem você com esse papinho outra vez.

— É sério! Vocês seriam o casal mais fofo do universo. Quer dizer, desse universo. Duvido que na Terra 616 ou na Terra 199999 isso não seria visto como completamente esquisito, mas para a sua sorte nós estamos em uma fanfic onde tudo é possível! Então desfaz esse bico e cria coragem para chamar a garota para um encontro! Vá viver seu romance hétero e caucasiano! Você merece!

— Para de falar em código.

— Não tô falando em código. – ele cruzou os braços, ofendido – Quer saber de uma coisa? Você é muito mais divertido na sua versão ruiva e russa, mas eu ainda te amo, então vou tentar te ajudar. Por que eu sou um bom amigo, ao contrário de certas pessoas.

— Primeiramente: que porra você tá falando? Segundamente: se isso é porque eu não vou entrar para o seu ‘Team Red’ – ele fez aspas no ar – então supera. Pensei que o Demolidor tivesse deixado bem claro que não gosta da gente.

— Ele não gosta de mim, de você ele gosta.

— Tanto faz.

— E então? Panda? Pandinha? Spiderwitch?

— AHH! – ele jogou os braços para cima e a cabeça para trás – Tudo bem, eu vou chamar a Wanda para sair. Feliz?

— Como um casal?

— Como um casal.

— Então sim, eu estou muitíssimo mais do que feliz.

— Insuportável. – Peter resmungou e então suspirou, tentando mudar de assunto – Me fale mais sobre essa versão russa e ruiva minha.

— Ah, Pyotr é incrível!

E conforme seu amigo se perdia em sua narrativa sobre aquela versão alternativa sua que podia ou não existir – quer dizer, ele achava meio difícil de acreditar que qualquer Peter Parker poderia ser um assassino/espião/vigilante/pai, mas era meio divertido de imaginar -, ele tentou e falhou em evitar pensar sobre namorar Wanda. Porque seria incrível, de verdade. Mas ainda sim...

Ela realmente gostava dele o suficiente?

 

 

— É estupidez sua. – MJ disse solenemente e Ned acenou em concordância tão rápido que Peter não soube dizer como ele não se engasgou com o sanduiche – Você e Wanda claramente se gostam. Tudo o que você precisa fazer é chamar ela para sair como mais do que amigos.

— É o que todo mundo continua me dizendo. – ele resmungou – Até Nat e Bucky, que invadiram meu quarto ontem à noite e quase me fizeram enfartar. De acordo com eles eu estou ‘perdendo a oportunidade de um relacionamento incrível com uma garota ainda mais incrível’. E eu concordo, mas ainda sim eu não sei se quero arriscar perder a amizade dela.

— Cara, se liga. Ela tá tããããão na sua. – Ned disse após terminar de mastigar – E o pior que pode acontecer é ela te achar um esquisito e se recusar a falar com você. AI! – ele guinchou após ser estapeado por Michelle.

— O que esse idiota quis dizer é que, no pior cenário o possível, as coisas vão ficar um pouco estranhas durante um tempinho. Mas eu sinceramente duvido que isso vá acontecer. Sério, a maneira como vocês olham é tão doentiamente doce que quase me deu cárie.

— Eu não sei. – ele faz careta para seu próprio sanduíche de geléia e passa de amendoim – É que tudo é tão complicado, sabe? Eu tenho meus próprios problemas com a vida de vigilante, tio Ben, meu futuro e toda essa merda de passado esquisito. Ela também tem a própria bagagem emocional.

— Você está seriamente me dizendo que a única razão pela qual não está dando um passo em frente com ela é porque vocês dois tem ‘passados complicados’? Não é essa a premissa de toda grande história de amor?

— Talvez seja, mas não é esse o ponto. O ponto é: mesmo com toda essa coisa de heróis e Vingadores, Wanda e eu ainda somos pessoas muito diferentes. Quer dizer, eu tenho quase setenta e três por cento de certeza de que ambas as nossas personalidades e capacidades estão atualmente sendo entorpecidas por nossas próprias questões, mas isso não quer dizer que eu não consiga ver que, no fundo, nós somos incompatíveis. Nossos mundos eram completamente diferentes até pouco tempo atrás, e eu não me vejo a amando desesperadamente, por mais anti-romântico que possa parecer.

— Sabe de uma coisa, Peter? – disse Ned – O maior problema do romance é que as pessoas esperam um tipo de amor que vai virar o mundo delas de cabeça para baixo. Alguém que seja tão completamente diferente ou semelhante que seja o encaixe perfeito, que tire sua paz e as façam sentir incompletas e bagunçadas. Já eu acho que isso é besteira. Nenhum tipo de amor inconstante assim pode ser bom ou saudável. Talvez você esteja certo, talvez vocês sejam de mundos completamente diferentes, mas talvez essa seja a melhor parte sobre seu potencial relacionamento. Amar só por amar, sabe? Sem toda a necessidade de tirar seu mundo de órbita e te fazer sentir como se seu coração não fosse mais seu. Não que eu ache que vocês não se amem, ou tenham potencial para se amar, de uma maneira que doeria caso acabasse. Porque eu acho. Mas eu não acho que vocês têm potencial de destruírem um ao outro. E essa pode ser a melhor parte de seu relacionamento.

Peter e MJ olharam em choque e admiração para o amigo, que estufou o peito em orgulho.

Quer dizer, a linha de pensamento de Ned era meio confusa, mas ele não estava errado. Talvez Peter estivesse apenas procurando por motivos para os quais tudo poderia dar errado, criando desculpas para justificar o próprio medo de ter seu coração partido. Mas era a hora de deixar isso de lado e ser tão corajoso como era quando era o Homem-Aranha.

Talvez ele e Wanda não precisassem ter uma história épica de amor para darem certo.

 

 

— May? – ele chamou a tia enquanto se encostava no batente da porta da cozinha, observando-a colocar as pop tarts no freezer.

— Hey Pete! Como foi na escola hoje, querido? – ela se virou rapidamente para ele e sorriu, logo se voltando para a geladeira.

— Foi ótima. – ele tentou criar coragem - Eu queria falar com você, na verdade.

— Claro, espera só um pouco. – ela terminou de guardar tudo e se sentou com ele na mesa, para onde ele tinha se movido – Onde está Wanda?

— Na biblioteca pública com MJ.

— Achei estranho não ver vocês juntos, é como se fossem grudados pelo quadril. – ela riu.

— Na verdade, era meio sobre isso que eu queria falar com você...

— Ah meu Deus, Peter Benjamin Parker. – ela ficou três tons mais pálida e agarrou sua mão com força sobre a mesa – Vocês fizeram sexo? Usaram proteção? Você não engravidou ela, engravidou? Eu juro por Deus Peter que se você engravidou a Wanda eu vou arrancar seu-

Peter achou melhor interromper a tia – O que? Não! Dios mio, May! Que ideia é essa?

— Bem, dado o contexto eu só assumi que- ela tentou justificar, parecendo incrivelmente aliviada.

— Não é isso, credo May. Você pensa muito pouco de mim. – ele fez bico enquanto ela ria de constrangimento – Na verdade eu queria dizer que decidi chamar ela pra sair e queria seus conselhos sobre como fazer isso.

Tudo saiu meio rápido e ele gaguejou um pouco, mas ela conseguiu entender bem.

— Ah. Meu. Deus. – ela se levantou da cadeira e bateu ambas as mãos na mesa – É sério isso? Ai caramba, ai caramba, eu preciso contar pro Wade.

— Contar pro- como você e Wade se conheceram?

— No exército. Lembra que eu já servi nas forças armadas como enfermeira?

— Mas ele não é canadense?

— Foi uma colaboração especial ultrassecreta a qual eu não posso te contar, mas isso não é importante. Você já decidiu o local? Já escolheu as flores? A gente vai ter que dar uma cortada no seu cabelo e escolher uma roupa legal pra isso. – ela dizia rápida e distraidamente conforme andava de um lado para o outro na pequena cozinha.

— Flores? Eu só tava pensado em chamar ela pra assistir um filme... – ele murmurou.

— Não senhor! Eu não sou boba, eu sei o que acontece nessas salas de cinema! Wanda merece mais do que isso mocinho. Você vai levar ela para um bom restaurante italiano que serve um bom macarrão e não tem problema em servir vinho para menores de idade.

— May!

— E vai usar uma camisa de botão! Nada dessas suas camisetas com piadinhas científicas, essas ficam para o segundo encontro.

Ele gemeu e deslizou na cadeira – Já me arrependi de ter pedido sua ajuda.

— E o mais importante de tudo. – ela se inclinou sobre a mesa e colocou as mãos em seus ombros – Você vai me prometer ser você mesmo.

Peter sorriu.

— Isso eu vou.

 

 

Na noite anterior ao dia em que Peter decidiu que iria chamar Wanda para um encontro, ele teve seu quarto invadido por dois ex-espiões russos sem senso de privacidade e bons modos. E como todo bom Vingador, eles decidiram que iriam fazer isso pelo pior lugar o possível: pela janela de seu quarto.

Revirando os olhos e decidindo deixar seu dever de álgebra de lado, ele se espalhou na cama e levantou uma sobrancelha para Bucky e Nat.

— Melhora a atitude, garoto aranha. – o Barnes resmungou e se jogou em sua cadeira, ao mesmo tempo em que a russa se aninhava em sua escrivaninha.

— Boa noite, James e Natasha. Como é bom vê-los nessa bela noite de setembro. Como vão? Engraçado não terem aviso que vinham, eu teria dado uma organizada no quarto.

— Sem sarcasmo Petey-boy, é o seguinte: já chamou a Wandinha pra sair?

— Nem começa, Nat. – ele gemeu e escondeu o rosto no travesseiro – Eu já tive essa conversa tipo umas mil vezes com dois milhões de pessoas diferentes essa semana. Ontem uma velhinha no metrô me disse que minha namorada era linda, e quando eu disse que Wanda não era minha namorada ela virou e falou que era minha culpa que ela não fosse.

Bucky riu – Ah, o que eu não daria para ser uma mosquinha.

— Vá à merda, idiota.

— Mas eai, vai ou não? – Nat disse empolgada, olhando-o com expectativa.

— Eu vou chamar ela pra sair, ok? Amanhã.

— Eu duvido. – Bucky riu e foi chutado pela ruiva – O que? Peter é covarde, ele vai dar pra trás.

— Não vai não, vai que é sua, Peter. – ela sorriu encorajadoramente para o outro herói com tema de aranha – E me mande fotos.

— É, mas nada de fotos engraçadinhas, viu? E mantenha as calças nos quadris, eu não quero ser padrinho tão cedo. – Bucky mais uma vez foi acertado por Natasha, dessa vez levando um tapa na cabeça – Ei! Eu tô só sendo o adulto responsável.

— Você tá longe de ser um adulto responsável, James. – ela resmungou e então ambos começaram a brigar sobre quem era o adulto responsável ali. Spoiler: nenhum dos dois era. De fato, Peter (o adolescente) era mais adequado para cuidar de uma vida ou não tomar decisões estúpidas do que ambos juntos.

Ele revirou os olhos – Saiam daqui vocês dois.

 

 

— Peter? – a voz que ele vinha evitando há um tempo disse atrás de si e o aracnídeo fechou os olhos com força.

— Sr. Stark? Como posso ajuda-lo? – ele se virou e sorriu para o bilionário, tentando fazer a ação não se assemelhar com uma careta.

Eles haviam conversado e resolvido às coisas entre eles antes da ida dele e de Wanda para NY, mas ainda era estranho. Peter não sabia se estava cem por cento apto a ignorar todas as coisas que o homem mais velho disse sobre seus amigos, enquanto o outro ainda estava com o ego e a confiança no aracnídeo ligeiramente abaladas.

Foi uma provação estar tão perto de Tony sem ceder ao instinto de lhe dar um soco na cara, mas os exercícios de respiração que seu patrono Ares lhe... induzia a fazer, para não dizer que obrigava, foram úteis naquele momento.

— Eu vim com uma oferta de paz. – ele ergueu uma sacola com a logo do restaurante italiano favorito do Parker, que estreitou os olhos com a astúcia do outro.

— Pensei que estivéssemos em paz. – ele retrucou.

— Bem, você tá me olhando como se quisesse me prender em uma teia e comer meus intestinos, garoto. Então eu não diria que estamos em paz. Mas Pepper disse que eu nunca vou consertar meus erros me sentando na minha oficina e esperando um milagre acontecer, então eu decidi ser um adulto responsável, pra variar. – ele deu de ombros e se aproximou de onde Peter fazia sua lição de casa em uma das mesas disponíveis no parque.

Ele estava ali porque sua casa estava sendo dedetizada de uma infestação de baratas-americanas – aquelas horríveis, gigantes e que conseguiam voar – e May e Wanda tinham saído para uma ‘tarde das garotas’, o que o levou a decidir que se sentar debaixo de uma árvore no parque local e adiantar seus deveres escolares seria uma boa maneira de matar o tempo.

Suspirando e abrindo espaço para o mentor, – ou seria ex-mentor? – Peter se acomodou melhor o banco de pedra e tirou sua mochila e livros de cima da mesa para que o espaço fosse tomado pela comida.

— Eu queria me desculpar. – disse o Sr. Stark – Meu comportamento com você e com Wanda e Bucky foi terrível, acho que eu estava muito preso em meus próprios preconceitos para me dar conta disso.

— É, eu percebi. – ele disse maliciosamente e então balançou a cabeça, tentando afastar a hostilidade – Olha Sr. Stark-

— Tony, me chame de Tony garoto, eu já disse.

— Tony, eu agradeço as desculpas, mas não é para mim que você as deve. Eu sinceramente não me importo com o que você disse porquê sei que foi só da boca pra fora, e honestamente acho que Bucky sente o mesmo, mas Wanda ficou magoada com o que você disse. Ela é uma boa pessoa que cometeu alguns erros, mas não merece ser demonizada por causa disso. Todos nós cometemos erros, eu cometi vários, você também.

Ele suspirou – Acho que entendo onde você quer chegar.

— Ótimo. – Peter acenou enquanto tirava as embalagens da sacola e pegava o que sabia ser o seu e uma das cocas de latinha trazidas pelo outro – Eu te perdoei Sr. Stark, de verdade. Mesmo que às vezes eu me veja tentado a socar sua- ele se interrompeu e limpou a garganta – A agir com certa violência, tem mais a ver com a maneira como você tratou Wanda do que com qualquer sentimento pessoal.

— Desde quando você fala tão chique?

— Eu ando lendo muito Jane Austen*. – o adolescente deu de ombros e então sorriu para o outro – Mas eai, o que mais temos para falar além de suas terríveis maneiras à mesa?

— E do seu sotaque vitoriano horroroso? – Tony zombou – Bem, ainda sobre Wanda... quando é que você vai chamar ela pra sair.

Gemendo em desagrado, Peter jogou a cabeça para trás e ficou tentado a sair correndo e tentar se afogar no Hudson.

 

 

— ...e é assim que você transforma matéria orgânica em inorgânica. Pode parecer perda de tempo agora, mas é assim que você começa a trilhar o caminho da transfiguração. Afinal de contas só se é possível realizar uma transfiguração perfeita caso você entender a composição do seu objeto de trabalho. – Loki explicou pacientemente, mas notou que sua aluna, por mais concentrada que estivesse e por mais que parecesse ter entendido tudo muito bem, ainda não parecia estar cem por cento presente na aula – Wanda?

— Sim? – ela o olhou com olhos arregalados de uma criança que foi pega fazendo besteira e o deus não pode deixar de rir – Desculpa, eu juro que prestei atenção. – ela disse envergonhada.

— Eu sei que sim, mas parece que sua cabeça não está cem por cento aqui, está? – ele pergunta gentilmente.

— Não. – ela admite – Desculpa, mas é que ultimamente eu não consigo parar de pensar no por que.

— Por que o que?

— O porquê de eu ter esses poderes. Quer dizer, grande parte deles são dos experimentos da Hydra, mas alguns deles já estavam aqui antes e- ela respirou fundo – Eu só não entendo o porquê. Minha mãe era bruxa, mas era bruxa natural, que mexe com ervas e pedras e tudo mais, ela não tinha esses poderes que eu tenho. Por que eu sou diferente? O que eu fiz para merecer tudo isso?

Ele refletiu por um segundo antes de começar a formular sua resposta – Há muito tempo, quando a magia ainda era livre e venerada em Midgard, existiam grupos de mulheres e ocasionais homens que se juntavam para realizarem rituais, confraternizarem e tudo mais, usando sua fé, seu conhecimento e sua determinação. Os deuses, admirados com sua dedicação e também ligeiramente entediados, para ser sincero, pensaram juntos: e se déssemos para alguns de nossos seguidores mais fiéis uma fração de nosso poder?

Wanda deu uma risadinha – Foi assim mesmo?

— Nah, essa é a versão simplificada. – ele deu de ombros – Mas para resumir, alguns deles foram abençoados, yadda yadda, eles desenvolveram os próprios costumes e culturas, yadda yadda, patriarcado, sexismo e caça as bruxas, yadda yadda. Por fim, os descendentes das primeiras bruxas e bruxos se espalharam pelo mundo, formando suas próprias pequenas sociedades e escondendo seu verdadeiro potencial do mundo. Muitos evoluíram sua magia para níveis que, embora nem de longe tão fortes como o de Hécate, por exemplo, ainda eram impressionantes para sua espécie. Outros, como eu imagino ter acontecido com os seus antepassados, suprimiram tudo até que prenderam tudo dentro de si, e o conhecimento mágico se perdeu.

— Uau. – ela murmurou – O que a ignorância não faz com o mundo.

— É o que eu sempre digo: o povo aproveita o próprio sofrimento.

— Eu tenho uns noventa por cento de certeza de que quem disse isso foi Dostoievski.

— Quieta.

Ela riu e ele a seguiu – Mas sério, - ela disse após se acalmar – eu ainda não entendo o porquê que de todos da minha família, eu.

— Quem sabe, - ele deu de ombros – o destino pode ter algo especial esperando por você.

— Especial nem sempre quer dizer bom.

— Não, mas heróis não nascem da facilidade. Acho que por isso que eu nunca fui um.

— Todo vilão é herói de sua própria história. Eu costumava pensar que trabalhar com a HYDRA me ajudaria a ajudar meu país e as pessoas nele, demorou até que eu entendesse que eu estava apenas ajudando eles a envenenarem o mundo. E também é irônico, porque eu sou judia e a HYDRA é nazista.

— É bem fodido. – ele fez careta – Mas talvez você esteja certa.

— Eu geralmente estou.

— Ah, mas você é muito engraçadinha, não é?

Ela riu – Só às vezes.

— Que seja. – ele revirou os olhos e então checou as horas – Já deu nosso horário, eu preciso gentilmente me retirar do planeta e tudo mais. Te vejo na próxima lua cheia?

— Claro. – ela acenou e sorriu conforme juntava suas coisas com um aceno dos dedos e tirava o celular do silencioso.

Antes de ir embora, ele se virou para a aluna – E Wanda?

— Sim?

— Algo me diz que hoje você vai ouvir algo pelo o que esteve esperando por algum tempo. – ele piscou para ela e então desapareceu em um flash verde.

Wanda ficou parada ali por mais algum tempo, o coração martelando no peito com a ansiedade e esperança. Será que...?

 

 

— Wanda?

— Peter? – ela se virou para o amigo, que estava parado timidamente no batente da porta de seu quarto – Tudo bem?

— Tudo sim. – ele limpou a garganta e entrou no cômodo, sentando-se na ponta da cama dela – Eu queria falar com você sobre uma coisa.

— Claro, o que é? – ela fechou o livro que segurava entre as mãos e se inclinou na direção do outro, a esperança crescendo em seu peito.

Peter limpou a garganta – Eu que-queria saber se-se você iria...

— Iria...? – ela o incentivou.

— Vocêqueriraumencontrocomigo? – ele disse rapidamente, embolando as palavras e tornando difícil a compreensão.

— Desculpe, o que? Pode repetir? Eu não consegui entender.

— Eu perguntei se, - ele respirou fundo e fechou os olhos com força – se você quer ir a um encontro comigo.

Wanda sentia que ia explodir de felicidade, ou ao menos começar a pular na ponta dos pés conforme o rubor do Parker crescia. Percebendo não dera resposta verbal, ela em um súbito movimento de ousadia e descuido, lançou os braços em volta do pescoço dele e o prendeu em um abraço.

— Eu estive esperando você perguntar isso por semanas. – ela murmurou, com o rosto escondido em seu ombro.

Rindo, Peter envolveu os próprios braços em sua cintura – Eu estive criando coragem por semanas.


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