Além do Fim escrita por Lucca


Capítulo 7
Energia em convergência


Notas iniciais do capítulo

Ainda estava cedo demais para o final feliz...

Boa leitura.



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Após se entregarem um ao outro diversas vezes, os dois adormeceram exaustos. Ainda assim, entregar-se ao sono lhes parecia injusto após tantos séculos separados, todo e qualquer minuto parecia precioso demais para ser desperdiçado. Já tinham trazido suas roupas para dentro. Thor recolheu algumas frutas silvestres nos arredores e foi só com isso que se alimentaram.

Sif foi a primeira a despertar. Embriagada pela felicidade de onde estava, o cheiro dela, seus braços e pernas a envolvendo, seu sabor ainda em seus lábios, todas aquelas lembranças que borbulhavam em sua memória, tudo a fez duvidar de ser real e de já ter retornado de um sonho. Ela precisou de alguns segundos para ter certeza. E, a medida que a realidade se firmava, aproximou ainda mais seu corpo do dele, entrelaçando suas pernas as dele. Roçou os dedos suavemente seu braço. Os músculos estavam tão relaxados... Pensou em se afastar um pouco, apenas o suficiente para poder observar os detalhes do rosto dele.

Assim que recuou, os braços dele se apertaram ao seu redor, reivindicando-a de volta. Num sussurro inebriado de sono que não permitia definir se Thor estava realmente acordado, ele balbuciou:

— Fique... Só mais um minuto, sweet heart.

Ela cedeu e voltou a se aconchegar em seu peito. De repente, um frio percorreu sua espinha. Será que ele estava ciente de que era ela ali? Ele podia estar sonhando com outra... com a terráquea... Odin e Frigga fizeram diversas tentativas de afastá-lo de Jane Foster sem sucesso. Seria quase natural já que estavam em Midgard, o sono confundi-lo... A hipótese traiçoeira a fez estremecer.

Foi o que bastou para acordá-lo de vez. Afastando-a para encontrar seus olhos, Thor perguntou:

— Você está bem? – e seu olhos começaram a varrer cada centímetro do rosto dela em busca de um sinal.

— Estou bem. – ela respondeu fugindo do seu olhar e isso só aumentou sua insegurança.

Foi a vez dele mergulhar num mar de reflexões e incertezas. Será que ela estaria arrependida? Tudo aconteceu tão rápido... Parecia tudo bem até minutos atrás. Ele começou a despertar ao senti-la acariciando seu braço. Era tão perfeito! Quando pensou que ela se afastaria, precisou senti-la por mais um minuto, foi tudo que pediu... Espere! Será que a forma como se referiu à ela a assustou? Melhor esclarecer o quanto antes:

— Sif, por favor, me diga o que está te incomodando... – questionou enquanto suavemente seus dedos puxaram o queixo dela implorando que olhasse para ele.

Sem conseguir fugir daquela conversa, Sif disse:

— Não é nada relevante... estou bem.

— Foi tudo tão rápido. Se você se arrependeu, eu entenderei... – a tristeza nos olhos dele era comovente.

— Não! – ela respondeu com rapidez e segurança. – Eu quero estar aqui com você.

— Mas...

Colocando as mãos no peito dele, ela insistiu:

— Não há “mas” algum. Eu te garanto!

O olhar dele era tão compassivo em resposta a ela:

— Minha doce Sif, confio em suas palavras como confio em sua espada. Mas também te conheço há milênios. Sei quando aceita meu plano contrariada porque seu olho esquerdo se contrai levemente. – disse tocando a lateral do olhos dela. – Tantas e tantas vezes esse pequeno sinal me fez recuar. Ou quando seus lábios se entortam discretamente para a direita mesmo com você tentando se manter séria para não ostentar seus acertos.

— Eu não sabia que você prestava tanta atenção assim em mim...

— Ler cada reação sua é natural pra mim. Isso já me salvou algumas vezes, seja de cair perante meus inimigos, seja de ter que enfrentar sua ira.

Sif não conseguiu conter o riso:

— Hum, a segunda hipótese é a pior, com certeza.

— É por isso que preciso saber o que houve, Sif. Senti quando você estremeceu. Não quero nada que não te faça feliz.

O sorriso dela era autêntico e seu olhar doce para ele também. Após um suspiro, ela revirou os olhos e confessou:

— Você ainda parecia adormecido. Pensei que poderia ter perdido a noção de onde estava e ... com quem estava. Estamos em Midgard. Esse é o mundo dela...

Ele afastou um mecha de cabelo do rosto dela e aproveitou o toque para segurar seu rosto em sua mão:

— Sif, depois de tudo que vivemos nas últimas horas, não há a menor possibilidade de qualquer outra mulher do universo estar nos meus sonhos além de você.

Ela respondeu com um beijo intenso que ele retribuiu, brincando com sua língua e mordendo o lábio inferior dela. Deslizando os beijos para mordiscar sua orelha, ela sussurrou:

— Acho que está tarde. Precisamos voltar.

— Só vou concordar porque você ainda não teve uma refeição descente há horas.

— Fome não é meu maior desejo agora. Mas acredito que seus amigos estão preocupados conosco. – e já se levantou e foi até suas roupas e começou a vesti-las.

— Acho que terei que encontrar um caminho para seus aposentos mais tarde...

Ela riu e jogou as roupas sobre ele.

Quando saíram da caverna atrás da cachoeira, o cenário os assustou. Tinha ouvido a chuva, mas não perceberam a dimensão da tempestade que caiu sobre o lugar. O retorno exigiria cuidado.

Chegaram o QG dos Vingadores e logo perceberam a mobilização de todos.

— Que bom que retornaram. – Banner parecia aliviado. – Estávamos preocupados com vocês dois. A tempestade causou problemas.

— Por favor, como podemos ajudá-los? – Sif se prontificou.

A lista do que fazer era enorme: reparos, distribuição de kits para as famílias na redondeza, relocar os desabrigados. O pouco que restava da tarde e a noite foi bem longa, não exatamente da forma como o casal pretendia.

Mesmo totalmente envolvidos nas atividades para socorrer a população, Thor e Sif trocavam olhares e sorrisos sempre que podiam. Isso não passou despercebido por Nat. Assim que teve uma oportunidade, já quase no meio da madrugada, ela se aproximou da asgardiana:

— Dia longo, geralmente estamos mais preparados para tempestades assim, mas essa super célula surgiu do nada!

— Clima estranho do seu mundo. Ainda bem que não houve baixas.

— Sim, isso foi muito bom. Quando a confusão começou, já tinha percebido que você e Thor não estavam no QG. Imaginei que ele voaria com você de volta pra cá imediatamente. Onde se abrigaram?

— Peço desculpas por não termos percebido a tempestade e voltado imediatamente. Estávamos na cachoeira, não é muito distante daqui.

— Espere! Você disse que não perceberam a tempestade? Como alguém que está numa cachoeira não percebe algo assim?

Sif corou ao perceber que tinha dito mais do que deveria.

— Acho que nos distraímos. Nos abrigamos na caverna atrás da cachoeira, o barulho da água nos fez achar que era uma chuva normal. Só percebemos o estrago quando saímos.

Nat fez questão de estabelecer contato visual e apertou o olhar para dizer:

— Quem perceberia um começo de furacão quando se está com o Deus do Trovão, não é mesmo?

Sif sentiu seu rosto queimar e sabia que sua pele clara experimentavam inúmeros tons de vermelho. Então, sequer ousou responder.

— Hei, Só me diga uma coisa: vocês se entenderam? – Nat insistiu ainda prendendo a asgardiana pelo olhar.

Sif sentiu que poderia se abrir com a ruiva. Ela sempre foi tão acolhedora com ela.

— Eu acho que sim. – e não conseguiu conter o sorriso que tomou conta de seu rosto.

— Ótimo! – e voltou a pegar mais caixas para transportá-las até o camionete. Mas, de repente, voltou a se virar pra morena – Olha, se precisarem de um lugar confortável e discreto aqui no QG, posso conseguir um. As nossas camas não estreitas e o cara é grande. – piscou e saiu.

Imediatamente, Sif pegou outras caixas e foi atrás dela, ávida pelo favor.

Enquanto atendiam os desabrigados pela tempestade, os vingadores logo perceberam a atuação da asgardiana. Sua liderança se destacava e a forma como estava disposta a ouvir as pessoas das quais se aproximava, seu cuidado em acomodá-las e o carinho que dedicava principalmente às crianças contrastava com a guerreira feroz que conheceram em campo de batalha. O sorriso no rosto de Thor enquanto a observava ou quando qualquer um deles a elogiava também não passou despercebido.

— Hei, playboyzinho de Odin, a sua amiga é a versão asgardiana da Lady Di. – Stark disse.

— Stark, eu juro que se essa tal Lady Di for algum tipo de piada, você sentirá a ira do meu martelo!

— Calma aí. Ela era uma pessoa muito querida da realeza inglesa. Estou querendo dizer que Sif leva jeito pra rainha.

Thor estufou o peito, cheio de orgulho.

— Sim, com certeza. Você tem uma boa percepção. Meus pais também achavam isso.

— Sério? Eu sempre desconfiei que estava à altura dos deuses mitológicos. Mas, voltando ao assunto principal, você nunca pensou que eles estivessem tentando fazer você ser capaz de enxergar isso.

Colocando a mão no ombro de Stark, Thor disse:

— Só agora isso me parece claro, amigo. Mas foi uma longa jornada pra que eu aprendesse a ver com os olhos que estão no fundo da nossa alma.

Stark retribuiu o gesto e concluiu:

— O importante é que você conseguiu ver. – depois se voltou para onde Sif estava e concluiu – Eu te garanto que teria colocado meus olhos nela de primeira! Mas meu QI é bem acima da média. E aqui é zero em esteroides.

Thor riu e deu um tapinha suave nas costas de Stark. Se afastando do amigo, refletiu:

— Toni é estranho. O que será que é QI e esteroides?

As tarefas se prolongaram e a madrugada já caminhava para o amanhecer quando terminaram. Exaustos, Thor e Sif rumara para seus aposentos após um breve beijo no corredor.

Na manhã seguinte, na mesa do café, o casal se sentou lado a lado. Era evidente a troca de olhares e sorrisos entre eles. Logo, esses gestos também se instalaram entre o grupo de amigos, confidenciando as percepções do grupo.

Só no meio da tarde, o casal encontrou um momento para se encontrarem. Após as primeiras trocas de carinho no quarto dela, Sif contou sobre o lugar que Nat tinha oferecido. Em poucos minutos estavam lá. O quarto era amplo e confortável. Mal fecharam a porta e já se entregaram ao amor que sentiam. Ali, nos braços um do outro, pareciam criar um universo só deles. As horas passaram sem que se dessem conta.

Sala de monitoramento

Rogers e Banner estavam de plantão quando a nova super célula se formou com risco de se transformar num novo furação. Não havia muito a fazer além de soltar o alerta geral e fazê-lo alcançar o maior número de pessoas possível. Chamaram todos para ajudar e ...

— Thor não está no quarto dele... – Rocket informou cansado – Ou fez questão de me ignorar minhas batidas e gritos na porta.

— Você tentou o quarto da Sif? – Rogers questionou de forma séria, atraindo o olhar de todos – O que é? Todos já percebemos que está rolando alguma coisa entre os dois.

— O que nos espanta é você entrar no assunto, Capitão, não o casal shakespearianos estar vivendo uma aventura romântica. – Stark alfinetou.

— É claro que eu fui até o quarto da bonitona. Na melhor das hipóteses, ele não estaria lá e ela me deixaria entrar.

— Eu sou o Groot.

— Não precisava ficar jogando na cara que ela me ignorou da mesma forma como o cara do martelo faz, Groot.

— Qual é, pessoal? Podemos fazer isso sem os dois, não podemos? – Nat tentou garantir um tempo para o casal. – Se a coisa piorar, tentamos localizá-los. – e se aproximando dos monitores constatou – Estranho, os números de hoje são quase idênticos aos de ontem.

A tempestade se arrastou de forma violenta. Os picos eram seguidos de refluxo rápido. Não muito tempo depois retornava com força. No meio da madrugada, em alerta máximo, Nat resolveu pedir ajudar para Thor e Sif aproveitando um desses momentos de calmaria.

O casal atendeu logo a porta e se prontificou em ajudar imediatamente. Mas o temporal entrou em refluxo e desapareceu. O resto da madrugada foi dedicado às atividades de socorro.

No início da manhã, Nat analisava os dados da formação e dispersão da tempestade cuidadosamente quando Banner chegou com um café para ela:

— Obrigada, Bruce.

— Nat, você precisa descansar. Tempestades são imprevisíveis, não há forma de controlá-las.

— Eu sei disso... Porém quanto mais olho essas medições, mais tenho certeza que sei o que está causando isso. E acho que posso impedir de acontecer de novo, mas isso custaria tão caro...

— Como assim? Do que você está falando?

— Bruce, eu acho que Thor está apaixonado e quando ele e Sif se amam...

— Espera, você está insinuando que as tempestades são um reflexo disso? Nat, Thor já viveu por aqui muitas vezes e nunca tivemos algo parecido acontecendo. Com a Jane Foster, ele esteve totalmente envolvido...

— Eu sei, eu sei. Mas não era Sif. Você viu a força que os dois canalizaram em batalha. Eles tem um química fora do comum. Acho que Sif deixa o Deus do Trovão literalmente fora de controle. Observe essas medições. Coincidem exatamente com os momentos em que os dois “desapareceram”. Eles voltam e a tempestade entra em refluxo. Fui pesquisar e, segundo a mitologia nórdica, a lua de mel de dois titãs asgardianos causou o dilúvio na Terra.

Banner se aproximou, colocou o óculos e foi analisar tudo que Nat tinha coletado. Quando terminou, estava tão arrasado quanto ela.

— Céus, como vamos dizer isso à eles?

Nesse momento, o rastro de entrada da Capitão Marvel apareceu nos monitores chamando a atenção deles. Minutos depois, ela adentrou a sala com sua postura intimidadora:

— Onde está Thor? Ele precisa vir comigo agora!


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Notas finais do capítulo

Apreensivos? Será que nosso casal dará conta das turbulências que estão à sua frente?

Espero que estejam gostando. Por favor, se tiverem sugestões ou críticas, deixem nos comentários.

Muito obrigada pela leitura.



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