Okay? Okay. escrita por Lucas Thialy


Capítulo 1
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

A continuação após o final do livro "A culpa é das estrelas".



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Depois que li a carta deixada pelo Gus, mandei um e-mail agradecendo a Lidewij por ter feito esse último pedido para mim.

Dizem que chorar alivia a dor, que nos faz sentir melhor; mas eu estava em colapso, não conseguia respirar direito mesmo conectada ao Felipe. Eu já havia chorado litros d'água que dava para encher um oceano infinitamente. Eu dizia para mim mesma que estava tudo bem, que estava conformada com tudo o que aconteceu depois que descobri a doença incurável do meu eterno Gus lá em Amsterdã, mas não estava. Não fazia ideia de como era perder alguém tão especial, alguém que preferia morrer após mim, que se houvesse cura para o câncer iria buscar até o fim, para manter-me viva por mais tempo, e se possível, manter-se vivo também. A cura? Era um fator inato em toda essa situação; mesmo se antes deu morrer alguém no mundo tivesse encontrado a cura eu não a consumiria, porque para mim a vida não faz mais sentido. Mas não é como desejamos, um dia a vida acaba. É necessário ter um fim! Do que seria do início e do meio sem o fim? Tudo o que criamos como o amor, o afeto e a paixão vai acabar, porque seria chato demais viver a eternidade, pelo menos para mim. O importante é viver bem, saber aproveitar cada momento que a vida nos proporciona, principalmente com quem amamos, pois um dia ela não estará mais ali com você ou você com ela.

Senti meu coração acelerar mais forte do que o normal. Senti que o próprio oceano estava dentro dos meus pulmões cheios. Minha pele estava mais pálida do que a do Michael Jackson. Ainda chorando e mal respirando com o mundo girando ao meu redor, então gritei pela mamãe.

— O que houve Hazel? — Indagou ela.

— Acho que estou partindo conformada e ao mesmo tempo inconformada pela morte do Gus.

— Amor chama uma ambulância, a Hazel está muito mal. - Disse a mamãe chorando. - Não chore querida, e não morra sem tentar. Você é a pessoa mais forte que conheço...

Essa foi a última coisa que ouvi até desmaiar e acordar inconsciente no hospital. Mesmo com a visão um pouco embaçada/turva, consegui ver meus pais ao meu lado e muitos médicos ao meu redor tentando me manter viva por mais algum tempo: meses... Dias... Horas... Minutos... E até segundos como sempre faziam. De tanto tentar arrumar algo, uma hora ou outra chegará ao fim, não tem jeito, nesse caso o meu fim. A morte não é inimiga da vida, pelo contrário, elas andam juntas lado a lado, pois uma necessita da outra para existir. Sem a vida não há morte, sem a morte não há vida.

Meu coração estava batendo mais devagar, batimentos quase inexistentes. Encontrava-me sufocada tentando respirar, mesmo sob os cuidados paliativos. Não estava sentindo dor alguma por causa da desmedida anestesia. Aos poucos meu coração foi parando, e meus pulmões já não funcionavam mais. Os médicos estavam fazendo uma ressuscitação cardiopulmonar para eu voltar à vida. Não os culpo pelo meu quadro irreversível, mesmo que muitos digam: "Para que investir na paciente se ela vai morrer mesmo?". Bem, eu os responderia:

— Porque a paciente aqui está viva! Entre aspas.

A doença está simplesmente cumprindo seu ciclo natural, também não a culpo por nada, porque já cansei de culpá-la. Enquanto meu coração estava parando e eu partindo desta para melhor, se é que existe mesmo algo melhor após a morte, eu ia me conformando, recitando de novo mentalmente o que diria no elogio fúnebre do Gus se - a vida é cheia de possibilidades - ele estivesse morrido após a minha partida. "Meu nome é Hazel. O Augustus Waters foi o grande amor estrela-cruzada da minha vida. Nossa história de amor foi épica, e não serei capaz de falar mais de uma frase sobre isso sem me afogar numa poça de lágrimas. O Gus sabia. O Gus sabe. Não vou falar da nossa história de amor pra vocês porque, como todas as histórias de amor de verdade, ela vai morrer com a gente, como deve ser. Eu tinha a expectativa de que ele é quem estaria fazendo meu elogio fúnebre, porque não há ninguém que eu quisesse tanto que... Tá, como não chorar. Não posso falar da nossa história de amor, então vou falar de matemática. Não sou formada em matemática, mas sei se uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros. Um escritor de quem costumávamos gostar nos ensinou isso. Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Queria mais números do que provavelmente vou ter, e, por Deus, queria mais números para o Augustus Waters do que os que ele teve. Mas Gus, meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados, e sou muito grata por isso."

Fisicamente eu estava como um defunto com meus olhos fechados, meu coração desacelerando as batidas, meus pais chorando ao meu lado, pude escutar o choro deles e os médicos cumprindo seu papel. Externamente minh'alma estava completamente abalada, eu havia preparado tudo, menos as minhas últimas palavras antes do fim, mas meu falecido Gus dizia que eu era inteligente, então, disse para mim mesma as minhas últimas palavras, foram elas:  

— Vivi o que pude. Aproveitei prazerosamente cada segundo que estive viva. Realizei meu propósito de vida. Não derrotei o câncer, pois ele é mais forte do que eu, mas venci na vida, sendo a Hazel Grace que deu. Tive um grande amor, que fez dos nossos contados dias nesse mundo, um infinito. Tive pais maravilhosos que eram meus grandes amigos.

Meu coração parou, saiu uma lágrima de meus olhos. Morri como uma guerreira digna. Ao partir senti o Gus ao meu lado dizendo:

— Vai dar tudo certo. Okay?

— Okay.

FIM!

 

 


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