Outros Começos escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Apenas um começo sem fim


Notas iniciais do capítulo

É um presente de aniversário para uma amiga Nyuu_d
Parabéns ♥

Eu não marquei ZoSan pq na verdade nao tem romance, mas quem shippa vai shippar kkk

Boa leitura



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A música animada era acompanhada por risadas altas e conversas excitadas. Estavam comemorando a reunião dos membros dos Chapéus de Palha, ao melhor estilo Mugiwara, a bebida duraria pelo menos por quatro dias mesmo se bebessem sem parar um caneco atrás do outro. A comida, essa precisava ser para um batalhão... Luffy estava de volta e sedento por carne. Sedentos também estavam por novidades.

Nami contava em detalhes toda a viagem, enquanto Luffy fazia comentários sobre as lutas que travou, demonstrando o desejo de reencontrar o bando de Big Mom. Com um olhar de desespero, Chopper desejou nunca mais vê-los novamente. Brook também demonstrou seu contentamento quanto as lutas, mas adiantou que preferia não mexer mais com aquela família.

Mesmo sentado em um canto, com seu próprio barril de saquê, Zoro ouvia a narração da navegadora e, de vez em quando, espichava os olhos na direção do cozinheiro que preparava mais comida. Sanji pausava o serviço eventualmente para rodopiar feito um pião desgovernado, com corações nos olhos, recitando poesias bregas para Robin.

— Aqui está, Robin-chan, seu chá.

— Obrigada, Sanji. — Ela experimentou a bebida e o elogiou em seguida. — Senti saudades de sua companhia.

O rosto de Sanji ficou completamente vermelho e ele saltou feito um foguete em direção a lua, emocionado com as palavras da arqueóloga.

— Idiota. — Zoro engoliu mais saquê e fechou os olhos, relaxando o corpo. Em seguida, sentiu as pernas serem chutadas e ele abriu os olhos.

— Marimo estúpido, saia do caminho, preciso pegar alguns ingredientes que estão daquele lado.

Zoro crispou os lábios, mas nada disse. Ele recolheu as pernas, mantendo-as dobradas. Sanji caminhou até um saco pardo e o carregou depois para perto do fogaréu acesso.

No terceiro dia de festa, Zoro estendeu a mão com o seu prato vazio e Sanji o encheu com mais comida.

— Parece que tá mais magro. — Sanji comentou, acrescentando outros ingredientes ao prato de Zoro. — Coma isso aqui, é melhor para monstros iguais a você que treinam pesado.

— O que é isso? — Questionou Zoro.

— É comida! — Sanji o encarou emburrado, com o cigarro na ponta dos lábios, equilibrando-o perfeitamente para que não caísse dentro das panelas. — Não adianta nada treinar se não tem um corpo saudável. Saquê não faz milagres.

— Olha só quem fala. — Zoro estreitou os olhos, endurecendo o queixo. — Seu pulmão já deve estar podre.

— Marimo idiota. — Sanji esbraveceu, encarando-o com o rosto a poucos centímetros dele. — Quer resolver isso fora do navio?

— Quando você quiser, cozinheiro panaca. — Zoro o encarou de volta, com a mesma intensidade.

— Ora, por favor, arrumem um quarto vocês dois. — Nami estava sentada na mesa próxima deles, ela movia a mão no ar, mostrando que o caneco de bebida estava vazio. Prontamente, Sanji encheu-o com mais bebida e ofereceu seus serviços para a navegadora, afirmando que a atenção dele seria toda para ela, e que ignoraria a presença inconveniente de terceiros.

Zoro girou os olhos e se afastou. Acreditava que depois dos eventos que ocorreram nos últimos meses, o cozinheiro tomaria jeito, mas parecia ser um tipo de doença muito grave aquela idiotice toda.

Ao longo da semana, todos retomaram seus afazeres em missões especiais que tinham pelo país de Wano, e os membros recém-chegados se adaptavam aos costumes. Zoro havia ficado com Nami no navio, enquanto ela contabilizava os prejuízos que o bando havia tomado desde que aportaram em Dressrosa. Com um pouco de irritação, a navegadora reclamava mais para si mesma do que para Zoro, sentado no sofá.

— Precisaremos de mais dinheiro do que eu imaginava. — Ela jogou a cabeça para trás e depois soltou um gemido contente, quando duas mãos brotaram de seus ombros e uma massagem se iniciou.

— Não se preocupe, iremos resolver isso em breve. — Robin falou, ao se aproximar da cadeira em que Nami estava sentada.

Ele observou a interação das duas, possuiu intimidade e algo que poderia se chamar mais do que amizade. compreender o que estava sobrando no ambiente, decidiu deixá-la sozinha.

Zoro estava evitando a cozinha por motivos óbvios, mas, enquanto passava ali próximo, ouviu ser chamado pelo cozinheiro. Ele então entrou e parou na porta esperando Sanji dizer o que precisava.

— Aqui, beba isso. — Sanji apontou para um copo de vidro grande em cima da bancada, em frente ao cozinheiro. Dentro do copo, um líquido parecendo viscoso de cor esverdeada. Não parecia em nada os drinques que ele preparava para Nami e Robin. Além disso, era muito cedo para começar a beber (que fique claro que era cedo para algumas pessoas, não para o espadachim). — Pare de enrolar e beba logo.

Sanji tirou o cigarro da boca, assoprando a fumaça, seus cabelos estavam bem penteados como sempre, a franja cobrindo o rosto. Aquela sobrancelha enrolada chamando a atenção e a cara de panaca, que Zoro já conhecia, o encarava esperando alguma atitude contrária.

— Isso tem a ver com a consulta que o Chopper me obrigou a fazer ontem? — Zoro perguntou, olhando desconfiado

— Hmm... sim, é. — Sanji respondeu, puxando a manga da camisa social, e a abotoando adequadamente, já que havia acabado de preparar o almoço. — Falei com Chopper essa semana e ele me deu algumas orientações sobre a saúde de todos nós do bando.

Zoro assentiu e andou até o balcão, ele pegou o copo e bebeu sem reclamar. Apesar da aparência ser repugnante, o gosto não era ruim. Ele podia sentir um pouco de ameixa e algumas especiarias no meio, além de outras que não sabia distinguir.

— Eu pedi para Usopp me trazer Artemísia, Robin adora chá de folhas secas. Posso também fazer para você.

— Para que isso serve? — Zoro quase estava esquecendo que o achava irritante.

— Digamos que é bom para quem bebe cinco barris de saquê como se fosse água. — Sanji pegou o paletó do cabideiro atrás da porta e o vestiu. Era um terno elegante, como todos os que ele usava, embora Zoro não entendesse muito de moda.

— Chopper pediu para eu não abusar da bebida nos próximos dias.

— Seu fígado agradece. — Sanji colocou o cigarro na boca e mexeu os ombros, ajeitando o paletó. — Preciso ir, vou comprar tecidos para confeccionar meus trajes novos. Não posso andar por Wano dessa forma.

— Achei que Kinemon havia resolvido isso quando criou roupas para todos.

— Sim, mas ele é um samurai pervertido e a jovem donzela costureira que eu vou me encontrar é mil vezes mais graciosa. — A expressão apaixonada de Sanji fez Zoro recordar-se com quem estava falando.

Assim que Sanji deixou a cozinha, Zoro soltou o ar preso nos pulmões, com um tanto de reclamação devido ao comportamento estúpido que Sanji insistia em manter. Para distrair, ele foi treinar, no momento era a única coisa que poderia fazer.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Sanji subiu no ninho da gávea, interrompendo os exercícios de Zoro.

— Trouxe o chá. — Ele disse, enquanto o cigarro queimava pendurado na sua boca. — Está sem adoçante, já que Chopper decidiu nos colocar numa dieta sem açúcar. — Sanji entrevou a bandeja com a xícara para Zoro.

— Ele quem perde, já que é viciado em algodão doce. — Zoro comentou, bebendo o chá. Não era ruim, mesmo que amargo, o espadachim não era o tipo de pessoa que adorava doces. Tanto que, com as descrições de Nami sobre a ilha Whole Cake, seu estômago quase embrulhou com a quantidade exacerbada de doces ingerida por Luffy.

Zoro deixou a xícara sobre a bandeja e a empurrou na direção de Sanji, que se acomodou num dos bancos. Ele tentou ignorar a presença do cozinheiro, mas sabia que Sanji o observava fazer exercícios.

— Não tem nenhuma mulher para você correr atrás não? — Zoro o olhou sério e Sanji riu.

— Não faltam mulheres maravilhosas nesse país, aliás, não preciso nem sair do navio para admirar mulheres incríveis.

— Tá. — Zoro voltou a erguer os alteres de cinquenta quilos para aquecer, mas Sanji não se moveu do lugar. Não era que ele se incomodava com pessoas o observando enquanto treinava, passou muito tempo numa ilha sombria acompanhado pela figura insistente de Perona, que não o deixava só nem por um dia sequer, falando e falando e falando...

Mas o silêncio de Sanji parecia sim incomodar Zoro. Algumas vezes ele direcionava o olhar para o cozinheiro, que estava fumando e, conforme o tempo passava, mudava a posição da perna cruzada sobre a outra. Depois com as pernas afastadas, mais abertas, apoiando os cotovelos na coxa, com os ombros inclinados. As vezes em pé, olhando pela janela redonda do ninho da gávea. Ou apenas com o cigarro entre os dedos, analisando-o como se fosse um treinador.

Zoro pegou a garrafa de água do chão e bebeu, depois passou a toalha no rosto para secar o suor. Sanji não deixou de olhá-lo, nem quando Zoro caminhou e parou na frente dele.

— Achei que o país estava cheio de mulheres para você admirar. — Zoro não conseguiu evitar a rispidez na fala. Sanji apenas moveu a cabeça para o lado, os cabelos loiros tão lisos caíram junto, cobrindo ainda mais a lateral do rosto.

— As vezes eu gosto de dividir minha atenção com os ogros. — Ele falou, sorrindo em seguida. — Muita coisa aconteceu enquanto eu estive fora, não pense que eu não confio nos meus companheiros ou na Robin-chan, ela deixou bem claro com detalhes cruéis tudo o que viu e o que fizeram desde Dressrosa. — Ele tragou novamente o cigarro e o segurou com os dedos. — Cada um deu sua versão dos fatos, confesso que Usopp me deixou mais preocupado do que todo mundo, e no fim se saiu bem... agora você, marimo.

— O que tem eu?

— Eu quero saber sua versão. — Disse, de forma simples, voltando a colocar o cigarro na boca.

— Você quer que eu te conte tudo o que já sabe? — Zoro balançou a cabeça, incrédulo.

— A sua versão, com certeza. — Sanji pareceu mais sério, e conforme ele ajeitava a postura no banco em que estava sentado, Zoro notou que sua expressão também havia mudado. — Eu quase me casei e entrei para outro bando de piratas malucos para proteger vocês.

— Eu sei me proteger muito bem sozinho. — Zoro deu as costas e Sanji ergueu a voz, zangado.

— Estou cagando para você, seu estúpido marimo. Só que você faz parte desse navio e tudo o que diz respeito ao bando, eu me importo. Tenho certeza que você tem muito o que dizer sobre o que se passou, principalmente sobre o que aconteceu comigo. — Sanji coçou a nunca e depois voltou a encará-lo. — Não ouvi de você nem uma critica sequer desde que cheguei, parece que está escondendo algo.

Zoro virou-se, cruzando os braços.

— Então aqui vai a minha versão dos fatos. — Ele viu Sanji jogar os cabelos para trás, enquanto acendia um novo cigarro, parecia abusar mais do que deveria. — Nós nos separamos, ficamos mais vulneráveis, não da para dizer se houve um culpado, só que se eu fosse eleger um, seria quem abandonou o barco primeiro.

O sorriso de Sanji enfraqueceu, mas ele concordou.

— No meu lugar você teria feito o que? Fatiado todo mundo?

— Basicamente.

— Como se fosse simples, seu burro. — A fumaça do cigarro foi em direção oposta, quando Sanji soltou-a pela boca.

— Eu não tenho nada a perder.

— Tem certeza? — Sanji caminhou para a escotilha no chão, onde desceu pela escada, desparecendo das vistas de Zoro.

Foram dias pensando naquelas palavras e Zoro tinha a resposta desde o momento em que ouviu a pergunta de Sanji. É claro que ele tinha muito a perder caso acontecesse alguma coisa com qualquer pessoa do bando. E eles perderam Pedro, e Jinbe ficou para trás. Zoro quis vencer uma discussão, mas ela já estava fadada a não ter vencedores. Nenhum dos dois lados tinha muitos motivos para comemorar, senão o fato de conseguirem agora se reunir. A marca seria carregada para sempre e Zoro compreendeu que Sanji buscava conforto ou um escape para o que deveria estar sentido no momento.

Engolindo seu orgulho, o espadachim foi até a cozinha, mas Sanji não estava lá. Procurou-o pelo navio, até que o achou sentado perto da plantação de laranjas de Nami.

Zoro nada disse quando sentou ao lado de Sanji no chão do navio. O silêncio foi recíproco por alguns minutos.

— Eu teria me entregado também. — Zoro falou então, as espadas ao lado, ele segurava o pomo de uma delas. — Para proteger todo o bando, mas provavelmente morreria no processo caso fosse forçado a casar.

Sanji riu fraco, mexendo os ombros.

— Não se preocupe, ninguém quer casar com um marimo igual você.

Zoro bufou, mas não respondeu a ofensa.

— Não foi culpa sua o que aconteceu com Pedro... — Ele arriscou e ouviu apenas um eu sei como resposta. — Precisamos ser mais cautelosos daqui em diante, as coisas não serão tão fáceis como pareciam ser.

— Fáceis? — Sanji esfregou a mão no pescoço. — Nunca pensei que fosse...

— Porque você é fraco. — Zoro debochou e Sanji gargalhou.

— Você tem medo de casamento e me chama de fraco?

— Ora essa, não tem nada a ver uma coisa com a outra.

— Então tem medo de mulher... — O cozinheiro bateu a mão na própria perna, como se estivesse solucionado um mistério. — Eu sabia.

— Não tenho medo de mulher. — Zoro falou num tom desconfortável. — Nem todo mundo baba por mulheres como um cachorro vira lata igual você.

Sem resposta do cozinheiro, Zoro acreditou que ele também havia relevado a ofensa.

— Então só pode ser uma coisa.

— Hmm?

— Você está apaixonado por mim.

Zoro não ficou ofendido com a hipótese de ser apaixonado por um homem, mas Sanji insinuar que ele era o homem por quem estava apaixonado.

— Não diga besteiras.

Sanji levou o cigarro à boca e riu baixinho.

— Sim, claro.

O loiro se levantou e espreguiçou-se, esticando os braços para cima. Sua camisa social estava para fora da calça, então Sanji apenas a colocou para dentro, provocando Zoro ao ordenar que ele não olhe muito, senão gama.

— Infantil e imaturo. — O espadachim respondeu.

— Está se auto dominando? — Sanji caiu na gargalhada, e mesmo que o assunto tivesse mudado completamente, antes de descer as escadas e retornar para a cozinha, pois já estava tarde e logo seria o horário do jantar, o cozinheiro agradeceu a conversa. — Os tempos estão mudando, precisamos nos fortificar. Se nos separarmos novamente, ou algo nos abalar a ponto de nossa aliança ser desfeita, as coisas não vão sair como planejamos. Eu já decepcionei a Nami-san, o nosso capitão, não quero passar por isso mais uma vez.

Sanji foi descendo as escadas e Zoro ficou em pé, concordava com o panaca tarado, eles não poderiam suportar mais nenhuma separação.

— Hey! Cook, só para você saber, mesmo que fosse a última pessoa nos mares, jamais ficaríamos juntos.

Sanji parou e virou-se para olhá-lo parado no topo da escada.

— Sabe que os mares cobrem apenas 71% da Terra, não é? — Sanji ergueu a mão, acenando para Zoro enquanto andava e entrava na cozinha.

O espadachim, apesar de não ter gostado da resposta, cruzou os braços e sorriu.


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Notas finais do capítulo

É isso, acabou :D podem comentar agora.
Beijos



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