Amizade é uma das coisas que eu mais prezo nesta vida. Tenho uma extensa lista de amigos, pessoas que fazem parte da minha vida e da minha história e eu levo muito a sério esse laço que eu crio com as pessoas. É como aquela musica diz “amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Acho muito estranho quando as pessoas deixam de ser amigos por uma briga boba, não entra na minha cabeça como duas pessoas que se diziam amigos de repente agem como completos estranhos. Parece que sofreram algum tipo de amnésia e se esqueceram de tudo que viveram juntos, será que as pessoas realmente se esquecem uma da outra ou apenas fingem? Comigo não tem essa de fingir que não me conhece, eu vou logo cumprimentando e dizendo oi para pessoa, se eu não dei motivos para pessoas me odiar, não tem essa de me ignorar. Não sei o que seria de mim sem meus amigos, principalmente sem a Bruna, minha melhor amiga. Não gosto muito de usar esse adjetivo, é como se eu dissesse que a Bruna é melhor que meus outros amigos, e isso não é verdade, eu amo cada um da mesma forma, mas a Bruna é a pessoa que eu tenho mais afinidade. Nós estamos sempre juntas e não escondo nada dela, quer dizer não escondia, faz umas três horas que isso mudou.

Acontece que Bruna conheceu um carinha e com quem começou a sair. Pensei que seria uma coisa passageira, ela não é de se apegar fácil, namorou sério uma vez e durou menos que seis meses. Conforme foram passando os dias percebi que tinha algo diferente, ela deixou de sair comigo nos finais de semana para passar um tempo com ele, deixou de ligar para mim todos os dias para falar mais com ele e eu quase que só sabia seu nome. Sempre que ela pronunciava o nome Miguel eu sentia uma coisa estranha no meu estomago e o motivo é muito simples, Miguel é o nome do primeiro garoto que eu gostei, na verdade eu era completamente apaixonada pelo Miguel. É vergonhoso dizer que eu já fui aquele tipo de menina que fica escrevendo seu nome e do garoto que se gosta na ultima folha do caderno com vários coraçãozinhos em volta, depois dele eu nunca mais gostei de alguém assim. O problema é que o Miguel da Bruna e o meu Miguel é o mesmo. Ela nem deve se lembrar sobre meu primeiro amor, eu contei para ela no começo da nossa amizade e ela não é do tipo que se lembra de tudo que você fala.

Quando Bruna mostrou a foto do garoto no intervalo da escola eu quase tive um treco. Fiquei olhando para a foto engolindo seco, tentando sorrir, ou dizer qualquer coisa, mas eu só conseguia pensar em como ele estava ainda mais bonito. Já faz um bom tempo que não vasculho a sua página no facebook, prometi a mim mesma que não ia mais fazer isso, eu não gostaria que alguém ficasse vasculhando minha vida, mesmo que fosse pelo facebook.

— O que foi? Achou ele feio? – Bruna perguntou quando viu meus olhos arregalados encarando a foto em seu celular.

— Claro que não, ele é lindo – digo.

— Então porque está com essa cara assustada?

— É que.... é que, ah não é nada, deixa isso pra lá.

— Agora eu quero saber, você está me escondendo alguma coisa – Bruna me olhou desconfiada

— Não é nada Bru, coisa da sua cabeça.

— Então tá. Amiga – ela agarra no meu braço – ele me pediu em namoro, eu estou tão feliz....

Ela passou o intervalo inteiro falando do namorado e eu tentando esconder o leve tremor em meu olho esquerdo. Foi praticamente uma tortura não poder compartilhar da sua felicidade.

Quando o sinal da última aula tocou, dei uma desculpa para sair da escola sem esperar por ela, eu preciso de um tempo para digerir essa história. Fiquei escondida até que sua mãe veio busca-la. Sem riscos de me encontrar com ela, caminhei até o ponto de ônibus que fica do outro lado da rua. Agora estou aqui sentada, ouvindo musica com um livro qualquer aberto, no momento não interessa qual livro é porque eu não consigo me concentrar em nenhuma palavra. Eu preciso contar para ela sobre o Miguel e não faço ideia do que vai acontecer com a gente, não quero que ela se afaste dele por minha causa, mas não consigo nem imaginar como vai ser sua reação.