Anestesia escrita por Stephany15


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente! Uma fanfic sobre um casal que eu realmente amo (não que eles sejam um casal no UCM), mas que não tem muita coisa sobre, o que me fez escrever uma (ou várias) estórias sobre eles.
Peço encarecidamente que abram seus corações e deem uma chance aos dois e, consequentemente, a essa fanfic. Espero que gostem!



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O grito que irrompeu de sua garganta mesclou-se com a trovoada raivosa do lado de fora da torre. Wanda sentara-se antes mesmo de acordar completamente, com lágrimas ácidas molhando o rosto e a mente cheia de perturbações, porque algo pareceu puxar seu peito sem o mínimo de receio, forçando-a naquela posição. Nenhuma dor externa chegaria perto dos demônios que a garota estava enfrentando, chegara a esta conclusão.

A cena que surgia em seu sonho era sempre a mesma, como um "looping" eterno no qual ela era obrigada a viver repetidas vezes. Wanda tinha que assistir seu irmão sendo baleado e caindo sem vida todas as noites, e nunca podia fazer nada. Nem em sonho ela conseguia ser feliz. Mas, talvez, fosse melhor assim, porque a bruxa sempre acordaria no dia seguinte decepcionada, frustrada e um pouco mais no fundo do poço assim que percebesse que Pietro não estava ao seu lado.

Ainda tremendo, Wanda deitou-se novamente, cobrindo-se até a cabeça com os lençóis, forçando-se a dormir. Não estava funcionando. O barulho da água batendo na arquitetura da Torre dos Vingadores era estressante o suficiente para que ela quisesse fazer parar de forma não amigável, e a chuva não era exatamente uma amiga desde que se fez presente no velório de Pietro. Wanda não gostava de nada que a lembrasse daquele dia.

Mesmo de olhos fechados, as lágrimas apenas se intensificaram, provocando soluços baixinhos que tentava ignorar. Ela não queria passar a noite sozinha; descobrira desde muito cedo que sua própria mente era sua maior vilã. Na HYDRA, quando queriam conter seus poderes, apenas forçavam-na a ter lembranças ruins de sua vida – era sempre a morte de seus pais. Isso a desconcentrava, e assim eles a domesticaram.

“Nós temos um ao outro”, seu irmão e ela costumavam dizer isso, e tudo ficava bem, depois, porque era verdade, mas agora Wanda não o tinha mais; ela estava sozinha e isso não mudaria nem quando a chuva passasse, nem quando o dia amanhecesse, nem nunca. Pietro estava morto, e repetir essas palavras doía mais do que podia suportar, como um incêndio dilacerando toda sua alma, nunca tentando ser calmo ou gentil.

“Me chame se precisar de algo”, era o que Clint lhe dizia todos os dias, lembrou-se. Talvez repensasse isso no dia seguinte e achasse uma ideia ruim, mas aquele parecia ser um bom momento para fazer isso. Ela estava precisando dele, afinal.

Movida por este pensamento, e quase agindo em piloto automático, Wanda se soltou das cobertas que a prendiam em sua cama e, em passos lentos e silenciosos, seguiu seu caminho. Era engraçado como tudo parecia ficar mais barulhento durante a madrugada; a maçaneta de seu quarto rugiu de forma mais alta e sua caminhada lembrava o batuque surdo e contínuo em um tambor sem ritmo e impreciso, devido aos tremores que ainda sacudiam seu corpo.

Não melhorou quando chegou ao quarto dele. A porta chiou em um barulho absurdamente alto para ela – ou podia ser apenas impressão – antes que finalmente adentrasse o local. Como era de se esperar, o arqueiro estava dormindo, de costas para a porta, totalmente absorto ao que estava acontecendo ali, sem ter a menor ideia de que Wanda estava ali e do porque dela estar ali.

Antes mesmo de repensar para descobrir se era ou não uma boa ideia, ela deu a volta na cama, ficando frente a frente com ele. Sorrateiramente, Wanda sentou na cama e se deitou, ajustando-se ao lado de Clint. Isso o acordou, obviamente – ela não esperava o contrário –, e seus olhos imediatamente se depararam com os dela. Na superfície de sua mente, a bruxa conseguiu captar um pouco de sua confusão, antes que a compreensão de quem estava ao seu lado o atingisse.

— Wanda?

— Posso ficar aqui? – pediu em um suspiro de voz quase inaudível, mas que, mesmo assim, foi ouvida por ele. Ela não estava mais chorando, mas o rosto ainda estava úmido, denunciando-a. O arqueiro assentiu; não seria visto se não fosse pela luminária fraca ao lado da cama, que era a única coisa que iluminava seus rostos.

— Vem aqui.

Ela não precisou ouvir duas vezes, aceitando de bom grado o abraço que Clint estava lhe fornecendo. Quando ele a envolveu em seus braços, um pouco de sua angústia se dissipou, e ela sentiu vontade de chorar novamente, porque Wanda não se lembrava da última vez que conseguiu se sentir em paz, nem que fosse apenas o pouco. Uma de suas mãos estava passeando por seu braço, tentando fornecer algum conforto enquanto a outra se apoiava na parte baixa de suas costas.

Clint estava quieto e um pouco mais tenso que o normal, a feiticeira percebeu, mas ainda não tinha forças o suficiente para comentar sobre isso. Ele fora sua rocha desde pouco antes de seu irmão sacrificar-se pelo homem, e continuava sendo. Foi o arqueiro quem dera a notícia da morte de Pietro, e ela ainda se lembrava de como ele a consolou e de como se permitira ser consolada por ele enquanto sentia toda a vida esvair-se de seu próprio corpo, mesmo que ela ainda respirasse.

Então ele se tornou uma figura constante nos seus dias, puxando-a para cima enquanto a mesma tentava se empurrar para baixo, cavando mais fundo seu próprio poço, entregando-se cada vez mais a seus próprios monstros e pedindo todos os dias para simplesmente ir para o lado do irmão e do restante família. Mas Clint não deixou. Ele nunca deixou.

Se era apenas culpa e necessidade de “devolver o favor” a Pietro, no início, isso mudou, porque ele era um ser humano e, como tal, era bastante suscetível a ter sentimentos, e foi exatamente isso que criara pela garota de poderes inquebráveis e coração frágil. Uma menina que cada vez mais queria envolver nos braços e proteger e impulsionar ao mesmo tempo; uma mulher que tomava seu coração a cada segundo, a cada respiração, e estava conseguindo isso sem resistência alguma da parte dele.

— Você está com frio? – Clint interrompeu o silêncio quando a garota pareceu estar mais calma, e ela negou com a cabeça. Não eram arrepios de frio. – Legal, porque eu não tenho outro cobertor – brincou, provocando uma risadinha surpresa nela, o que foi inesperado. Ele estava tentando distraí-la, e ela seria eternamente grata por isso.

As lágrimas ainda preenchiam um pouco seus olhos, e a última coisa que Wanda pretendia fazer aquela noite era rir. No entanto, foi isso que ela fez, e o que incrementava a leve brincadeira era o fato de Clint estar cobrindo-a com o cobertor que ele tinha ali. Seu coração aquiesceu-se, ao notar isso.

Não muito tempo depois, ele já estava devidamente deitado ao seu lado, encarando Wanda – ela havia começado, na verdade – sem saber o que se passava por sua mente, o que era engraçado, porque ela sabia o que acontecia em sua cabeça, enquanto Clint tinha que descobrir essas coisas por meio de expressões ou coisas parecidas, assim como o restante da população mundial.

— O que foi? – quis saber, não resistindo ao impulso de levar a mão ao seu rosto e prender uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

A análise havia ficado profunda demais; tanto a dela quanto a dele, e, uma coisa que o arqueiro havia aprendido no decorrer daquele tempo é que olhá-la podia ser muito, muito perigoso. Isso era tão errado... Mas agora, olhando em seus olhos, não parecia mais tão errado assim. Aliás, parecia bem certo.

— Eu gosto de ficar aqui – ela murmurou, respondendo tardiamente.

— Eu gosto de ter você aqui.

Wanda sorriu sinceramente pela segunda vez naquela madrugada; ou melhor, naqueles dez minutos. Deveria significar algo que o motivo de ambos os sorrisos fosse a mesma pessoa.

— Não estou falando da cama – explicou suavemente, acomodando-se em seus braços novamente.

Parecia o seu lugar ideal. Ela estava encolhida, ali, quase pequena demais, mas sentia-se grande, maior do que em toda sua vida, e quase podia enxergar a tal luz no fim do túnel. Era tímida e minúscula, mas estava se aproximando e talvez ela conseguisse passar por isso, como seu irmão desejaria. Talvez tivesse a ajuda ideal; uma ajuda em forma de espião, que vestia roupas de couro, levava arcos e flechas nas costas, vinha se mostrando disposto a puxá-la de volta para a superfície, e que, por sinal, estava abraçando-a naquele exato momento.

— Eu também não – Clint respondeu, beijando o topo de sua cabeça. Ele a acomodou em seu peito e Wanda finalmente permitiu-se fechar os olhos em paz, deixando o cansaço vencer.

Ela estava acostumada a ter o mundo e sua vida totalmente incertos, mas nunca sentira tanta certeza de algo como naquele momento.  Eles não eram incertos. Dormindo em seus braços, ela conseguiria um sono pacífico. Acordada, em seus braços, ela conseguiria viver.


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Notas finais do capítulo

É isso, pessoal! Se você chegou até aqui, muito obrigada pela leitura; espero que tenha gostado! Eu realmente gosto muito da ideia deles dois juntos, e vejo um futuro nessa relação. Resuminto, eu amo esse casal!
Por favor, comentem, pois isso incentiva muito quem está escrevendo do outro lado. Críticas construtivas são muito bem-vindas.
Obrigada! Até a próxima!



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