Era sábado a noite e Marinette estava sentada em sua mesinha fazendo alguns desenhos, sua cabeça estava cheia de ideias, ela estava inspirada essa noite. Tinha chegado de seu encontro com Adrien havia algumas horas, depois que descobriram suas identidades secretas resolveram se conhecer mais, afinal de contas tudo o que viam e sabiam um sobre o outro era só a “ponta do iceberg”. Ela estava gostando de conhecer o outro lado do garoto, mas admitia que ainda era um pouco estranho vê-lo agir como Chat Noir algumas vezes.

Se distraiu lembrando de alguma situação em que o garoto a chamou de “my lady” sem querer na frente de Alya e deu uma risada.

— Pensando em mim, princesa?- Ouviu uma voz mais do que conhecida vinda da sua claraboia. Olhou pra cima e viu um Chat Noir de cabeça para baixo a observando com um sorriso convencido.

— Na verdade não. Estava pensando em um menino chamado Adrien, conhece?- Ela disse fazendo pouco caso.

— O modelinho adolescente que todas as garotas amam? Agora consigo entender o porquê desse seu sorrisinho, afinal esse garoto é incrível.- Continuou ele, entrando na brincadeira.

— Humildade mandou lembranças gatinho, mas sou obrigada a concordar.- Ela disse, fazendo suas bochechas corarem de uma forma extremamente fofa aos olhos do loiro a sua frente.- Oque veio fazer aqui? Já estava sentindo saudade?

— Quem é a convencida agora?- Disse ele dando risada, desfazendo sua transformação e se jogando na cama da azulada.- Te liguei umas cinco vezes antes de vir pra cá, mas você não atendeu.

— Sério? Desculpe por isso, coloquei ele no silencioso quando fomos ao cinema e esqueci de tirar.- Ela disse sorrindo amarelo e levantando da sua cadeira.- Também fiquei sentada desenhando desde que cheguei, me senti muito inspirada.- Concluiu corando novamente, se referindo ao beijo que eles deram na saída do cinema depois de filme, risadas, mãos dadas e uma pipoca grande.

— Bom saber que te deixo inspirada, Buguinette.- Nem era preciso comentar a forma convencida que o garoto disse isso, fazendo ela lembrar que ele e Chat Noir eram realmente a mesma pessoa.

Depois de alguns minutos de um silencio confortável que se instalou entre os dois, Marinette reparou que o garoto fungava um pouco e que seus olhos estavam um pouco tristes, com o olhar cabisbaixo.

— O que houve, Adrien?- A garota perguntou num ato de coragem.- Você andou chorando ou é impressão minha?

— Tá tudo bem Mari, não se preocupe comigo.- Ele respondeu em um tom baixo, quase sussurrando.

— Não está não. Ou você acha que depois de três anos de parceria e seis meses sabendo sua identidade, eu não ia saber se você está bem ou não?- Questionou a garota levantando uma sobrancelha, fazendo o garoto se sentar na cama e finalmente olha ela nos olhos.

— É que... bem... meu pai, ele...- O garoto não conseguiu continuar, seus olhos encheram de lágrimas, mas ele não as derramou em nenhum momento. Marinette logo entendeu o que tinha acontecido, afinal ela já sabia como o pai de Adrien costumava ser e ela esperava do fundo do coração que Gabriel Agreste mudasse algum dia, percebesse o quanto tinha um filho incrível e que sofre com a ausência dele. Por mais que morassem na mesma casa o garoto tinha dito para ela uma vez o quanto tinha mais intimidade com Nathali do que com o próprio pai.

Marinette não precisou nem de um minuto pra levantar e caminhar rapidamente até sua cama, dando em seguida um abraço apertado no garoto que escondeu seu rosto no pescoço da azulada e inalou o cheiro doce de seu perfume. Ficaram assim alguns minutos, até o garoto se acalmar.

— Obrigada Mari, você não sabe o quanto eu agradeço por te ter na minha vida, você é a melhor pessoa que eu conheço.- Ele disse ainda a abraçando, então não percebeu as bochechas da garota corarem intensamente com o elogio.

— Não precisa agradecer, gatinho. Estou aqui pra isso.- Ela disse sorrindo.

Assim que se separaram olharam fixamente um para o outro, se aproximando vagarosamente, já se preparando para o que estava por vir. Esse não era o primeiro beijo deles, assim como o do cinema também não tinha sido. Mas eles ainda eram um pouco raros, pelo fato de ambos serem bastante tímidos e não estarem num relacionamento oficializado.

Ambos se separaram pela falta de ar e se encararam sorrindo novamente. O garoto levantou e segurou na mão dela fazendo-a levantar também, assim os encaminhando para pequena varanda da garota. Assim que chegaram lá perceberam que o céu parisiense estava um pouco nublado, impedindo-os de ver as estrelas e até mesmo a lua naquela noite.

— Mari, posso te fazer uma pergunta?- Disse o garoto um pouco nervoso.

— Bom, acabou de fazer uma.- Ela disse risonha, fazendo-o rir também.

— Engraçadinha você, mas eu estou falando sério.- Ele disse sessando o momento descontraído.

— Ah, tudo bem, pode falar.

— Então- Ele começou.- Já fazem seis meses que nós descobrimos as nossas identidades e depois disso eu não consigo mais parar de pensar em você. Quer dizer, não que eu não pensasse antes, mas era na Ladybug, não que ela não seja você, porque ela é, mas, ãhn, bem...- O garoto se enrolou um pouco, fazendo ela rir.- Enfim, você é a garota mais incrível que eu já conheci e depois dessa noite, depois de tudo o que aconteceu quando fomos ao cinema e eu cheguei em casa, a única certeza que eu tenho é o que eu sinto por você. Eu te amo Mari, e acho que já está mais do que na hora de tornarmos isso tudo oficial. O que você acha?

A garota travou. Enquanto ela ouvia tudo o que Adrien estava dizendo seu coração ia acelerando e seus olhos iam enchendo de lágrimas. Não de tristeza, mas sim de felicidade. Quantas vezes já não imaginava essa cena? Ele dizendo que a amava? E agora, depois de todo esse tempo ela viu que nem as suas melhores imaginações chegaram perto do que realmente estava acontecendo. Os olhos dele tão lindos, que mesmo com a pouca iluminação da noite ela podia ver um verde claro refletindo a pureza de cada uma de suas palavras e os cabelos loiros um pouco bagunçados deixando o garoto ainda mais charm...

— Mari? Tudo bem?- Uma ansiosa voz a tirou de seus devaneios. Meu Deus! Quanto tempo será que ficou perdida em seus próprios pensamentos enquanto Adrien esperava uma resposta? Como bem o conhecia, o garoto deveria estar pirando com a falta de atitude da garota.

— Se está tudo bem? Está tudo ótimo, maravilhoso!- Disse ela finalmente, abraçando o loiro pelo pescoço, surpreendendo-o.- Aliás, eu também te amo gatinho.- Ela completou no ouvido dele fazendo-o se arrepiar e apertar ainda mais o abraço.

Eles teriam ficado mais tempo abraçados se não fosse pelos pingos de chuva que começaram a cair violentamente.

— Ai meu Deus, vamos entrar.- Disse ela, já puxando o garoto para dentro.

— Espera.- Ele disse, puxando-a novamente para si. Quando ela já estava perto o suficiente ele a segurou pela cintura e iniciou um beijo calmo, apaixonado enquanto as mãos dela se dirigiam para os seus cabelos aprofundando o beijo.

Se separaram ofegantes quando um clarão junto de um trovão os tirou de sua bolha.

— Agora sim podemos entrar, my lady.- Ele disse feliz, fazendo-a corar.

Eles entraram de mãos dadas e deram de cara com os kwamis, que se fizeram tão ausentes desde que Adrien chegou, dormindo um encostado no outro em cima de uma das almofadas da cama de Marinette.

— Eu já estava estranhando o porquê de tanto silencio, já que esses dois estão juntos no mesmo cômodo.- Disse a garota, já que Plagg e Tikki só faziam brigar ou irritar um ao outro quando se encontravam.

— Eu disse para o Plagg pegar leve hoje.- Revelou o portados do Miraculous da destruição.

— Ah, então quer dizer que o senhor já tinha tudo planejado, não é mesmo.- Disse ela levantando uma sobrancelha e se divertindo vendo o garoto corar. Mas infelizmente não pôde aproveitar da visão, já que outro trovão fez menção de assusta-los.

— É, acho que vou me molhar um pouco na hora de voltar pra casa.- Disse o loiro mais do que feliz por mudar de assunto.

— Você não precisa... Pode dormir aqui essa noite.- Ela disse corando, com medo do que o garoto poderia achar. E não estava enganada, já que logo um sorriso zombeteiro se fez presente na face do loiro, que tirou proveito da situação, afinal de contas ainda era Chat Noir e não podia perder essa oportunidade.

— Mas já está assim, my lady? E eu que estava com medo de rápido demais no nosso relacionamento.- Terminou sorrindo ainda mais ao ver a garota atingir um forte tom de vermelho.- Se você está querendo que seu rosto fique igual ao seu traje de Ladybug está conseguindo.

— Gato bobo, para com isso.- Disse ela escondendo o rosto com a mão, depois de dar um tapa no braço do parceiro.- Se quiser pode ir embora na chuva então.- Terminou ela, malcriada tal como Ladybug.

— Nossa Ladybug, a quanto tempo não nos vemos! - Ele disse brincando com a menina, pra deixa-la mais a vontade.- Mas não, obrigada. Eu sou um gato e tal como eles não curto muito me molhar assim, então aceito o convite de dormir agarradinho contigo my lady.

— Você sabe que não é um gato de verdade, não sabe?

— Ai, assim você fere os meus sentimentos.- Ele disse vendo a garota já começar a bocejar.- Vem, vamos indo porque você deve estar cansada.- Completou a puxando pela mão em direção a cama.

— Não to não.- Respondeu ela, logo sendo contrariada por outro bocejo.- Tudo bem, talvez um pouco.- Completou rindo, fazendo o loiro rir também.

Logo eles já estavam deitados, com Marinette apoiando a cabeça no peito de Adrien, enquanto o mesmo fazia carinho em seus cabelos, já ficando sonolento também.

— Boa noite, Mari.- Ele disse antes de cair no sono, junto da garota.

— Boa noite, gatinho.- Ela respondeu.

E juntos tiveram a melhor noite de sono de suas vidas, sem saber (ou talvez sabendo) que isso se repetiria por muitas vezes mais.