O Mistério da Lua - Livro I escrita por salutetrangeer


Capítulo 2
Hogar Dulce Hogar


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo! Como estão?

Quero agradecer a Bess que deixou o primeiro comentário na história, isso me motiva demais! Obrigada, Bess!



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— É bela, tem um charme natural. – Observei atentamente a construção simples em minha frente, tinta amarela desbotada, janelas de madeira envernizada, e uma varanda simples – Vou tirar as malas do carro, enquanto isso vá explorar a casa. – Ele estava alegre, estava realmente alegre. Toda essa mudança havia nos abalado muito, mas meu pai nunca se deixava abater por nada e por ele eu precisava ser forte, talvez se tudo tivesse acontecido em outra situação eu estivesse tão alegre quanto ele, mas nas circunstâncias em que estávamos era preocupante estar em outro lugar.

    A casa já estava mobiliada, na sala pequena haviam dois sofás simples e uma TV antiga, a minúscula cozinha contava com dois armários planejados e uma pequena mesa redonda com quatro lugares; a madeira antiga rangia abaixo de meus pés enquanto eu subia a pequena escada em direção aos quartos, o meu era o da direita onde cabia apenas a cama, um guarda-roupas e a escrivaninha simples, todo o assoalho de madeira trazia – realmente – um charme especial para a casa, era bonita, simples e aconchegante.

   O suor escorria por minhas têmporas enquanto contemplava meu novo quarto, caminhei até a janela para que houvesse alguma entrada de ar, então meu coração parou: A vista era simplesmente perfeita, podia ver a cidade inteira as casinhas pequenas e coloridas ao longe, a praia no horizonte distante e a grande revoada de pássaros. Suspirei. Compramos o lugar com as ultimas economias, a casa estava a venda há anos e nunca encontravam um comprador por ser tão afastada da cidade no alto de uma colina, o preço era incrivelmente baixo e ali era o meu novo lar.

· • • • ✤ • • • · ·

— Amanhã cedo vou até à cidade comprar alguns materiais para consertar o telhado da varanda, está horrível caindo aos pedaços e infestado de cupins. – Estávamos sentados no chão da sala assistindo Jornada nas Estrelas e comendo pizza barata comprada congelada.

— Tudo bem. – Respondi puxando o fio de queijo com os dedos.

— Prometo que vou ao mercado e essa semana faço comida de verdade. – Respondeu enquanto engolia mais um pedaço, sorri e ele suspirou profundamente - Filha... Sei que não queria estar aqui, sei que gostaria de estar em Londres com seus amigos e nossa vida antiga, mas... – O interrompi.

— Mas essa não é mais a nossa realidade pai, e está tudo bem posso entender perfeitamente isso, não sou a garota mimada rebelde que não aceita mudanças, eu aceito estar aqui e sei que seremos felizes. – As palavras saíram rápidas demais como se tivessem sido ensaiadas centenas de vezes, ele me olhou e percebi seus olhos marejarem, o abracei agradecendo por tê-lo.

    Não tenho mãe, nunca tive, ele sempre esteve ao meu lado fazendo os dois papeis cuidando de mim e pensando no meu bem-estar em primeiro lugar, não poderia ser rude com ele, essa era uma ideia fora de cogitação.

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    As batidas no telhado e o calor sufocante me fizeram despertar no sábado mais cedo do que o esperado bocejei e me espreguicei ainda na cama, troquei de roupa e desci ouvindo múrmuros como um diálogo. Preparei o café da manhã – suco com torradas— e sentei próximo à janela sentindo a brisa gelada que refrescava o ambiente.

— Bom dia, querida. – Ele estava vestindo as famosas calças azuis marinho manchadas e camiseta branca, o típico uniforme que usava todas as vezes que fazia algum tipo de mudança ou reforma.

— Bom dia. – Respondi enquanto ainda mastigava as torradas com geleia e o observava pegando as chaves da pick up no porta-chaves colorido ao lado da geladeira.

— Preciso ir à cidade comprar pregos, parafusos e duas vigas de madeira. – Encheu um copo d’agua e vi as grandes rodelas de pizza embaixo de suas axilas anunciando o tempo que a correria havia começado – Pablo está tirando as vigas podres vai me ajudar nessa reforma, qualquer problema me ligue.

— Quem é Pablo? – Indaguei colocando o copo de vidro e o prato na pia.

— É o filho de um amigo. – Respondeu de ombros. Papai é mexicano nascido na capital, a cidade em que moramos foi seu lar durante alguns poucos meses sendo assim algumas pessoas o conheciam o que tornava tudo mais fácil – Ele está lá fora, seja gentil, talvez esteja com fome, já estamos trabalhando há horas. Tentarei não demorar. – Outro beijo na testa e saiu apressado pela porta da frente.

     O que diabos comem no café da manhã no México? Abacate? Indaguei para mim mesma enquanto abria o armário observando o que papai havia comprado, suspirei decepcionada pela falta de criatividade. Por fim, descongelei tortilha de tomate e fiz torradas com mel e geleia organizados no prato como uma elegante refeição de produtos congelados industrializados. Perfeito. Coloquei o prato e a jarra de suco no degrau mais alto e sentei esperando Pablo aparecer de onde quer que estivesse.

— Ah, olá eu não sabia que estava aqui. – O susto fora tão grande que qualquer idiota perceberia, ele estava à minha frente segurando uma vassoura e com os olhos arregalados, e que olhos! – Desculpa se te assustei. – O cabelo loiro escuro estava preso num coque rebelde, os braços fortes à mostra pela regata bege que usava e os olhos eram de um verde tão intenso que hipnotizariam qualquer pessoa no mundo – Sou Pablo, muito prazer. – Ele estendeu a mão e retribui com um leve sorriso, a mão áspera indicava trabalho pesado talvez seu emprego fosse relacionado com reformas.

— Arabela. – Respondi, um curto silencio constrangedor invadiu o ambiente, precisava pensar em qualquer desculpa fajuta – Imaginei que estivesse com fome. – Indiquei o prato na escada, sorriu e sentou-se ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

Me digam: Preferem capítulo mais curtos ou mais longos?

Au Revoir



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