Riddare Drakar escrita por BellatrixOrion, HeielBlueSky


Capítulo 8
Capítulo 7 - Os Olhos Uchiha


Notas iniciais do capítulo

Hellooo pessoal!
Sim sim, sabemos que demoramos. As últimas semanas foram absurdamente abarrotadas. Estou tirando a CNH e eu já não aguentava mais ver prova na minha frente T.T
Mas, quinta feira agora o curso terminou e realmente pude me dedicar a história, e olha só, um cap de 5 mil palavras para compensar o atraso ♥
Espero que gostem e não deixem de comentar! Isso nos motiva muiiito!
Enfim, chega de enrolação! Aproveitem o capítulo !!

~Bellatrix ♡



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Capítulo 7 - Os Olhos Uchiha

Sakura

 Caminhava a passos contínuos, porém ritmados.

Preferi manter certa distância do garoto que ia à minha frente. 

O sol estava se esvaindo por entre as árvores e o céu alaranjado pintava-se sobre nós à medida que caminhávamos mais em direção a Konoha. 

Observava atentamente a sua forma de andar, o garoto parecia firme, passos fortes, podia ver os rastros que ele deixava para trás no caminho de terra batida, mas aquele não era o seu jeito costumeiro, isso eu sabia. Geralmente seus passos são leves, sua postura solta, desengonçada e seus movimentos desajeitados, mas ali, naquele momento, ele poderia parecer qualquer coisa, menos o garoto que estou tão acostumada a ver.

Sasuke Uchiha... Você sempre foi uma incógnita para mim, mas nos últimos tempos, isso vem se tornando cada vez mais constante.

Eu, ele e Naruto nos conhecemos desde bem pequenos, no entanto o fato do moreno ser filho do líder, e agravando-se com a morte de sua mãe, fez com que sua vida se tornasse cada vez mais restrita e arrisco dizer solitária, restando-lhe somente o Naruto como companhia já que Minato, pai do garoto e líder do Clã Uzumaki, era amigo de Fugaku antes mesmo do Uchiha mais velho herdar o dever de seu falecido pai, Madara.

Embora seja considerado um viking desajeitado, Sasuke sempre fora tranquilo, calado e extremamente educado, mesmo que Naruto insista que isso é porque o Uchiha gosta de mim... Mas, mesmo Sasuke sendo como é eu diria que ele apenas nunca recebeu a motivação certa. Quando mais novos, quando eu não tinha confiança na minha aparência e por ser talentosa de mais, constantemente sofria julgamentos e escarnio das outras crianças e até adultos, invejosos talvez. Claro, eu tentava fingir que aquilo não me importava, que estava muito acima de palavras insignificantes, afinal sou a herdeira de um dos clãs mais respeitados do império... Mas era só mais uma mentira. Como muitas que já contei na vida.

Pois aquilo machucava.

E muito.

Porém, o garoto, para minha surpresa, fez com que todos gradativamente parassem com essas coisas e passassem a reconhecer o quão promissor era o futuro que eu tinha pela frente. Claro, só fiquei sabendo disso muito depois, por meio de Naruto, pois Sasuke havia suplicado a ele para que mantivesse o segredo. 

Mas, não importa o quanto eu pense sobre isso, não consigo encontrar motivos para ele fazer o que faz por mim. Mesmo que a ideia... A possibilidade dele realmente gostar de mim aqueça meu coração, eu não posso me apegar a isso. Não com o meu futuro tão bem escrito por mãos que não são as minhas.

Não é algo que eu já deveria estar ciente, mas uma conversa restrita acontecendo nos fundos da sede do Clã certamente vazaria com uma facilidade desconcertante. Entretanto, parando agora para pensar, existe a possibilidade de ter sido essa a ideia desde o começo.

Uma carranca involuntária surgiu pelas minhas feições, pude senti-las se formar no instante que meus pensamentos concluíram o raciocínio que eu adoraria nunca ter chegado.

A Cerejeira do Norte prometida ao Herdeiro do Império de Konoha, Itachi Uchiha.

Isso era errado em muitos sentidos.

É claro, sempre tive uma admiração gigantesca por ele, Itachi é o meu exemplo de "caçador de dragões" que um dia eu gostaria de ser, porém a ideia de ter que me casar com ele revirava minhas entranhas. 

Como eu poderia ama-lo?

Não sei se ele está ciente dos planos dos nossos pais, mas se estiver, pelo que conheço dele, não consigo acreditar que Itachi simplesmente aceite isso sem lutar. 

Encarei novamente as costas do Uchiha mais novo e involuntariamente tentei encontrar semelhanças entre os dois, mas não consegui muitas, a não ser pelos cabelos escuros como ébano, a pele clara e o queixo demarcado, as diferenças eram muito grandes. Costas, porte físico, mãos, braços e pernas, sei que Sasuke ainda é jovem, temos quase a mesma idade, mas as aulas que tive com Tsunade me ensinaram a avaliar o porte físico das pessoas, e posso dizer tranquilamente que ambos possuem tipos completamente diferentes.

Foi ainda o observando que minha mente me levou a uma memória antiga, algo que Sasuke me disse na época das perseguições e que ficou cravado na minha memória como um espinho na carne. A lembrança sempre vinha me revisitar quando me sentia mal ou desencorajada pelas expectativas excessivas de todos sobre mim.

“- Incrível como o ser humano é. Não consegue aceitar alguém melhor do que ele mesmo – O garoto comentou com sorriso irônico enquanto encarava algumas pessoas se afastando logo após destilarem veneno por minha causa.

— Falou o Príncipe Viking! - Estávamos no meio da praça da cidade e eu tentava me distrair jogando pedrinhas nas árvores,  queria que os troncos sofressem com a minha fúria! E claro, o Uchiha acabou indo de acompanhante na minha maré de mau humor - Você nunca precisará se preocupar com absolutamente nada... – Retruquei ainda nervosa com tudo o que tinha acabado de acontecer.

— Primeiramente, não que eu deva justificativas para você ou para qualquer pessoa, mas saiba que ser "O Príncipe Viking” não me faz diferente de ninguém, muito pelo contrário – Fez uma pequena pausa, como se estivesse ponderando se seria certo prosseguir ou não, porém seus olhos logo encontrarão os meus e pude ver a determinação crescer dentro dele – Mas, diferente de você, eu não fico culpando os outros pela minha própria falta de habilidade, capacidade ou vontade. Então porque, Sakura, você prefere se enfurecer com alguns filhos de Hella ao invés de se preocupar com o que realmente importa para si mesma?”

As pedrinhas caíram das minhas mãos depois de ouvir o que ele tinha a dizer. As árvores, se falassem, certamente o agradeceriam pela gentileza. Eu não atirei pedrinhas por um bom tempo depois daquilo.

Enfim, se tem uma coisa que me marcou muito nesse dia foi perceber o quanto ele poderia ser sério quando desejasse. Foram poucas às vezes em que eu o vi assim, a exceção mais recente tinha acabado de acontecer. Não sei exatamente o porquê de esses pensamentos surgirem justo agora, talvez seja por causa de toda a situação que ocorreu, mas uma coisa é certa: nunca me perguntei tão seriamente sobre o fato de desde quando aquele garoto conseguia mostrar olhos tão sombrios.

Eu estava arrependida do que eu fiz, obviamente, sei que não deveria ter o lembrado da mãe e estou péssima por causa disso. Mas, por Odin! Eu não tenho culpa se ele começou a insinuar a possibilidade dos dragões não serem maus… É absurdamente insano pensar que isso fosse meramente provável.

Mas, ainda sim, queria de alguma forma me desculpar, tirar essa sombra que estava pairando sobre ele e arrepiando minha espinha, mas as palavras não conseguiam sair, incrustadas dentro do meu próprio coração e entaladas nas minhas cordas vocais. 

Estávamos quase em Konoha quando finalmente tomei coragem para quebrar o silêncio torturador, entretanto uma voz retumbante preencheu a floresta antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. 

— SASUKE!

O moreno mais novo parecia ter saído de um transe assim que viu seu pai no meio da estrada principal. Ele ainda estava de costas para mim, mas eu soube automaticamente que sua expressão mudou, o olhar sombrio deu lugar a um outro tipo de sentimento, que preenche-o por completo, refletindo nas pontas dos dedos da mão e os fazendo inquietar-se sobre os tecidos de sua roupa. Eu conhecia bem aquele tipo de comportamento.

Medo.

— Oh, o-oi pai – Gagueja em resposta.

—O que você está fazendo aqui? – Pergunta, mas não permite tempo para uma resposta – Eu e seu irmão estamos prestes a sair em viagem para O Ninho, podemos não voltar e você não fez nem questão de ir se despedir.

—Eu estava indo agora! Fiquei sabendo que vocês iriam ao por do sol.

— O sol já se pôs, Sasuke.

O garoto então olhou ao redor e constatou que seu pai estava certo, o alaranjado do céu era o único resquício restante da estrela maior que já tinha se ido.  Estava tão perdido em seus próprios pensamentos que nem si quer percebeu o tempo passar, e admito, estava tão concentrada nele que também não percebi.

—Desculpe-me, pai... – Respondeu de cabeça baixa, encarando os próprios pés. 

O homem iria dizer mais alguma coisa, mas parou quando finalmente me percebeu. Seus olhos automaticamente tomaram outra expressão e um sorriso surpreso surgiu na face pálida.

—Sakura Haruno, que inesperado encontra-la aqui – Acenou com a cabeça. 

—Senhor – Curvei-me em uma reverência contida – Eu e Sasuke viemos a floresta para praticar o que aprendemos no treinamento de hoje – Menti. Sabia que o assunto era sério, mas ainda não possuíamos evidências concretas para provar o que aconteceu nas Kildenes. Precisaremos encontrar mais informações antes de ir até ele e contar nossas suspeitas.

—Sempre soube que era uma garota sensata. Mas, Sasuke não deveria se esquecer das próprias responsabilidades – Voltou a olhar para o garoto – É por isso que é tão incompetente, você não mede as consequências de suas ações, sem contar que não tem o mínimo de consideração por mim e pelo seu irmão que estamos indo para arriscar as nossas vidas além do mar sombrio por todo o povo de Konoha… – Sasuke permanecia de cabeça baixa. Pude ver uma veia saltar da testa pálida do Líder Viking, mas, o que veio a seguir, foi totalmente inesperado para mim - QUANDO EU FALAR COM VOCÊ, VOCÊ DEVE ME OLHAR NOS OLHOS, GAROTO. 

Dei um passo para trás imediatamente, tamanha minha surpresa. Sempre ouvi falar sobre o temperamento de Fugaku Uchiha, mas admito que nunca cogitei que ele falaria assim com o próprio filho. 

Voltei meus olhos para Sasuke, mas me surpreendi. Achei que ele também teria recuado com a intimação, mas não.  O garoto encarava obstinadamente o pai, o medo que achei ver quando se encontraram dissipou-se e seus olhos flamejavam um sentimento que eu não conseguia expressar em palavras. 

A troca de olhares silenciosa era ensurdecedora para mim. Queria virar meu rosto, estava envergonhada por presenciar um momento tão pessoal deles, mas não conseguia parar de olhar.

Havia algo nos olhos negros de Sasuke que prendiam a minha atenção. Uma sombra vermelha que pairava ao redor das íris escuras. 

Os olhos Uchiha. 

Já ouvi falar deles. As lendas dizem que quando o guerreiro do Clã Uchiha está num momento emocional muito intenso seus olhos se tornam cor de carmim, podendo se transformar num portal direto para Helheim.

Poucos foram os que sobreviveram para contar as histórias depois de vislumbrar o abismo de sangue, porém, tão rápido quanto surgiu, logo a sombra se foi, tornando as pupilas negras novamente. Notei estar segurando minha respiração e a soltei aos poucos assim que a negritude voltou. Ambos ainda se encaravam até que, surpreendentemente, Sasuke tomou a palavra.

— Estou indo até Itachi para me despedir... – Passou pelo homem de cabeça erguida – Ao menos ele eu espero que volte vivo de lá. 
E se foi.

Fugaku não se deu ao trabalho de despedir-se de mim e seguiu o filho, mantendo uma certa distância. As feições do líder contorciam em uma indecisão de sentimentos que tornava visível sua confusão interna.

Pergunto-me o quanto ainda há escondido, o quanto aqueles que estão de fora sabem o que acontece dentro da Casa Principal e com essa família...

Olhei mais uma vez para Sasuke.

Surpresa, constatei que ele parecia estranhamente diferente. 

Sasuke sempre andou curvado, com a cabeça baixa, encarando os próprios pés... Agora, porém, ele parecia mais alto, e eu tinha certeza que seus olhos estavam vidrados no horizonte.

}|*|{

Andava pelas ruas de Konoha distraidamente. Já havia escurecido e as únicas luzes que ainda mantinham o caminho iluminado eram a da lua e dos postes de madeira que estavam espalhados pela cidade. Ziguezagueei por entre becos e vielas em busca de um atalho que me levasse o mais rápido para casa, as ruas apertadas e úmidas não eram um problema, aqui poucos são frescos ao ponto de se preocuparem com um cheiro ruim ou lugares assim, somos Vikings, por mais que não desbravemos mais os mares, o sangue de guerreiros pulsa em nossas veias, não temos tempo precioso a perder com coisas tão insignificantes.

Não tardou até que deixei para trás a parte mais simples da cidade e já caminhava pelos domínios do Clã Hyuga, não faltava muito agora, logo chegaria até as nossas terras. 

A cidade era dividida por importância e poder. A Casa Principal, o lar do Clã Uchiha, ficava perto da extremidade costeira de Konoha, parecia um grande castelo de pedra maciça, mas não gostamos de usar esses termos, não queremos nos igualar aos povos dos mares do sul, com todas as suas frescuras, exigências e auto proclamações. Não precisamos de nada disso, somos muito mais poderosos e orgulhosos. Nos arredores da Grande Casa estão os Clãs mais importantes: Haruno, Uzumaki, Hyuga, Nara e Yamanaka, cada qual tendo direito a uma quantidade de terra para que seus familiares pudessem viver perto uns dos outros, cada líder fazia parte do conselho de Fugaku e tinham características distintas, mas igualmente importantes.

Nós, os Harunos, somos conhecidos por sermos habilidosos e altamente treinados, nossa força supera a dos outros clãs e sempre estamos nas frentes dos campos de Batalhas. Eu sou a filha herdeira da família principal, mas temos diversas ramificações e linhagens sanguíneas menores, nossa marca mais registrada são as cores dos nossos cabelos, ruivos como a aurora, um tom mais claro do que os do clã Uzumaki, além disso, a grande maioria possui olhos verdes ou uma variação do mesmo. No fim, eu era uma exceção no meio de todos com meus fios rosa claros. Minha mãe diz que minha bisavó também possuía essa peculiaridade, além de sempre frisar o quanto somos parecidas, sei que cheguei a conhece-la, mas minhas lembranças sobre ela são muito distantes. 

Passei em frente a Casa Hyuga, era uma construção de pedra também, mas bem menos suntuosa que a Uchiha. São uma família mais reclusa, rígidos com os seus, mas eram excepcionais no combate corpo-a-corpo. O líder Hyuga costumeiramente contradizia Fugaku, sempre duvidando de suas decisões, achando-as precipitadas, o mesmo foi obrigado a ir à expedição até O Ninho, mesmo crendo veemente que aquilo não passava de uma grande perda de tempo, até mesmo eu não consigo ver essa grande resolução que nosso líder tanto fala. Mas, mesmo que sejamos “vizinhos de território”, admito não confiar plenamente neles, há algo lá que não me desce.

Joguei minhas dúvidas, por hora, no fundo da minha mente e voltei a focar no caminho a frente. Não demorou muito até que chegasse ao meu próprio domínio. Nossa casa ficava virada para o grande Mar do Norte, além de fornecer guerreiros, também possuímos muitos pescadores e bons navegadores. Junto com os Uzumakis tomamos conta do porto, dos Navios e das provisões que somente o mar pode nos fornecer. 

Eles, os Uzumakis, ficam do lado oeste da Casa Principal, no oposto de nossa direção. O clã é uma grande mistura de tipos de pessoas diferentes, as histórias dizem que ele outrora já fez parte da linhagem Haruno, mas acabaram se separando e se tornando uma nova família, que cresceu igualmente em poder e importância, sua maioria possuí os cabelos vermelhos como sangue, mais intensos que os nossos, e os olhos azuis como as safiras, Naruto era uma pequena exceção assim como eu, ele puxou muito de seu pai. A imprevisibilidade e a capacidade de improvisação dentro do campo de batalha dos Uzumakis é surpreendente, enquanto nós somos treinados para seguir uma estratégia, eles olham para elas e dizem “Estratégias hahaha”, Naruto é o melhor exemplo disso. 

Mas, um ponto interessante dentro de sua história e que sempre chamou a minha atenção é que Kushina, mãe do meu amigo loiro exagerado, pôde escolher quem seria seu marido, não sei dizer se o fato da união dos dois ser exatamente aquilo que deixaria o poder dos Uzumakis mais consolidado, acabou se tornando um fator que só contribuiu ainda mais para a aceitação, já que mesmo Minato pertencendo a um clã menor, ele sempre fora muito próximo de Fugaku. Mas, no fim, não muda o fato que eles estavam juntos porque se amavam... Admito que sinto um pouco de inveja de Kushina, gostaria de ter essa possibilidade em minhas mãos.

Voltei-me novamente para a estrutura que estava as minhas costas, uma construção feita igualmente de pedras, aparentemente como todas as outras, mas as nossas tinham um toque diferente, as rochas possuíam uma cor esverdeada que translucidava de acordo com a luz que refletia em suas paredes. Trepadeiras esgueiravam-se por cada fissura, invadindo e preenchendo todos os espaços, trazendo uma beleza única à aquela edificação imponente, unicamente nossa. 

Caminhei a passos lentos até as gigantescas e maciças portas de madeira, estando diante delas, as empurrei e entrei sem cerimonias.
Finalmente estava em casa.

—Sakura – Ouvi a voz de minha mãe surgir assim que pus os pés dentro do cômodo – Demorou filha, foi treinar novamente? – A vi surgir da escadaria que levava ao segundo andar, Mebuki Haruno não trajava suas costumeiras roupas de batalhas, agora apenas usava um vestido leve verde escuro, com longas mangas que caiam perfeitamente sobre as fortes mãos que apoiavam-se nos corrimãos. Seus cabelos ruivos deslizavam por suas costas em tranças bem feitas, formando uma longa cascata de fogo. 

“Beijados pelo fogo”. É assim que somos conhecidos. Não saberia explicar o porquê, mas isso sempre soou bem para mim.

—Sim, mãe – Respondi o de sempre, ela tinha o péssimo hábito de questionar milhões de coisas caso eu troque minha rotina. Gosto de conversar com ela, não quero que pensem errado a meu respeito, mas ando ressentida de mais para aguentar fingir certas coisas. 

A única que eu ao menos esperei que me defenderia e lutaria pelo meu direito de escolha não pareceu se importar com o acordo que fizeram pelas minhas costas… Bem, quem reclamaria não é mesmo? Sua filha se tornaria a próxima herdeira de um grande Reino. Deveria ser uma benção dos deuses. 

—Imagino que já saiba, mas seu pai foi com Fugaku na expedição para O Ninho, vai levar aproximadamente um mês – Olhava-me com seus grandes olhos verdes cheios de ternura de mãe – Estarei ocupada nos próximos dias já que vou assumir as responsabilidades do Clã, não poderei treinar com você por um tempo.

—Tudo bem, eu já imaginava – E era verdade – Mas, fique tranquila, os dias na Arena estão acabando comigo.

Ela ri, achando graça – Kakashi é mais cruel do que eu.

—Tenho dúvidas...

—O que disse, garota?!

—Nada mãe! – Pisquei e a contornei ligeiramente, logo indo em direção as escadas – Vou subir para me trocar e descansar. 

—Não está com fome? – Pergunta colocando as mãos na cintura olhando-me ainda dos pés da escada – Quer que eu peça aos servos para te levar algo?

— Mais tarde – Não olhei novamente para trás e segui diretamente até o meu quarto. 

Nossa casa não era tão grande, além de mim, dos meus pais e alguns servos, não existem muitos moradores aqui. Algumas famílias de pessoas que trabalham para nós também vivem conosco, mas posso dizer que nunca foi algo que chegou a me incomodar, todos eram respeitosos e educados, gosto de pessoas assim. 

Entrei tranquilamente em meu quarto, não tardando em tirar minha armadura e logo colocando uma roupa mais confortável. Tinha passado nas Kildenes antes de voltar, mas foi somente para tirar o suor do corpo, agora já trajava uma camisa folgada e uma calça simples. Joguei-me com gosto sobre minha cama e me permiti apreciar a macies do colchão e dos cobertores sobre minha pele. Fechei os olhos e tentei reviver o dia.

O treino logo pela manhã, o encontro com Sasuke... Confesso ainda pensar no que ele disse, a respeito dos dragões. Não sabia onde ele queria chegar, mas quanto mais eu penssase mais parecia uma completa loucura para mim, mas claro, isso não é desculpa para amenizar o que eu fiz.

Foi estranho ver o garoto tão calado e gentil mudar tanto, nem se fala quando nos encontramos com o pai dele.

A curiosidade me dominou. 

O que estava acontecendo com Sasuke Uchiha?

Fui arrancada dos meus pensamentos quando minha porta abriu bruscamente e dois tufos de cabelos loiros surgiram, logo se lançando sobre mim e esmagando-me. 

—Ino... Temari... Estão me sufocando.

—Está fora de forma Sakura – Ino ri enquanto se levanta, logo sendo seguida pela irmã – Os treinos não tem sido o suficiente?

—Ou talvez sejam vocês que estejam fora de forma – Ralho levantando-me da cama enquanto massageava meu ombro direito.

— Engraçadinha, Sakura – Temari reclama, fazendo um bico igual ao da irmã.

As vezes as manias delas me assustam pela sincronização

Ino e Temari, irmãs gêmeas do clã Yamanaka, vizinhos dos Uzumakis. O clã mais forte quando o quesito é informação, eles têm informantes espalhados por todo o nosso território e fora dele também. Não são guerreiros tão natos, mas sabem como defender nossas muralhas.

Encarei ambas ainda pensando no por que delas estarem ali.

—Por que estão aqui? – Proferi meus pensamentos – Como Mebuki não ralhou com vocês duas?

—Queríamos conversar, você foi embora tão rápido da arena que nem pudemos passar um tempo juntas hoje – Ino joga-se em minha cama com os braços esticados acima da cabeça.

—Confesso que eu preferia estar dormindo, mas Ino me arrastou para cá sem que eu pudesse ter muita escolha. – Temari copiou a irmã e fez o mesmo, do meu outro lado.

Dei de ombros e decidi me juntar a elas. Cada uma encarava o teto perdida em seus próprios pensamentos, até que Ino decidiu quebrar o silêncio.

—Você tem noticias do seu primo? 

—Qual deles? – Perguntei irônica, ela mesma se esquecia de quantos primos tinha em sua família.

—O Gaara, obviamente!

—Argh, de novo isso não – Temari apanhou um dos meus travesseiros e o prensou sobre o rosto.

—Gaara faz parte do batalhão do Itachi, como ele foi com o pai para a expedição ao Ninho, o pessoal vai estar atolado com responsabilidades, provavelmente não o verei por aqui tão cedo – digo dando de ombros, mas percebo o suspiro de frustração que ela solta. Deveria já estar acostumada com o coração apaixonado da minha amiga, mas eu realmente queria entender como alguém poderia gostar de tantos caras em um curto espaço de tempo – Mas, espera, o seu foco não estava à um tempo atrás num tal de Sai?

—Muito lerdo – Rebateu revirando os olhos – Não tenho paciência para caras enrolões.

—A maioria deve ser então – Temari disse tirando parcialmente o travesseiro do rosto – Já que até hoje você não ficou com ninguém, Freya não deve gostar muito de você, irmã.

—Acho melhor você ficar caladinha – Fuzilou com seus olhos profundamente azuis os verdes de Temari – Sou abençoada por Freya com coragem para ir em busca do meu amor, já você continua com frescura em relação ao outro lerdo do Shikamaru.

Percebi as maçãs do rosto de Temari assumirem um vermelho discreto e cobrir imediatamente o rosto com o travesseiro novamente, diferente da irmã, a gêmea de olhos verdes sempre foi mais sensata e centrada, racional eu diria, por isso acabo sendo pega de surpresa por essa nova informação.

Shikamaru, clã Nara, o sabe tudo mais preguiçoso que conheço. Estou completamente chocada.

—Temari... Não acredito – Acabo levantando-me subitamente da cama para arrancar o travesseiro dela. 

—Vai para Helheim, Sakura! – Range os dentes erguendo-se da cama e correndo para a outra extremidade do quarto.

—Ah irmãzinha, você não vai fugir agora! 

Não sei por quanto tempo ficamos perseguindo uma a outra, esses tipos de brincadeira poderiam se tornar perigosas por sermos três guerreiras que sabem o que fazer para doer sem machucar de verdade, mas preciso admitir que é muito mais divertido assim. Olho por um momento para elas e me sinto grata por terem vindo. Nossa amizade se concretizou a poucos anos , mas mesmo assim posso dizer que crescemos juntas, treinamos juntas, brincamos juntas... Mas não paramos de crescer. Logo cada uma irá assumir sua responsabilidade e aceitar o destino que os deuses tem para nós, guerreiras mortais que estão dispostas a darem suas vidas para salvar os nossos da destruição dos dragões. 

Porém, isso não deixa de me entristecer.

Tenho medo que momentos como esse possam nunca mais se repetir.

Principalmente... Depois do casamento.

O que será de Itachi... E de mim?

Um arrepio percorre minha espinha. Seria cômico se não fosse trágico. 

A Guerreira mais destemida de Konoha estremecendo por causa de um casamento.

 O Ragnarok deve estar muito próximo.

}|*|{

 -Kakashi, eu fui dar uma pesquisada na biblioteca e percebi que não havia nenhuma informação sobre o Fúria da Noite. Será que não teria algum outro livro ou...

Uma bola de fogo passa raspando pela cabeça de Sasuke, que protege-se tardiamente com seu escudo. 

—Concentre-se, Sasuke! Você não está nem tentando! – Nosso instrutor adverte o garoto enquanto o encara por cima da Arena. 

Hoje ela havia sido montada como um labirinto, estávamos fugindo de um Nadder Mortal, mas sempre nos mantendo atentos as ordens de Kakashi, que observava a todos nós de cima das grades maciças de ferro.

—A Aula de hoje é sobre ataque! – Repetiu o que já havia dito no começo do treinamento – Os Nadders são rápidos e ágeis, ou seja, vocês tem que ser MAIS rápidos e MAIS ágeis! 

—Estou começando a questionar os seus métodos de ensino, velhote! – Naruto praguejou enquanto protegia-se de laminas que o dragão estava atirando com a própria cauda.

—Encontrem o ponto cego – Fingiu não o ouvir – Todo dragão tem um! Escondam-se nele e ataquem!

Tentava me camuflar o quanto conseguia, me utilizando das curvas bruscas e estreitas do labirinto a meu favor. Já tinha visto guerreiros lutando com essa fera, sabia o que precisava fazer. Mas, por um pequeno momento perdi meu foco quando ouvi as gêmeas começarem a brigar de novo. Olhei para dentro do corredor do labirinto e as vi equilibrando-se para se manterem no ponto cego do dragão.

—Ino, você não toma banho, não?! Que fedor!

—Se não gostou, se vira para procurar o ponto cego sozinha!

Eu não conseguia acreditar que elas poderiam ser tão cabeça de Orck. O dragão, disparou uma rajada de fogo na direção das duas, que se salvaram por pouco, tinha quase certeza de ter visto a ponta de suas tranças chamuscadas.

—Ponto cego? Sim. Ponto surdo? Nem tanto – As vezes eu tinha vontade de entrar dentro da cabeça platinada de Kakashi e tentar entender o que se passa lá dentro. O sorrisinho escondido pela máscara permanecia presente o tempo todo.

—Mas, Kakashi, como alguém pode chegar perto de um Fúria da Noite? – Pelos deuses, ele ainda estava falando disso?!
—Ninguém nunca sobreviveu para contar a história, Sasuke – Respondeu parecendo tão incrédulo quanto eu – Agora volta já para lá!

—Eu sei, eu sei. Eu só queria...

—Sasuke! – Chamei sua atenção – Abaixe-se!

Ele pareceu notar que o Dragão estava perto, finalmente se calou e passou a prestar mais atenção. Passei para a próxima entrada do labirinto sem dificuldades, Shikamaru e Naruto vieram logo atrás de mim, mas o Uchiha não sabia ser silencioso quando precisava. 

Corremos desesperadamente do animal nos espalhando pelo labirinto. Estava pronta para atirar meu machado na cabeça dele quando Naruto me empurrou. E eu juro que a minha vontade naquele momento era acertar a cabeça DELE com o machado.

—Com licença, Sakura. Deixe que esse Viking faça isso – Ele lançou a própria arma na direção do Nadder, ou melhor, tentou, porque aquele machado não passou nem perto de matar o mosquito que estava bem ao lado – E-er... O Sol me atrapalhou, Sakura! O que você quer que eu faça? Que tape o Sol?!

Preferi não espera-lo e voltei a correr, atrás de mim apenas continuava a ouvi-lo dando desculpas esfarrapadas.

—Eu até poderia tampa-lo, mas agora estou sem tempo!

“Homens”. Revirei os olhos. Será possível que somente Shikamaru era sensato naquele lugar?! O moreno estava se saindo bem enquanto usava as sombras das grandes paredes para se camuflar e ficar longe do campo de vista do dragão.

O Clã Nara era um clã muito conhecido por sua inteligência, mas também por suas habilidades de infiltração, eles podiam sumir diante dos nossos olhos sem ao menos sabermos o que estava acontecendo.

Olhei novamente ao redor e vi Karin ao lado de Hinata. Ambas também estavam conseguindo se manter bem, ao menos melhor que Ino e Temari certamente. Atentei-me a Hyuga de olhos perolados e as dúvidas que compartilhei no dia anterior com Sasuke vieram a tona, ela poderia estar envolvida em alguma coisa? 

Não importa o quanto tente forçar a memória, não consigo me lembrar qual era a estatura do nosso suspeito, a capa atrapalhava até mesmo para tentar descobrir algo sobre o porte físico, mas eu precisava ao menos ter absorvido algum detalhe, qualquer que fosse. Sei que não deveria ficar julgando as pessoas assim, mas é instintivo, algo me incomoda em relação a essa família e eu estou decidida a descobrir o que é. 

—Sakura, abaixe-se! – Karin me alertou, tirando-me dos meus pensamentos e me salvando de uma bola de fogo eminente. 

—Obrigada – Sibilei para ela, sorrindo em agradecimento.

A Uzumaki piscou para mim em resposta, logo já começando a correr novamente pelo labirinto. Conheço Karin quase o mesmo tempo que conheço Naruto, mesmo sendo um ano mais velha a garota nunca se importou em se divertir com as "crianças encrenqueiras" da cidade. Ela e o irmão de criação pareciam enviados de Loki quando queriam atentar a vida de alguém, preciso confessar que por mais que levassémos broncas, não deixava de ser divertido. Mas, nos últimos tempos ela estava distante, o próprio Naruto veio até mim e disse estar preocupado com ela. Mas, agora, ela estando aqui conosco, tem o deixado radiante, mesmo que ele se recuse a admitir. 

Enfim, preferi ir na direção contrária a das meninas, mas acabei dando de frente com o animal de novo. Ele chegou verdadeiramente perto, perto de mais, o que me obrigou, em um ato de desespero, escalar as paredes do labirinto até chegar no seu topo, acreditando que ele não me seguiria até lá.

Ledo engano. 

O peso do animal sobre as paredes era grande de mais, uma após outra começou a cair em efeito dominó a cada pisada que o Dragão dava atrás de mim.

—Mas, Kakashi, alguém tem que ter visto um Fúria ao menos uma vez! Não é possível...

Pulei por cima do Sasuke, o utilizando para amortecer a queda num momento surpresa, o animal caiu mais longe, um pouco atordoado, mas não me dando tempo o suficiente. Ele recuperou-se rapidamente e já vinha em nossa direção.
Tentava me desvencilhar de Sasuke que ainda estava debaixo de mim, tentando de alguma forma ajudar, o que só piorava tudo.

—Parece que temos um novo casal! – Ouvi Naruto zombar maliciosamente.

—Ela merece coisa melhor – Dessa vez ouvi Ino.

Queria berrar para todos calarem a boca e virem me ajudar.

O que aconteceu a seguir foi muito rápido, meu machado estava preso no escudo de Sasuke, vendo que não conseguiria solta-lo a tempo, arranquei brutamente o pedaço de metal do braço do garoto, girei-o no ar e acertei a cabeça do dragão no momento certo. 

A adrenalina pulsava em minhas veias enquanto encarava surpresa por ter conseguido nocautea-lo.

—Muito bem, Sakura – Ouvi Kakashi dizer lá de cima. Mas meu foco agora era outro.

Virei-me furiosa para Sasuke e o agarrei pelo colarinho de sua armadura.

—Você tá achando que isso aqui é brincadeira?!

Ele arregalou os olhos, me encarando assustado, assim como a maioria deveria estar também.

—Eu não sei o que está acontecendo com você, de verdade! Mas, você precisa entender que a guerra dos nossos pais vai se tornar a nossa – Podia sentir minha própria têmpora pulsar – Decida logo de que lado você está.

O soltei. 

O baque surdo do seu corpo contra o chão não me abalou. Virei-me para ir embora e não me atrevi a olhar para trás.
 

}|*|{


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Notas finais do capítulo

Hey mina, td bom?
Espero q sim

Mas uma pergunta importante, gostaram??? ;3

Comentem q isso ajuda a melhorar cada vez mais a história

Compensando tds nossas falhas estamos com esse cap gigante da nossa rainha

Sinceramente eu to agoniada com esse casamento dela com Itachi

Amo a história das amizades dela

Descobrimos mais como a vila é dividida e como funciona algumas coisas

Sinceramente medo do Sasuke sombrio kkkkkk
Sharingan na cara da sociedade

Nossa essa luta contra o Nadder com o Sasuke 100% distraído, o q ele foi útil na ultima vez ele ta recompensando nessa vez

Tensa essa briga deles, até Pq já não tava aql clima legal entre os dois

Queria comentar mais de 8000 coisas mas não tem como então deixa só isso kkkkkk

Bye
Até a próxima
~ Heiel ✩



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