Riddare Drakar escrita por BellatrixOrion, HeielBlueSky


Capítulo 19
Capítulo 18 - O Cavaleiro e seu Dragão


Notas iniciais do capítulo

Okay okay, não é uma miragem.
Não é um sonho.
Não estamos em treinamento!
RD está de volta meus amores ♥ ♥ ❤️
Se passaram alguns anos desde nossa ultima publicação, mas muita coisa aconteceu, idas e vindas, coisas da vida, faculdade, responsabilidades, noivei esse ano ♥ e agora começou também as correrias do casamento, ou seja, loucura loucura kkkkkkkk
Mas, aqui estamos com essa surpresa nada esperada para vocês, espero que gostem do capítulo, ele foi feito com muito amor e carinho.
E claro, já deixamos mais dois prontinhos, só esperando para serem postados para vocês não sofrerem novamente com um limbo tão gigantesco ❤️
Então, sem mais delongas, aproveitem o retorno de nosso menino Sasuke e o queridissimo (verdadeiro protagonista cof cof) Aoda.
Boa leitura meus Vikings ❤️

Beijinhos estrelares ❤️

~Bellatrix_Orion



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Capítulo 18 - O Cavaleiro e seu Dragão

Como numa bela e extraordinária pintura, um mar de nuvens estendia-se pelo céu.

Nuvens de um branco imaculado, quase como se fosse sagrado.

Talvez, seria possível apalpá-las de tão marcantes que eram as curvas de seu corpo.

O azul límpido as revolvia de maneira tal que as deixava ainda mais esplêndidas e majestosas, tornando o cenário, por completo, em uma obra única, que nenhuma mão humana poderia reproduzir.

O sol, por sua vez, trazia com seus raios as nuances de tons luminosos e quentes. Eles aqueciam agradavelmente tudo o que podiam e não podiam alcançar.

O vento soprava sua brisa suave.

Os sons das ondas emolduravam a contemplação.

Um espetáculo da mais pura harmonia e paz, eternizado naquele milésimo de segundo revelava-se em toda sua beleza a quem estivesse disposto a observá-lo e apreciá-lo.

Porém...

Num súbito momento...

A bela paisagem pacífica se viu sendo rasgada por uma sombra negra que atravessava o céu.

Montado nesta figura, havia um cavaleiro, coberto da cabeça aos pés, que comandava os movimentos da sombra de forma harmoniosa e precisa, como se estivesse habituado a fazer aquilo já a muito tempo.

O vento ricocheteava os cabelos negros que insistiam em escapar do capacete que ele usava. Sua armadura, ainda mais negra que os seus próprios cabelos, era revestida de escamas, grossas e reluzentes, o que a tornava mais que propícia a cumprir bem o propósito de protege-lo da quebra das barreiras do ar.

Mesmo assim, para ele, não havia o que temer.

A abóbada celeste era sua segunda casa.

Com um movimento de pés, o cavaleiro e a sombra começaram a subir ainda mais acima das nuvens, impulsionando-se com a adrenalina que os dominava. Era possível ver o rastro que era deixado por aquelas figuras tão distintas daquele cenário pacífico de outrora, tornando óbvio que não se tratava de uma miragem ou uma ilusão, mas, talvez, o complemento faltante que aquela pintura aguardava.

Então, de repente, a sombra parou.

Num milésimo de milésimo de segundo.

 Interrompendo o bater de suas asas e permanecendo plena no que parecia, mais uma vez, um lapso temporal feito exclusivamente para que aquela beleza pudesse ser apreciada.

Ali, ambos pareciam um só, unidos ao grande espetáculo que a natureza curiosamente parecia determinada a entregar.

Porém, logo depois, tudo se desfez quando a sombra e seu cavaleiro despencaram do céu.

Seus corpos eram atraídos de encontro a terra numa velocidade extasiante e surpreendente.

Entretanto, assim que pareceu que seriam engolidos pelas águas revoltas, as longas e majestosas asas voltaram a bater, os fazendo planar sobre elas.

Era uma brincadeira divertida, e talvez perigosa, que eles haviam adotado, mas aquilo ainda não era o que eles realmente vieram fazer ali naquele dia.

—Estamos quase chegando nos picos, fique atento – O cavaleiro bradou para a o animal negro, este pareceu assentir, compreendendo a ordem de seu guia. Mais um movimento de pés foi feito, alternando a posição da calda do animal, o que o permitiu planar sozinho.

O jovem, por sua vez, tirou de suas costas um arco, este era feito de uma madeira muito bela e flexível,  sua curvatura acentuada fazia com que as flechas pudessem ir muito mais longe do que qualquer outra ousaria tentar, além disso, havia delicados e belos entalhes por todo o seu corpo, provavelmente feitos pelo próprio arqueiro, os detalhes eram minuciosos seguindo as mesma forma por toda sua extensão,  raios que ligavam-se entre si formando o que parecia ser uma corrente infinita de energia.

Assim que se posicionou, tirou uma das flechas que carregava na aljava, está estava firmemente presa ao seu corpo, quase como se estivesse fundida junto com o resto da armadura, acompanhada de uma tampa protetora que impedia que as flechas caíssem.

Ele então se preparou. Esperando o momento certo.

Aos poucos o mar de nuvens começou a se dissolver, mostrando os topos dos grandes picos de Delling, pontudos e rochosos, sedimentados pela ação da natureza com o passar dos anos.

Abaixo deles, o profundo, obscuro e revoltoso mar banhava suas encostas. As ondas chocavam-se sobre as rochas violentamente, fazendo seu som ecoar ao longe. 

O Cavaleiro, então, posicionou-se, os olhos atentos a cada detalhe, mantendo-se firmemente sentado sobre as costas do animal, puxou a flecha de encontro ao arco, os posicionando bem próximos de seu rosto. Suas obsidianas negras estavam estreitadas e quando encontraram o que procurava, disparou, sentindo a pena cortar levemente a sua bochecha.

A flecha voou e atingiu em cheio um alvo previamente colocado entre as pedras.

Mas não havia tempo de comemorações.

Mais picos foram surgindo, e em cada um, um alvo posicionado de maneira diferente aguardava o cavaleiro e sua sombra, estes eram atingidos com maestria um a um na medida que mais e mais eles avançavam dentro dos penhascos.

 Quando pode avistar o último pico com o último alvo que os aguardava, o jovem decidiu ser ainda mais ousado, colocando-se de pé sobre o torço do animal e voltando a mirar.

Daquela maneira, era muito mais difícil manter o equilíbrio, o cavaleiro negro chegou a cambalear algumas vezes, mas não foi o suficiente para fazê-lo desistir, puxou a última flecha que ainda restava em sua aljava e se posicionou.

Olhava firmemente para o ponto estratégico em que o último alvo o aguardava. Tencionou a corda do arco em seu limite, calculado em sua mente o momento certo para solta-la, o vento parecia ainda mais forte naquele ponto, o que poderia atrapalhar a trajetória, mas apesar de tudo isso, não havia qualquer sinal de dúvida nas obsidianas negras.

Ele tinha absoluta certeza do que iria fazer.

E ele fez.

Quando finalmente atirou, a flecha seguiu rápida, quase não podendo ser vista durante o trajeto, mas não houve dúvidas de seu destino no momento que ela encontrou o alvo e o atravessou por completo.

Ao fim, viu-se erguendo os braços em comemoração.

— Conseguimos! Conseguimos, Aoda!

O dragão soltou sons de comemoração em resposta ao seu tutor.

Mas, por conta da agitação, o equilíbrio já um tanto debilitado por conta do vento foi-se por completo, derrubando o cavaleiro de cima do seu dragão.

Mas, por sorte, havia uma fivela de couro previamente atada firmemente no tornozelo de Sasuke, evitando uma possível queda e apenas o deixando pendurado de cabeça pra baixo.

— Pare de rir de mim, Aoda! -  Ralhou ao perceber que o Dragão se divertia com sua situação deprimente, ainda mais depois de ter conseguido algo tão incrível - Não esqueça que precisamos chegar inteiros ao chão!

Ainda não mostrando qualquer interesse em ajudar seu tutor, o dragão continuou seu voo enquanto se divertia vendo o jovem pendurado e esperneando logo abaixo de si, falhando miseravelmente em suas tentativas de voltar para a montaria.

— Fique sabendo que você vai ficar um bom tempo sem peixes, ouviu?! - Bradou irritado, finalmente se dando por vencido - Pode esquecer os seus queridos bacalhaus, os salmões e...

Não teve tempo de terminar, pois o dragão deu um solavanco que o lançou para cima e o colocou de volta sobre o dorso do animal, como se nada tivesse acontecido, nem para ele e muito menos para o dragão.

— Você é um grande de um interesseiro, Aoda! - O repreendeu rindo, não conseguindo ficar irritado com ele.

Juntos, eles mergulharam mais uma vez no meio das nuvens.

}|*|{

Sasuke

Mês de Tvímánuður (Verão)

Ainda montado em Aoda, permanecemos mais algum tempo voando por entre os penhascos de Delling, a sensação de liberdade era estarrecedora, e eu estava determinado a aproveitá-la o máximo que me fosse possível. Afinal, eram em momentos como aqueles que eu podia respirar de verdade, sem deixar que minha mente voltasse a remoer o mesmos pensamentos de sempre.

Já fazia alguns meses desde o fatídico dia do anúncio do "casamento do século", eu achava que o tempo esfriaria o alvoroço, mas a notícia mais aguardada da última década não é algo que se esvairia tão facilmente, para minha completa, mas agora já aceita, infelicidade.

Além disso, o aniversário do meu irmão estava chegando, depois da última conversa que tivemos o clima estranho que estava instaurado entre nós por dias, finalmente, parecia ter desaparecido, pudemos voltar a nossa relação de sempre, apesar de Itachi estar mais ocupado do que nunca com assuntos do clã e do império. Mas, não era só o seu aniversário que estava a caminho, Sakura nasceu no mês de Haustmánuður e, por conta do casamento, Fugaku achou que seria uma boa ideia fazer uma comemoração conjunta.

Por causa disso, Konoha nunca esteve tão polvorosa, tanto o clã Uchiha quanto o Haruno estavam correndo atrás dos preparativos para o evento, seja as decorações, comidas, músicos e entretenimento geral, convidados de outros reinos e afins, se depender de Fugaku ele vai fazer o festival de verão não passar de uma brincadeira de criança perto da comemoração do aniversário do casal mais aclamado de todos.

Se para o aniversário está assim, não quero nem pensar na preparação do casamento.

Eu, por outro lado, estava exausto. Tanto mentalmente quanto fisicamente, afinal, os últimos meses pareceram como uma lufada de fogo de um Terror Terrível bem na minha cara.

Não consegui descobrir mais nada sobre Orochimaru ou sobre seu informante, gastei horas dos meus dias na Biblioteca Central a procura de qualquer coisa que pudesse se referir a aquele homem misterioso e sádico, mas não encontrei nada, nem si quer uma menção, como se, quem quer que seja, estivesse determinado a esconder sua existência a todo custo, restando-me apenas as histórias que circulam pelas ruas do império ou os contos sobre um terrível homem dragão para assustar as crianças. Ele mesmo nunca mais deu as caras, nem seu informante parecia estar em atividade, ou talvez tenha ficado mais cuidadoso por agora saber que eu sei que tem alguém perambulando por ai com nossas informações.

Claro, ainda tinha que dividir minha rotina entre o treinamento Hunter e cuidar do Aoda, o que acabava sendo um treinamento completo mesmo sem eu ter essa intenção, tenho aprendido muito com o dragão negro e colocado em prática durante as aulas, até eu mesmo consigo sentir minha melhora, e, curiosamente, também no manejo das armas. Eu sempre me afeiçoei muito mais ao arco do que qualquer outra, afinal era a única arma que meu até então corpo franzino era capaz de manusear, mas recentemente voltei a me dedicar de verdade a aprender a usá-lo depois de termos uma aula sobre "Equipamentos para Batalha" com Kakashi, e devo dizer que minha melhora foi incrivelmente rápida, muito mais do que eu esperava que seria, comecei treinando com o Aoda na clareira, com ele criando alvos de fumaça no céu para que eu pudesse acertar, depois, passei para a floresta, conseguindo ter uma caça bem sucedida pela primeira vez na vida e dar algo diferente de peixe para meu amigo réptil, para, enfim,  chegar aos Penhascos de Delling. Claro, não foi um caminho "fácil", mas depois do que consegui fazer hoje eu só podia me sentir absurdamente orgulhoso de mim mesmo, como nunca havia me sentido.

Mas, as preocupações também dividiam espaço com minhas pequenas conquistas.

O dia em que fui atingido pelo raio ainda perdurava nas minhas lembranças, quando não nelas, nos meus sonhos. As marcas no meu corpo clarearam consideravelmente, mas ainda estavam lá, como para me provar que aquilo realmente aconteceu e que não se tratou de um sonho ou algo do gênero. Ainda que mais claras, passei a tomar um verdadeiro cuidado em deixa-las expostas, evito qualquer roupa com mangas curtas ou que deixam alguma parte de meu torço a vista, elas não doem e nem são incômodas ao toque, mas a última coisa que quero é gerar perguntas que eu não poderia responder,  mesmo se eu quisesse, já que tudo envolvendo aquele dia continua parecendo um mistério enevoado para mim.

A Raiva.

A Impotência.

A Energia.

O Raio.

Os Olhos Escarlates.

Eles, inclusive, não voltaram a aparecer, o que me faz pensar que talvez só possam surgir quando experimento algum tipo de emoção muito forte. Mas, não é mais um mistério para mim que, definitivamente, algo mudou naquele dia.

E talvez ainda esteja mudando.

Mas não sei se estou pronto para essas mudanças.

Mesmo que, paralelamente, eu esteja ansioso pela próxima corrente que será quebrada.

Assim que pousamos novamente na clareira das grandes rochas, mal tivemos tempo de desaparatar das tralhas de montaria para sermos recebidos com muita alegria pelo Vulpe Skoropi. Já fazia algum tempo desde que eu havia começado a treinar e alimentar ambos os dragões, o Vulpe finalmente estava completamente recuperado de seus ferimentos e já até conseguia ir e vir sem mais muitos problemas com suas asas, eu até pensei que depois que ele estivesse melhor ele partiria, mas não foi isso que aconteceu, mesmo que não o visse todos os dias de forma regrada, suas visitas nunca deixavam se espaçar mais que uma semana, o que acabou tornando sua presença muito familiar tanto para mim quanto para Aoda, este por outro lado ainda tinha um pouco de ciúmes do dragão raposa, mas eu sabia que, apesar de suas crises por atenção, ele estava muito bem ciente que era meu fiel companheiro e não havia qualquer possibilidade daquilo mudar, no fim, a convivência dos dois se tornou algo realmente curioso, posso até ousar dizer que o Vulpe Skoropi tinha o privilégio de se considerar o primeiro amigo do Fúria da Noite, mesmo que talvez o próprio Aoda nunca admitiria se entendesse o que eu quero dizer.

Depois de declarar que a comida estava servida, me afastei das duas feras esfomeadas e me pus a observá-los me acomodando em uma pedra próxima. Enquanto fazia isso, acabei dando um sorriso de lado ao me atentar o quão peculiar meu dragão negro era, desde que o Vulpe Skoropi começou a aparecer mais regularmente reparei que Aoda era único dragão que eu já vi assar sua carne antes de comer, o outro não se importava tanto, até surrupiava alguns peixes do cesto em momentos que eu ou Aoda estivéssemos distraídos, mas acabava, por fim, comendo do jeito do Fúria da Noite, já que este grelhava todos os peixes antes do dragão raposa ter qualquer possibilidade de escolha.

Mas, apesar da graça recém percebida naquela interação entre os dois répteis gigantes, algo vinha me incomodando profundamente, a ponto de eu já não mais me contentar em apenas ficar incomodado como passei a dedicar outra boa parte dos meu pensamentos para tentar resolver isso,  mesmo que ainda não tenha tido o sucesso esperado: Chamar o dragão com a calda que lembrava um escorpião pelo nome de sua raça já não me parecia certo, afinal de contas, ele não era mais um animal qualquer que eu havia acabado de conhecer, eu o havia salvo de ser morto pelos meus companheiros e, possivelmente, pelos Hunters que certamente foram enviados a floresta naquele mesmo dia para caça-lo, além disso, ele passava mais tempo comigo do que boa parte dos humanos que eu conhecia e não me parecia justo apenas me contentar em chamá-lo de Vulpe Skoropi.

Suspirei frustrado, o que acabou chamando a atenção de ambos os animais.

— Eu preciso te dar um nome - falei resignado - assim como o Aoda, não dá para ficar te chamando para sempre de Vulpe Skoropi.

Aoda apenas voltou a comer, dizendo que definitivamente não estava nem um pouco interessado, por outro lado, o dragão raposa se aproximou curioso, como se esperasse uma ideia minha. Mas, mesmo me esforçando muito eu não consegui chegar a lugar nenhum, o que me levou a apenas acariciá-lo e tentar conforta-lo.

—Vou tentar ter uma ideia até amanhã, apareça aqui.

Aparentando ter entendido, o dragão foi embora, impulsionando-se de volta ao céu e partindo fazendo acrobacias engraçadas que arrancaram uma boa gargalhada minha. Naquele momento, curiosamente, aquele dragão me fez lembrar de Naruto.

}|*|{

No outro dia, eu já estava a caminho da Arena para mais um dia de treinamento, pelo trajeto me propus a pensar num bom nome para dar para o dragão e me mantive focado nisso por muito tempo, se quer notando o que acontecia a minha volta ou quem passava por mim.

Estava tão completamente perdido em meus pensamentos que mal vi o momento que Naruto surgiu por trás e pulou no meu pescoço de surpresa, quase me derrubando no processo.

— Teme, acordaaaa, o que aconteceu que  você parece estar viajando pelos nove reinos?

Eu resmunguei em resposta pelo braço do Uzumaki estar apertando meu pescoço, mas alto o suficiente para fazê-lo entender - Não é nada demais, Dobe.

Curiosamente, ele não tentou insistir no assunto. Talvez ele tenha acreditado ou simplesmente preferiu deixar pra lá, mas o fato é que mesmo o desatento Naruto Uzumaki vem percebendo que tenho estado diferente nos últimos tempos, porque mesmo com toda a desgraça envolvendo o casamento, Sakura e toda e qualquer coisa do gênero, esses fatos não pareciam me afetar tanto quanto no dia do anuncio, ou em como eu estava no dia que eu o Dobe lutamos, apesar de continuar frustrado em como meu destino está sendo escrito sem meu consentimento, estava sabendo lidar melhor com isso do que antes, o que só me dava mais certeza de que a corrente que ouvi se partir naquele dia, realmente não me atava mais, apesar de, às vezes, ainda sentir um peso fantasma em meus pulsos.

— Quer ir lá em casa? - o loiro voltou a se pronunciar depois que me libertou de seu mata-leão e passou a me acompanhar na direção da Arena - Dona Kushina ta com saudades de você e eu tô precisando revisar umas informações sobre dragões, Kakashi vai me matar se eu não souber responder ele na semana que vem.

— Deixa a tia Kushina ficar sabendo que você anda chamando ela pelo nome por ai - Isso fez o loiro me olhar com cara de poucos amigos, numa mensagem clara e silenciosa de "Fala que eu te mato" o que não me impediu achar cômico, mas logo reparei no que ele disse sobre Kakashi - Espera, porque o Kakashi está pegando no seu pé?

— Por Odin, Sasuke, você não tava na aula de ontem não? - De corpo sim, mas de mente já é outra história - Ele disse que eu sou o aluno com mais chance de reprovar por não saber o básico de informação sobre os dragões apesar das minhas habilidades físicas serem boas - relatou frustrado enquanto chutava uma pedrinha no meio do caminho - Resumindo, ele vai aplicar um teste em mim para saber se eu consigo me adaptar numa situação de risco sem acabar morto por causa da minha "falta de informação".

— Mas, não era você que dizia que as aulas seriam fácies?

— Eu não sabia que qualquer coisa podia ser a causa da minha morte! - Disse exacerbado - Droga, como ele espera que eu decore tantas informações de milhares de espécies diferentes de dragões?! Você sabe que eu amo minha cicatriz e ela ficou muito maneira, mas uma cicatriz num corpo morto pela fúria da minha mãe não vai servir para eu me orgulhar! Então, por favor, vai me ajudar, Teme?

— Pense pelo lado bom, morrendo em batalha é entrada garantida pelos portões de Valhalla - O provoquei enquanto continuava pelo trajeto em direção a Arena, me divertindo com um Naruto bufando e esbravejando logo atrás.

— Seu Filho de Ork! Não me deixa falando sozinho!

— Acho que realmente sou um filho de Ork! - O respondi, o que pareceu deixá-lo ainda mais irritado enquanto eu me divertia.

O caminho continuou com minhas provocações e as reações exageradas do Uzumaki por um bom tempo até que finalmente concordei em ajudá-lo. Teria 2 dias para fazer Naruto colocar algo naquela cabeça de vento e tentar salvá-lo de uma possível reprova no exame hunter, mas, apesar de saber muito bem que o loiro odeia estudar, eu também sabia melhor que qualquer um que se ele estivesse determinado, e ao que parece estava, ele aprenderia qualquer coisa.

Então, assim que a aula do dia terminou, ambos seguimos juntos para a Fortaleza Uzumaki carregando diversos livros e pergaminhos que pegamos na Biblioteca Central.

A Fortaleza do Clã Uzumaki ficava na exata extremidade oposta da Fortaleza do Clã Haruno já que ambas as famílias eram responsáveis pelo porto e suas sedes eram estrategicamente perto dele para facilitar a administração, além disso, a localização proporcionava uma vista muito bonita para o Mar de Ran independentemente de onde estivesse dentro dos domínios. A casa principal estava erguida ao centro, em pedras de mármore robustas e claríssimas que só podiam ser conseguidas nos "Castelos de Mármore", uma região próxima ao extremo oeste, quase ao lado de uma das vilas de Jörð, ali é uma área belíssima de córregos e rios com formações rochosas de mármore por suas extensões, eles por sua vez vêm de minas que são regidas pelas pessoas que moram nessa vila. A maior parte de pedras e minérios saem de lá para suprir todo o império, é um lugar rico e abundante, mas que é fortemente protegido para evitar que oportunistas tentem explorar gananciosamente o que consideramos como um “presente dos deuses".

Adentramos as robustas portas de carvalho e logo já me deparei com o salão de entrada, num geral, as Fortalezas dos Clãs não eram tão grandes quanto a Fortaleza Uchiha, talvez o único que fuja a regra seja o clã Hyuga que gosto de dizer que tem "Mania de Grandeza", mas, apesar disso, em questão de beleza cada uma tinha seu diferencial que trazia características muito fortes daquela família. É muito fácil entender quando vejo qualquer membro do Clã Uzumaki, por exemplo, passar em frente a Fortaleza e seu cabelos vermelhos contrastarem com o branco puríssimo, automaticamente me fazendo lembrar da capa característica do clã.

Naruto e Minato eram as únicas exceções pontuais, é claro.

Por fim, me dirigi com o loiro até o seu quarto, ele ficava no segundo andar assim como o meu. Porém, logo que entramos, quase tomei um susto, mesmo já tendo vindo ali tantas vezes, eu apenas não conseguia lidar com a bagunça do quarto do meu melhor amigo, e naquele dia em específico, parecia muito pior.

— Por Odin, você foi atacado por um dragão?!

— Há muito engraçado, Sasuke.

— Cara, é sério, como você vive desse jeito? - Perguntei incrédulo ainda sem ter coragem de entrar no quarto - Não sei como sua mãe não te matou ainda!

— O que os olhos não veem, o coração não sente - Deu de ombros, me empurrando para eu, enfim, adentrar aquele campo de batalha.

Tinha coisas espalhadas por todos os lados, desde roupas a espadas e machados, quase não tinha lugar no chão para se pisar e eu precisei usar todo o equilíbrio que adquiri treinando com o Aoda para não ser sugado por algum portal, que certamente, estava escondido ali embaixo.

—Definitivamente - Disse atraindo a atenção do loiro enquanto pegava um dos machados do meio do caminho e o encarava determinado - Vamos ter muito trabalho.

}|*|{

Kushina encarava a cena que se desenrolava a sua frente completamente incrédula, provavelmente questionando a si mesma se estava sonhando ou era uma visão dos deuses.

Ela havia subido para nos cumprimentar assim que chegou na fortaleza depois de ter passado o dia fora resolvendo assuntos do clã junto de Minato. Já tinha algum tempo desde a minha última visita, então imaginei que ela viria o quanto antes assim que soubesse que eu estava por aqui.

— Mas o que aconteceu com esse lugar?! - E talvez, só talvez, ela não estivesse preparada para o que encontrou quando abriu a porta do quarto de Naruto - Desde quando esse quarto tem um chão?!

Bem, digamos que eu não tinta a menor  pretensão de ensinar qualquer coisa para o Dobe naquele quarto de fim de mundo como ele estava, então "sugestionei"  ao meu amigo de longa data que fizéssemos uma pequena organização, alegando que ele nunca teria qualquer chance de conquistar a herdeira Hyuga, ou de receber a bênção de sua família, se não aprendesse a organizar as próprias coisas como um digno herdeiro deveria minimamente fazer, dramático, eu sei, mas isso pareceu deixa-lo curiosamente motivado a dar um fim aos dias de guerra para aquele pobre cômodo, então posso dizer tranquilamente que minha estratégia funcionou.

Talvez, se o quarto falasse, ele me agradeceria.

Mas, sinceramente, devo admitir que encontrei coisas embaixo daquele desastre que preferia não ter encontrado. Eu nunca sabia se estava pegando em alguma comida estragada ou em algo que havia se transformado daquele lixo e adquirido vida própria. As ajumas quase não estavam dando conta de trazer sacos e mais sacos de linha para eu me livrar de toda aquela bagunça e sujeira.

Definitivamente, foi um longo dia.

Só começamos as revisões quando a hora da tarde já era avançada, pouco tempo antes de Kushina chegar e quase morrer do coração ao nos ver num ambiente decente e habitável.

— Obrigado, mãe, suas palavras são tocantes - o loiro respondeu revirando os olhos.

— Mas-mas - Ela estava realmente incrédula, gaguejando e sem conseguir formular uma frase completa, apenas dividindo seu foco entre nós e o quarto sem saber o que fazer, por isso decidi intervir.

— Tia Kushina, a quanto tempo, como vai? - levantei- me e fui até ela para cumprimentá-la, o que pareceu tira-la do transe, finalmente - Vim ajudar o Dobe a organizar a zona de guerra e aproveitamos para revisar algumas coisas para as próximas aulas - preferi omitir a parte que aquilo seria o que definiria se Naruto iria passar ou não no exame Hunter para não preocupa-la, e evitar uma morte prematura, já que certamente o loiro me mataria se eu dissesse qualquer coisa, ou talvez o morto seria ele.

— Você é um enviado dos deuses, Sasuke! - Ela me abraçou subitamente, levantando meu corpo do chão e quase me deixando sem ar - Obrigada por ser um amigo tão dedicado ao Ork do meu filho.

— Não - cof cof- precisa agradecer - Respondi o que consegui e o que meus pulmões permitiam enquanto eram comprimidos naquele abraço de urso.

— Imagina se visse como estava - Pude ouvir Naruto resmungar enquanto virava o rosto emburrado - Ja teria colocado o Teme num pedestal.

— Como assim, estava? - A mulher ruiva parou e finalmente me libertou de seu abraço matador - Você disse que tinha arrumado a um mês quando eu vi o estado desse lugar... - Ela se aproximou assustadoramente de Naruto, com os olhos prontos para soltar uma rajada de fogo se ela pudesse, e admito que, por um breve momento, realmente temi pela vida do meu pobre amigo - Quer dizer que você me desobedeceu?!

— Não! Não, mãe! É claro que eu tinha arrumado! É só que acabou bagunçando um pouco de novo - ele tentava se justificar enquanto se afastava da mãe aos tropeços, mas as minhas mãos com cheiro de seja lá o que diziam o contrário para aquela mentira deslavada - Eu nunca te desobedeceria! Eu seria um homem morto- quer dizer louco! Louco se fizesse isso!

A Matriarca não parecia estar convencida, mas, depois de um longo suspiro, e talvez pela minha presença, optou por nos convidar a fazer uma pausa e nos juntarmos a eles para o jantar, o que foi prontamente aceito por Naruto que só queria correr dali o mais rápido possível para um lugar com mais testemunhas que pudessem protegê-lo da fúria carmesim de Kushina Uzumaki.

Descemos as escadarias e fomos em direção ao salão de refeições, a decoração era muito parecida com o resto da sede, a mesa no centro era grande e feita de uma madeira maciça e escura, ela brilhava como se tivesse sido lustrada por horas a fio, as cadeiras eram recobertas por peles brancas, o que certamente era muito difícil de conseguir e sem contar no valor que cada uma daquelas peças deveria custar, além disso havia também algumas plantas espalhadas pelo cômodo, o que parecia o complemento perfeito para deixar a decoração completa.

Mesmo sem querer, sempre acabava fazendo comparações com a Fortaleza Uchiha, mas não conseguia deixar de assimilar o quão mais caloroso ali parecia do que minha própria casa.

Assim que entramos, logo já pude ver algumas cadeiras ocupadas. Minato estava na extrema ponta da mesa, do seu lado esquerdo estava Karin, com a mesma postura de seu tio, como se ambos apenas estivessem aguardando nossa chegada.

— Sasuke, a quanto tempo - Minato me cumprimentou com um leve aceno de cabeça enquanto abria um sorriso discreto.

— Para mim não é tanto porque nos vimos no treino hoje - Karin se pronunciou - Mas, fico feliz por um segundo encontro - A garota ruiva deu uma piscadinha apenas para fazer graça, o que funcionou já que todos acompanharam o riso que se espalhou ali.

Nos acomodamos a mesa, com Kushina ao lado direito do marido, Naruto ao lado da mãe e eu ao lado de Karin. Com um sinal de mãos a Matriarca alertou as ajumas e estas prontamente serviram nosso pratos.

O cheiro de Salmão logo invadiu o cômodo e temi que meu estômago tivesse roncado alto demais, assim que os pratos foram colocados a nossa frente, não me contive e logo me pus a comer aquele manjar dos deuses, sendo igualmente seguido por Naruto (um pouco mais barulhento do que eu).

Não sabia dizer se era por causa da energia gasta na arrumação do quarto do Dobe ou se aquilo realmente tinha vindo diretamente de Asgard, mas o sabor do Salmão estava excepcional, me deliciei sem me conter ou me preocupar com modos, aquela comida merecia ser degustada sem limitações.

— Então, Teme, - Naruto chamou minha atenção - Vai me dizer finalmente por que estava pensando no Ragnarok hoje?

— Dobe, nem brinca com isso, eu só tava pensando em um nome.

— Nome? Para que?

Por um breve momento fiquei sem saber o que usar como desculpa, não dava para simplesmente falar no meio de todos que eu estava procurando um nome para colocar em um dragão, mas como se uma tocha acendesse sobre minha cabeça, tive uma ideia.

— Eu... Estava folheando o livro de registros do império outro dia enquanto estava na Biblioteca Central passando o tempo, e olhando tantos nomes diferentes e "peculiares" me peguei pensando sobre como as pessoas escolhem os nomes dos seus filhos, as vezes é por uma característica que a criança tem quando nasce, ou uma homenagem a alguém querido, ou uma promessa aos deuses... Mas, percebi que...

— Que você é péssimo nisso? - Naruto me cortou - É eu imaginei - Não pude evitar de revirar os olhos - Mas, falando sério, nunca pensei nisso, Teme, mas acho que assim, pensando rápido, se fosse um menino eu daria o nome de Kurama e se fosse...

Antes que Naruto pudesse terminar de responder, Kushina o interrompeu, se levantando bruscamente da mesa e o agarrando pela orelha.

—Naruto Uzumaki, não ouse dar nome de Kurama para meu neto - Disse entre dentes com uma voz assustadora, que facilmente faria qualquer dragão se sentir acuado como eu mesmo estava naquele momento - Ele tem cara de animal agora?!

— A-AI MÃE, VOCÊ FICOU LOUCA?!

— EU FIQUEI O QUE?!

A partir daí, o jantar tranquilo se transformou num campo de batalha com Minato de um lado tentando evitar que a esposa desse uma surra no Naruto, Karin do outro tentando salvar o primo das garras da mulher furiosa e eu assistindo tudo sem saber se dava risada por aquela dinâmica familiar tão exótica ou se sentia um pouco de inveja.

Diante daquela cena, não conseguia evitar me imaginar ali, participando de tudo aquilo, de levar uma bronca da minha mãe por chegar tarde, ou por não me cuidar direito durante os treinos, ou então por alguma implicância idiota com Itachi ou Fugaku... Se isso significasse ela ainda estar aqui... Eu estaria feliz.

Por fim, quando todos acalmaram os ânimos, chegaram ao consenso de que Kurama não estava mais nem na possibilidade de nome para um futuro filho do loiro, e eu pude finalmente me despedir da família Uzumaki, claro, não sem antes receber o convite para voltar sempre que eu quisesse.

Antes de ir pra casa, voltei a clareira para alimentar um dragão negro que já deveria estar impaciente com minha demora.

— Aoda, cheguei.

O dragão veio todo feliz ao meu encontro, dei seus peixes, e quando ele já estava para terminar, o Vulpe Skoropi apareceu.

— Achei que não iria te ver hoje - O dragão se aproximou e eu pude recebê-lo com um carinho em seu focinho - Foi um dia realmente longo, mas acho que encontrei o nome perfeito para você.

Essa frase chamou atenção dos dois animais, que olharam com ansiedade para mim, aguardando o que eu iria dizer.

— Vulpe Skoropi... - Sorri para ele de forma confiante - Seu nome vai ser Kurama.

}|*|{


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Notas finais do capítulo

Helloooo meu amores vikings, vocês estão bem?

Primeiramente desculpas por 2 anos sem postar, como a Bella disse aconteceu muitas coisas nas nossas vidas pessoais, inclusive esse capítulo ia ser postado ano passado, mas enfim não era o momento.

Temos que agradecer a todos q leram e vão continuar acompanhando a saga do nosso príncipe Uchiha e seu companheiro Aoda!

Enfim vamos de leve comentários sobre o cap:
Amo eles voando, passa uma sensação de liberdade, inclusive admirem o nosso arqueiro

Sasuke sendo nosso Sasuke, faz algo incrível dps besteira, me identifico tanto

Já falei q odeio o Fugaku hj?

Adoro o mood do Sasuke preocupado com algo bobo, tipo nome do dragão

Prioridades sobre cicatriz: só fica maneira se estiver vivo

Curiosidade para vcs leitores, normalmente nessa relação eu sou o Sasuke, mas na questão do quarto, infelizmente 100% Naruto

Família Uzumaki>>>

Ahhh gente q fofo, Aoda q nem se importava como nome do outro, ficou curioso para saber o nome

Kurama veio aí e aposto q muita gente já imaginava q ele seria do Naruto

É isso galera, obrigada por tudo e até o próximo capítulo

~Heiel_BlueSky ✧



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