Protocolo - Bebê Aranha escrita por Pixel


Capítulo 19
Preste Atenção aos Pequenos Detalhes




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 A noite havia caído há muito tempo; ele podia ver isso por causa das enormes janelas de vidro que lhe permitiam ver o céu escurecido e sem nenhuma estrela. Era quase pacifico.

 A sede das Industrias Stark em D.C continua exatamente a mesma que ele se lembrava, apenas com um toque a mais de Pepper — ela era boa em deixar sua marca nas coisas — e surpreendentemente, era bom ver o lugar remodelado.

 Eles tinham acabado de terminar uma reunião com o concelho, uma particularmente longa demais para o seu gosto. Era, em grande parte, sobre os preparativos para a Fundação Maria Stark, que estava a literalmente duas semanas de acontecer; era normal que Pepper estivesse a par de tudo que estava acontecendo. Ela cuidava das grandes coisas, e ele cuidava dos pequenos detalhes.

 Todo ano Tony se empenha na Fundação Maria Stark — uma forma que ele arranjou de honrar sua mãe —, quase tanto quanto na Expo Stark. Apesar de ele adorar o evento beneficente, isso quer dizer que ele tem que lidar com algumas pessoas; não é como se ele não tivesse feito isso a vida inteira, mas ainda era chato ficar ao redor de “pessoas desagradáveis”, como Rhodey fala.

 Pelo menos essa vai a única coisa além do discurso que ele vai ter que se preocupar. Mas não quer dizer que não esteja gerando uma dor de cabeça desde já, principalmente quando ele sabe que Peter estará ao redor.

 Isso era algo que ele nem contou ao garoto ainda, e já podia sentir Pepper reclamar disso em seu ouvido.

 Tony precisou de alguns minutos para deixar isso de lado e tentar focar em alguma outra coisa, mesmo que isso fosse um pouco difícil.

 — Chefe, o senhor quer que eu coloque algum tipo de alarme? — Sexta-Feira perguntou, sua voz baixa o suficiente para apenas ele ouvir.

 Na sua frente, um holograma com seu mais novo projeto — algo bem mais pessoal e que Pepper sem dúvidas nunca aprovaria — pairava no ar. Tony estava trabalhando nisso desde ontem, trocando o sono por mais algumas horas no laboratório. Infelizmente, por mais que ele quisesse, era incapaz de deixar isso de lado, e aparentemente apenas alguns minutos eram o suficiente para ele se perder no projeto mais uma vez.

 Ele tinha ficado inquieto quando Peter demorou para chegar em casa no dia anterior. Sua mente já se preparando para o pior — era algo automático, estava fora do seu alcance. Quando fez o celular do garoto; colocando Karen, programações próprias, e claro, um rastreado embutido, ele jurou a si mesmo que só usaria em casos extremos. Entretanto, não foi uma promessa muito douradora.

 Foi preciso apenas um pequeno atraso para que ele se desesperasse e recorresse ao rastreador em busca de alguma resposta rápida, considerando que Peter não respondeu suas mensagens — talvez ele não tivesse dado tempo o suficiente para o garoto responder, mas ainda assim conta. Era bobo agir assim, ele deveria confiar um pouco mais em seu filho, mas Tony estava paranoico — quase em pânico —, ele só queria saber se o garoto estava bem.

 Ele só não esperava que estivesse algo errado no dispositivo.

 Quer dizer; Sexta-Feira mostrou exatamente a localização do celular — e, consequentemente, de Peter —, apenas para que o ponto vermelho aparecesse na Ponte do Brooklyn.

 No topo da Ponte do Brooklyn.

 Não fazia o menor sentido que Peter estivesse lá, sem contar que era praticamente impossível. Iria precisar de equipamentos especiais e não importa o quanto Tony tivesse tentado, ele não conseguiu imaginar uma única situação onde Peter tivesse terminado em cima da Ponte do Brooklyn. Era completamente impossível.

 Ele tinha feito algo errado com a programação do celular — talvez isso tenha sobrecarregado o rastreador e dado um curto circuito, se esse fosse o caso, ele estava feliz pelo aparelho não ter explodido na mão do seu filho —, o que não era tão incomum quanto ele gostaria que fosse; porque por mais que Tony fosse um gênio, ele era perfeitamente capaz de errar em algum momento.

 As causas podiam ser inúmeras; o rastreador poderia ter queimado e aleatoriamente estabelecesse uma localização errônea ou talvez tivesse algo errado apenas com a recepção do sinal; o que quer dizer que há algo de errado ou com o celular, ou com Sexta-Feira, e Tony conhece bem sua I.A para saber que ela teria reportado até o menos dos problemas.

Ele se sentiu cético desde o primeiro momento com a suas conjecturas, mas então, quando Peter finalmente atendeu o celular e Tony pode se acalmar, o ponto vermelho começou a se mover em alta velocidade, passando por cima das ruas e de prédios — literalmente, por cima. Era como um bug maluco, então ele teve certeza de que algo estava errado.

 Tony precisou admitir para si mesmo que o rastreador estava quebrado e a única forma de concertar isso era manualmente, mas ele não queria tirar o celular de Peter assim, tão abruptamente, então ele decidiu criar outra coisa. Algo que ele tinha certeza de que não iria queimar.

 Algo igualmente sútil, mas ainda tão bom quanto um celular.

 O holograma na sua frente era projeto de um relógio digital, e tinha uma aparência comum; cinza e simples — apesar de ostentar as siglas das Industrias Stark. Peter poderia, se quisesse, marcar um despertador, ver o dia, mês e ano. Até aí tudo normal, mas o que realmente interessa está escondido em suas programações.

 O rastreador dessa vez era de qualidade — não que o outro não fosse, mas esse ele mesmo usava, e se funcionava com ele deveria funcionar com Peter —, além disso, o relógio monitorava os níveis de estresse e as batidas do coração, sendo assim Tony estaria a par de tudo.

 Ele só estava tentando se convencer que nada disso era paranoico, que era apenas precaução. Ele só queria que seu filho estivesse bem, não havia nada de errado nisso.

 Certo?

 — Coloque um alarme quando os níveis de estresse estiverem muito altos — Tony murmurou, acenando para si mesmo em concordância. Ele realmente queria olhar as coisas pelo lado bom, o lado em que ele não fosse um pai super protetor. Era fácil se convencer.

 Ele ficou um tempo ali sentado, apenas revisando o projeto e girando de um lado para o outro, vasculhando por qualquer erro. Ele precisava ter certeza que o rastreado não fosse enlouquecer que nem antes.

 Acabou que ele nem percebeu a presença de Rhodey até que o amigo falou em voz alta:

 — Não sabia que as Industrias Stark estavam vendendo relógios — A voz de Rhodey o pegou desprevenido, tirando Tony do seu pequeno mundinho tecnológico. O bilionário se virou, oferecendo um rápido olhar para o amigo.

 Rhodey abriu espaço no assento vazio ao seu lado, olhando para o holograma com o cenho franzido. Tony podia ver as engrenagens girando na sua cabeça lentamente.

 — Isso é algo mais pessoal — Foi a única coisa que ele disse, mas conhecendo Rhodey, ele provavelmente entendeu sem que Tony precisasse explicar.  O amigo tinha vivido com ele tempo o suficiente para entender as pequenas coisas.

 E também para saber, melhor do que ninguém, o que se passava em sua cabeça.

 — É pro Peter? — Rhodey perguntou, levantando uma sobrancelha. Era claramente uma pergunta retórica, mas ainda assim Tony resolveu concordar com um aceno, se limitando a apenas isso. — Aquilo é um rastreador? — Ele disse isso como se a ideia fosse deplorável, o que fez Tony se encolher brevemente. — Tony, isso é um rastreador?

 Tony não precisava de um sermão para saber exatamente o que Rhodey pensava disso; ele podia até mesmo imaginar o que o amigo diria. Por isso deixou seus ombros caírem e então cruzou os braços. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, e os corredores vazios da IS não ajudavam em nada — nem mesmo um único som além da sua respiração podia ser ouvido.

 Era torturante.

 — Não acha que está sendo evasivo demais? — Rhodey perguntou, também cruzando os braços. Tony não precisou olhar em sua direção para perceber que ele estava levantando uma sobrancelha, podia perfeitamente sentir o julgamento em cima dos seus ombros.

 Tony suspirou, desejando internamente que não tivesse que passar por essa conversa. Ele e Rhodey já tiveram várias, e os motivos também sempre foram variados. Na maioria das vezes — na verdade, em todas as vezes — Rhodey estava certo; Tony nunca iria admitir isso.

 Ainda assim, ele tinha seus motivos — muitos deles — e Rhodey sabia perfeitamente disso. Talvez ele fosse a pessoa que mais o entendesse no mundo quanto a isso.

 — Você sabe que eu tenho meus motivos, Rhodey — Ele disse, não soando necessariamente melancólico, mas cansado, cansado o suficiente para que Rhodey adiasse essa conversa. Ele não queria falar sobre isso.

  A mudança no ar foi instantânea, deixou de ser tão tensa quanto antes. O silêncio que se seguiu não era desconfortável, era apenas o jeito de Rhodey dizer que sabia; sabia perfeitamente o que Tony está sentindo, e que por isso não tem argumentos contra as suas ações.

 — Sim... eu sei — Ele disse, deixando sua voz morrer nos corredores sem fim da recepção.

 Tony deixou que a conversa morresse ali mesmo; ele tinha tanta coisa para falar, mas sabia que até mesmo o menor dos assuntos se voltaria para isso, se voltaria para Peter. Era melhor evitar por agora, talvez Rhodey possa lhe dar um puxão de orelha depois.

 O bilionário passou a brincar com o celular, o girando entre os dedos várias vezes, era a única coisa naquele momento que era capaz de lhe distrair. Foi então que seus olhos se abaixaram para as mãos de Rhodey, mais especificamente para a sacola que até então ele nem sequer tinha notado.

 — O que é isso? — Ele perguntou, gesticulando para a sacola, não escondendo a diversão em sua voz. Era apenas uma, mas Rhodey parecia estar a carregando com uma certa proteção.

 Rhodey sorriu.

 — Um presente pro meu sobrinho favorito — Ele explicou, um certo animo surgindo em sua voz, o que fez o próprio Tony sorrir. — Espero que ele goste

 Tony revirou os olhos para isso.

 — Desse jeito ele vai se acostumar — Tony disse, como se estivesse repreendendo não somente Rhodey, mas todos os Vingadores e também Pepper; talvez a si próprio.

 — Não consigo ver se tem algo ruim nisso — Rhodey respondeu, fazendo Tony suspirar.

 Tony, particularmente, não sabia como se sentir sobre isso — sobre toda essa atenção que todos estavam dando para o seu filho, como se ele fosse uma criança que todos queriam mimar. Era doce observar, e não, o que ele sentia não era necessariamente ciúmes, na verdade, parecia mais uma satisfação. Peter estava se dando bem com o novo ambiente e com as pessoas que, querendo ou não, agora faziam parte da sua “família”. Era um motivo para se sentir aliviado.

 As coisas estavam indo bem.

 Tony abriu a boca para responder, talvez perguntar o que era, mas não teve tempo. Ele foi interrompido pelo celular em suas mãos, que começou a tocar uma música alta que pareceu ecoar por toda a recepção. Ele não hesitou em atender a ligação, nem ao menos olhando para ver quem era.

 — Alô? — Ele desviou sua atenção de Rhodey e passou a encarar o balcão da recepção vazio como se fosse a coisa mais interessante no mundo.

 — Sr. Stark? — Uma voz feminina o cumprimentou, soando um pouco exausta e ao mesmo tempo alterada, quase ofegante.

 Tony levantou uma sobrancelha, sentindo uma pontada de déjà vu. Ele conhecia essa voz de algum lugar, mas nenhum nome veio a sua mente, então ele resolveu apenas responder e ignorar o fato de que já eram 9:25 da noite e uma mulher em algum lugar simplesmente resolveu ligar pra ele.

 — Sim? — Ele deu um rápido olhar para Rhodey, que estava apenas o encarando, incapaz de ouvir a conversa. Para compensar isso, ele estava o encarando com atenção.

 — Aqui é Ashley Willians — Ela disse, e um rosto piscou na sua mente. Ele se lembra vagamente dela; a assistente social que cuidou do caso dele e de Peter a algumas messes atrás. — Sou a assistente social de Peter

 Tony se ajeitou no assento, endireitando os ombros, mais atento do que antes. Rhodey lhe deu um olhar preocupado com a mudança de comportamento. Tony não conseguiu se importar com isso.

 Por que a assistente social estaria lhe ligando? Tinha algo errado? Tony sentiu uma pequena onda de desespero. Algo lhe disse que nada de bom estava por vir disso, porque se não, qual seria um motivo valido para a assistente social ligar tão tarde assim? Ela nem sequer deveria estar no trabalho agora.

 Ele engoliu em seco e empurrou essa sensação doentia para longe.

 — É... eu me lembro de você — Ele disse, respirando fundo para não deixar que uma nova onda de pânico o dominasse. Não tinha nada de errado aqui, e se tivesse, ele iria concertar. Ele sempre concerta as coisas. — Por que você está me ligando?

 — Desculpa te incomodar a essa hora — Ela disse, sua voz parecendo cansada e o suspiro pesado apenas confirmou isso. — Mas eu achei que o senhor deveria saber sobre isso. Pelo menos a maioria dos pais gosta de saber quando algo assim acontece, os ajuda a identificar alguns transtornos já que a maioria dos filhos não gosta de falar sobre isso — Ela engoliu em seco, tão alto que ele pode ouvir. — Eu pensei que seria bom ligar assim que eu pudesse...

 — Aconteceu alguma coisa grave? — Tony perguntou, sentindo sua voz sumir mais a cada sílaba, sendo dominada por uma onda de emoção que ele não sentia a muito tempo. Rhodey se remexeu ao seu lado, claramente desconfortável.

 — Não precisa se exaltar, não é nada relacionado a sua custódia. Não é nada relacionado a Peter... diretamente — Essas palavras, apesar de soar bem cansada, serviu como uma ancora e fez Tony exalar em puro alivio e fechar os olhos no reflexo. — Talvez seja um pouco mais preocupante que isso

 Ele abriu os olhos instantaneamente, assustado com o jeito que ela disse isso — como se a terceira guerra mundial tivesse eclodido. Tony respirou fundo, tentando desfazer o nó que estava surgindo na sua garganta. O que poderia ser mais preocupante do que perder Peter?

 — O que é?

 Tony olhou para Rhodey, em parte buscando algum apoio, mesmo que amigo fosse incapaz de lhe ajudar agora. Nesse momento, ele focou apenas em acalmar as batidas aceleradas do seu coração enquanto a linha ficou em completo silêncio por alguns segundos.

 — Eu preciso conversar com o senhor pessoalmente... — Ela disse, sua voz vacilando um pouco. Tony se perguntou se ela estava bem; parecia alterada. — Quando podemos nos encontrar?

 Ele reprimiu uma maldição pra isso. Atualmente sua agenda não permite que ele fizesse muita coisa; com as conferências de impressa sobre Thor e o evento da Fundação Maria Stark chegando, ele estava soterrado com coisas para fazer. Ainda assim, havia uma certa urgência aqui.

 — Não pode ser por telefone mesmo? Tenho uma semana ocupada pela frente — Ele disse, um pico de esperança em sua voz. A linha ficou em silêncio novamente, apenas a respiração forte dela.

 — Desculpa. Eu só queria lhe dar os fatos pessoalmente... as pessoas costumam duvidar... — Tony não respondeu, deixando que a srta. Willians falasse e levasse seu tempo. — É sobre o antigo tutor do Peter, Steven Westcott. O senhor se lembra dele?

 Tony fez uma careta involuntária, se perguntando o que tinha acontecido para esse assunto vir à tona. Ele não conhecia Westcott pessoalmente, mas considerando que Peter fugiu quando estava sobre seus cuidados, ele não pode ter uma ideia muito boa do homem.

 — Nunca conheci ele pessoalmente, mas por nome sim — Ele respondeu, agora um pouco cético. Pode ouvir um suspiro do outro lado da linha.

 Ele levantou uma sobrancelha, esperando que a srta. Willians respondesse.

 — Eu-Eu não sei como falar isso por... telefone... posso encontra-lo amanhã na Torre? — A voz dela parecia agora desesperada, quase em pânico. Tony piscou, considerando suas opções mesmo quando já sabia que era incapaz de negar esse pedido.

 Tinha algo acontecendo, e de alguma forma isso tinha a ver com Peter. Ele não iria adiar isso.

 — Sim, tudo bem, estarei esperando — Ele concordou com um aceno forte demais, mesmo que fosse desnecessário.

 A assistente social concordou com um suspiro.

 — Passarei na Torre antes do meio-dia — Ela disse, a parte cansada subitamente desaparecendo e sendo substituída por uma estranha confiança. — Até sr. Stark

 Tony não teve tempo de responder, logo a srta. Willians desligou e agora ele estava novamente na recepção da I.S, ao lado de um Rhodey particularmente confuso. Seu coração ainda estava acelerado, alterado por causa de um medo que ele implorava mentalmente para que fosse inexistente.

 A assistente social confirmou que não tinha nada a ver com a sua custodia, então ele não ia perder Peter. Seu filho não estava sendo tirado dele e estava tudo certo, tudo bem.

 Tony queria realmente acreditar nisso.

 Ele se inclinou para frente, descansado a cabeças nas mãos por um segundo, se sentindo bem mais cansado do que apenas alguns segundos atrás. As duas últimas noites em claro que ele passou trabalhando caíram sobre ele como uma montanha e Tony se sentiu extremamente no limite.

 Quanto tempo mais Pepper iria demorar? Ela só tinha que falar com uma funcionária, nada mais.

 — O que aconteceu? — Rhodey perguntou ao seu lado depois de quase um minuto no puro silêncio. Ele estava apenas dando um pouco de espaço para Tony e o bilionário apreciou isso. — É algo a ver com... Peter?

 Tony forçou seu corpo a se endireitar, balançando a cabeça para deixar esse pânico de lado e enfim ter sua mente clareada.

 — Não sei... — Confessou com um suspiro, por mais que odiasse admitir isso em voz alta. Ele não era conhecido por coisas assim. — E não gosto disso

 Rhodey não respondeu, apenas acenando em concordância. Eles ficaram um pouco mais em silêncio, tempo o suficiente para que Tony se recuperasse. Cansado de ficar sentado, ele se levantou com um suspiro, e começou a rondar a recepção sem um objetivo em mente.

 Como se por magia, a porta do elevador não muito longe dele e de Rhodey se abriu, e Pepper saiu carregando consigo uma sacola de papel em uma mão e uma pasta na outra.

 — Desculpa a demora meninos — Ela disse, apenas por educação. Claramente não estava se sentindo culpada.

 — Eu ia começar a criar raízes aqui — Rhodey brincou, se levantando logo em seguida.

 — Isso é preocupante — Ela brincou de volta, seu olhar então pousou em Tony. O sorriso foi rapidamente substituído por uma carranca. — Tony? Tá tudo bem. Você está um pouco pálido

 Tony esfregou o queixo, desviando o olhar da expressão preocupada de Pepper. Ele então respirou fundo mais uma vez antes de responder.

 — Vou descobrir isso amanhã — Ele disse, sendo o primeiro dos três a caminha diretamente para as portas de saída. — Vamos logo ou vamos chegar tarde demais pra Lasanha

 ...

 Os resultados demoraram um pouco para vir à tona, justamente porque Karen estava fazendo uma lista completa com todos os vídeos de entrevistas e conferências de impressa datados de 2006 a 2007, assim como manchetes em jornais e revistas, apenas para deixar claro que durante 5 messes, seu desaparecimento era a coisa mais interessante para a mídia. Por isso Peter se encontrou encarando uma lista enorme, sem saber qual deveria ver primeiro.

 Sem muitas opções, ele selecionou o primeiro no topo da lista.

 — Essa é uma gravação ao vivo do dia 30 de agosto — Karen informou, apenas deixando Peter um pouco mais desconfortável. — Sete dias depois do seu desaparecimento

 Peter engoliu em seco, seu dedo pairando sobre o botão do play.

 Ele estava vagamente com medo do que estava prestes a ver. Talvez o Tony de uma década atrás fosse bem diferente, fosse mais... desconhecido, mais intenso e estranho. Peter realmente não sabia do que estava com medo, mas isso não impedia que o sentimento simplesmente pairasse sobre seu corpo como um lembrete chato da sua ansiedade.

 Ele engoliu em seco, uma e outra vez, decidindo com cautela o que iria fazer.

 Em algum momento ele simplesmente se levantou do sofá e começou a vagar pela sala — o estranho silêncio não ajudando em nada —, ele deu algumas voltas, sem um real objetivo além de simplesmente se colocar em movimento.

 — Você parece ansioso Peter — Karen disse, assumindo que alguma coisa estava errada, já que ele simplesmente começou a andar de um lado para o outro. — Gostaria de conversar?

 Peter parou, engolindo em seco mais uma vez. Ele olhou para a janela, para a vista panorâmica que era exibida quase como um troféu. Estava escuro lá fora, sem lua e sem estrelas, era uma noite sombria e fria, e nem mesmo as luzes dos prédios ao lado faziam algum esforço para dar um pouco de vida a aquela escuridão.

 — Sexta-Feira... — Ele chamou pela I.A, contornando o sofá até chegar em um dos cantos da sala, de frente para a janela. — Quando eles chegarem me avise, por favor

 Ele não precisava ter acrescentado essa última parte, mas ainda assim o fez. Talvez apenas para se sentir um pouco melhor consigo mesmo.

 — Claro Peter — A I.A respondeu, Peter a imaginou sorrindo somente pela sua voz divertida.

  Ele decidiu que talvez isso fosse ajuda-lo. Sempre o ajudou, e ele duvidava que agora fosse diferente. Não havia ninguém além de Sexta-Feira e Karen o observando, então ele estava livre para subir pela parede e agir como uma aranha por alguns minutos.

 Foi o que ele fez.

 Peter usou seus poderes e subiu pela parede, alcançando o topo rapidamente, girando para que estivesse de cabeça para baixo. Ele então manobrou seu corpo e o celular para que ficasse um pouco mais confortável ali em cima.

 Ainda assim, Peter demorou um pouco para criar coragem e dar play no vídeo, franzindo os lábios para a ansiedade que revirava em seu estômago. Em um gesto rápido, ele deu um leve toque na tela, e então o vídeo começou.

 Ele prendeu a respiração em antecipação.

— Eu sei... o que todos estão pensando — A voz de Tony inundou seus fones de ouvidos, soando de uma forma diferente da que ele estava acostumado. Mais cansado e sério, o que simplesmente não se encaixava com a figura de Tony.

 Peter sentiu as linhas de tensão ao redor dos seus olhos suavizarem.

 Ele estava vendo Tony, o mesmo Tony que ele conhece; bem mais novo, mas também bem mais cansado. Sua pele estava pálida como a neve, num tom que ele duvidava que fosse até mesmo saudável; Peter se perguntou por um momento se Pepper estava lá para forçar um pouco de comida em seu pai, porque ele realmente parecia que precisava disso agora.

 Entretanto, a parte mais importante da sua aparência estava escondida por um par de óculos escuros estilosos. Eles escondiam qualquer tipo de emoção, deixando Tony com um ar mórbido.

 Essa era a palavras perfeita para descreve-lo naquele momento; mórbido.

 O terno preto que ele estava usando era impecável, livre de qualquer sujeira ou amassado, mas também lhe dava um olhar fúnebre. E apesar da estranha palidez, Tony parecia bem, até mesmo com os cabelos arrumados e a barba feita — mesmo que um pequeno corte recente pudesse ser visto em seu maxilar. A visão quase normal do seu pai fez seus ombros relaxarem.

 Talvez não fosse tão ruim assim.

 — Mas gosto de pensar que há uma certa simpatia — Tony parecia incerto. Seus trejeitos estavam descontrolados e as pausas em sua fala eram longas, demoradas demais para um discurso que estivesse planejado.

 Isso porque ele provavelmente nem ao menos queria estar ali.

 Peter piscou, sentindo sua garganta fechar quando viu seu pai para por um momento somente para respirar funda, os ombros tremendo levemente. Ele parecia a beira de uma espécie de colapso, mas não dava para dizer com plena certeza, já que aqueles benditos óculos escondiam suas emoções.

 Talvez essa fosse exatamente a intenção do bilionário.

 — Jean Stark é apenas um bebê. Igual a qualquer outro. Acredito que todos aqui já tenha visto um pelo menos uma vez na vida — Havia risadas, poucas, mas que não fizeram absolutamente nada para aliviar o clima mórbido que pairava sobre Tony. Aquele era um humor negro pesado demais até mesmo para o bilionário. — Ele desapareceu na tarde do dia 23 de agosto. E isso foi... um choque para todos, especialmente pra mim...

 Peter tampou a boca com a mão livre, evitando assim que algum som estrangulado e vergonhoso saísse. A voz de Tony simplesmente rachou, vacilando enquanto ele falava em frente às câmeras — não somente isso, mas a cada segundo ali ele parecia enfrentar mais e mais dificuldades para falar.

 Era demais até mesmo para assistir.

 — Não houve nenhum pedido de resgate, e nem tentativas de contato — Peter não pode deixar de notar a forma como os lábios de Tony vacilaram em uma breve careta, puxados para o lado em desagrado. — Há algumas teor-

 — Sr. Stark! — Alguém o chamou, uma voz feminina e Tony deu uma brecha para perguntas, parecendo quase que aliviado por receber uma pausa, mesmo que pequena. — Os policiais estão considerando assassinato? Levando em conta a reputação do senhor, essa seria uma forma de atingi-lo

 Peter arfou, surpreso com isso. Não era a conjectura da jornalista que o pegou despreparado — na verdade, essa era uma hipótese que todos devem ter considerado em algum momento, ele nem estava surpreso com isso —, mas sim a forma como ela disse, sem nem ao menos levar em consideração o fato de que esse fosse um assunto delicado para seu pai.

 Peter então percebeu que provavelmente ninguém ali levava em consideração os sentimentos de Tony, eles só queriam as notícias, os fatos, e não o que o bilionário estava sentindo com tudo isso.

 — Com todo o respeito — Tony a interrompeu, sua voz ganhando um pouco mais de força se comparada com apenas alguns segundos atrás, isso fez o próprio Peter se encolher, sentindo como se ele mesmo estivesse sendo repreendido. — Mas até agora não houve nenhum indicio de que esse tenha sido um caso de sequestro e assassinato. E eu, como qualquer pai normal, odeio pensar nessa possibilidade...

 Pete engoliu em seco, levantando uma mão para dar pause no vídeo. Ele nem ao menos percebeu que sua mão estava trêmula até então.

 Parecia... surreal, ver Tony assim, sendo obrigado a falar sobre algo que claramente o deixa desconfortável. E se... Peter realmente tivesse sido assassinado — Tony superaria, claro, mas ele não estaria recebendo essa segunda chance.

 Segunda chance. É isso que está acontecendo. Tony ganhou uma segunda chance e está apenas tentando fazer o que é certo dessa vez — manter ele seguro, a todos custo, bem e ao seu lado.

 Peter deixou que seu corpo caísse para trás, uma percepção diferente da situação nadando em sua mente agora. Tony tem todos os motivos do mundo para ser protetor, para impor limites e regras, para ser rígido e talvez até mesmo exigente, mas ele ainda, com todos esses motivos, está tentando ser um bom pai — alguém compreensivo e que está ali para ser um ombro amigo.

  Ele arfou quando percebeu que seus olhos estavam cheios de lágrimas, e o fato de ele estar de cabeça pra baixo fez com que alguma lágrimas simplesmente caíssem e fossem direto para o chão assim que ele piscou.

 Olhando novamente para o celular, Peter nem ao menos percebeu quando voltou para a enorme lista que Karen tinha lhe dado. Ele simplesmente passou para o próximo item da lista.

 Era um jornal impresso, datado de 25 de agosto de 2006. Peter fez as contas, era apenas dois dias depois que ele desapareceu. Seus olhos começaram a vagar pela reportagem — que era nada mais nada menos que a primeira página.

  “ Filho do bilionário e empresário, Tony Stark, está desaparecido! “

 “Informantes do departamento de polícia de Malibu confirmaram os rumores que estavam rondando as ruas da cidade há dois dias. Jean Stark, o primogênito e herdeiro das Industrias Stark, de apenas 3 anos de idade está desaparecido.

 Ao que tudo indica, ele foi sequestrado na tarde dessa última quarta-feira, dia 23. Não houve nenhum registro de atividades suspeitas na região, e testemunhas afirmam que não viram nada de anormal. Mesmo assim, o filho do bilionário Tony Stark, não foi mais visto.

 A principal suspeita do caso é a babá de 30 anos, Jennifer Clonney, que estaria cuidando da criança naquela tarde. Ela também desapareceu logo em seguida, e de acordo com a polícia, ela deveria estar usando uma identidade falsa, já que não há nenhuma Jennifer Clonney em Malibu.

 Até o momento, Tony Stark ainda não veio a público falar sobre o caso. Funcionários das Industrias Stark afirmaram que o bilionário não apareceu para trabalhar nesses últimos dois dias. Ele também tem se escondido da mídia e tanto seu segurança quanto sua secretária não confirmaram nada sobre o seu estado atual. Há quem diga que isso é apenas o carma agin-“

 — Peter — A voz Abrupta de Sexta-Feira o assustou, fazendo o aperto em seu celular vacilar por um segundo e o mesmo quase ir para o chão. Pelo menos, seus reflexos eram rápidos o bastante para impedir que isso acontecesse. — O chefe está subindo, acompanhado da srta. Potts e do coronel Rhodes

 Peter arfou, não pensando muito antes de se jogar da parede. Ele girou no ar rapidamente e pousou de pé. Ele ajeitou um pouco seu cabelo que estava espetado e bagunçado e foi rápido em limpar as lágrimas não derramadas que ainda estavam em seus olhos. Ele teve tempo apenas de ajeitar a camisa antes que as portas do elevador se abrissem e vozes preenchessem o silêncio do cômodo.

 Tony foi o primeiro a sair do elevador, com passos largos e pesados. Ele levou exatos dois segundos para perceber que Peter estava ali, parado em frente as janelas.

 — Peter! — Ele o cumprimentou quase como se sua visão fosse um alivio, um sorriso surgindo em seu rosto quase que automaticamente. Peter fungou, tentando deixar o vídeo e a reportagem de lado, por mais que a única coisa que ele queria fazer agora era abraçar o seu pai.

 Tony levantou o pulso, olhando para o relógio por um segundo antes de encara Peter novamente.

 — Acordado ainda? — Perguntou num tom incrédulo, deixando algumas sacolas em cima da bancada da cozinha. Peter balançou a cabeça e olhou para o seu próprio celular.

 Era quase meia-noite.

 Peter respirou fundo, soltando uma risada estrangulada. Ele nem ao menos tinha percebido como o tempo voou enquanto ele estava submerso em uma onda de aflição e ansiedade.

 — Eu não tenho um toque de recolher — Disse, querendo que suas palavras tivessem um pouco mais de humor, mas seu tom de voz pesado não ajudou muito. Ele ainda estava se sentindo um pouco sobrecarregado.

Ele pode ouvir a pequena risadinha que saiu de Tony pouco antes de ser puxado para um abraço inesperado, imerso agora no cheiro de colônia e loção pós-barba. Era quente e confortável, e ele se encontrou soltando um suspiro de satisfação. Peter nem ao menos tinha visto quando Tony se aproximou.

 Mas tão rápido quanto veio, o bilionário se afastou.

 — Posso mudar isso rapidinho — Tony brincou de volta, mas não deu tempo para que Peter respondesse. — Guardem um lugar pra mim

 Tony desapareceu no corredor depois disso, deixando Peter com Pepper e Rhodey, que em menos de um segundo já estavam em cima dele.

 — Peter, que bom que está acordado — Pepper disse, nem ao menos hesitando em enrola-lo em outro abraço, tão quente e confortável quanto o de Tony, só que o de Pepper não o deixou tão atônico. Era quase comum agora. — É tarde, mas espero que não tenha nada contra uma lasanha

 Novamente, tão rápido quanto veio, Pepper se afastou logo depois de plantar um pequeno beijo em sua testa, indo direto para a cozinha do outro lado do balcão.

 — Industrializada — Rhodey completo, soando descontente. — O que não é bom

 Peter se virou pra ele, oferecendo um sorriso amigável e um leve aceno.

— Oi Rhodey — Ele disse, contente consigo mesmo por finalmente estar voltando ao normal, por mais que o vídeo de antes ainda estivesse rodando em sua mente. Ele teria que ver mais disso depois.

 Por enquanto ele vai apenas fingir que está tudo bem.

 Ele e Rhodey se encontraram pela primeira vez messes atrás, mas desde então eles não tiveram muito tempo juntos — aparentemente, Rhodey era tão ocupado quanto Pepper. Mas isso não significa que Peter tenha que ser distante, Rhodey é um cara legal.

 — Oi Peter — Ele respondeu, se sentando em uma das banquetas do balcão.

 Peter deixou seu celular junto com seus fones em cima da bancada. Ele tomou a liberdade de se sentar ao lado de Rhodey, na pequena esperança de que pudesse conversar com ele um pouco. Foi fácil com os outro Vingadores, então ele realmente esperava que fosse fácil assim com Rhodey também.

 — Eu tenho uma coisa pra você — Rhodey anunciou, empurrando uma sacola para Peter com um breve encolher de ombros.

 O jovem aranha levantou uma sobrancelha, curioso. Ele podia ver que dentro da sacola tinham um embrulho vermelho e azul, e não era pequeno para que fosse alguma roupa; parecia mais complexo do que isso.

 — O que é isso? — Ele perguntou, alcançando a sacola com um pouco de hesitação. Peter podia sentir o peso do olhar de Rhodey em seus ombros, mas o homem parecia apenas curioso para ver a sua reação. Nada demais.

  Peter abriu a sacola e tirou o embrulho. Era relativamente grande, e isso o pegou desprevenido. Havia um laço azul envolto ao embrulho vermelho. Peter realmente não queria rasgar o papel, então ele encarou o trabalho cuidadoso de desfazer o laço sem causar nenhum dano.

 — Desculpa se você não usar essas coisas — Rhodey disse ao seu lado, ainda o observando de perto. Peter ofereceu um sorriso tranquilizador. Ele provavelmente iria gostar do presente de um jeito ou de outro. — Eu realmente não sei o que os adolescentes gostam hoje em dia

 Peter começou a desfazer o embrulho vermelho, mas logo no inicio ele percebeu o que era. Tudo por causa da lente que apareceu. Seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu em um perfeito “O”.

 — Oh meu Deus — Peter arfou, perdendo o jeito calmo de antes. Ele acabou rasgando uma pequena parte do embrulho em seu entusiasmo.

 Logo, um caixa estava em suas mãos, e ele simplesmente não conseguiu desviar o olhar. Como Rhodey sabia? Peter não tinha contado pra ninguém, na verdade, ele até planejava tirar as fotos da exposição com seu próprio celular — as câmeras do Starkphone são boas.

 — Foi tão horrível assim? — Rhodey perguntou, levantando uma sobrancelha. Peter riu, desviando o olhar da caixa ainda fechada para encarar o homem mais velho com um olhar incrédulo.

  O sorriso que dominou seu rosto era imenso. Tão amplo que Peter sentiu sua bochecha doer no processo.

 Era uma câmera profissional. Peter nunca pensou que teria uma em mãos, e mesmo segurar a caixa era surreal demais. Se comparada a sua antiga Polaroid, isso era praticamente um outro nível.

 — Horrível? É perfeito! — Peter sorriu, abrindo a caixa para puxar a câmera ainda embrulhada no plástico bolha para fora. Ele curtiu a sensação dela em suas mãos, considerando seriamente em voltar a ser “fotografo” agora. — Obrigado Rhodey!

 Quando ele levantou a cabeça, encontrou com Rhodey exibindo um sorriso orgulho e aliviado. Ele se perguntou se era realmente algo tão grande assim para causar essa reação.


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Notas finais do capítulo

Particularmente, não sei nem o que dizer sobre esse capítulo, apenas... a bomba vai explodir, e não vai ser exatamente bonito de se ver... ou ler nesse caso

Estou, literalmente, caindo de sono, acho que a escola e uma maratona de Fugitivos faz isso com você. Peço perdão desde já pelo possíveis erros nesse capítulo, apesar de eu ter revisado isso aqui um monte de vezes (se puder, me dá um toque que eu corrijo)

Obrigada desde já por todo o apoio que eu venho recebendo, fico extremamente feliz e contente por saber que alguém lá fora esteja gostando dessa história ♥

~~ See Ya Later



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