Protocolo - Bebê Aranha escrita por Pixel


Capítulo 1
Ao Longo de Uma Semana


Notas iniciais do capítulo

Se você caiu aqui de paraquedas, eu devo avisar de ante mão que essa história é a continuação de uma outra história, eu realmente recomendo que você leia a primeira parte caso se interesse pela premissa (link nas notas finais)

Sê você já leu a primeira parte e está aqui por causa da prévia... BEM-VINDO(A) A PARTE 2!!!

~~ Boa Leitura



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 Peter estava bem, melhor do que nunca na verdade.

 Ele se sentia bem-vindo, mas isso não quer dizer que não era estranho ter outra pessoa cuidando de você quando você está acostumado a se virar sozinho; mas ele ainda está tentando encarar as coisas de forma positiva.

 Por mais que ele não se dê muito bem com mudanças como essa. Suas experiências não são boas.

 Quando seus pais morreram, foi uma mudança difícil na vida de Peter. Ele estava tentando lidar sozinho com a ideia de que nunca mais iria ver Richard ou Mary, ignorando os concelhos dos adultos e das pessoas que só queriam ajudar. A única lembrança que ele tem é que doeu, doeu muito, mesmo depois que ele se instalou na sua nova vida com Skip.

 Uma enorme mudança para uma criança.

 A mudança veio de novo quando ele passou a morar nas ruas, agora lidando com seus medos internos, com uma dor e uma ansiedade estranha que o mantiveram acordado durante grande parte da noite. Ele teve que quebrar seus próprios conceitos e parar de viver para então começar a sobreviver.

 Uma enorme mudança para um pré-adolescente.

 E agora Peter está lidando com outra mudança, dessa vez uma que parece ser boa — e ele está fazendo de tudo para encara-la como algo bom — e assim como anteriormente, Peter está passando por certos problemas para se acostumar. Um deles é encarar o fato de ele não estar mais sozinho.

 Uma enorme mudança para um adolescente.

 Ainda é estranho viver na Torre, um lugar tão chique e imenso como esse, mas ele está se acostumando, aos poucos. É difícil encarar o fato de que agora ele não precisa mais pensar no que vai comer no dia seguinte, ou se mesmo vai conseguir sobreviver até lá. Pelo menos ele não estava com frio, com medo ou com fome. Ele estava bem; seguro em uma casa e sobre os cuidados de alguém que realmente se importa com ele. A vida era boa, pela primeira vez em muito tempo.

 Peter não tinha mais pesadelos, ou se tinha, simplesmente não se lembrava deles. Suas noites eram calmas e quando ele acordava não estava suando frio ou tremendo; a única coisa que Peter tinha para reclamar é que ele sentia falta dos piscas-piscas que antigamente o saldavam.

 Mas isso era algo tão pequeno que ele decidiu não incomodar o sr. Stark.

 O inverno ainda não tinha ido embora, na verdade, ainda era a primeira semana de janeiro e as férias de fim de ano estavam a menos de uma semana para acabarem, o que significa que Peter estava entrando para um novo ano escolar — no meio dele —, com pessoas da sua idade e uma vida dramática de adolescente pela frente.

 Ele não sabia como se sentir sobre isso.

 Peter sempre gostou de estudar, era quase como um desafio divertido. Ele fazia o dever de casa com facilidade, se limitando a pedir ajuda somente quando era realmente necessário.

 Ele se lembra vagamente da sua vida escolar antes de fugir. Se lembra que não tinha amigos, que algum valentão quebrou sua câmera Polaroid e ele chorou por uma semana inteira. Ele se lembra de que era muito bom em ciências, um típico nerd que usava óculos de grau o tempo todo — até que a mordida veio e os óculos se tornaram inúteis.

 Peter se lembra que ele amava ler, mas não o tipo de romances que MJ gosta, e sim os livros de físicos e teoria; ele amava descobrir coisas novas, por mais complexas que elas possam parecer. Ele se lembra que um dia chegou a ler um livro de matemática apenas para poder entender um pouco mais sobre o universo dos números.

 Por mais que tenham lembranças boas e ruins da sua época no fundamental, Peter também se lembra de um pequeno período de tempo onde ele realmente não se importou com a escola, e foi quando ele estava sobre os cuidados de Skip.

 Naqueles dias — anos — Peter não tinha mais vontade de se levantar da cama pela manhã. Seu corpo era pesado e ele não conseguia achar um bom motivo para continuar, para se levantar e encarar o dia com a cabeça erguida. O simples pensamento de encontrar com outras pessoas o desmotivava.

 Ele queira apenas ficar em baixo das cobertas até que seu corpo definhasse e ele desaparecesse da existência — isso nunca aconteceu.

 Naquele ano suas notas caíram drasticamente e seus professores passaram a olhar para ele com preocupação, mas nunca perguntaram o que estava acontecendo, afinal, eles tinham coisas melhores para fazer em vez de se preocuparem com um pré-adolescente qualquer. Ainda assim, tinha sempre alguém lhe dizendo que Peter podia melhorar, que ele estava se tornando preguiçoso, que ele não estava “dando o seu melhor”.

 Depois ele fugiu e.… bem, a escola ficou esquecida por um ano e meio, quase dois.

 Nas ruas ninguém se importa com notas altas e livros empoeirados, eles se importam se vão ou não poder ter pelo menos uma refeição naquele dia.

 Ele não estava muito preocupado com a parte das notas, pois Peter era inteligente o suficiente para passar por isso sem grandes problemas; a parte realmente preocupante era o social.

 Era incrível como as pessoas podiam ser babacas na escola, sempre prontas a apontar e rir do primeiro defeito que verem. Peter realmente não estava ansioso por ter que passar por isso de novo.

 Ele nunca teve amigos na escola. Em toda a sua infância apenas uma criança se prontificou a brincar com ele, a ser seu amigo, mas como é de praxe, essa mesma criança se mudou para bem longe algum tempo depois.

 Peter era um nerd rejeitado por todos — ou talvez ele afastasse todos que tentavam se aproximar. Ele aprendeu a lidar com isso, mas agora parecia que tudo estava voltando, e dez vezes pior.

 Peter estava a um passo do ensino médio, um último ano antes da desgraça — por assim dizer —, era seu momento de fazer pelo menos um amigo. Mas como? Ele não tem nada de interessante para dizer, a maior parte da sua vida foi cheia de problemas; ninguém gostaria de conhecer esse lado dele.

 Peter tinha um desafio e bem... ele não estava muito ansioso para passar por ele.

 Em contraparte, a vida com os Vingadores era divertida, por assim dizer. Ninguém iria acreditar o quão estranho a equipe de super-heróis pode ser em seu tempo livre. Peter tem se dado bem com grande parte dos heróis pelo menos. A começar por Clint.

 Ele realmente não sabe o que se passa na cabeça do arqueiro, mas Peter chegou à conclusão que ele está apenas tentando ser engraçado. Aconteceu pela primeira vez logo no terceiro dia do garoto na Torre.

 O trio — Peter, Scott e Clint — estavam jogando Mario Kart, já que esse parecia ser o vício dos dois heróis. Até aí tudo bem, mas acontece que eles passaram horas ali e Peter acabou adormecendo no sofá.

 Aparentemente, Clint pensou que seria muito engraçado assusta-lo, mas o sentido aranha do garoto o avisou e a tentativa acabou sendo um fracasso.

 — Você não pode me assustar, Clint — Peter disse, a voz grogue de sono, mas ainda com um sorriso no rosto.

 Clint fez uma careta para ele, franzindo os lábios. Parece que naquele dia o arqueiro decidiu que, a qualquer custo, ele daria um susto em Peter.

 Obviamente, não deu certo.

 A primeira tentativa dele veio logo no dia seguinte, quando Peter tinha acabado de acordar; ele saiu do elevador e no mesmo instante sentiu um formigamento na base do pescoço, algo leve que estava apenas dizendo para ele fica atento.

 Assim que ele entrou na sala de jantar, Peter já sabia da trombeta e tampou os ouvidos antes mesmo de Clint assopra-la.

 — Ah! Qual é? — Clint rosnou. — Como você sabia disso?

 Peter não tinha uma resposta exata, então ele disse a primeira coisa que veio na sua mente.

 — Você não foi muito sútil

 Isso se repetiu mais vezes. Clint tentou se esgueirar por trás de Peter enquanto ele guardava a louça; não funcionou. Ele também tentou se esconder atrás do sofá e surpreende-lo no meio de um filme de Terror; não funcionou.

 Ele chegou a fazer uma tentativa meio desesperada no laboratório do sr. Stark, e quem se assustou foi o bilionário. Clint foi banido do laboratório depois disso.

 Peter realmente se sentiu triste com isso, o arqueiro estava trabalhando duro para lhe assustar e ele até considerou fingir isso, mas logo percebeu que não era um bom ator para isso.

...

 — Eu posso ver que você está se contendo garoto — Natasha Romanoff, a Viúva Negra, disse, punhos erguidos na direção de Peter enquanto o desafiava com um olhar afiado.

 Peter ainda achava de Tony estava apenas sendo muito dramático sobre o que aconteceu no shopping no Ano Novo. Ele estava apenas tentando ajudar, mas aparentemente bilionário não curtiu muito a ideia de ver seu filho quase ser baleado.

 A solução então foi até que bem simples.

 Aparentemente, os Vingadores não tinham muito o que fazer no inverno além de esperar ordens ou missões — como? Peter não sabe e mesmo se ele perguntar ninguém vai responder, mas deve ter algo a ver com um tal de Fury — então Natasha e Sam entraram em um acordo; ambos iriam treinar Peter com as técnicas básicas de luta em seus tempos livres.

 Hoje, no caso, era Natasha quem estava com ele.

 Peter realmente estava tentando deixar o lado da sua mente que insistia em lhe lembrar que ele estava lutando contra a Viúva Negra, e o quão engraçado seria se ela soubesse dos seus poderes.

 A ideia de uma dupla de aranhas era realmente engraçada e até mesmo um pouco empolgante, mas ele estava forçando esse pensamento para o fundo da sua mente constantemente, isso pelo menos impedia que um sorriso bobo e completamente sem sentido aparecesse em seu rosto.

 Mas ainda assim ele enviava um sorriso para o seu rosto mais de uma vez naquele dia.

 A ideia de ser treinado pela Viúva Negra e pelo Falcão não era realmente ruim, era apenas o simples fato de que Peter não queria machuca-los ou de alguma forma revelar que ele é aprimorado. Essa era a última coisa que ele precisava agora.

 Sendo assim, ele estava se segurando. Ou pelo menos tentando. Com Sam era um pouco mais fácil, já que o homem não se importava se ele estava se segurando ou não — provavelmente ele nem ao menos notou —, mas Natasha era bem mais exigente quanto a isso.

 Ela claramente queria que Peter se soltasse, mas isso não era algo que ele pudesse fazer.

 Por outro lado, esses treinos eram realmente úteis, já que ele podia ampliar o seu conhecimento de luta e isso certamente o ajudara lá na frente.

 Foi pensando no Homem-Aranha que Peter aceitou a oferta, mas agora ele precisa passar por isso sem levantar suspeita de que ele é aprimorado; o que é extremamente difícil quando você treina com uma espiã profissional, que parece sempre estar atenta a tudo.

  — Desculpa srta. Romanoff — Peter disse logo depois de desviar de mais um soco da Viúva Negra, com receio em sua voz. Ele simplesmente não conseguia atacar, com medo de acerta-la mais forte do que deveria e causar um dano maior do que o esperado.

 Natasha não tinha sido nada além de paciente com ele nesses dias que se seguiram. Ela era distante, observadora, e lhe lembrava vagamente de Michelle. Aparentemente, a espiã o estava estudando de longe, Peter decidiu tentar ao menos relaxar com isso e assim poder deixar as coisas menos suspeitas.

 — Já falei Peter, você pode me chamar de Nat ou Natasha— Ela revirou os olhos, voltando a posição original. Havia um certo alivio cômico ao seu redor. — Agora me dá o seu maior soco

 Peter respirou fundo, decidindo o que fazer em meio as suas opções — extremamente limitadas de alguma forma.

 Ele decidiu dar um soco médio, esperando que fosse o suficiente para convencer Natasha de que ele estava se soltando. Como o esperado, ela bloqueou com extrema facilidade.

 — Esse foi um bom soco garoto. Tente de novo

 Talvez os dois tivessem passado mais do que duas horas ali, depositando golpes atrás de golpes no meio de um tatame em uma enorme academia. Peter ainda estava se contendo, e ele provavelmente continuaria até os treinos acabaram ou Natasha e Sam saírem em uma missão.

 Ele não era nem louco de bater neles pra valer.

 — Certo garoto, acho que está bom por hoje

 Peter suspirou, deixando os braços caírem no tatame. Ele estava cansado, mas ao mesmo tempo se sentindo bem, como se realmente precisasse se mexer depois de tanto tempo.

 Era bom alongar os músculos. Isso era o mais perto que ele podia estar de ser o Homem-Aranha.

 — Você é mais forte do que parece — Ela disse, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar, Peter aceitou de bom grado.

 Ele não respondeu, em parte porque não sabia o que dizer. Peter sentia como se fosse abrir a boca e sem querer o seu maior segredo seria revelado apenas porque ele estava se sentindo exposto.

 Era apenas ridículo.

 — Certo, vem aqui — Natasha bateu em seu ombro, chamando sua atenção. Não foi forte, apenas o suficiente para tira-lo de seus breves pensamentos. — Vou te ensinar uma coisa

 Peter levantou uma sobrancelha para ela, curioso sobre o que estava por vir. Ele se animou e seguiu a espiã de bom grado.

 — O que é? — Não pode evitar a pergunta, borbulhando de curiosidade por dentro.

 — Meu chute circular — Ela disse, oferecendo um sorriso leve. — Só o Clint além de mim sabe. Agora você também

 Peter sentiu seu coração inchar de empolgação, ele realmente estava aprendendo alguma coisa com a Viúva Negra! O quão incrível sua vida, de repente, tinha se tornado?

...

 O dia seguinte foi preguiçoso, se comparado aos demais. Peter aproveitou a calmaria para trabalhar com Tony — roubando algumas horas do bilionário — em seu laboratório e finalmente os dois conseguiram terminar a tão sonhada I.A.

 — Qual nome você vai dar — Sr. Stark perguntou, mexendo em algumas configurações. Peter, por sua vez, estava encarando o computador, como se a qualquer momento fosse ouvir a voz amistosa da I.A.

 — Eu ainda não sei... — Ele disse, soltando um leve suspiro desanimado. Peter não era muito bom com nomes, e essa I.A iria ficar com ele durante muito tempo, então era bom pensar com cuidado.

 Ele encarou a tela do computador, buscando uma resposta no fundo da sua mente. Mesmo assim, pareceu que nenhum nome bom veio — a maioria deles eram de pessoas que ele conhece ou conheceu. Por fim, Peter enfiou o rosto em suas mãos e soltou um suspiro.

 — Não se preocupe, uma hora ou outra vai vir — Sr. Stark disse num tom tranquilizador.

 Peter abaixou as mãos, buscando pelos olhos do mais velho. Como esperado o homem já estava olhando pra ele, estampando um brilho diferente nos seus olhos. Uma mistura de sentimentos que fez Peter se sentir extremamente consciente da atenção que o bilionário super ocupado estava dando para ele.

 Tony estava, literalmente, arranjando tempo para ficar com Peter, mesmo agora onde ele deveria estar trabalhando.

 — Espero que sim...

 ...

 De fato, o nome veio, logo no dia seguinte.  Peter não tinha muita coisa para fazer e era apenas o seu quarto dia oficial na Torre — ele ainda estava se limitando a muita coisa —, por isso ele decidiu apenas observar Tony no laboratório, acompanhando todos os movimentos do maior com atenção e curiosidade.

 Ele percebeu que gostava disso, por dois grandes motivos. O primeiro era porque ele ficava próximo se Tony sem necessariamente incomoda-lo; o segundo é que desse jeito, querendo ou não, Peter acabava aprendendo mais coisas sobre mecânica e ampliava os seus conhecimentos sem a necessidade de um instrutor.

O laboratório estava imerso em um ambiente até que calmo — se não fosse a música do AC/DC tocando ao fundo —, quanto o nome veio na mente de Peter.

 Karen.

 Um nome simples, mas ele gostou da forma como soou. Era leve, simples.

 — Eu acho que pensei em um nome — Ele resmungou, chamando a atenção de Tony instantaneamente.

 — Qual? — O homem perguntou, girando uma chave de fenda entre os dedos.

 — Karen... — Peter não queria admitir, mas estava se sentindo um pouco tímido em falar assim, tão abertamente, mas ele fez um esforço para soar normal, fazendo o possível para esconder o rubor em suas bochechas. — Posso usar...?

 — Claro — Veio a resposta imediata. — É um bom nome

 ...

 Apenas algumas horas depois, Peter ainda estava com seu pai preso no laboratório — particularmente, ele não tinha muito o que fazer numa segunda-feira —, diferente de antes, os dois agora estava conversando.

 Peter gostava dessa sensação, a sensação de ser bem-vindo, de saber que alguém não está se sentindo incomodado com a sua presença. Por ele, ele ficaria no laboratório para sempre, conversando com Tony enquanto ao mesmo tempo apreendia coisas diferentes.

 Até o momento, nenhum dos dois sabia o que fazer com Karen, mas uma ideia estava martelando na cabeça de Peter desde que a I.A foi finalizada, e ele simplesmente não tinha coragem para dizer ao sr. Stark: Peter poderia coloca-la em seu traje, assim como Sexta-Feira, que funciona em todas as armaduras do Homem de Ferro.

 A ideia era simplesmente perfeita, mas Peter teria que dar o seu próprio jeito de fazê-lo sem chamar atenção. Isso pode levar tempo, já que ele é um completo amador no ramo da robótica. Pelo menos por enquanto.

 Enquanto isso não acontece, ele se sente feliz em observar seu pai no laboratório pessoal dele.

 O som de metal era frequente, isso quando não enviava um tremor pelo corpo de Peter por causa dos seus sentidos frágeis. Ainda assim, ele se recusou a se afastar, curioso demais para descobrir como tudo isso funcionava.

 Tony não pareceu ficar incomodado com isso, na verdade, ele parecia curtir a presença de Peter e a forma como ambos facilmente jogavam o papo fora. As vezes era apenas sobre programações e robôs, outras vezes eram detalhes e atualizações para a armadura do Homem de Ferro que Peter ficava mais do que feliz em ouvir.

 As vezes eles falavam sobre Richard e Mary, sobre como Ben e May estavam felizes em saber que Peter estava seguro, ou como iria ser o esquema da escola que ficava um pouco longe demais da Torre; como agora.

 — Sr. Stark, o senhor sabe que seu posso muito bem pegar o metrô sozinho, não sabe? — Peter disse, uma sobrancelha levantada para o mais velho quando ele disse algo sobre Happy o levando e o trazendo para casa depois da escola. Ele ainda não conhecia esse Happy, mas supôs que era o motorista do sr. Stark.

 Peter não gostou dessa ideia.

 Ele não era uma criança indefesa, ele sabia se cuidar muito bem. Não ia ser uma tarefa muito difícil ir e voltar da escola todos os dias, mas isso deixou o sr. Stark tenso no mesmo instante.

 Peter sabia que era um medo interno do homem, como se ele fosse desaparecer enquanto estivesse na escola, como se ele precisasse ser monitorado 24 horas por dia. O jovem realmente queria entender o que se passava na cabeça do bilionário, entender o porquê de um medo tão bobo.

  Tony parou de mexer na manopla do Homem de Ferro apenas para lhe dar um olhar incrédulo, quase como se estivesse o repreendendo. Peter sentiu seus ombros se enrijecerem no mesmo instante e sua boca secou; ele não pode evitar, mas se sentiu pequeno em comparação ao mais velho.

 Parecia que ele estava sendo repreendido de novo, igual naquele dia em que ele quase levou um tiro. O medo e a raiva estavam estampados no rosto de Tony naquele dia, mas hoje parecia ser apenas algo firme, autoritário, como se o bilionário estivesse prestes a ditar algumas regras.

 — Isso não vai acontecer — O sr. Stark disse sem hesitar, firme e autoritário, voltando a mexer na manopla como se o assunto tivesse sido encerrado ali mesmo.

 Peter sentiu seu coração cair em desapontamento. Algo que ele não pode lutar contra. Uma careta se instalou em seu rosto, deixando mais do que claro que ele estava disposto a lutar contra essa decisão.

 Ele abriu a boca para responder, sentindo uma pequena pontada de rebeldia em seu corpo para sequer ousar contrariar Tony Stark; não importa se as intenções dele eram boas ou não, Peter ainda queria um pouco de liberdade.

 Como ele iria sair como Homem-Aranha se era constantemente vigiado por Tony, o resto dos Vingadores e agora por esse tal Happy?

 — Mas sr. Star-

 — Sem “mas” Peter — Ele o cortou, sem nem ao menos levantar o olhar.

 Peter se jogou para trás na cadeira, se sentindo injustiçado por um momento. Era injusto e isso o deixou com uma careta no rosto. Ele não podia viver assim, preso nessa Torre. Peter estava acostumado com as ruas, ele estava acostumado a vagar sem rumo pelo Queens, a pular de prédio em prédio, a ser livre.

 Sr. Stark estava colando limites em sua vida, e não importa qual eram as suas intenções, Peter não podia se sentir mais desconfortável com isso.

 Com uma careta no rosto, o jovem começou a pensar em uma maneira de mudar a decisão do sr. Stark, mas ele simplesmente não conseguiu pensar em nada bom o suficiente.

 Ele nunca pensou que alguma vez na sua vida iria querer contrariar o Homem de Ferro, mas isso estava acontecendo agora mesmo.

 Peter teria que ser mais perspicaz se quisesse mudar a opinião do seu pai.

 O jovem tinha perdido alguns minutos pensando, completamente alheio, que nem ao menos notou quando o celular do sr. Stark começou a tocar, uma música do AC/DC alta demais e que agora estava preenchendo completamente o silêncio.

 — Oi Pep — Finalmente, Peter desviou o olhar do nada e encarou a figura do seu pai, vendo quando ele fez uma careta de desagrado. — Era hoje? — Peter se ajeitou na cadeira, ouvindo a conversa, mas impressionantemente incapaz de ouvir a voz de Pepper. Talvez fosse porque ele estava meio longe de Tony. — Tá bom, já estou indo. Guarde meu lugar

 Tony desligou o celular e se virou para encara Peter com um olhar apológico.

 — Desculpa garoto, mas o tempo no laboratório acabou — Ele brincou, se levantando da cadeira com um suspiro.

 — Por quê? — A pergunta veio automaticamente, fazendo Peter se amaldiçoar internamente por ser tão curioso e ao mesmo tempo tão infantil. Felizmente Tony pareceu não se importar.

 — Eu tenho uma reunião... vamos antes que Pepper resolva me matar — Tony disse com um encolheu de ombros.

 ...

 Mais tarde naquele dia, Peter entrou na sala de estar da Torre, sem ter nada para fazer já que seu pai estava longe em uma reunião e seu quarto estava interditado já que amanhã as paredes seriam pintadas e as janelas trocadas. Ele não podia entrar lá até segunda ordem.

 Com a mente cheia de pensamentos controversos, Peter se sentou no sofá, não prestando atenção na televisão que estava ligada em alguma série qualquer que ele não reconheceu.

 — E aí Peter — Uma voz calorosa o cumprimentou e logo Scott estava sentado ao seu lado com um balde de pipoca em mãos.

 — Oi Scott — Ele o cumprimentou, um leve sorriso no rosto.

 Scott tinha sido um dos Vingadores que Peter mais estava familiarizado, talvez fosse o fato de que o homem era bom com crianças que fez Peter se sentir mais à vontade com ele.

 Geralmente os dois passaram uma pequena parte da noite jogando jogos, mais frequentemente Mario Kart, mas as vezes Clint se irrita e mudava o jogo para Mortal Kombat.

 Apenas para perder do mesmo jeito.

 — Quer assistir La Casa de Papel comigo? Acho que você pode gostar — Scott ofereceu um pouco de pipoca para Peter, que aceitou de bom grado.

 — É sobre o que? — O jovem perguntou distraidamente, poupando um olhar para a televisão e tentando entender o que estava acontecendo. Ele desistiu e aceitou a explicação de Scott.

 Por um momento, Peter se lembrou do fato de que ele não assistia uma série há muito tempo. Talvez a última tivesse sido Hora de Aventura, mas ele nem ao menos tem certeza disso ou se lembra de como era o desenho.

 Isso fez seus ombros caírem em desanimo, porque ficou mais do que claro que ele perdeu muitas coisas nesses últimos anos.

 — É sobre um grupo de ladrões que querem fazer o Crime do Século — Peter bufou uma risada, algo em sua mente soando completamente irônico. Ele se virou e deu um olhar surpreso para o Homem-Formiga.

 — Isso é meio irônico — Peter disse, não julgando Scott, apenas fazendo uma piada interna que ele realmente não esperava que o homem levasse a sério.

 Afinal, os rumores que rondavam as ruas dos Queens eram verídicos, o Homem-Formiga era um ex presidiário, não só isso, mas ele de fato entrou para os Vingadores depois de roubar o Complexo. Os dois tinham mais coisas em comum do que Peter pensava.

 — Ei! — Ele protestou, ainda com um sorriso divertido no rosto. — Eu mudei tá

 Peter se permitiu rir. Pelo menos Scott era engraçado e não levava as piadas para o lado pessoal.

 Eles acabaram assistindo quatro episódios de La Casa de Papel — Onde no meio Clint e Sam se juntaram para assistir —, até o sr. Stark voltar da reunião com uma careta no rosto e arrastou Peter para a cama, dizendo que amanhã eles teriam um longo dia.

 Peter não protestou, ele apenas se despediu dos Vingadores e seguiu seu pai até seu quarto temporário.

 ...

 Peter acordou cedo no dia seguinte, mais cedo do que ele gostaria. Tony invadiu seu quarto lá pelas sete da manhã, fazendo ele se levantar e se trocar.

 — Aonde vamos? — Peter perguntou, meio grogue do sono interrompido. Ele já podia ver que o sr. Stark estava arrumado com uma roupa simples, mais ainda elegante.

 Era meio óbvio que os dois estavam indo para um lugar muito importante, e a única coisa que Peter estava desejando era que não fosse um conferência de impressa.

 — Assistente social — Ele disse sem rodeio e isso instantaneamente pegou a atenção de Peter.

 Não precisou de mais palavras. Logo o garoto estava de pé, colocando uma roupa quente para passar grande parte do dia na presença de uma pessoa que iria tornar a sua vida na Torre oficial. Ele não podia evitar a pequena onda de nervosismo e ansiedade que se revirou em seu estômago, fazendo-o imaginar o que iria vir a seguir.

 Peter e Tony tomaram café da manhã — ovos, levemente queimados nas bordas — e sairam para enfrentar o que estava por vir.

 No meio do caminho, um pensamento veio a Peter, algo que o deixou desconfortável. Muito desconfortável. Ele estava pensando em Mary e Richard, em como os dois tinham sido bons pais; depois, sua mente vagou para Ben e May e em como eles eram simplesmente os melhores tios do mundo.

 Foi somente isso que lhe deu coragem para fazer a pergunta que o estava deixando nervoso:

 — Tony... — Peter o chamou, brincando com o cinto de segurança enquanto o carro andava pelas ruas de Nova York lentamente.

 A neve do lado de fora estava mais expressa agora, um frio típico de janeiro. Peter não queria nem pensar em como estaria se ainda vivesse nas ruas e tivesse que enfrentar esse frio cara a cara.

 — Hum?

 Peter respirou fundo, nervoso, mesmo que ele soubesse que a pergunta em questão não tinha nada de relevante. Era apenas uma curiosidade — ou talvez um medo — que ele tinha.

 — Eu vou ter que mudar o meu nome? — Peter perguntou, falando um pouco rápido demais.

 Ele encolheu os ombros, temendo a resposta.

 A pergunta surpreendeu Tony, fazendo-o ficar em silêncio por longos segundos. Peter sabia que ele não estava hesitando, apenas considerando suas respostas, mas isso não tornou a espera menos torturante.

 — Você não precisa — Ele disse quando o carro parou no semáforo, dando um leve solavanco para a frente.

  Peter viu — mas ele realmente tentou ignorar — quanto o nariz do sr. Stark se contorceu em desagrado. Ele parecia estar lutando contra os seus pensamentos firmemente. Por fim, ele lançou um olhar sério para Peter, mas em seus lábios brotou um pequeno sorriso reconfortante.

 — Você pode manter o “Parker” se quiser. Acho que seria uma boa forma de honrar seu pais adotivos — Tony disse. Apesar das palavras gentis, Peter não precisou se esforçar para notar que ele realmente não gostava de falar sobre Richard e Mary.

 Talvez fosse uma pequena rixa interna que Tony tinha, afinal, Richard e Mary foram quem lhe criaram, tanto que sua mente ainda assimilava eles como seus pais. Era por isso que Peter ainda se sentiu relutante em chamar Tony de pai abertamente.

 Na sua cabeça, Richard ainda era seu pai.

 — Você deixaria? — Peter perguntou, com o cenho franzido para o mais velho.

 — Claro. Mas ainda vamos acrescentar o Stark no final — Peter balançou a cabeça, sorrindo.

 — Pra mim parece perfeito

 ...

 Eles passaram horas conversando com a assistente social. Ou mais precisamente, Tony conversando com a assistente social. Peter tinha 14 anos e ninguém pareceu perguntar no que ele estava interessado — claro, o sr. Stark pedia a sua opinião a cada cinco segundos, se certificando em inclui-lo na conversa.

 A assistente social era uma mulher jovem — srta.  Willians — parecendo cansada e estressada, mais ainda disposta a trabalhar. Ela — felizmente — não fez muitas perguntas sobre a vida de Peter antes dele fugir e apenas aceitou os fatos, optando por apontar as vantagens e as consequências que Peter poderia enfrentar ao morar com uma pessoa tão pública quanto Tony Stark.

 — Eu acho melhor deixa-lo um pouco longe da mídia por enquanto. Pelo menos até ele se acostumar com as coisas — Ela disse depois de muita burocracia que Peter estava apenas tentando entender.

 — Sim, essa era a ideia

 — Ótimo então — Srta. Willians disse, pegando alguns papeis e rodando eles para que Tony pudesse alcançar. O bilionário pegou as papeis e começou a ler. — Pode demorar um pouco, mas terremos que enviar um dos nossos funcionários para inspecionar a Torre e decidir se o ambiente é próprio para o Peter

 Sr. Stark não responde, em vez disso ele leu o papel na sua frente, demorando mais do que necessário. No final, a srta. Willians estendeu uma caneta para o bilionário.

 — É só assinar e o Peter vai estar sobre os seus cuidados até os 18 anos

 Peter sentiu seu coração vibrar com isso, um misto de ansiedade e nervosismo. Ele iria passar os próximos 4 anos sobre os cuidados de Tony, talvez até mais, até o final da sua vida ele seria o seu pai.

 Tony Stark era seu pai e isso estava prestes a se tornar oficial.

 Pelo resto da vida ele seria um Stark.

 Esse pensamento era tão doido, tão surreal. Era difícil acreditar mesmo que uma semana tenha se passado desde que Tony o encontrou. Peter era um Stark, simples assim.

 O sr. Stark pegou a caneta sem hesitar, assinando seu nome com uma certa rapidez que deixou Peter perplexo. O homem claramente estava esperando por esse momento há muito tempo.

 Ele então se virou e entregou a caneta para Peter.

 — Sua vez garoto — Tony ofereceu sorriso, cheio de carinho e afeição, que fez novamente Peter questionar se tudo isso era real.

 Ele hesitou antes de pegar a caneta e se virar para o papel, sentindo o mundo em câmera lenta quando ele escreveu seu nome.

 Peter Benjamin Parker-Stark.

...

 A viagem de volta para a Torre estava cheia de conversas e planos que Peter nunca imaginou que um dia teria na sua vida; era algo leve, bem-humorado, mas ao mesmo tempo sério.

 — Eu já decidi em qual escola você vai ir garoto — Tony disse depois de uma boa onda de risadas.

 Uma frase simples, mas que enviou um tremor para o coração do jovem aranha. Ele se ajeitou no banco e olhou para o pai com curiosidade estampada no seu rosto.

 — Qual? — Ele perguntou, borbulhando por dentro. — Não é muito longe né? Daí eu posso ir a pé...!

 Tony revirou os olhos, claramente não querendo entrar nesse assunto de novo, mas ele não podia julgar Peter por pelo menos tentar mudar a sua cabeça.

 — Não vou discutir sobre isso de novo — Ele disse, perdendo grande parte do seu humor lúdico de antes. Peter deixou os ombros caírem em desanimo. — Fica em Forest Hill, bem perto até de onde seus tios moram

 Isso sim causou um sorriso no rosto de Peter, de repente se sentindo animado com a ideia de estudar em um lugar conhecido — neste caso, o bairro onde ele passou grande parte da sua vida.

 — Acho que você já deve ter ouvido falar em Midtown Hing School? — Tony perguntou.

 O queixo de Peter caiu e ele tentou — futilmente — reprimir um sorriso, que dominou seu rosto.

 — A escola para nerds? — Ele perguntou, rindo em meios as palavras e em meio a sua excitação. — Isso é incrível sr. Stark! Só os mais inteligentes vão pra lá!

 — Bem, então eu acho que você vai se dar bem — Tony esboçou um sorriso.

 Peter ficou inquieto com essa notícia, batendo agora o pé pra cima e pra baixo enquanto a dupla se aproximava da Torre lentamente.

 ...

 Peter e Tony estavam novamente dentro do elevador, subindo para se juntar com o resto dos Vingadores. Particularmente, o jovem estava se sentindo feliz, por isso ele estava falando sem parar com o sr. Stark sobre as baterias de carro, ganhando algumas risadas em troca.

 Ele realmente não estava esperando o alvoroço que praticamente foi jogado na sua cara quando a porta do elevador se abriu, junto com confetes coloridos que ficaram presos em seu cabelo.

 Peter se assustou e foi obrigado a dar um passo para trás.

 — ARA! Eu te peguei! — Clint comemorou, um enorme sorriso no rosto. Foi ele quem jogou os confetes que agora bloqueavam a visão do menor.

 Peter riu e balançou a cabeça, jogando os confetes para todos os lados.

 — Mandou bem — Ele disse, sorrindo para o arqueiro.

 Só então Peter notou que haviam bexigas espalhadas pelas paredes da sala em uma certa ordem, nas cores azul, vermelho e amarelo. A mesa de jantar foi arrastada e agora descansava no centro da sala, decorada com doces, refrigerantes e um bolo de dois andares.

 Ele se perguntou de quem era o aniversário.

 — Clint! Eu estava brincando quando disse que ia dar uma festa — Tony resmungou, saindo do elevador, só então Peter se mexeu, ainda com um sorriso estampado no rosto enquanto apenas observava seu pai.

 — Pra quem é a festa? — Peter perguntou inocentemente, olhando vagamente para o resto dos Vingadores espalhados pela sala.

 — Ora de quem? Pra você né garoto — Scott disse, furtando um doce da mesa descaradamente.

 Peter congelou, confuso. Ele levantou uma sobrancelha, se perguntando o porquê que todos eles se deram ao trabalho de fazer algo assim, pra ele? De todas as pessoas. Peter ficou sem palavras, mas apenas a sua expressão dizia muita coisa.

 — Estamos trabalhando nisso há dois dias! — Clint disse, jogando mais confetes em cima de Peter.

 Ele riu com o quão infantil isso tudo soou.

 ...

  A “Festa”, como todos os Vingadores chamaram, só foi terminar lá pelas duas da manhã, quando Sexta-Feira basicamente forçou todo mundo a ir dormir. Peter realmente estava feliz com tudo que aconteceu durante o dia; seu pai, a festa e agora o sentimento de boas-vindas que estava pairando sobre seu coração.

 Eles passaram a maior parte da festa jogando jogos como monopólio e UNO, o que causou algumas brigas e patadas, mas nunca perdeu a graças. No final, Peter foi para o seu quarto temporário, ao lado de Sam e Clint, e adormeceu muito facilmente, apenas para ser acordado três horas depois por um pesadelo.

 Diferente das outras vezes, ele não estava em pânico e isso era bom porque ninguém foi acordado com seus gritos.

 Ele estava suando frio, com o coração preso na garganta, mas depois de alguns minutos sentado na cama ele conseguiu se acalmar.

 Peter resolveu se levantar, começando o dia antes de qualquer outro Vingador. O céu ainda não tinha clareado, mas mesmo assim Peter saiu da cama e foi até a cozinha, comendo uma tigela de cerais e depois, sem nada para fazer, ele foi para academia.

 O lugar estava vazio e por isso Peter se sentiu mais solto para treinar, sem medo de se conter.

 Ele optou por correr na esteira em vez de levantar peso, esperando que isso fosse o suficiente para queimar as suas energias.

 Peter correu, correu, e correu por duas horas completas sem se cansar, até que ele foi avisado por Sexta-Feira que Tony estava lhe chamando na cozinha.

 Ele tomou um breve banho já que estava se sentindo meio nojento depois de correr por tanto tempo e só então foi encontrar com seu pai.

 A conversa e as vozes na cozinha eram altas e bem claras, ressaltadas pelas leves brigas aqui e ali. Peter entrou e logo de cara foi cumprimentado por todos ali; inclusive o Capitão que a partir da última noite passou a se aproximar um pouco mais de Peter, sorrindo mais vezes para o menor.

 Era quase como se equipe estivesse de ótimo humor, todos falando muito e sorrindo, menos Tony, que parecia tenso e pensativo, arrastando Peter para ficar ao seu lado mesmo quando ambos estavam assistindo televisão.

 Aí Peter descobriu o porquê de todo esse alvoroço.

 Bucky Barnes era estranho, Peter chegou a essa conclusão assim que seus olhos alcançaram o ex soldado. Porém, ele não era ninguém para julga-lo, já que ele próprio também era extremamente estranho.

 — E você quem é? — Barnes perguntou assim que Peter entrou na sala, oferecendo uma mão para o adolescente.

 — Peter Parker — Ele disse, oferendo um dos seus melhores sorriso. — Prazer conhece-lo sr. Barnes

 Peter não pode deixar de notar a forma como Tony estava encarando toda a situação, encarando Bucky descaradamente como se o soldado fosse fazer algo ruim, mas em nenhum momento seu sentido aranha o alertou.

 Ele estava seguro. Todos estavam seguros. Não tinha com o que se preocupar.

 ...

 No dia seguinte Peter estava dominado pelo tédio — literalmente. O sr. Stark tinha saído logo cedo encontrar com um amigo e ele estava sucumbindo a monotonia.

 Peter tinha vivido nas ruas por quase dois anos, ele estava acostumado a nunca parar de se mover, a andar de um lado pro outro, mas agora ele estava trancado em quatro paredes e isso não era legal, não importa o quão incrível essas quatro paredes eram.

 Por isso ele resolveu dar uma ajudinha ao Jeff, o construtor que estava reformando o  seu quarto.

 — Não ouse tocar no cimento garoto! — Jeff, um homem de meia idade com os cabelos grisalhos lhe avisou no mesmo instante que Peter ofereceu sua ajuda.

 Jeff não deixou ele fazer muito, apenas pintar a parede e com muitas regras envolvidas. Para a sua surpresa, 10 minutos depois que ele começou a trabalhar, Bucky e Steve se juntaram a ele.

 Peter estava mais do que contente em ouvir as histórias que ambos tinham para contar sobre a segunda guerra, prestando atenção em cada uma das suas palavras. Secretamente, ele estava guardando tudo isso no fundo da sua mente para quando encontrar novamente com Michelle; ela certamente iria gostar de ouvir tudo sobre isso.

 Eles acabaram terminando tudo em menos de 40 minutos e Peter realmente queria ficar e ajudar Jeff com as novas janelas, mas o homem não deixou ele sequer chegar perto das vidraças, expulsando não só Peter, mas os dois soldados para fora do quarto.

 Steve então decidiu que iria fazer panquecas e arrastou Peter e Bucky para a cozinha.

 Foi então que Peter notou algo incrível sobre Bucky e não conteve a curiosidade.

 — O seu braço é de metal! — Ele exclamou quando finalmente percebeu, sorrindo para o saldado ao mesmo tempo que seus olhos brilhavam de curiosidade e admiração. — Isso é tão maneiro!

 Apesar de toda a insistência da parte de Peter em ouvir como o soldado conseguiu um braço feito de metal, Bucky se recusou a falar qualquer coisa sobre isso, dizendo que quando Peter fosse mais velho ele talvez contasse a história inteira.

 ...

 Mais tarde naquele dia, depois de se entupir de panquecas, Peter conheceu Rhodey.

 Ele chegou na Torre junto de Tony, indo direto cumprimentar Peter. O jovem aranha sentiu, novamente, uma emoção ao falar com o Maquina de Combate — ou era Patriota de Ferro?

 — Você cresceu garoto — Rhodey falou, bagunçando seu cabelo assim como Tony sempre fazia.

 Ele podia sentir uma pontada dolorosa no seu peito quando percebeu que Rhodey o conhecia quando ele ainda era Jean, mas resolveu deixar isso de lado e aproveitar as horas divertidas que se seguiram.

...

 O dia seguinte foi movimentado, isso quer dizer que Peter não sucumbiu ao tédio de novo.

 Basicamente, Pepper — que por sorte estava na Torre — o chamou para decorar seu quarto, claramente interessada apenas na sua opinião.

 O problema era que Peter realmente não fazia a menor ideia de como se decorava um quarto.

 Acabou que os dois passaram as primeiras horas ajeitando os moveis no lugar certo. Como Peter pediu por uma cama de beliche em vez daquela cama enorme de antes, Pepper optou por deixa-la ao lado da porta, encostada na parede, abrindo assim espaço suficiente para Peter ter uma escrivaninha ao lado da cama — foi exatamente o que aconteceu.

 Depois, eles colocaram a cortina nas janelas — que agora abriam e fechavam, o que uma janela deveria fazer desde o início. Logo depois disso, o sr. Stark se juntou a eles, ajudando Peter a arrumar as estantes de livro enquanto Pepper guardava as roupas no armário.

 O casal resolveu deixar a parte de decoração das paredes com Peter, pendurando apenas um quadro de avisos acima da escrivaninha.

 Depois disso, Peter foi arrastado para a cozinha no andar de baixo, onde de repente todos os Vingadores — mais Pepper — estavam reunidos na mesa para um almoço de domingo.

 Peter então suspirou, percebendo que amanhã era segunda e, consequentemente, seu primeiro dia de aula.


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Notas finais do capítulo

Protocolo - Bebê Desaparecido:

Spirit - https://www.spiritfanfiction.com/historia/protocolo--bebe-desaparecido-15688905

Nyah - https://fanfiction.com.br/historia/774273/Protocolo_-_Bebe_Desaparecido/

Voltamos! Mas tenho alguns avisos antes.

✰ Apesar dessa história ter uma grande base em "O Espetacular Homem-Aranha", eu realmente odeio quando alguém reescreve um enredo de um filme apenas para encaixar em uma fic, então não; a história não vai ser a mesma do filme. Em vez disso eu vou misturar alguns elementos da série animada "O espetacular Homem-Aranha" de 2008 (inclusive, super recomendo!) e algumas coisas que vem da minha cabeça pq sou doida

✰ Ainda não terminamos com o passado do Peter, então aviso que essa história pode ter temas sombrios e gatilhos, leia por sua própria conta e risco

✰ Desculpa os error ortográficos, pois eu tinha muitas coisas para colocar nessa semana e não pude evitar. O próximo nos já começamos com a história para valer

✰ Provavelmente eu vou manter o ritmo de antes, um capítulo por dia, mas a história não está completamente terminada (atualmente está em 80%), isso porque tenho muita, muita coisa pra escrever, então pode ocorrer de passar, no máximo, dois dias sem capítulo

✰ Desculpa a capa, sou horrível, mas eu amo essa fanart e achei que ela encaixava.

~~ See Ya Later



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