Oceano escrita por Ariel F H


Capítulo 1
parte 1


Notas iniciais do capítulo

oioioi

bem, will solace trans de novo porque will solace trans nunca é demais.

essa fanfic vai ter dois capítulos. o segundo é o que dá nome ao título da fanfic (e também é o meu favorito). eu espero que vocês gostem ^^ vou postar o segundo assim que der

abraços ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776337/chapter/1

Assim que Nico trancou a porta atrás de si, sentiu que algo estava fora do comum.

Normalmente, quando chegava da faculdade, ouvia o barulho de Will na cozinha tentando fazer algo para o jantar. Ou o som do computador no quarto, entregando que Will estava assistindo algum filme — geralmente um musical ruim.

Também havia noites em que Will deixava alguma música clássica tocando muito alto enquanto estudava para alguma matéria da faculdade. Nico não sabia como é que eles ainda não tinham recebido nenhuma advertência de perturbação de silêncio ainda.

— Will?

Nico largou a mochila em cima do sofá minúsculo da sala de estar. O apartamento era pequeno, não cabia quase nada ali. Tudo era pequeno.

Caminhou para a cozinha, tirando a jaqueta de couro. Ainda sem sinal de Will, Nico olhou para o fogão e para a pia, ainda estranhando o silêncio do apartamento, buscando qualquer coisa que fosse entregar que Will estava ali.

Quando colocou a jaqueta no encosto de uma das cadeiras da mesa, Nico viu.

Em cima da madeira da pequena mesinha, alguns papéis e um envelope grande.

Nico esticou o braço para pegá-los. Talvez fosse algo da faculdade. Mas, antes que pudesse ao menos encostar neles,finalmente ouviu algum som:

— Não!

Nico se virou, rápido, e encontrou Will.

A primeira coisa que percebeu foi que os cachinhos do cabelo de Will estavam meio úmidos. Ele tinha vindo da direção do banheiro, então provavelmente estava tomando banho mais cedo. A segunda foi que seus olhos estavam um pouco vermelhos. Will esteve chorando.

— Não leia isso. — Will disse, tirando os papéis da mesa e embolando tudo em uma grande bola de papel, sem olhar para Nico.

— O que aconteceu? — Nico perguntou. Will não o respondeu. Ao invés disso, jogou a bola de papel no lixeiro ao lado da pia. — O que é isso?

Novamente, Will não o respondeu.

Nico ficou parado, observando seu namorado. Will parou no meio da cozinha, estralando os dedos, olhando para qualquer coisa que não fosse Nico.

Conhecia bem Will para saber que isso significava que ele estava nervoso.

— Ei. — Nico o chamou, se aproximando dele. — Will, o que aconteceu?

Nico segurou os pulsos de Will, tentando o fazer parar de estralar os dedos.

Will era alguns bons centímetros mais alto que Nico, o que o obrigava a olhar para cima para encarar Will. Isso geralmente o incomodava. Mas, no momento, nem passou por sua cabeça.

Will abriu a boca e fechou logo em seguida.

— Você está bem? — Nico perguntou, tentando incentivar ele a dizer qualquer coisa.

Will deu uma risada nervosa.

— Essa é uma pergunta difícil de responder.

Nico mordeu o lábio, sentindo seu estômago dar uma volta dentro de si. Algo definitivamente estava errado.

— Eu… — Will começou.

— Você? — Nico tentou encorajá-lo.

Will respirou fundo e se soltou do aperto de Nico, livrando seus pulsos. Nico não o impediu. Ele viu Will caminhar até a geladeira, mas ele parou no meio do caminho e encarou Nico:

— Você lembra…

Will parecia incapacitado de terminar uma frase.

— Lembra quando… — voltou a tentar. — Quando…

— Will. — Nico tentou o chamar suavemente. — Apenas me conte o que quer que tenha acontecido. Você sabe que pode me contar qualquer coisa.

Will assentiu, então engoliu em seco.

— Me dê um momento. — ele pediu.

Will foi até a geladeira e pegou uma garrafinha de água. Bebeu metade antes de voltar para perto de Nico e se encostar na bancada.

Nico ficou em silêncio.

Will mordeu o lábio antes de abrir a boca.

De todas as coisas que Nico imaginou que Will diria, ele disse a única que não passou pela sua cabeça.

— Eu estou grávido.

Foi a vez de Nico perder a fala.

Por um segundo, pensou que havia ouvido errado.

— Você o quê?

Will falou sem hesitar dessa vez:

— Eu estou grávido.

Ele encarou Nico, de verdade dessa vez, bem fundo em seus olhos.

Nico ouviu uma risada, tão nervosa quanto a que Will tinha dado minutos atrás, sair da própria garganta.

Quando Will não riu de volta, Nico ficou estático.

— Você… — Nico deu um passo para trás. — Você o quê? Como? O quê? Como você sabe?

Will suspirou.

— Você lembra como eu estava enjoado mês passado?

Nico confirmou com um aceno.

— Bem, eu sempre fui meio paranóico com gravidez. Eu fiz um daqueles testes de farmácia. Deu positivo. E aquilo — Will apontou para o lixeirinho, onde tinha jogado os papéis que estavam na mesa. — Aquilo era o teste que eu fiz no médico. Deu positivo também.

— Você… — Nico olhou para o lixeiro. — Você fez um teste de gravidez e não me contou!?

— Eu não sabia como! E isso não é importante.

— É claro que é!

Nico encarou Will, que o encarou de volta.

Aquilo era assustador.

Nico tinha só vinte e quatro anos. Estava na metade do curso de história depois de desistir do curso que havia escolhido inicialmente. Lidar com uma gravidez não era uma coisa que ele esperava que fosse acontecer tão cedo.

Na verdade, era uma coisa que ele esperava que não fosse acontecer nunca.

— Como… — Nico pigarreou. — Como é que isso aconteceu? Nós não… ? Quando?

Nico esperava que Will entendesse. Os dois faziam sexo de várias maneiras. Raramente era de uma maneira que Will pudesse engravidar e, quando acontecia, eles tomavam precauções. Além disso, as chances de Will engravidar já eram baixas por culpa da terapia hormonal.

— Eu acho que foi no noivado do Percy. — Will respondeu, baixinho. — As datas batem e... Eu não lembro muito bem daquela noite.

— Nem eu.

Nico respirou fundo.

Will estava grávido.

Olhou para a barriga do namorado, buscando qualquer sinal de gravidez, mas não estava muito diferente do que estava acostumado.

O que ele deveria sentir naquele momento?

Os dois nunca haviam conversado explicitamente sobre Will gerar uma criança. Sempre que falavam de filhos, falavam em adoção, e o tópico sempre soou como algo que aconteceria dali anos, quando estivessem com empregos já devidamente estabelecidos. Apesar de Will ter um útero, ele nunca pareceu querer usar ele para isso.

Mas, mesmo assim, a ideia de ter um filho com Will, apesar de parecer assustadora, era tão… Boa. Maravilhosa.

Espera, o que é que estava pensando?

Não podia fazer isso se Will não quisesse.

Nico voltou à realidade quando ouviu uma fungada. Olhou para Will e viu lágrimas descendo em seu rosto. Se aproximou do namorado e, o mais delicadamente que conseguiu, com as mãos tremendo levemente, secou uma lágrima que descia em sua bochecha.

Quando Nico falou, soou mais como um sussurro, mesmo que não tivesse ninguém ali para ouvi-los:

— O que você quer fazer?

Will segurou a barra da blusa de Nico, como se precisasse de algo para se apoiar, e o puxou para mais perto.

Ainda sem olhar para ele, respondeu, tão baixo quanto Nico:

— Eu não sei.

Nico abraçou Will e apoiou o rosto na curva do pescoço de Will.

— Eu não sei. — Will repetiu. — Eu sei que é loucura no momento, e nenhum de nós tem um emprego estável, mas… — ele trouxe Nico para ainda mais perto de si e murmurou: — Eu acho que talvez eu não quero fazer um aborto.

Nico não podia opinar na decisão de Will. Se ele decidisse abortar, Nico o apoiaria. Mas, mesmo assim, não pode deixar de ficar feliz de ouvir aquilo.

Levantou o rosto e deu um beijinho na bochecha de Will.

— O que você decidir, tá bem? A gente pode fazer isso.

Will não pareceu muito seguro.

— Mesmo?

Nico concordou com um aceno, mesmo que ele próprio não estivesse muito seguro. Eles podiam mesmo fazer aquilo?

— Você contou pra mais alguém?

Will engoliu em seco.

— Só a minha irmã. Kayla foi comigo no hospital fazer o exame.

Nico voltou a encostar a cabeça no ombro de Will.

— Você deveria ter me contado. — sua voz saiu abafada. — Eu poderia ter ido com você.

— Eu pensei que poderia só estar paranóico. Desculpa.

— Você não deveria ter passado por isso tudo sozinho.

Nico apertou seu corpo contra o de Will, sentindo o calor dele. Will se arrepiou.

— Eu não sei o que fazer. — Will confessou, próximo do ouvido de Nico. — Se eu… Continuar… Isso… E-eu vou ter que parar de tomar testosterona durante a gravidez. Mas eu também sei que provavelmente isso nunca mais vai acontecer e… Eu não sei.

Nico ficou em silêncio por um momento. Sabia como a terapia hormonal era importante para Will. Ele se sentia muito melhor com si mesmo.

Se afastou minimamente de Will para falar, olhando para ele:

— Tudo bem se você quiser fazer um aborto. A decisão é sua. Mas se você não quiser, vai ser maravilhoso… Quero dizer, não que não seja maravilhoso se você decidir abortar… Não que abortar seja algo bom! Mas não é algo ruim também! Você pode decidir o que quiser! Eu vou ficar feliz com qualquer coisa… Não que você precise da minha aprovação pra decidir. Você pode… Fazer o que quiser…

Nico parou de falar quando ouviu uma risada vindo de Will. Sem tom de nervosismo dessa vez.

Parecia ter achado graça no pequeno discurso atrapalhado de Nico.

— Eu entendi. — Will disse. — Obrigado. — falou, mais baixinho. — Eu preciso pensar ainda. Preciso pensar no que fazer.

Nico deu um pequeno sorriso e voltou a abraçar Will.

Eles permaneceram naquela posição durante alguns minutos. Era bom o conforto que a presença de Will causava em Nico.

Sentiu as mãos do namorada passando em suas costas quando Will o chamou, hesitante:

— Nico?

— Sim?

Nico se afastou e encarou Will, preocupado.

Will mordeu o lábio e pediu:

— Você pode fazer aquela lasanha italiana hoje?

Nico piscou.

— A de brócolis.

Nico sorriu.

— Eu estou com fome. — Will explicou. — E você faz a melhor lasanha do mundo.

Nico sorriu ainda mais.

— Você vai me ajudar? — pediu. — Não quero fazer tudo sozinho.

— Claro que eu te ajudo.

Nico riu. A “ajuda” de Will era sempre encher o Nico de perguntas e ficar nervoso achando que a lasanha estava queimando no forno.

Mesmo assim, Nico faria quantas lasanhas Will quisesse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Oceano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.