Sem despedidas, afinal. escrita por Apaixonada sama


Capítulo 1
Adeus.


Notas iniciais do capítulo

+ Contém spoilers do filme "Star Wars: The Force Awakens", ou se preferir "O Despertar da Força". Leia por sua conta e risco.

+ Contém o "shipp" Han Solo + Leia Organa, é como uma releitura mais sentimental da cena do filme entre eles.



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Não gosto de despedidas.

Em minha sincera opinião, você deveria ficar. Deveria ficar para todo o sempre, mesmo que não haja nenhuma conversa para se ter. Apenas olhar para você é o que sempre me satisfez, apesar de que era uma forma estranhamente absurda. Eu já perdi a todos que sempre estavam ao meu redor. Houve dois, três... Que permaneceram, mas logo partiram. O mundo real é cruel, qualquer pingo de felicidade, ele tomará de você. E aprendemos da pior forma, esse fato.

Mortes mórbidas sempre acontecem... Podemos perder muitos dos nossos, para todas essas guerras espaciais. Não gosto de ser negativa, apenas quero pensar positivo.

Mas, eu me peguei novamente pensando em você.

Que foi embora, desapareceu... Sem ao menos dizer adeus. Os painéis intergalácticos nunca apitavam a presença de sua nave memorável, a Millenium Falcon. E quando eu escuto os sensores apitando, penso que é você.

Mas, é algo totalmente inesperado; indesejado; Antes fosse Luke...

Olho para trás, tentando me agarrar nas memórias dos velhos tempos e encontrar resistência para sobreviver e resistir a tudo isso. Mas, me pego tornando a ponderar:

Seria melhor se você tivesse se despedido? Dado um último sinal de vida, sem desaparecer como é de seu feitio?

Sei que de muitas idas, as vindas começariam a diminuir. Então, tentei me apegar menos à sua imagem ou aos seus comentários icônicos que sempre estiveram presos em um fundo da minha mente tão perdida, desbalanceada...

Tão cheia de obrigações.

Quem dera eu ser tu, poder fugir e sair para qualquer lugar, sem ao menos oferecer informações para os que cercam... Para cumprir menos com minhas obrigações e viver aventuras peculiares e arriscadas.

E, estou confinada novamente nesse meu destino de regência: Assim como antes era “princesa Leia”, agora é igualmente, “General Organa”. Eu tinha mais respeito, muitas pessoas que me obedeciam, igualdade e de certa forma, uma estima inabalável. Mas, eu nunca tive o que eu sempre desejei ter.

A minha família inteira, reunida.

O seu “adeus” ou ao menos, “até logo”.

E é muito cinismo da sua parte, levar o Chewie para esses lugares tão arriscados e perigosos. Sei que vocês dois são muito amigos, mas me partiria o coração, saber que algo de ruim aconteceu com um de vocês. E, olhar C3PO andando para lá e para cá, me recorda de nossos bons tempos juntos... Quando eu tive uma diversão que foi proporcionada por você. Divertida, arriscada, que eu iria repetir novamente.

Han Solo, você bagunçou a minha cabeça.

Ajeito novamente meu cabelo, que eu havia bagunçado na tentativa de afastar e esquecer você, nem que fosse de uma vez por todas. E eu rio, de forma minuciosa, por essa tentativa em vão. Parece mais fácil eu pegar um sabre de luz e matar todo o Lado Negro da Força, sozinha do que tirar você de minha cabeça.

E quando aterrisso aquela nave, e as tropas desceram, nunca esperei encontrar você e Chewbacca parados ali, como se não tivessem coisa melhor para fazer. Vejo de relance, sua cabeça se mexendo, como se procurasse alguém entre vários. E vossos olhares se encontram e apenas pude manear com a cabeça, como a dona da razão e analisei você, respirando fundo. Não pude resistir em oferecer-lhe um sorriso, que foi devolvido minimamente.

E me aproximo, ainda com receio.

— Meu Deus! Han Solo! — C3PO se põe entre nós, apontando diretamente para o homem, que parecia suportar uma feição impaciente, como sempre propôs ao robô humanoide. — Sou eu, C3PO! Não deve ter me reconhecido, devido ao braço vermelho.

Levantou o braço da coloração dita, como se reafirmasse sua tese. Apenas observo como Han Solo negava com a cabeça. Não sei o que pensava, mas era um de seus comentários.

— Olha quem está aqui, você viu... — O androide se vira para mim, deixando de pronunciar a sua frase. Apenas maneio a cabeça para frente, erguendo as sobrancelhas, como se delimitasse suas frases. Olhou para Han Solo, hesitante. Retornou o olhar para mim. — Com licença, Prince... General. Sinto muito.

Abaixou o torso, como se tentasse chamar a atenção do outro espécime mecânico, que observava em silêncio. Sinalizou para ser seguido e assim fora.

— Venha BB-8, rápido. — Escuto apenas o som, como se o pequeno robô dissesse algo. — Sim, preciso instalar um braço apropriado.

E ficamos novamente sozinhos, apenas se entreolhando. O sol, a fumaça de restos de árvores queimadas sendo soprada em nossa direção.. E apenas tu, com os braços cruzados.

Mudou seu cabelo.

Sua saudosa voz me cumprimenta, me deixando levemente desnorteada. Ainda não havia terminado de avaliar você por inteiro, mas apenas pude pronunciar de forma firme:

— A mesma jaqueta.

— Não, jaqueta nova. — Pronunciou, passando a mão na borda da jaqueta, como se quisesse demonstrar o quão ela era nova.

E, ao ver Chewbacca se aproximando de mim, deixou de fazer suas graças, apenas assistindo o abraço que me fora dado. Aqueles braços que me traziam o conforto novamente e apenas pude retribuir, enquanto escutava seus grunhidos leves, pronunciando sentenças, que mais pareciam me dizer algo sobre Han Solo.

E caminhou-se direto para nave, deixando só nós dois, em um silêncio desconfortável. Apesar de sempre te achar previsível, nunca poderia imaginar sua frase a seguir:

— Eu o vi, Leia. Vi nosso filho, ele estava aqui.

Foi como um projétil luminoso de blaster em meu peito. Doeu de uma forma que não havia esperado sentir. E deixei-me de forma pensativa, até retornarmos para nossa ‘base secreta’ no Sistema Illenium. Você contou mais uma de suas aventuras fora do normal, me disse sobre... Uma garota. A sucateira.

Antes que eu pudesse argumentar algo sobre isso, Poe Dameron compareceu até nós e atrás de si, um novo rapaz que tanto ouvi dizer. Pessoalmente, ele não se assemelhava como alguém que faria tudo isso.

— General Organa... Desculpe-me interromper. — Aproximou-se de nós, encorajando o homem pardo a andar mais um pouco para frente, como se fizesse uma menção honrosa. — Este é o Finn. Ele precisa falar com você.

— E eu preciso falar com ele. — Enuncio, olhando diretamente nos olhos de Finn, que parecia suportar uma expressão de puro receio. Seguro as mãos dele, puxando para mais perto de minha pessoa. — O que você fez foi muito corajoso. Renunciar à Primeira Ordem, salvar este homem. — Remexo a cabeça em direção ao Poe, como se demonstrasse que estava falando especificamente dele.

— Obrigado. Mas uma amiga foi raptada. — Agradeceu, como se demonstrasse uma determinação furiosa dentro de si.

— Han me contou sobre a garota. Sinto muito. — Apenas pude lamentar, mesmo que não houvesse palavras a serem ditas.

— Finn conhece a arma que destruiu o Sistema Hosniano. Ele trabalhou na base. — Encaminho minha cabeça em direção ao meu subordinado. Ao terminar sua frase, apenas retornei o meu olhar ao rapaz corajoso.

— Desejamos muito qualquer informação. — Comento, esperançosa.

— Levaram minha amiga para lá. Preciso ir até lá. — Finn insistiu, falando com certa firmeza que havia.

— E farei de tudo para ajudar, mas antes precisa me dizer tudo que sabe.

E ele explicou, tudo de ponta a ponta. Todos os detalhes eram explícitos e trabalhados, e pareciam bater com todas as informações que não tínhamos em relação a aquela arma. Agradeço por todos os relatórios que Finn realizou, fechando os pontos abertos.

— General, lamento informar-lhe, mas o mapa recuperado do BB-8 só está parcialmente incompleto. — Observo a grande figura luminosa do mapa se erguer e se tornar visível para todos nós no projetor, enquanto C3PO continuava a me comunicar. — E, ainda pior, não bate com nenhum sistema conhecido. Não temos as informações para localizar o Mestre Luke.

Analiso também.

— Fui tão tola por acreditar que eu traria o Luke de volta.

— Leia. — Han Solo, que estava apoiado próximo de mim, inicia.

— Não faça isso. — Nego com a cabeça apressadamente, saindo de perto dele.

— O quê?

— Nada.

Escuto seus passos chegando por trás de mim e enquanto eu cogitava o que poderia ser dito, caso você falasse alguma coisa que não era de meu preparo mental. No entanto, eu apenas lhe diria asneiras. Não sabia como lidar com aquela situação.

Não quando você volta, quando eu menos esperava.

E era provável que você iria embora também, sem se despedir.

— Estou tentando ser útil. — Expressou.

— E quando isso aconteceu? E não diga Estrela da Morte.

Discutimos. Eu tentava esconder o sorriso teimoso que queria formar em meus lábios, por causa dessas nossas tolices de brigarmos antes de algo importante acontecer. Por mais que tentássemos, nossas conversas nunca acabavam sem um único ferido ou alguém indo embora.

— Pode me escutar? — Suspiro, virando em direção a ele. Seus olhos... Traziam-me a recordação de nosso filho. Observo sua feição hesitante, como se buscasse o que se dizer ali. — Sei que toda vez que... Toda vez que você me olha, você lembra dele.

E sim, Han Solo, você estava certo.

— Acha que eu quero esquecê-lo? — Na verdade, eu não queria esquecer nenhum de vocês dois. Os dois homens que fizeram da minha vida um caos estranho e aleatório, virando-me de cabeça para baixo. — Quero ele de volta.

— Fizemos tudo que podíamos. — Se deu por vencido, ainda num tom de receio teimoso. — Há muito do Vader nele.

— Por isso que eu queria que ele treinasse com Luke. — Ao me lembrar do que ocorreu, começo a sentir o arrependimento daquela minha decisão tão idiota e que não deveria ter sido pensada. — Nunca deveria tê-lo enviado. Foi quando o perdi.

Aquela frase parecia ser vaga e inexplicável. Faltava... Algo mais.

— Foi quando perdi vocês dois. — Digo, olhando para o rosto de Han Solo. Observo então, como sua expressão parecia estar com um leve espanto.

— Nós dois tivemos de lidar com isso da nossa maneira. — Emitiu. — Voltei a fazer a única coisa em que sou bom.

Dou um sorriso, certamente felicitada e agradecida por aquele momento.

— Nós dois fizemos isso.

— Perdemos nosso filho. Para sempre. — Declamou, mas seu tom parecia não querer demonstrar o quão estava derrotado naquele momento, por causa de tudo que têm acontecido.

— Não. Foi o Snoke. — Teimo, erguendo meu corpo para frente, afim de parecer novamente àquela pessoa que tinha razão de tudo que dizia ou fazia. — Ele seduziu nosso filho para o Lado Negro. Mas ainda podemos salvá-lo.

Eu tinha determinação e vontade para fazer aquilo.

— Eu... — Persisto. — Você.

— Se Luke não o ajudou, como eu ajudaria?

Eu poderia chama-lo de tolo, por fazer aquela pergunta tão ingênua. No entanto, parecer dona da razão para mim, é sempre grandioso.

— Luke é um Jedi. Você é o pai dele. — Expliquei, admirando seu semblante assemelhando todas aquelas frases e comparações. — Ainda há luz dentro dele, tenho certeza.

E antes que pudéssemos fazer um complemento de nosso raciocínio, escuto dizer.

— General... O relatório de reconhecimento da base inimiga está chegando.

Entreolhamo-nos, antes de eu seguir o informante da notícia. Dirijo o olhar ao Han Solo, como se depositasse toda a minha confiança nele. Prestar a atenção no que Poe dizia, era complicado para mim. Apenas queria me desligar de toda aquela conversa sobre armas, destruição por um momento. Só contemplo silenciosamente, até receber um pequeno papel.

— Senhora?

Leio.

Mas, meus olhos pareciam estar lendo que iríamos morrer em poucos minutos.

— A Primeira Ordem está carregando a arma de novo. — Os olhares preocupados se dirigem até mim, mas eu não podia cair naquele momento. — Nosso sistema é o próximo alvo.

— Sem a frota da República, estamos acabados. — C3PO lamenta.

— Certo. — A voz de Han Solo me tira do transe. — Como o destruímos? Há sempre uma maneira.

— Han têm razão. — Concordei, sorrindo satisfeita. Olho para ele, que apenas maneava com a cabeça.

Há apenas um debate entre como iriam desarmar as defesas do planeta destruírem aquela arma. As ideias pareciam geniais, mas muito arriscadas para serem realizadas. E muito menos em algo que seria feito em pouco tempo.

— Vamos desativar os escudos. — Han Solo aponta para Finn. — Você trabalhou lá. O que consegue?

— Posso fazer isso. — Afirmou.

— Eu gosto desse cara. — Chacoteou, sorrindo de canto.

— Posso desativar os escudos, mas preciso estar no planeta.

Não, Finn... Não diga isso... Han Solo, não olhe para o Chewbacca, como se fosse partir novamente sem dizer adeus. Eu não me preparei o suficiente para assisti-lo ir embora. E foram tantas vezes que perdi a contagem.

— Vamos leva-lo até lá. — Han Solo diz.

— Como, Han? — Questiono.

— Você não vai gostar se eu lhe disser...

Concluiu, com a total razão. E eu novamente concordei, mas não anunciei isso. Ele sabia que eu mentalmente havia apoiado essa tese. Conhecemo-nos tão bem, que chega a parecer aterrorizante. Continuo fitando-o, como se tentasse fazê-lo mudar de ideia.

— Então desativamos os escudos, eliminamos o oscilador e explodimos sua grande arma. — A explicação de Dameron fazia isso parecer tão simples e tampouco arriscada, no entanto, sabíamos dos riscos que haveria a seguir. Chewbacca concordou, grunhindo. — Certo. Vamos lá.

E precisávamos vencer essa guerra. Todos saíram dali, tornando a arrumarem seus equipamentos e reajustarem as naves. Mas, eu não poderia deixa-lo ir, sem dizer algo rude ou brigarmos mais uma vez. Era meu ponto-seguro, sabia que se brigarmos novamente, ele voltaria.

E fui até ele, assistindo a bronca que ele dava em Finn. Iniciei, timidamente a conversa.

— Sabe, não importa o quanto briguemos... — Han Solo se virou para mim, como se esperasse que eu concluísse a frase. — Sempre odiei ver você partir.

Apenas lhe disse a verdade.

— Por isso que eu partia. — Sentenciou, se aproximando com pouca vergonha. Ainda havia um pouco daquele Han Solo, desprovido de qualquer timidez e possuía muita ousadia. — Para que sentisse saudades minhas.

E funcionou.

— Eu senti sua falta. — Murmurei, como se só ele precisasse saber do que se passava comigo. Senti-me da mesma maneira que uma criança se sente, segredando algo à outra. Vejo seu sorriso formando.

Ergueu a cabeça, como se tentasse desviar daquele assunto de maneira pacífica, sem nos atacarmos.

— Nem tudo foi ruim, certo? — Indagou. — Algumas coisas foram... Boas.

Muito boas. — Assenti com a cabeça novamente, não deixando de demonstrar como as coisas não foram péssimas, de certa forma. Rimos em um uníssono baixo, enquanto Han chegava mais perto.

— Algumas coisas nunca mudam.

Sim... Aquele jeito dele.

— É verdade. Isso me deixa louca.

Apenas uma troca de sorriso e quiçá, olhares que um dia houve pessoas que se amaram. E eu continuava boba, amando o jeito estranho dele. A maneira de chegar de penetra e o hábito de escapulir de meus dedos, antes que eu pudesse dizer algo como um pedido de desculpas.

Aproximou-se mais, depositando a minha cabeça em seu peito, em um abraço desajeitado. Apenas pude fechar os olhos e apreciar o momento pessoal entre nós dois, o carinho que me trazia saudades há eras. Sua mão passeia pelos meus cabelos, deixando-me confortável e protegida perante tudo aquilo. Faltava alguém... Faltava algo.

Alguém que se foi... Partiu... Sem nós.

— Se vir nosso filho... — Não consigo dizer aquela frase. Apenas pude engolir o choro, desejando que soasse como uma mãe que tem saudades de sua querida criança, que fora levada embora. — Traga-o para casa.

Ajeito-me em seu peito, ainda não recebendo uma resposta positiva. Nem negativa. Você permaneceu mudo, daquela mesma guisa de antes. E depois de minutos, que pareceram acabar muito rápido, o abraço se desfez.

Você simplesmente me virou as costas, silenciosamente e adentrou Millenium Falcon, sem murmurar um “até logo”. No entanto, eu já aceitei que tu eras daquela forma que também não gosta de despedidas.

Afinal, você nunca sabia se ia voltar.


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