Seven Warriors escrita por Naru


Capítulo 17
Tenho coragem de ser leal a você - parte 4




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― Guerreiro da Lealdade? ― Dylan perguntou, confuso ― Guerreiro da Lealdade, Guerreiro da Coragem... O que são essas coisas? Parecem títulos de livros bem ruins.

Adrien suspirou e seus olhos caminharam em diversas direções, como se tivesse algo a explicar e estivesse procurando a melhor forma de fazer isso. Ao ver Dylan o encarando como se esperasse a resposta, ele apenas respirou fundo e iniciou:

― De onde viemos existe uma divisão do mundo em sete diferentes clãs: Justiça, Coragem, Compaixão, Respeito, Honestidade, Honra e Lealdade. Cada um desses clãs tem poderes próprios que o outro não pode ter, como se fosse um diferencial.

― E os guerreiros?

― Então, ― Retomou a explicação ― a cada vinte anos uma energia cósmica é jogada nos céus e ela busca a pessoa mais forte, de uma certa faixa de idade, em cada clã. Cada uma dessas sete pessoas se torna um guerreiro, querendo ou não.

― Então, você é o homem mais forte do seu clã? ― Ele voltou a atenção a frente, tentando visualizar todo o contexto que Adrien tinha colocado.

― Nesse momento, sim. E você é o homem mais forte do seu. ― disse sério, fazendo Dylan soltar uma leve e discreta risada.

― Bobagem.

― Como assim "bobagem"?

― É que eu não consigo acreditar nisso. ― pontuou, fazendo Adrien o olhar inconformado ― Me desculpa, mas eu realmente não consigo! ― enfatizou ainda com um ar de diversão, então, voltou para onde tinha jogado a camiseta e, após sacudi-la algumas vezes no ar, a vestiu, cobrindo suas marcas ― Eu não estou dizendo que não acredito que você é o homem mais forte lá do seu clã, eu vi você fazer coisas incríveis. Agora, eu sou apenas um garoto comum, eu não sinto nada...diferente.

― Por que está dizendo isso?

― Eu não sei. ― Ele voltou a olhar Adrien e se posicionou em sua frente ― Olha, eu imagino que guerreiros lutem e tenham poderes incríveis, certo? Eu vi o que você fez com uma "cordinha" invisível comigo, aparentemente você consegue virar um animal e ainda apagar a mente de uma pessoa com muita facilidade como se isso fosse a coisa certa. ― Ele ironizou a última frase, mas resolveu não se apegar a isso ― Eu não posso fazer nada disso e apesar de conseguir ser rápido, pular uns muros e me sair bem em algumas brigas, eu não me considero com um porte ideal de "guerreiro". Eu sou apenas um cara comum de vinte anos.

― Isso foi porque você sempre esteve sem seus poderes.

― Poderes? Agora estamos caminhando para algum HQ de heróis? ― Pela expressão incrédula, ele com certeza não estava levando nada muito a sério.

― Você sentiu quando a Karyn te devolveu os poderes há algumas horas. ― Assim que citou o nome da mulher, a expressão de Dylan se endureceu ― Você sentiu tudo, você gritou de dor. Se lembra?

― Aquilo? Essa ia ser uma das coisas que eu ia te perguntar. ― Ele encarou as próprias mãos abertas por alguns segundos ― Eu senti na hora um choque pelo meu corpo e uma dor insuportável, nunca tinha passado por nada do tipo. Mas...acabou. Eu ainda senti um formigamento, uma sensação estranha, mas agora não sinto mais nada.

― É normal. Você levou um choque ao ter seus poderes desbloqueados de uma só vez. É exatamente como quando você interrompe o fluxo de sangue de alguma parte de seu corpo, primeiro você sente um incômodo, depois, ao soltar o fluxo, você vai sentir uma dor grande até que depois vai restar apenas o formigamento, até passar de vez. A energia espiritual dos seus poderes segue o mesmo percurso. Agora ela está correndo livremente pelo seu corpo.

― Isso é loucura. ― Ele olhou descrente para Adrien, pouco antes de sacudir a cabeça em negação e caminhar para a borda do penhasco, como se a vista fosse fazê-lo raciocinar melhor.

― Eu posso provar que não é loucura ― Disse, fazendo Dylan virar-se para observá-lo.

― Como? ― perguntou desafiador.

Adrien recebeu a pergunta e começou a observar a região ao redor dos dois, então, seus olhos azuis se clarearam ainda mais ao que ele fitou um pedregulho a poucos metros de distância e caminhou em passos rápidos até o local. O moreno percebeu o interesse e também encarou a região, tentando entender o que ele pretendia com aquilo. A formação rochosa tinha ao menos três vezes a altura deles e ficava bem na ponta do penhasco.

― Aqui. ― informou Adrien dando três batidas de leve na pedra, fazendo os três "toc" chegarem aos ouvidos de Dylan.

― Aqui o que? ― disse ele, se aproximando e encarando o local com os olhos semicerrados como se tivesse que enxergar algo.

― Quebre-a. ― disse de forma curta e calma, fazendo as feições do outro se entortarem em confusão.

― O que?! ― exclamou quase em um grito. Em sua cabeça, o rapaz a sua frente tinha ficado completamente louco.

― Respire, se concentre e quebre! ― informou, parecendo falar algo extremamente óbvio.

― Assim, quebrar a pedra? Como se fosse nada?

― Sim, exatamente isso! ― confirmou.

― Mas que porr... Me desculpe, mas eu não posso continuar a alimentar sua loucura. ― Disse e virou de costas para o local, tendo seu braço agarrado por uma mão firme de Adrien pouco antes de dar o segundo passo.

― Por favor. ― Seus olhos estavam brilhantes e fitavam Dylan de costas. Esse, por sinal, parecia surpreso pelo movimento repentino e virou-se, o encarando com uma mistura de tensão e curiosidade ­― Karyn disse para você confiar em mim. Então, confie em mim!

Uma nuvem perdida pareceu passar no local onde o Sol apontava, e uma sombra repentina se formou sobre os dois, fazendo-os conseguirem se observar melhor naquele momento. Os cabelos desajeitados e soltos de Dylan voavam com a brisa leve e seus olhos escuros e atentos não descolavam da expressão séria de Adrien. Esse, além de tudo, não relaxava o toque em que segurava o braço do moreno, parecendo até ter medo que o outro fugisse.

― Ok! ― disse a contragosto, quebrando finalmente o contato visual e sentindo o seu braço ser liberado ― O que você quer que eu faça? ― perguntou enquanto se virava e caminhava para a pedra com uma expressão quase dolorida em seu rosto.

― Você se lembra da sensação de formigamento que sentiu algumas horas atrás? ― A voz de Adrien era baixa e calma e ele se aproximou do outro por trás, ficando apenas a dois passos de distância. Dylan respondeu à pergunta com um aceno positivo de cabeça ― Então, lembre-se da sensação e tente trazê-la de volta.

― Como eu faço isso? ― Ele parecia bastante confuso.

― É como meditação, você precisa se focar na sensação passando pelo seu corpo.

"Eu nunca meditei na vida", pensou Dylan, porém, fechou os olhos lentamente e tentou focar no que tinha sentido horas antes quando Karyn tocou o seu peito. Ele ficou assim, parado, e após alguns minutos realmente começou a sentir uma espécie de formigamento em todo seu corpo, até que Adrien comentou:

― Você está sentindo não é? Agora, faça toda essa sensação se concentrar no seu braço direito. ― Dylan deu um solavanco quase imperceptível quando o ouviu falar, pois a voz parecia estar mais próxima do que da última vez. Então, ele dispersou um pouco os pensamentos aleatórios e tentou se concentrar nas palavras dele, se esforçando para visualizar toda aquela sensação se direcionando para o seu braço.

― Eu não consigo fazer isso ir apenas uma região, todo o meu corpo está formigando! ― Ele estava claramente incomodado com aquilo e relutava para não abrir os olhos e interromper todo o processo.

― Você consegue sim. Imagine uma linha fina de energia que carrega esse formigamento passando por toda essa área. ― A voz de Adrien parecia quase imperceptível de tão calma e serena, então, Dylan pôde sentir que ele tinha posicionado dois dedos em seu ombro e começou a deslizá-los pelos braços desnudos do moreno, interrompendo ao chegar em sua mão. Era um toque muito sutil, quase inexistente. Ele parecia querer mostrar todo o percurso que o outro deveria sentir a energia caminhando ― Exatamente nesse fluxo.

― Ah...ok. ― respondeu Dylan, engolindo meio seco. Aquele toque trazia uma sensação diferente em seu corpo e, ao se focar nisso, ele sentiu toda o formigamento sumir das outras partes e se concentrar em seu ombro, descendo por seu braço direito até chegar nas pontas de seus dedos. ― Acho que consegui!

― Ótimo! ― Adrien parecia animado e a voz quase meditativa tinha desaparecido ― Agora, abra os seus olhos, faça um punho, não deixe a energia escapar e quebre a pedra com um soco!

― Eu vou quebrar minha mão! ― Dylan tinha aberto os olhos e involuntariamente fechado os dedos em um punho ao que o outro ordenou. Mas parecia não ter fé nenhuma para seguir com aquilo.

― Você vai precisar confiar em mim! ― Ele estava sério e utilizou um tom mais alto, o que fez o outro apenas suspirar e forçar os dedos contra a própria mão ainda mais.

― Ok! ― disse, respirando fundo como se aquilo trouxesse certa coragem para ele. Então, fechou os olhos com força e abriu-os logo em seguida na mesma intensidade. Era possível ver alguns feixes de raios finos e vermelhos saindo de suas pupilas e ele sentia uma energia muito diferente em todo seu corpo ― Eu vou conseguir!

Assim, sem mais nenhum aviso, ele se aproximou do pedregulho em sua frente e, concentrando toda a atenção naquela energia acumulada, depositou um soco com toda a força que conseguia. Involuntariamente um grito rouco saiu de sua garganta ao executar tal ação. Dessa forma, ao que encostou a ponta do punho na pedra dura e gelada, ele conseguiu ver uma rachadura ser formada instantaneamente. Então, ao olhar melhor, aquela rachadura seguiu da base até o topo da formação e, assim que ele interrompeu o ato, uma espécie de explosão sutil ocorreu e aquele pedregulho, que antes parecia tão imponente, tinha se transformado em diversas outras pedrinhas que agora estavam espalhadas pelo chão.

― Mas...o...que merda...que? ― Ele balbuciava algumas palavras sem sentido enquanto segurava o seu punho com a mão esquerda, apesar de não estar dolorido. Ele ainda podia ver algumas pedras restantes da rocha se movimentando até pararem completamente no chão. Os feixes de raios vermelhos em seus olhos tinham desaparecido e ele também não sentia mais nenhum formigamento em nenhum local do corpo.

― Eu te disse que você quebraria. ― Ao ouvir a voz de Adrien, Dylan se virou assustado o encarando meio incrédulo.

― Eu já estava preparado para sentir todos os meus dedos se quebrando. Isso foi incrível! ― Ele olhava para o próprio punho ainda fechado e também para expressão calma do outro a sua frente ― Você não fez nada? Isso foi realmente eu mesmo ?

― Sim, foi você sozinho.

― Mas eu já soquei algumas coisas antes, algumas pessoas... Você se lembra daquela briga no beco? Com uma força dessas eu teria matado eles! Mas foram apenas socos normais na época. Como isso foi possível? ―Então, ele se lembrou que foi o toque de sua mãe que trouxe aquelas sensações ― Minha mãe... ela me deu esses poderes?

― Na verdade não. A sua energia espiritual ficou esses anos todos selada em seu corpo. O que a Karyn fez foi somente tirar esse selo para fazer o fluxo voltar a correr normalmente.

― Entendi. Isso é realmente incrível, mas tão estranho. ― disse em um tom baixo e então finalmente tirou a mão esquerda do punho fechado, revelando alguns machucados nas juntas, provavelmente por causa do impacto. Ele pareceu surpreso ao ver aquilo ― Eu nem tinha notado isso. Não dói.

― Você ainda não conseguiu usar da forma ideal e não deve ter sentido dor por causa da adrenalina. ― Adrien falou apressado e segurou o punho de Dylan, puxando para olhar melhor e surpreendendo o outro ― Precisamos tratar isso.

― Mas não é nada, são apenas alguns cortes. Você pode curar isso rapidamente, certo? Eu posso me curar dessa forma também, não é?

― Do que está falando? ― perguntou direcionando os olhos confusos ao rapaz a sua frente.

― Eu já reparei isso, a minha facada no beco, o seu machucado na floresta, você avisando a minha mãe que ela poderia se curar. Além de super força, mexer com a mente, selar poderes, laços mágicos invisíveis, a gente também pode se curar, não é? ― indagou, fazendo Adrien suspirar.

― Não é dessa forma. ­― disse enquanto puxava o outro pela mão em direção do carro. Então, abriu o porta-malas e revirou o local até encontrar uma caixa pequena de primeiros socorros ― Aqui. ― Ele abriu a caixa e tirou um remédio vermelho, jogando o líquido em um pedaço de algodão que também havia por ali e passando-o nos machucados de Dylan, que sentiu uma leve ardência.

― Então, como é? ― perguntou enquanto se encostava no veículo, encarando o topo da cabeça de Adrien enquanto ele cuidava se sua mão.

― Como eu disse para você, cada clã tem poderes específicos. Eu sou da Lealdade e nós podemos mexer com a memória das pessoas, conseguimos ver as lembranças e alterar pequenas partes. O laço é uma arma espiritual que é relíquia em meu clã também, mas não necessariamente alguém precisa ser da Lealdade para usá-lo. ― Ele terminou de falar e encarou os olhos escuros e atentos de Dylan.

― Entendi. Então... a cura....

― O poder da cura e de aumentar, diminuir, selar ou liberar poderes espirituais é uma característica do clã da Justiça, o primeiro dos clãs e o mais tradicional de todos. Karyn era desse clã.

― Ela era uma guerreira também? ― falar nela ainda fazia o peito de Dylan doer, mas ele estava curioso.

― Não. Ela era apenas uma pessoa comum do clã. Mas ainda sim tinha energia básica de cura e de selar ou liberar os poderes.

― Então, no beco...

― Sim, quando você desmaiou eu consegui ver que a sua situação era crítica e consegui chama-la o mais rápido que consegui, foi a Karyn que curou a sua facada. Mas ela não conseguiu fazer você se curar por inteiro na época, isso porque aquela menina chamou os policiais e eles chegaram bem na hora.

― Então, o que houve quando você sumiu depois de eu ter te encontrado na floresta? ― perguntou Dylan, observando Adrien finalizar os curativos de sua mão.

― Eu sabia que Karyn era a única que poderia me ajudar, com isso, assim que você saiu eu juntei o máximo de energia que consegui e fui para a sua casa.

― Espera...para a minha casa? ― Ele parecia inconformado, lembrando que de fato a sua casa era bem próxima do local ― Então, eu passei horas te procurando por toda Delphos e você estava no único lugar que eu nunca imaginaria que você pudesse estar. ― O outro somente concordou com a cabeça ― Esperto!

Adrien finalizou completamente os curativos e Dylan olhou impressionado para o trabalho simples, porém, bem feito. Ele falou um "obrigado" tímido e o observou guardar a caixa de primeiros socorros novamente no carro. Depois disso, encarou os machucados, agora cobertos, e lembrou da pedra destroçada minutos antes, falando de forma animada:

― Aquilo foi bem impressionante, certo? Meus poderes devem estar relacionados a super força então, não é? ― Ao perguntar isso, Adrien esboçou uma expressão descrente.

― Não é assim que funciona. Não estamos em um filme de heróis ou algo do tipo, não existe um poder específico como "super força". Isso é até mesmo meio estúpido de se falar. ― Ao ouvir isso, Dylan entortou os lábios em completo contragosto.

― Estou falando coisas estúpidas porque aparentemente não lembro do que eu deveria saber, porque alguém achou que era bom apagar toda a minha memória! ― Suas palavras continham uma raiva que parecia contida até agora.

― Eu te disse que foi necessário.

― Eu ainda estou bem puto com você! ― Ele pareceu despejar as palavras e então respirou fundo, tentando dissipar o sentimento ruim ― Mas agora eu quero saber, se não é super força, como você explica o que eu fiz com aquela rocha?

― Eu destruí uma rocha daquelas pela primeira vez aos sete anos e aos doze consegui quebrar uma montanha. ― Os olhos de Dylan pareciam cintilar com aquela informação ― Esse tipo de força é natural para nós, para os guerreiros principalmente. É algo bem básico, por sinal.

― Então, qual é o meu poder? ― perguntou genuinamente curioso.

― O clã da Coragem é o segundo mais tradicional de todos e tem o poder da alma.

― Poder da alma?

― Sim. Vocês podem controlar as suas almas e de outras pessoas. Mas tudo com muito treinamento, ou então as consequências são péssimas.

― Não entendi muito bem. ― Ele ainda estava encostado no carro e levou a mão sem curativos ao rosto, esfregando um dos olhos em um sinal aparente de cansaço.

― E não vai ser hoje que vou explicar. Você precisa ainda aprender muita coisa antes de entender sobre seus poderes. ― Ele se aproximou de Dylan e posicionou ambas as mãos em seus braços. Adrien odiava ser tocado sem permissão, mas aparentemente não se importava de tocar o outro em diversos momentos aleatórios. Pensar isso fez o moreno esconder uma risada interna. ― Você não pode sequer pensar em usar seus poderes. Se sentir algo diferente, algo estranho, você precisa me dizer! Ouviu bem?

― Por que? ― Ele encarava os olhos azuis e faiscantes do outro levemente assustado.

― Porque é muito perigoso. Ainda mais para quem não sabe usar. ― Ele deixou a expressão mais séria e apertou ainda mais os dedos ao redor dos braços de Dylan ­­― Me prometa!

― Como eu posso te prometer algo desse tipo? Sendo que o motivo de eu, tecnicamente, não saber usar esse poder é porque você ― Ele enfatizou a última palavra pouco antes de continuar ― apagou a minha memória!

― Quantas vezes eu vou ter que te falar que foi necessário? ― Adrien parecia uma mistura de culpa com irritação

― Provavelmente todas as vezes que eu perceber que tudo que eu lembro é uma grande mentira!

Parecendo extremamente irritado ao se lembrar do que o outro tinha feito, ele se livrou do toque e saiu andando em direção ao descampado novamente, só que em vez de ficar em pé encarando a vista, resolveu sentar no local, abraçando os joelhos de forma pensativa. Ele tinha ficado momentaneamente eufórico ao ver que tinha conseguido quebrar uma pedra daquele tamanho, pois aquilo confirmava que toda a teoria do outro era verdadeira, pelo menos em partes.

Porém, ao passar o momento excitação, a realidade voltou a cair em seus ombros e toda aquela história fantasiosa parecia muito pesada para ele. Ao pensar nos momentos que ocorreram horas antes, a despedida, explosão e morte de sua mãe, ele só queria esquecer aquela loucura toda e correr dali o mais rápido que conseguia. Mas...correr para onde?

― Me desculpe.

Adrien já havia se posicionado em pé ao seu lado. Dylan não respondeu ao pedido de desculpas do outro. Como ele podia perdoar tão facilmente aquilo? Será que perder a memória realmente fez com que ele esquecesse momentos ruins que iriam enlouquecê-lo? Quais foram os reais motivos que levaram o outro a fazer algo daquele tipo? Por que ele parecia protegê-lo? Quais eram as intenções? Ele tinha muitas perguntas sérias que realmente fariam alguma diferença. Mas algo o incomodava ainda mais do que aquilo tudo:

― Você disse que éramos prisioneiros, eu e minha mãe. ― Adrien afirmou com a cabeça e Dylan conseguiu visualizar isso com o canto dos olhos ― Por que alguém como ela iria presa? Não consigo entender.

― Ninguém consegue... ― Ele pareceu refletir por algum momento antes de continuar ― Karyn foi presa por se apaixonar pela pessoa que era, em teoria, proibida para ela.

― Como assim? ― Dylan virou o rosto confuso para encarar o outro em pé ao seu lado.

― De onde viemos a maioria dos casamentos são feitas em formato de arranjo. Nossos pais ou os líderes da família decidem com quem você vai casar, para fortalecer alianças ou até mesmo fazer a combinação ideal para formar um futuro guerreiro consagrado.

― Isso é verdade? ― Pela ruga que se formava entre suas sobrancelhas, era possível notar que ele estava em leve contragosto.

― Sim. Ela se apaixonou e teve um casamento que foi considerado proibido. ­ ― Adrien olhava para o horizonte enquanto proferia as palavras, os braços estavam cruzados em uma postura muito sóbria.

― Isso é tão antiquado! Ninguém nunca se revoltou contra um sistema desse tipo?

― Sim. ― Ele finalmente virou o olhar para o rapaz sentado ao lado, o encarando ― E essa pessoa que se revoltou contra o sistema teve uma prisão tortuosa de dez anos!

― Ah... ― Dylan conseguiu sentir uma flechada invisível transpassando seu peito com aquela informação ― Essa pessoa foi eu? ― Adrien afirmou em um aceno de cabeça ― Então... eu fui preso e torturado por dez anos por que me virei contra o sistema?

― Meio que sim, mas... ― Antes que pudesse completar, o outro tinha soltado um suspiro de alívio alto e levou as mãos ao rosto, escondendo um sorriso singelo.

― Eu pensei que tinha feito algo realmente ruim para ter merecido a prisão e essas cicatrizes. Mas agora fico mais tranquilo. ― Ele sorriu agradecido ― Isso me tira um peso muito grande das costas

― Certo.

― Mas não entendo outra coisa. Você disse que fiquei preso por dez anos, sendo que depois disso eu ainda morei em Delphos por três anos e meio.

― Sim.

― Então, eu fui preso com...seis anos? ― A pergunta parecia inacreditável e ele sabia que tinha alguma parte da informação faltando.

― Ah, isso. ― suspirou Adrien ― Todos os seres celestiais vivem cerca de três vezes mais do que os humanos. Nós crescemos iguais até a maturidade completa, por volta dos dezoito anos, depois nosso envelhecimento é desacelerado.

― Isso significa que eu tenho quantos anos? Quantos anos você tem? ― Ele parecia alarmado.

― Posso dizer que já vivi trinta e quatro anos e você trinta e três. ― Ele respondeu como se já soubesse que o outro não ficaria feliz ao ouvir aquilo.

― Eu tenho trinta e três? Isso é loucura! ― Ele levou as mãos ao rosto novamente e deitou o corpo no chão sujo, pressionando ainda mais a região ― Eu sou tão velho! Mas eu não me sinto velho, isso é tão estranho!

― Não se apegue a esses detalhes. Trinta e três não é nada quando você pode viver até, talvez, os trezentos anos.

― Isso faz a sua situação ficar ainda pior não é? ― Ele tirou os braços do rosto e continuou deitado, encarando Adrien que estava bloqueando o Sol acima dele.

― Como?

― Eu estava achando que você tinha apagado uns dezesseis ou dezessete anos da minha mente. Mas foram mais de trinta. Isso é muita coisa!

― De novo, me desculpe.

― Eu te desculpo, ― Ele iniciou, unindo as pálpebras como se sentisse que o excesso de informações o tivesse deixado completamente cansado ― mas somente com uma condição.

― Qual? ― perguntou parecendo bem interessado.

― Eu quero a minha memória de volta. ― pontuou em um tom baixo, mantendo os olhos fechados e não percebendo que o corpo estava ficando cada vez mais sonolento.

Então, antes que pudesse ter uma resposta, ele dormiu.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, agora no mês de junho eu vou tirar minhas tão merecidas férias do meu trabalho oficial. Eu não tirava férias há uns três anos já D:

Então, eu vou viajar e vou passar mais de 20 dias fora do Brasil. Isso vai significar que Seven Warriors vai ficar em hiatus até julho? NÃO! Mas o ritmo de postagens vai ser diferente.

Eu tentei correr e deixar uma quantidade satisfatória de posts prontos até o fim do mês, mas não consegui. Isso porque eu não sou do tipo que escreve correndo, eu tenho muitos processos (roteirização, escrita crua, revisão de tom de personagens e de cena, revisão ortográfica, revisão de vícios linguisticos, etc). Então, a qualidade do que estava saindo não estava me agradando e eu já decidi que é melhor atrasar e não postar do que postar sem eu ter feito todo o meu procedimento e ficar algo ruim.

O que vai ser feito então: em vez de duas vezes na semana, vamos ter post somente uma vez, mas não prometo que vai ser toda quinta, porque posso estar sem internet, em algum passeio ou podemos ter o problema de fuso horário. Mas tem algumas formas de você ficar sabendo sobre as postagens:

— Eu faço um aviso sempre no meu perfil, então, me sigam!

— Eu mando mensagem pra TODO mundo que comentou no último capítulo postado, informando que o novo já está no ar. Então, comentem sempre no último post, se você tiver vergonha, pode deixar aqui só um emoji que eu vou entender que você quer ser avisado.

— Eu aviso sempre no nosso grupo de whatsapp, a galera de lá é a que está mais por dentro do cronograma. Então, peça o link via mensagem que eu vou mandar sem problemas.

Espero que vocês entendam isso e não me abandonem! Prometo que daqui pra frente a história vai ficar maravilhosa, cheia de reviravoltas e momentos que vocês vão amar. Eu to MUITO ansiosa pra que vocês leiam tudo que eu tenho planejado.

Em julho voltaremos a nossa programação normal de 2 posts por semana e vou estar com uma dedicação muito grande a história.

Me desejem boas férias e que eu volte mais inspirada ainda pra entregar a vocês uma Seven Warriors extremamente boa ok?

Nos vemos semana que vem!

Love.



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