Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 9
Capítulo 9




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Havia uma pequena parte dela que sabia que deveria estar envergonhada. Afinal, por mais que seu pequeno show da noite anterior não envolvesse mostrar nenhuma parte proibida de seu corpo, também não imaginava que seria adequado ficar em roupas íntimas na frente de seu motorista. Mesmo se tal motorista havia sido responsável por abrir os botões de seu vestido.

E mesmo que tecnicamente a responsabilidade fosse dele – por aparecer quase despido em seu quarto algumas noites antes, e por colocar suas mãos nela na noite anterior, aquela pequena parte gritava o quanto era inadequado. Mas havia uma parte maior ainda que adorava tudo aquilo. Uma parte que finalmente parecia plenamente acordada, após anos de um sono profundo.

Era o frio na barriga de pular o muro da ala dos meninos, a emoção de beijar o inspetor da escola, mas com a diferença que agora estava lidando com um homem. Um homem que fazia seu sangue ferver, seus músculos contraírem, e partes dela implorarem por qualquer atenção. Um homem que despertava seus desejos, e mais do que isso, brincava com sua mente.

Porque era isso o que ele fazia, ela agora percebia. Ele a atraía com mistério, frases não ditas, olhares. Montava suas armadilhas, e esperava que ela pisasse. Mas Elisabeta adorava os jogos, e mais ainda os de sedução. Estava desacostumada, mas não era uma completa inexperiente. E não bastava mais fingir que aquilo não estava acontecendo. Eles estavam jogando um com o outro.

Ela não conseguia imaginar que fossem extrapolar o campo de possibilidades. Apesar do toque de Darcy na noite anterior, nenhum deles parecia inclinado para fazer acontecer. Não que ela não quisesse rolar nos lençóis com Darcy, provar seu gosto, ouvir a respiração ofegante em seu ouvido. Mas relacionamentos envolviam complicações, e Darcy não parecia um homem que criava problemas para si mesmo.

E não haveria forma de cruzar aquela barreira sem complicações. Inevitavelmente ela se envolveria, inevitavelmente a relação profissional estaria arruinada. Não importava se uma pequena voz em sua mente – a mesma que dizia para ficar envergonhada – gritava que tudo já estava bagunçado e que o profissionalismo havia sido esquecido tão logo os braços de Darcy chamaram sua atenção.

Mas a realidade é que não sentia vergonha alguma. Não quando tomou café da manhã com Petúlia, Archibald e Charlotte, e parecia dividir algo pecaminoso com Darcy. Não quando ele sorriu de lado enquanto ninguém notava, e seus olhos diziam que estava relembrando a noite anterior. Não havia espaço para embaraço, porque o que sentia era a excitação de imaginar que um homem como ele poderia desejá-la.

É claro que outros homens demonstraram interesse ao longo dos últimos anos. Mas havia algo especial e poderoso em saber que chamava atenção de um homem como Darcy. Um homem que ela tinha certeza que poderia ter a mulher que quisesse, em qualquer classe social, em qualquer circunstância. E que, naqueles breves momentos, pensava nela.

Quando Ludmila apareceu naquela tarde, Elisabeta pensou em contar sobre a noite anterior. Mas Ludmila não resistiria à comentar com Darcy, a transformar aquilo em flerte. E, por algum motivo, Elisabeta não queria a sensação de que eles compartilhavam uma piada interna sobre ela. Pela primeira vez ela parecia ter uma carta na manga e ainda não sabia o que fazer com ela.

Por isso focaram no trabalho e nas fofocas sobre o baile. Elisabeta comentou sobre as roupas das pessoas, sobre o quanto os primos de Brianna pareciam insuportáveis e evitou ao máximo citar o nome de Darcy. Logo estavam envolvidas em contas, em amostras, encomendas e problemas do trabalho. As horas passaram em um piscar de olhos e quando perceberam o final da tarde já se aproximava.

Ludmila despediu-se, alegando ter um encontro com Januário, e Elisabeta perdeu mais alguns minutos encerrando suas anotações. E então estranhou o silêncio da casa. Archibald e Charlotte não estavam, ela sabia. Mas ainda que não houvesse uma só alma humana na casa, o que não era o caso, ainda assim Jamie e Olive faziam barulho por dez pessoas. E se havia silêncio, algo estava errado.

Elisabeta os procurou primeiro no andar de cima. Não era raro que os cachorros dormissem em sua porta quando não os deixava entrar no escritório. Não estavam em seu quarto, na porta de Charlotte, ou em qualquer lugar conhecido. Se houvesse alguém cozinhando, certamente lá estariam seus cachorros. Mas não havia nenhum cheiro suspeito pela casa.

Porém, embora não houvesse nenhum sinal dos cães, havia na cozinha uma aglomeração suspeita. Sua cozinheira Amelia e as duas moças responsáveis pela limpeza, as irmãs Dorothy, além de Petúlia, estavam aglomeradas na porta que comunicava para o jardim. Nenhuma dizia uma só palavra e Elisabeta quase riu de suas expressões.

— O que é que está acontecendo aqui? – ela perguntou, espiando por um pequeno espaço entre a cabeça de uma das Dorothy e Petúlia.

E não era surpresa uma plateia feminina. Elisabeta poderia cobrar ingressos e haveria uma fila de mulheres em sua porta. Porque, no meio do jardim, próximo ao galpão que servia como garagem, havia dois cachorros cobertos de espuma. E, ao lado deles, um Darcy Williamson bastante molhado. Sua camisa branca encharcada era uma visão do pecado, e Elisabeta perguntou-se se não era proposital.

— Céus. – ela suspirou.

— Lizzie, você precisa mandá-lo embora. – Amelie comentou. – Eu costumava observar Robbie arrumar o jardim, mas meu casamento não vai durar se Darcy resolver fazer disso um hábito.

— Lizzie, por favor não mande Darcy embora. – a mais nova das Dorothy suplicou.

Elisabeta conteve uma risada.

— Por que é que ele está dando banho nos cachorros? – Elisabeta perguntou.

— Jamie seguiu Darcy até o bosque. – Petúlia disse, em tom de desagrado. – Voltou imundo, e então Olive logo estava coberta de lama. Eu obriguei Darcy a limpá-los antes que entrassem em casa.

— Eu sabia que você tomava decisões sensatas, Petúlia. – a mais velha das Dorothy soltou uma risadinha.

Darcy pareceu perceber a aglomeração, porque logo seu sorriso brilhou, convencido.

— Eu poderia ter uma chance com ele. – jovem Dorothy disse.

— Eu já lhe disse que é impossível. – a irmã mais velha suspirou. – Darcy distribui charme para todas, mas Charlotte já disse que ele jamais se envolveria com alguém do trabalho.

— Parem de fofocar sobre a vida de Darcy. – Petúlia ralhou. – Ainda mais na frente de Lizzie. Os empregados de hoje em dia não respeitam mais nada.

Foi o suficiente para que as três sumissem da cozinha, e Petúlia não demorou a mostrar serviço. Elisabeta então sorriu. Era exatamente o que ela achava. Darcy jogava seu charme para todas, mas não cruzaria aquele limite. E se ele não cruzaria, não seria tão perigoso provoca-lo. Ela desceu os pequenos degraus, e chegou a uma distância de poucos metros dele.

— Nova função? – ela sorriu.

Darcy manteve suas mãos em Olive. Jamie já estava deitado ao sol, adormecido. A roupa dele estava completamente molhada. A camisa branca não deixava espaço para a imaginação – e Elisabeta podia imaginar muito bem, se quisesse. A calça ensopada estava colada ao corpo de Darcy. Quando ela voltou aos olhos dele, Darcy tinha aquele brilho convencido nos olhos.

— Petúlia me obrigou. – Darcy resmungou. – Mas a plateia está compensando a humilhação.

— Sinto muito, Petúlia espantou suas admiradoras. – Elisa passeou pelo corpo dele novamente. – Mas eu não ficaria surpresa se estivessem espiando pelas janelas.

— Não seria a primeira vez. – ele sorriu de lado.

— Você é realmente convencido, não é? – Elisabeta deixou escapar uma risada incrédula.

— As mulheres parecem gostar de mim, o que eu posso fazer? – Darcy derrubou um pouco de água no corpo de Olive. – Pronto.

A cachorra saiu de seu estado de inércia e se aproximou de Elisabeta, sacudindo o corpo e respingando água em sua saia. Elisabeta acariciou as orelhas molhadas de Olive, antes que o animal se juntasse à Jamie.

— Um pobre inocente. – Elisabeta ironizou.

— Culpe o meu pai. – Darcy deu de ombros, levantando-se. – Herdei os olhos dele.

Elisabeta prendeu o ar com a camisa colada de Darcy.

— Eu conheço o seu pai há muito tempo e nunca o vi fazendo show para as empregadas da casa. – Elisabeta riu.

— Quem disse que era para elas? – Darcy ergueu a sobrancelha. – Talvez sejam os efeitos colaterais.

Elisabeta riu da sugestão, mas Darcy a encarou, sério. Então os olhos dele baixaram para o corpo dela, lentamente.

— Você deveria trocar essas roupas. – ela disse, desviando o assunto. – Desse jeito vai acabar resfriado.

— Quanta preocupação. – Darcy respondeu, irônico.

— Eu odiaria ver meu motorista de cama. – Elisabeta sorriu, despreocupada.

Darcy sorriu, e Elisabeta teve a impressão de que ele diria mais alguma coisa. Então ele cruzou os braços.

— Está fazendo sol. Os cachorros já estão quase secos.

Elisabeta deu de ombros, com um sorriso irônico, e entrou novamente em casa. Ainda virou-se para ele, vendo que a observava na mesma posição, os braços cruzados e o sorriso convencido no rosto. Elisabeta foi para o seu quarto, distraiu-se arrumando algumas roupas, e quase uma hora depois ouviu o arranhar da porta. Mal abriu a porta e seus cachorros entraram no quarto, completamente secos.

Mas Darcy passava no corredor na mesma hora, e Elisabeta não resistiu à espiá-lo. E riu alto ao vê-lo completamente molhado ainda.

— Sua tática não deu certo? – ela ergueu a sobrancelha.

Darcy abriu os braços, mostrando a camisa que continuava colada no corpo. Elisabeta acompanhou com o olhar. Darcy estava quase no mesmo lugar da noite anterior, a diferença é que a luz do fim da tarde ainda iluminava o corredor. Ela quis tocá-lo, e houve pouca resistência da lógica. Antes que pudesse perceber estava muito perto de Darcy.

— Você precisa de ajuda? – ela perguntou, em metade ironia, metade expectativa.

Darcy abriu um sorriso tão cheio de malícia que fez seu corpo formigar e o pouco de razão que restava não ter forças para contestar. Elisabeta levou as mãos então para o primeiro botão fechado da camisa dele. O tecido gelado contrastava com o calor que vinha do corpo dele. Ela desabotoou com tanta lentidão quanto ele havia feito na noite anterior.

Novamente teve a sensação de que deveria estar ao menos embaraçada. Mas enquanto abria a camisa de seu motorista, no meio do corredor de sua casa, em plena luz do dia, ela sentia apenas vontade de aproximar seus lábios da pele que ia descobrindo. Não estava nem tocando em Darcy e sentia seu corpo pronto para ele, seu baixo ventre formigando, incapaz de perceber a promessa falsa. O último botão chegou, e Elisabeta observou Darcy.

Era verdade que a camisa não deixava espaço para a imaginação, mas o peito dele estava úmido, os pelos ainda molhados. Elisabeta desceu seus olhos e havia uma protuberância a mais na calça colada, e perguntou-se o que aconteceria se o tocasse. Perguntou-se o que havia acontecido nos últimos dias para que um flerte velado de repente significasse um abrir as roupas do outro.

— Pronto. – ela disse, rouca. – Acho que agora você pode fazer sozinho.

— Será? – Darcy fingiu inocência. – Acho que está colada nos meus ombros.

Elisabeta finalmente tocou no peito dele, seus dedos por baixo da camisa. A pele de Darcy quase a queimou. Talvez fosse possível ter um orgasmo apenas por tocá-lo. Ela manteve as mãos pressionadas nele, chegando aos ombros. Os músculos de Darcy se contrariam com o toque dela. Elisabeta deslizou a camisa pelos ombros de Darcy, o tecido úmido colando, obrigando-a a retirar por ele. Quando percebeu estava ainda mais perto, quase colada a ele.

Bastava um centímetro para que sua boca tocasse a pele dele. Poderia passar a língua por ali, saber que gosto Darcy tinha. Mas suspeitava que não conseguiria parar. Finalmente retirou a camisa de Darcy, ficando com o tecido molhado em uma das mãos. Ele estava ali, no corredor, apenas com uma calça social. Um sorriso malicioso ainda brilhava nos lábios dele, emoldurado pela barba que ela parecia precisar tocar.

— Você costuma ajudar a despir seus motoristas? – ele ergueu a sobrancelha.

— Só os que fazem o mesmo por mim. – Elisabeta respondeu no mesmo tom.

— E você usa algo tão pecaminoso por baixo toda vez que alguém vai tirar sua roupa? – Darcy baixou o tom, a voz grave dele arrepiando a pele dela.

— Aquilo? – ela fingiu desdém. – Não é nada especial.

Darcy a encarou em dúvida.

— É a última moda francesa. – ela deu de ombros.

— Quer dizer que você usa algo feito para ser arrancado todos os dias? – ele assobiou.

— Não sei bem se é esta a função. – Elisabeta riu, inocente.

Darcy fechou os olhos, e quando os abriu Elisabeta teve a velha sensação de que ele queria dizer alguma coisa.

— Você sempre faz isso. – ela apontou.

— O que?

— Pensa em alguma coisa, se diverte sozinho e fica quieto. – Elisabeta disse, curiosa.

Darcy abriu um sorriso de lado.

— Você não iria querer saber o que eu estou pensando. – ele disse, em voz baixa.

— Por que não? – Elisabeta provocou.

— Porque envolve eu e você fazendo mais do que abrir alguns botões. – Darcy respondeu, divertido.

— Se me envolve talvez você deva me contar.

— E por que você não me conta o que pensou há pouco, enquanto tirava minha camisa?

O tom dele deixava claro que era um desafio. Mais do que isso, que ele achava que ela não diria. Era uma resposta sem responder de verdade. Mas, naquele momento, ela preferia provocá-lo à fingir que nada estava acontecendo.

— Estava pensando qual seria o gosto da sua pele. – Elisabeta disse, direta, e os olhos dele escureceram.

Ela sorriu, sabendo que ele não esperava a resposta. Darcy respirou fundo, e então com aqueles olhos escuros, se aproximou um pouco mais dela. Elisabeta mal percebeu até que a mão dele estava em seus cabelos como uma garra, e a boca de Darcy colada ao ouvido dela.

— E eu estava pensando em você gemendo o meu nome enquanto eu enfiaria tão fundo a ponto de você esquecer qualquer americano fodido ou inglês almofadinha que passou antes de mim.  

Ela metade suspirou, metade gemeu ao ouvir as palavras de Darcy. Pela primeira vez quis tornar aquilo real, quis que Darcy fizesse exatamente aquilo. Não importava que ela nunca houvesse transado com um americano. Darcy não sabia disso. E havia algo erótico na sensação de posse dele. Algo que ela se identificava. Porque queria Darcy se derramando nela sem pensar em outra mulher.

— E você gostaria, não é? Tanto quanto eu. – Darcy completou.

— Talvez nós devêssemos evitar essa linha de pensamento. – Elisabeta segurou-se no ombro dele.

— Seria o melhor para todo mundo. – Darcy riu no ouvido dela. – Então vamos parar com essas provocações.

— Talvez nós pudéssemos começar com você não segurando meu cabelo desse jeito. – ela riu.

Mas Darcy segurou ainda mais firme, fazendo Elisabeta suspirar. E então ele a soltou, com um sorriso de lado. Antes que ela pudesse perceber, Darcy já estava no quarto dele. E ela ainda segurava a camisa molhada.


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