Mundos Colidindo escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 20
Vampire Family Part II


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/4ucUVw2if-k-Sil pijamas



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P.O.V. Jared.

É difícil dormir com toda a movimentação na casa. Não sei como elas conseguem. Eu não consegui.

—Ela vai ficar bem não vai?

—Vai. Não conseguiu dormir não é?

—Como você consegue?

—Hábito, eu suponho. Deveria ligar para seus pais, eles devem estar preocupados.

Disse a mulher de pijama que escovava seus cabelos longos e loiros.

—Eu tenho vinte e dois anos de idade.

—Não importa. Sua mãe está preocupada, ela é sua mãe. Jamais vai parar de se preocupar.

Liguei para minha mãe e ela estava preocupada. Continuava perguntando onde eu estava, o que tinha acontecido, se eu estava bem.

—Eu estou bem. Mas, a Sil, Sil Volturi, sua aluna passou mal. Tive que ajudá-la.

—Oh, mas ela está bem agora certo?

—Não. Está de cama.

—Mas, que pena. Diga a ela que desejo melhoras.

—Vou dizer.

—E venha pra casa.

—Estou indo. Te amo.

—Também te amo.

Desliguei.

—Espere, só um momento. Me faria um favor?

—Claro.

—Entregue este envelope na faculdade, por gentileza. Tem um documento que diz que minha filha está doente, um atestado.

—Quanto tempo ela vai ficar de cama?

—Geralmente, leva uns três dias. Obrigado, por sua ajuda.

—De nada.

Peguei o envelope, entrei no carro e fui embora.

Depois de ser interrogado pela minha mãe, contei-lhe parte da verdade e inventei que Sil tinha pegado uma virose.

—Você está bem filho? Não parece bem.

—Eu não dormi.

—Bem, então é melhor dormir.

Minha casa era muito comum comparada á dos Volturi. Haviam algumas antiguidades, mas a maioria dos móveis era embutido, a TV na sala de estar era também de LED, telefone, vídeo game, aparelho de blue-ray.

Pode parecer chocante, mas eles tinham isso na casa deles também. O meu quarto tinha posteres de algumas bandas como Offspring, Coldplay entre outras. Minha cama era de mogno, acho que era o único móvel do meu quarto que não era embutido. Portas corrediças de vidro que davam para a varanda e tinham persianas.

Depois de uma boa soneca, tomei banho, me vesti e fui para a faculdade. Passei na secretaria, deixei o atestado de Sil e fui para a aula. O professor apresentou um pergaminho e reconheci de primeira. Era igual ao que estava pendurado numa das paredes da Mansão Volturi.

—O que foi Jared?

—Eu já vi isso. Esse pergaminho. Isso é gaélico.

Olhando mais de perto, não não era o mesmo pergaminho. Mas, era muito parecido. Gaélico é francês antigo e na ilustração haviam dois seres de olhos vermelhos atacando um vilarejo. E os seres retratados eram incrivelmente parecidos com a tia e o pai de Sil.

—Não são parecidos. São eles.

Foi meio difícil de ler, mas era bem auto-explicativo. 

—E os filhos da filha do diabo ressurgiram das chamas e afogaram o vilarejo em sangue. 

Ou seja, eles massacraram o vilarejo. O professor me pediu ajuda para decodificar o pergaminho. Com algum esforço consegui traduzir mais um pouco.

—Eles vieram na calada da noite, os gritos de agonia dos homens, mulheres e crianças eram ouvidos ao longe. Nenhuma tranca, trinco ou ferrolho foi capaz de segurá-los. As criaturas vindas das profundezas do inferno devastaram a cidade sem remorso.   

—Que reconfortante.

Quando vi o nome da pessoa que escreveu o pergaminho...

—Edward Howe, Reino da Bretanha mil quatrocentos e cinquenta?!

—Seu ancestral, eu presumo.

—Sim. Posso bater uma foto?

—Claro, só nada de flash.

Tirei fotografias, as limpei com Photoshop. Ampliei e ai revelei em filme.

—Criaturas predatórias. Com certeza.

Decidi dar uma de louco e levar as fotos do pergaminho para a tia de Sil, Jane que parecia a mais... mansa.

—Ela está dormindo ainda.

—Eu sei. Vim falar com você. Gostaria de lhe mostrar uma coisa e fazer algumas perguntas se não se importar.

—Sim, não, talvez. Você saber que existimos e ainda respirar é um crime. Se não fosse pela minha sobrinha eu te torturaria e te executaria.

—Oh, bom saber.

—Desembucha.

Mostrei as fotos do pergaminho para ela que riu.

—Não é bem assim que eu me lembro. Na verdade, eu quase não me lembro. Minha gente nunca é tão forte fisicamente quanto no primeiro ano da nova vida. Porque o sangue humano ainda flui no nosso corpo. Isso ai não foi vingança, foi a fome. No primeiro ano após a transformação... as coisas são complicadas. 

—Como assim?

—Depois de nos transformarmos, sentimos nossa garganta queimando como brasas. E Mestre Aro nos disse o que tínhamos de fazer para... aplacar a dor. Os eventos descritos neste pergaminho, foram no primeiro dia após a transformação. Agora que você é humano pensa, não há nada que vá querer mais que a Sil, mas se um dia decidir se transformar... vai saber que está errado. Vai haver sim uma coisa que vai querer mais do que todas as outras. Pela qual você vai matar. Sangue. Não matamos o povo do vilarejo por vingança. Foi por causa da terrível fome. 

—Você está dizendo que não se lembra de fazer isso?

—Todos os vilarejos eram iguais. Os aldeões eram todos iguais. No primeiro ano é quando estamos mais voláteis, quando somos mais descontrolados, cruéis, loucos de sede. Uma fome insaciável. Ser imortal tem um preço. Com o passar dos anos, dos séculos, meu irmão e eu aprendemos a controlar a nossa sede e após consumir litros e litros de sangue de dezenas de milhares de pessoas, isso nos permitiu descobrir e aprimorar nossas habilidades. Nos transformou nas armas que somos hoje.

—Armas?

—Meu irmão e eu, somos mutantes. Nós temos dons, sou a melhor torturadora que você vai encontrar e meu gêmeo também. Um é o antídoto do outro. Te faço crer que está experimentando a mais excruciante das dores, enquanto que meu irmão... lhe tira os sentidos. Você está acordado, porém cego, surdo, sem tato. A névoa dele te paralisa, te deixa completamente indefeso. E adivinha quem por um acaso, conseguiu herdar ambos os nossos dons?

—Sil.

—Pois é. Ela é mais poderosa do que eu e meu irmão juntos. E é por isso que IO, meu irmão, eu, Félix, Dimitri, é por isso que fazemos tudo o que podemos para impedir que minha sobrinha vá para as trevas. Graças á sua mamãezinha querida, ela quase foi.

—E qual é a do reflexo?

—Sinto muito, mas isso está fora da minha jurisdição. Não sou ISO. Tudo o que sei é que... o que IO chama de reflexo sombrio, é uma espécie de mecanismo de defesa/ataque.

—E o seu Mestre Aro? Ele morreu?

—Á séculos.

—Então, ele não morreu, ele só foi embora?

—Nós fomos embora. Eles ficaram para trás.

P.O.V. Aro.

Graças á aquela alienígena nojenta, perdi minha guarda, minha esposa e meu Poder. Mas, ela me paga.

—Pode fazer o que quiser comigo, mas se encostar um dedo na minha filha...

—Eu diria que não está em posição de fazer ameaças.

—Então, você não me conhece.

P.O.V. Sil.

Eu senti um calafrio na espinha que me acordou, um pressentimento ruim. As vozes me disseram coisas terríveis.

P.O.V. Jane.

Ouvi os passos descendo a escada, correndo.

—Ei! Você deveria estar dormindo.

—Não. Eu não posso, não posso. 

—Calma. Calma. Foi um pesadelo?

—Não. Algo ruim, algo terrível aconteceu com a minha mãe. Eu ouvi as vozes.

—Fique calma. Vai ficar tudo bem.

Ela estava usando um pijama de inverno azul de estrelinhas coloridas, descalça e em pânico.

—Ei, porque esse alvoroço?

—É a mamãe. Tem algo errado com ela. Ela está em perigo.

Sil ligou o rádio que tocava Wanna Know What it Means to Miss New Orleans. Ela pegou um livro velho, fez um círculo de velas, encheu uma tigela com água e espalhou sal no chão de madeira.

—Foi por isso que as flores morreram?

—Acho que sim. Acho que fui eu pai.

A Tri-híbrida entrou no círculo de sal e velas, ajoelhou-se, estalou os dedos e puff, as velas estavam acesas. Ela realizou algum tipo de feitiço.

—Mãe? Não mãe!

—O que está acontecendo?

—Projeção Astral.

De repente, ela voltou.

—O que foi que você viu?

—Eu vi minha mãe. Ele fez isso, ele a pegou. Aro a pegou. Ela tá machucada tia Jane.

—Você viu onde eles estavam?

—Uma casa. Abandonada, no meio do nada, na floresta. Sei onde é.

Numa fração de segundo ela já estava vestida.

—Ei, onde acha que está indo?

—Salvar a minha mãe!

—Não. Você não pode. Ainda está fraca, ainda está se adaptando ao seu reflexo sombrio. E eu conheço Aro, ele não faz nada á toa. Aro é um ótimo estrategista, ele é frio e calculista.

Sil estava desesperada.

—Eu tenho que fazer alguma coisa! Qualquer coisa!

—Porque essa gritaria?

Perguntou Dimitri.

—Tio Dimitri, preciso que ache a minha mãe. Aro a sequestrou. Ela tá machucada, por favor.

—Tudo bem. Apenas se acalme.

P.O.V. Jane.

Conheço a minha sobrinha, ela é tão teimosa quanto eu. E eu sabia que iria aprontar alguma coisa. Dito e feito. Sil foi atrás da mãe.

—Ela nos enganou.

—O que você esperava? Ela é sua filha e minha sobrinha.

—Dimiti, por Deus a rastreei.

—Calma, vamos encontrá-las.

P.O.V. Sil.

A porta estava enfeitiçada, mas consegui quebrar o encantamento. A casa estava caindo aos pedaços, a pintura estava gasta, desbotada por dentro e por fora. E lá dentro amarrada á uma cadeira estava...

—Mãe?

—Sil? Sil, querida. Você?

Thomas, me acorrentou.

—Eu sinto muito.

—O que? O que está acontecendo?

—Foi ele que levou os Morganianos até mim, até a nossa casa.

—Você fez o que?! Como você sabia onde eu morava? Você entrou na minha cabeça! Invadiu a minha mente! Como?

—O tal reflexo sombrio tem um propósito. Defender não apenas seu corpo, mas sua mente. E como você não tinha um... foi fácil.

—O encontro, quando tocou em mim e colocou meu cabelo atrás da orelha... só estava querendo saber onde eu morava, onde minha família estava!

—Sil, eu sei que isso parece ruim, mas se me ouvir...

—Você sequestrou a minha mãe! Se aliou com os Morgs que massacraram o povo dela, meu povo! E com os Mestres que queriam escravizá-la!

—Me desamarra!

—Só vão fazer um feitiço para suprimir o seu lado ISO. Vai ficar tudo bem.

—Nada vai ficar bem moleque, á menos que me desamarre!

Felizmente, Thomas ouviu.

—Eu posso te proteger, te tirar daqui.

—Eu sei. E eu vou ficar bem. Tudo faz sentido agora. Podiam ter me matado á qualquer momento e não mataram. É de você que eles querem Sil.

—Posso cuidar de mim mesma.

—Não é da sua força que eles tem medo. Você é uma bruxa Levesque, com uma mãe ISO e um pai vampiro. Ambos eu e sei pai somos realeza. Você é aquela que tem poder de finalmente unir todas as facções, todos os nossos povos e isso vai conta tudo o que eles acreditam. Eles se afogam em sangue e ódio, mas você... minha doce garotinha é o pior medo deles. O que significa que você tem que ir. Tem que partir. Agora.

Senti minha mãe me abraçar e sussurrar.

—Eu te amo.

Me virei para partir, mas o vampiro assoprou alguma coisa na minha cara.

P.O.V. IO.

Bastardo miserável.

—Se encostar um dedo na minha filha...

—Ainda acho que está numa posição terrível para fazer ameaças.

O vampiro pareceu ter ouvido alguma coisa. Deve ser Alec.

P.O.V. Alec.

Nós chegamos até a casa. E haviam vários guardas, usando seus uniformes. Tivemos que dar cabo deles. Então, ouvi aquela voz que agora me irritava.

—Meus queridos. Estou tão feliz que estão aqui.

—O que você fez? O que fez com a minha esposa e com a minha filha?!

IO estava escondida, a janela escancarada e Sil desacordada.

—Mas, você disse que só iríamos suprimir o lado ISO dela.

—Cora de Lorn foi suprimida e ela encontrou um meio de quebrar a supressão e voltar a ser um ISO. Sempre existem brechas, meu filho. Não podemos permitir mais híbridos.

P.O.V. IO.

Tentei colocar a minha mão para fora, mas o sol amarelo me queimou. Sem meu reflexo sombrio, estou indefesa, vulnerável ao calor e a luz do sol amarelo.

—O que está fazendo? Porque está fazendo isso?

—Se queremos paz, não podemos permitir a existência de nenhum Predador Alfa.

—Eu sou um híbrido também. Sou parte Morganiano.

Eu me levantei. E o maldito Morg deu uma estaca de prata na mão do garoto. Alec, Jane, Dimitri e Félix estavam massacrando os vampiros.

—Você sabe no seu coração meu filho que isso é a coisa certa a ser feita. Me mostre que acredita.

—Thomas você não tem que fazer isso. Ela não é um ISO, uma vampira ou uma híbrida, ela é sua amiga. E você se importa com ela, sei que sim.

—Por favor, meu pai não me force a fazer isso. Por favor.

—Então eu mesmo farei! Criatura fraca!

Avancei sob o Morganiano. Nós lutamos, ele me estrangulava quando vi a porta ser aberta.

—Alec.

—IO.

—Eu amo você.

Senti o Morganiano enfiar a mão no meu coração.

Eu sabia que iria morrer, mas ela valia á pena. E eu iria levar o líder dos Morganianos comigo.

—Se eu queimo, você vai queimar comigo.

Arranquei o dedo dele, aquele no qual ele carregava o talismã que o protegia de queimar no sol amarelo. E abracei a morte.

P.O.V. Alec.

Eu a vi queimar.

—Não! IO não!

—Irmão, sei que está sofrendo, mas sua filha precisa de você. Tire-a daqui.

Tive que tirar a minha filha inconsciente daquela casa caindo aos pedaços, passar pelo cadáver carbonizado da minha esposa. Aro percebeu que iria perder então fugiu. Os três fugiram. Covardes.

Chegando á Mansão tirei as correntes e a coloquei em sua cama.

—Se me permite... eu...

—Vá. Eu fico com ela. Tenho certeza de que Sil vai entender.

Perdi minha esposa, a mãe da minha filha, minha parceira. Ela se sacrificou para proteger nossa filha.

Fui para o nosso quarto, onde o cheiro dela ainda estava no ar. Mas, ouvi um apito. Um incessante apito.

E foi ai que eu achei o disco. Ele estava brilhando e apitando. Falando, mas uma língua que eu desconhecia.

P.O.V. Sil.

Eu acordei e eu estava na minha cama, no meu quarto.

—Mãe? Mãe!

—Estou aqui querida.

—O que aconteceu? Onde ela está? Onde está minha mãe?

—Respire fundo, Sil. Você está á salvo agora.

—Onde está a minha mãe?!

Gritei fazendo as luzes piscarem.

—O que?

—Sua mãe... se foi, querida. Ela se foi.

—Não. Não! Não!

Chorei, chorei muito. Minha tia fez só o que podia fazer. Me abraçou e me confortou.

—E quanto ao papai?

—Seu pai também está abalado. Tão devastado quanto você. Todos nós.

Então, ouvi a voz da Inteligência Artificial do disco. Estava falando Astoriano.

—O disco.

Me levantei e fui correndo em direção á voz. Era um aviso, seguido de instruções.

—Sil!

—São instruções. O disco pode trazer a mamãe de volta. Precisamos do código raiz dela.

—O que? Como?

—Precisamos inserir o código raiz da mamãe no disco. O disco é a memória dela, sua consciência, suas emoções. O Disco é ela.

—Código Raiz. D.N.A. a mecha de cabelo.

Meu pai tirou do bolso uma mecha do cabelo da minha mãe. Tive que descontaminar, ou seja lavar e secar, então inseri a mecha no centro do disco.

—Material genético compatível identificado. Preparar para iniciar processo de duplicação celular.

O disco fez um clone da minha mãe.

—Processo de duplicação celular concluído, preparar para implantação de memórias.

Do disco saiu uma espécie de super agulha que foi enfiada no córtex cerebral do clone. Acho que ela não sentiu nada. Estava morta.

—Implantação de memórias concluída, preparar para reanimação.

O disco a atingiu com uma rajada de energia vermelha. Era a energia dela. E ela acordou num súbito. 

Acordou, tossiu como se tivesse se afogando.

—Mãe. Mamãe.

Ela tentou se sentar, mas passou mal.

—Minha nossa! É realmente vertiginoso. Sil. Você está bem. Está bem.

—Estou.

—Ótimo. Preciso reiniciar.

—Tudo bem. Estaremos aqui.

 

 


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