Verão Vermelho escrita por mblack


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Queria postar algo relativo a essa fandom que mal conheço e já considero pacas. Na real é um prólogo da história, antes da Red Plague, eu quero narrar que minha aprendiz tenha conhecido o Julian antes da tragédia e que possa rolar algo por aí. rs O começo não tem tanto dos personagens, mas tem mais a cidade que eu amo muito e esse cap era mais para explorar essa parte. Espero que se divirtam.



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As vielas sobrepostas onde se formava uma grande feira pública enchia-se Com aromas de temperos, pães e incenso, a feira estendia suas barracas coloridas até onde a vista dela poderia alcançar. Uma mulher coberta de tecidos por todo o corpo avançava por entre os compradores, crianças e animais pelos corredores estreitos. Seu nome era Artemísia, ela transparecia um sorriso no olhar ao ver o belo dia que iluminava a cidade de Vesúvia.

Vesuvia era uma cidade bastante povoada. Seu centro comercial era o maior do reino e seu porto o mais movimentado. Possui no centro uma arquitetura clássica, de grandes arcos e casas de mármore onde viviam os nobres e os ricos. Conforme se afastava do centro, as construções variavam refletindo as influências de cada um dos povos que abrigava, havia até mesmo casas de tijolos no alagadiço. A variedade era sua marca registrada.
Uma das primeiras coisas que notava quem chegava a cidade era o anjo em cima da grande torre que se erguia da praça central. Ele podia ser observado da distância por todos o que chegavam na cidade, seja pela estrada ou pelo porto. Era ao redor dessa praça em que aconteciam os maiores eventos da cidade, onde ficava o coliseu de um lado e do outro um grande salão, onde ocorriam os bailes de máscaras, como nunca vistos nas outras províncias. Com um coliseu e bailes de máscaras, como nunca vistos nas outras províncias.

Artemísia deixara a loja de sua família na direção da praça central. Seus olhos se voltaram para uma banca de tecidos vibrantes que chamou sua atenção, ela parou seu trajeto ao centro da cidade para apalpar a seda brilhante daquela vendedora.

— Esse daria um ótimo traje para sua apresentação, Artemísia. — disse um vendedor da banca ao lado.

— Imagine só… Bom dia, Claudius. — ela respondeu puxando o véu que cobria sua boca para falar.

— Bom dia, meu anjo. — o vendedor respondeu sorrindo para a mulher.

— Os habitantes de Vesúvia não estão tão generosos ultimamente. — ela deixou o tecido para trás. — E aí como andam as vendas do azeite?

— Têm sido excelentes! Recebemos uma grande encomenda do palácio há alguns dias. Minha filha mal pôde se conter ao descobrir que iremos fornecer azeite ao próprio Conde Lúcio.

— Que bom, Claudius, fico feliz por vocês. Bem, preciso ir, as moedas não vão cair se Artemísia não dançar hoje. — ela subiu o véu para deixar a banca e acenou para o amigo.

— Veremos nas cartas… — ela ouviu um suspiro cruzar seus ouvidos ao mencionar o baralho.

Naquele instante olhou na direção do vendedor, mas este já havia se voltado a um acidente com um cesto de azeitonas. Acreditava ter imaginado o ruído e seguiu seu rumo pela algazarra até finalmente cruzar o portal de pedra que dava no centro da cidade. A praça principal reluzia com seus transeuntes, estabelecimentos e artistas de rua. Um rabequista franzino fez sinal para Artemísia e ela avançou rapidamente em sua direção.

— Bom dia, Fiori. — disse ela desmanchando sua trouxinha com os Snujs1 e o Daf2.

— Achei que não fosse vir hoje, mulher! — disse Fiori observando-a desmanchar o cinto. — Falta só a Sabah.

Não se preocupou em responder, fez um sinal rápido com as mãos para que ele se aprontasse também. Ela desamarrou a pesada túnica castanha que cobria todo seu corpo dando lugar a um belo traje de dança bordado com asas de besouros-verdes. Tirou também o tecido que cobria seus cabelos claros e o véu do rosto, revelando a pele escura que tendia ao alaranjado.

— Cheguei, Cheguei! — gritou Sabah, com sua voz potente.

A moça vinha com o tambor nas mãos e os metais numa bolsa de couro. Seus olhos verdes cruzaram com os de Fiori como se faiscassem. Ela cumprimentou Artemísia com dois beijos no rosto e também começou a se posicionar para iniciar o espetáculo.

— Estou aqui há mais de uma hora, vocês duas… — disse Fiori num tom de voz zangado observando-as darem risadinhas.

— E estou pronta para começar. — sorriu Sabah com suas bochechas coradas se sobressaindo no sol do meio-dia.

— Eu também. — Artemísia posicionava os pequenos címbalos entre os dedos.

Com uma batida seca do tambor de Sabah, Artemísia iniciou seus passos. Os movimentos dos braços iniciando firmes com a percussão dos pés no chão. A rabeca de Fiori entoava uma melodia animada que contagiava o público e os passantes na praça. As batidas se aceleravam e os quadris da dançarina seguiam o mesmo ritmo. Os Snujs em seus dedos ressaltavam o ritmo que Sabah ditava em seu tambor.

Alguns paravam para observar, outros jogavam moedas esparsas na direção da caixa da rabeca de Fiori. As pessoas vibraram após o término da primeira música e os três agradeceram os aplausos. As músicas crescendo, o ouro se multiplicando na caixa da rabeca. Sabah começou a cantar e Artemísia a acompanhou num singelo dueto em sua dança com o véu. As horas passavam enquanto os três persistiram em canções e batuques. O sol seguia seu curso no céu daquela tarde, e conforme eles pausavam um pouco para descansar, parte do público permanecia ao lado, aguardando a próxima performance.

Ao fim do dia, o sol escondia-se por entre as construções Vesuvianas. Fiori esquecera a frustração e sorria como um garoto ao público da praça. Sabah entoava sua voz firme em acordo com a canção que dizia de uma velha lenda sobre os Arcanos. Artemísia erguia os braços em movimentos leves e precisos preparando-se para surpreender seus amigos e a plateia.

A voz de Sabah envolvia a dançarina dos pés até a cabeça, e o grave fazia os pelos em sua nuca se eriçarem. Artemísia concentrava as energias nas pontas de seus dedos. Sentia a pele quente e o suor pingar, porém, permanecia focada em seu objetivo. Sabah fechou os olhos na nota mais aguda, e Fiori acompanhava-a numa nota dissonante. Artemísia murmurou algo ininteligível e como se uma chama se acendesse em seus olhos, o brilho avermelhado percorreu em linhas até as pontas de seus dedos, provocando um efeito ainda mais impressionante na meia-luz do fim da tarde. A mágica subia de seus dedos, com pequenas faíscas, iluminando os pequenos címbalos em suas mãos. A cada batida de seus pés, o ritmo caminhava para o fim da canção e lentamente o brilho se extinguiu junto a melodia, dando lugar ao ruído da rua. O silêncio da canção finalizada logo foi substituído por uma onda de aplausos, que invadiu a mente dos três artistas como se fosse maré alta.

Os três se juntaram ao centro para agradecer ao público e recolher as moedas que vinham por toda a parte. Artemísia prendia os cabelos claros no topo da cabeça, ainda ofegante enquanto observava Fiori guardando o ouro. Sabah pegou uma flor que haviam jogado na direção da dançarina e foi até ela sorrateiramente.

— Veja só, acho que alguém tem um admirador especial… — disse a amiga num suspiro ao pé do ouvido.

— Perdão? — ela se esquivou da pergunta, segurando os ombros de Sabah num gesto automático.

Artemisia não notara a flor até o momento que Sabah veio com ela nas mãos. Era um lírio vermelho solitário.

— Para você, meu anjo. — a garota prendeu a flor nos cabelos de Artemísia, sorrindo. — Oi, Fiori, já guardou tudo aí? Vamos nos atrasar!

— Você adora fazer ele se sentir culpado, não é? — ela riu enquanto ajeitava a flor no cabelo.

— Eu? Nunca! — a garota gargalhou ao menor olhar do outro.

— Ei Artemísia, o que foi aquilo no final? — Fiori se aproximou apressado.

— O que acha? Ontem minha tia me ensinou a concentrar energia para fazer faíscas! — comentou a dançarina. — Achei que ia dar um charme à nossa apresentação.


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