Swimming Club escrita por Lis Sampaio


Capítulo 2
Capítulo 2




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Os pés de Natalie doíam quando ela chegou no dormitório, acompanhada de suas duas colegas de quarto.

— Por que essa escola é tão grande? — Jessica se jogou em sua cama. — Eu não devia ter ido com vocês. Minha sapatilha ferrou todo o meu pé.

— Mas quem mandou ir de sapatilha fazer um tour pela escola? — Tina disse, prendendo os cabelos em um coque com um lápis.

— Você mandou. — A loira resmungou. — Aliás, praticamente me arrastou.

— Verdade, né. — A morena disse, pensativa. — Desculpa aí.

Jessica revirou os olhos e agarrou seu travesseiro.

Estavam todas cansadas depois daquela tarde, inclusive Natalie. Elas literalmente andaram pela escola inteira, já que Tina resolveu burlar algumas regras e fugir do plano de apresentação que o conselho estudantil tinha pré-estabelecido e andou até por onde não devia. Viram o prédio principal, que era onde teriam as aulas normais, todas as quatro quadras, os prédios das turmas de dança, as praças, o dormitório masculino, a ala de artes marciais, os campos de tiro com arco, o dormitório dos professores e mais mil e um lugares que, de acordo com a menina de cabelos curtos, eram superinteressantes. Bom, não realmente.

Natalie arrumava suas coisas para ir tomar banho, quando ouviu seu celular apitar sob uma das mesas de estudo. Ela se surpreendeu quando desbloqueou a tela e notou se tratar de uma mensagem de sua mãe.

— Pode ir tomar banho primeiro, Tina. — Disse, e a amiga assentiu, pegando uma toalha e indo para o banheiro.

"Como está sendo o dia?" Era o que a mensagem dizia. Sem nem mesmo respondê-la, a garota discou o número de sua mãe, ansiosa para falar com ela.

Ela olhou para os lados procurando um lugar mais silencioso, e Jessica, que continuava jogada em sua cama, apontou para a porta de vidro atrás da cortina cor-de-rosa do quarto. Só então Natalie notou se tratar de uma sacada, e não se deteve em ir para lá.

— Oi, filha. — Sua mãe disse quando finalmente atendeu a chamada. Ela parecia contente com a ligação.

— Oi mãe. Já tá sentindo muita saudade? — Perguntou, brincando.

— Sim, e não só eu. Louise não para de te chamar. — O outro lado da linha riu. — Como foi o seu primeiro dia? Está tudo certo por aí?

— Tá tudo bem sim, e o dia foi ótimo. Essa escola é enorme, você tem que vir aqui um dia, sério. — Natalie sorriu. — E antes que me pergunte, sim, eu já fiz amigos. Minhas colegas de quarto são incríveis.

— Isso é ótimo, Natalie. Eu estou orgulhosa de você. — A mulher falou. — A propósito, você já conseguiu ver Will? Vocês dormem perto?

— Eu vi ele há um tempo no refeitório com um menino do clube de natação. E não, nossos dormitórios ficam bem longe um do outro.

A Sra. Campbell riu.

— Depois de muitos anos você finalmente conseguiu se livrar dele, não?

— Sim, ainda bem. Você acredita que ele já arrumou encrenca com minha colega de quarto?

— Não esperava menos do encrenqueiro da família. Mais tarde eu vou ligar pra ele e dar uma boa bronca nesse marmanjo.

— Conto com você, mãe. — A filha riu.

— Bom, querida, eu tenho que ir, estou um pouco apressada aqui porque eu e seu pai temos que terminar o jantar. Ele inventou de fazer pizza hoje. — Disse e a menina já pôde imaginar a mãe revirando os olhos como sempre fazia quando seu pai inventava algo novo.

— Tudo bem, mãe, vai lá. E vê se me liga depois, tá?

— Ok, minha filha carente. Beijo, eu te amo.

— Te amo também. Tchau, mãe.

E então a chamada foi encerrada. Natalie voltou para dentro do quarto com um sorriso no rosto e feliz por ter conversado com a mãe.

No dia seguinte, o dormitório 23 acordou com batidas estrondosas na porta. As três garotas praticamente pularam da cama com o barulho.

— Droga, vai atender a porta. — Jessica resmungou à Tina, se espreguiçando.

— Vai você, meu pijama é constrangedor. — A menina de cabelos curtos disse, sem sequer se mexer.

— Eu vou... — Natalie disse, sonolenta, enquanto pulava da cama de cima.

Ela calçou seus chinelos e tateou um dos criados-mudos em busca de alguma chave. Pegou a primeira que achou, sem se preocupar em saber de quem era, e abriu a porta, se surpreendendo ao encontrar Rachel lá.

— Bom dia... — Murmurou, ainda de olhos quase fechados por conta da luz do sol nascente que entrava no quarto.

— Vocês viram que horas são? — Questionou a baixinha, um tanto afobada.

— Não...

— São seis e cinquenta. Vocês estão bem atrasadas, não colocaram nenhum alarme?

Natalie coçou a nuca, desentendida.

— Mas hoje não é terça? As aulas só começam uma da tarde. — Disse.

— Temos atividades do clube de manhã, não te avisaram isso?

A menina suspirou. Ótimo, mais um item para a lista de "Coisas que esqueceram de avisar à Natalie Campbell".

Rachel então entrou no quarto e abriu as janelas, balançando as duas amigas sonolentas para despertá-las. Tina foi a primeira a se levantar, pegando seu uniforme no guarda-roupa e o vestindo com pressa, seguida de Jessica, que embora se trocasse, não deixava de resmungar sobre o quão bagunçado estava seu cabelo. Natalie se deteve observando o uniforme da escola, admirada, afinal, era a primeira vez que o vestia. De fato, lhe caía muito bem.

O grupo de amigas, depois de pegarem as bolsas que costumavam levar para o clube, correram para fora do dormitório. Naquele momento o arrependimento de ter ficado até mais tarde jogando papo fora bateu tanto para Natalie quanto para Jess e Tina. Elas deveriam ter imaginado que aquele tipo de atraso aconteceria.

— Nós nem conseguimos comer e já vamos nadar. — Tina reclamou enquanto saíam da área verde. — Isso não é uma daquelas coisas que as mães dizem que faz mal?

— Não, as mães dizem que faz mal nadar depois de comer. — Rachel falou.

Tina fez uma careta.

— Se eu morrer durante o treino, a culpa é de vocês. — Ela disse e tanto Jessica quanto Rachel reviraram os olhos.

— Exagerada. — Disseram em uníssono.

Quando chegaram em frente ao clube, Natalie sentiu como se estivesse o vendo pela primeira vez e novamente aquela onda de emoção correu pelo seu peito. Não pôde observar a estrutura bem-feita do ginásio por mais tempo, já que Tina a puxou para dentro, apressada.

— Todas as meninas do clube atrasadas no primeiro dia do semestre? Por que isso não me surpreende? — Um homem alto, bronzeado e de olhos claros disse, encostado na parede ao lado da porta de vidro que dava em direção à piscina.

Era o treinador Vermont. As meninas se assustaram com a presença dele ali, imaginavam que ele já estaria começando o treino com os garotos.

— Bom dia, treinador. — Jessica sorriu como quem não quer nada. — Que uniforme elegante está vestindo hoje, estou surpresa com a sua classe.

O homem cruzou os braços e olhou para a menina com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Você precisa arrumar bajulações novas, Jessica. — Ele disse.

— Ok, não deu certo. Alguém tem um plano B? — A loira perguntou e as outras três garotas se entreolharam.

— O plano B é vocês irem logo colocar a roupa de treino e correrem para a piscina porque estão atrasando todo mundo. — O treinador disse, logo detendo seu olhar na menina de cabelos cacheados que via pela primeira vez. — E você provavelmente é a novata irmã do William, Natalie, certo? — A garota assentiu e o homem de olhos claros deu um tapinha em seu ombro. — Uma dica: não vá na onda dessas meninas preguiçosas ou vai acabar se atrasando em todos os treinos. Bem-vinda ao clube de natação.

Natalie não pôde evitar sorrir com aquilo, e então correu para o vestiário junta das outras meninas.

— Antes de tudo — O treinador começou a dizer quando as quatro meninas se juntaram aos outros membros do clube já vestindo seus maiôs. — Queria apresentar os dois membros novos, que pelo visto alguns de vocês já conhecem. Venham aqui, vocês.

Vermont fez sinal para que Natalie e William se aproximassem dele. Na frente de todos, a garota de cabelos cacheados — agora cobertos pela touca de natação — pôde observar melhor os novos colegas de clube, o que incluía o menino arrogante de antes, que a fitava um pouco perplexo.

— Esses são Natalie e William, eles são irmãos gêmeos e seus novos colegas. — Treinador Vermont apresentou. — Sejam legais, pois soube que o apelido de um deles é Tubarão.

William corou, no mesmo momento em que Jamie explodiu em risadas. Todos olharam sem entender muito bem, embora já imaginassem que era alguma piada interna. Natalie, por sua vez, já sabia muito bem que aquilo se tratava do apelido estranho que o irmão tinha conseguido na escola antiga, onde também praticavam natação.

— Enfim, por ordem, esses são Henry, — apontou para um garoto magro e de cabelos cacheados. — John — apontou para um mais alto, com um corpo bem definido e cara de galã. — e Gabe. — Finalmente indicou o menino de cabelos castanhos e cara amarrada. — O resto vocês já conhecem, eu imagino.

Os gêmeos assentiram.

— Certo, hora do aquecimento. — O treinador apitou. — Quatro séries de 50 metros de crawl. Cada um numa raia, Rachel espere o John terminar pra entrar.

Natalie foi até a raia 2, mas mentalmente praguejou ao ver o tal Gabe parado na raia ao seu lado.

— Não imaginava que você seria desse clube, garota das malas. — Ele disse num tom um tanto sarcástico, misturado ao aspecto sério que qualquer frase sua soava. — Eles admitem qualquer um hoje em dia.

A menina revirou os olhos, colocando seus óculos de natação.

— Faz sentido, já que você está aqui. — Disse e então pulou na piscina, sem querer mais papo com aquela pessoa idiota. Sério, qual o problema dele com algo chamado educação? Ele não era legal nem mesmo com novos membros do clube?

Enquanto isso, na raia 8, Jessica parecia prestes a explodir de raiva.

— É sério isso? — A menina questionou, de braços cruzados. — Até na minha raia? Isso é uma perseguição, só pode.

— Eu cheguei aqui primeiro. — William rebateu. — É você quem está me perseguindo.

— Não chegou não, eu quem cheguei. E eu não vou sair daqui.

— Nem eu! Você é muito folgada, por acaso está apaixonada por mim? Por isso não desgruda?

Jessica riu sarcasticamente.

— Tem que ser muito narcisista mesmo para achar que alguém gostaria de um cara que se auto denomina "Tubarão" — Ela fez aspas com os dedos.

William fechou a cara e então passou para a raia do lado a contragosto. Os dois, ao mesmo tempo, pularam na piscina e começaram as séries indicadas pelo técnico, embora realmente parecessem competir um com o outro durante aquele simples aquecimento.

O treino, apesar de tudo, passou voando. Fizeram séries de costas, peito, perna, e tudo isso a tempo de o treinador avaliá-los. Natalie evitava ficar muito tempo fora d'água para não ter que encontrar com o olhar do indesejado colega da raia 1, que também não parecia muito interessado em olhar para a cara da nova rival. Ele continuava com raiva por ter sido facilmente driblado pelas palavras dela pouco antes.

Quando Vermont soprou seu apito, todos saíram da água. Eles se enrolaram em seus roupões e se reuniram ao redor do treinador, que parecia ter algum outro comunicado importante para fazer.

— Bom, eu pude observar hoje com esse treino que nós temos novos integrantes bem talentosos e dedicados, embora um certo tubarão tenha acabado entrando em conflito com a nossa querida sereia. — Ele olhou para William e Jessica, que se entreolharam e cruzaram os braços ao mesmo tempo. — Essa dedicação é uma coisa importante para o nosso time, já que, daqui a alguns meses, teremos a competição interescolar de natação.

Aquele foi o momento de todos do time se entreolharem.

— Mas a interescolar não é só em dezembro? — Jamie questionou.

— Não mais, o campeonato foi adiantado para novembro porque em dezembro a escola-sede vai entrar em reforma. — O técnico disse.

— Isso é sério? — Tina perguntou, já suando frio. Ela sempre ficava ansiosa para competições como aquela.

— Sério. E, como vocês sabem ou devem imaginar, se não ganharmos pelo menos quatro modalidades nós não entraremos pro interestadual.

Uma tensão misturada com ansiedade tomou conta do ar. Era estranho, o treinador reparou, como o pessoal do clube ficava assim em qualquer situação que envolvesse competição, mesmo que a maioria já estivesse muito bem habituada a elas. Talvez pessoas ansiosas fossem o padrão da S.S.

— Certo, não façam essas caras. — Ele disse. — Vocês serão bem preparados, estão com um bom time, um bom treinador e um bom capitão, então relaxem. Não tanto, óbvio, porque precisamos ganhar essa competição.

O time riu.

— Treino encerrado, podem ir descansar um pouco ou comer alguma coisa. Eu tenho que resolver umas papeladas no escritório, então se precisarem de mim, estou lá. — Disse, acenando para os nove adolescentes e em seguida saindo.

Todos foram para os chuveiros tomar seus banhos e colocar novamente os uniformes. Quando o time feminino finalmente estava pronto para voltar para suas rotinas, Tina respirou fundo e se sentou na escada do ginásio com Rachel, Jessica e Natalie.

— Não acredito que adiantaram o interescolar. — Ela choramingou. — Eu já tenho tanta coisa pra fazer normalmente, e agora os treinos intensivos do Vermont vão acabar comigo.

— Fala sério, Christina, você não faz nada o dia todo.­ — Jessica revirou os olhos. — Logo logo te expulsam do conselho estudantil por motivos de "membro inútil".

— Cala a boca, trouxa. — A menina de cabelos curtos jogou sua touca na cara da amiga, que jogou de volta. — Eu não sou tão inútil assim, ok? Só não faço tanto quanto os outros...

— Ah, tá. Conta outra.

No mesmo momento Jamie, William e John chegaram e se sentaram juntos das garotas.

— Chegou quem não devia... — Jessica resmungou, olhando para Will.

— Do que nossas sereias estão falando? — John sorriu para as garotas, que fizeram uma careta de indignação.

O loiro riu com a reação das meninas.

— Quem não te conhece que te compre né, John. — Tina disse. — Sai pra lá com essa de sereia, você não tem namorada?

O menino deu de ombros, risonho.

— Bom, estávamos falando sobre a Christina ser a pessoa mais inútil do conselho estudantil. — Jessica disse.

— Eu concordo com isso. — Henry falou, se sentando com eles.

— Não vou discordar. — John disse.

— E não é como se fosse a mais útil do clube de natação também. — Rachel brincou.

Tina olhou para os colegas com uma expressão exagerada de indignação. Natalie, ao seu lado, não conseguia segurar a risada.

— Mas por que vocês falam que ela não faz nada? — A menina perguntou. — Ontem ela me levou pra conhecer a escola.

— E depois disso não fez mais nada também. — Jess disse. — Tina é simplesmente a pessoa mais preguiçosa dessa escola.

A garota de cabelos curtos cruzou os braços.

— Já acabou a convenção de falar mal da coleguinha? — Perguntou, se levantando. — Eu quero ir comer alguma coisa.

— Eu vou junto. — Jamie disse e ela corou. — Vão querer alguma coisa?

Os adolescentes se entreolharam na escada e negaram com a cabeça.

— Certo... — Tina murmurou, com o rosto vermelho. — ... então a gente já vai.

Logo os dois nadadores saíram andando rumo ao refeitório. Natalie encarou Rachel e Jessica.

— Qual o lance dela com Jamie? — Perguntou.

— O lance é que não tem um lance. — Henry, que ouviu a pergunta, explicou.

— Tina gosta dele desde o primeiro dia no clube, e gosta tipo, muito. — Rachel completou. — Jamie é quase um crush supremo dela.

— Mas ele não dá bola pra ela. — Jessica acrescentou — Ele tá afim de uma menina do terceiro ano, do clube de vôlei. Parece que eles são amigos de infância ou algo assim.

Natalie assentiu em sinal de entendimento.

— Ah, então era essa a menina do vôlei que ele estava mandando mensagens ontem com uma cara de bobo. — William disse, pensativo.

— É essa menina mesmo. — John disse. — Ele sempre fica parecendo um cachorrinho quando fala com ela. Eu tenho pena da Tina, porque acho que ele nunca vai corresponder os sentimentos dela.

Jessica fez uma careta.

— Bom, pelo menos ele não vai ficar com as duas de uma vez que nem certas pessoas. — Lançou um olhar significativo ao loiro, que revirou os olhos, rindo. — E você ainda acha bonito.

— Pelo menos eu não vivo em pé de guerra com meu futuro namorado. — Ele olhou para William.

No mesmo momento, os dois reviraram os olhos.

— Sem forçar romance em cima do ódio, John, se não quiser que eu conte pra namorada 1 sobre a namorada 2. — Jess disse e o menino de cabelos loiros balançou a cabeça em desaprovação.

— Certo, não está mais aqui quem falou.

Com a conversa fluindo e uma nova briga entre Jessica e William sendo formada a cada dois minutos, os colegas de grupo quase deixaram passar a presença do capitão do time, que descia as escadas sem sequer olhar para eles. Natalie ficou séria ao vê-lo passar.

— Hey, Gabe! — John exclamou, puxando o amigo pelo braço. — Você anda tão mal-humorado. Vamos conversar.

Gabe suspirou, se sentando na escada mesmo um pouco a contragosto.

— Vocês já repararam como nosso capitão é bonito? —Henry brincou, subindo um degrau para se sentar ao lado dele e o abraçar pelo pescoço. Gabe revirou os olhos. —Vejam só esse porte físico, essa jogadinha de cabelo, esse olhar penetrante...

— Sai pra lá. — O maior empurrou o menino de cabelos cacheados para o lado.

— Nossa, quanta agressividade. — Henry fez uma falsa expressão de ofendido. — Ok, ele está de TPM.

— Vocês deveriam estar treinando ao invés de desperdiçar tempo aqui sem fazer nada. — Gabe resmungou. — O campeonato está logo aí e vocês não vão conseguir medalha nenhuma se continuarem assim.

Ninguém fez questão de esconder a expressão de descontentamento geral com as palavras do capitão.

— Fala sério, você precisa relaxar um pouco. — Jessica disse. — Ficar treinando como condenado não vai preparar ninguém, só desgastar a gente.

O garoto de olhos bonitos riu, sarcástico.

— Agora faz sentido por que dizem que você é a sereia do time. — Ele falou friamente e se levantou. — É só um rosto bonito que não entende nada sobre esporte.

Natalie não podia deixar aquilo passar, mas Rachel a segurou pelo braço. A garota tinha que dar uns tapas naquele garoto para ver se ele aprendia a ser mais educado, mas apenas lhe restou dizer:

— Nós realmente não vamos conseguir medalha nenhuma se continuarmos com um babaca feito você como capitão.

E o ar pareceu ser paralisado. Todos prenderam a respiração, esperando o pior quando Gabe parou no meio de seu caminho.

— Eu até diria pra assumir meu posto, mas alguém feito você nunca teria competência o suficiente. — Ele falou e então voltou a andar.

Os membros do clube só voltaram ao seu estado normal quando o capitão desapareceu entre os caminhos de pedra e as árvores do campus. John suspirou.

— Eu não sei o que está acontecendo com ele, mas parece que de um ano pra cá só piorou. — Falou. — Fica entre nós, mas soube que ele ficou as férias todas aqui. Ele não saiu nem no feriado para visitar a família ou algo assim.

— Os problemas familiares dele parecem estar piorando... — Henry observou.

— Ou ele é o problema familiar. — Natalie resmungou.

— Vamos dar um tempo pra ele. — Rachel disse. — Se continuar assim, a gente manda o treinador conversar com Gabe.

Os outros adolescentes concordaram com a colega, e logo mudaram de assunto.

Enquanto isso, na fila do refeitório, Tina esperava um pouco impaciente por seu hambúrguer duplo ao lado de Jamie. Ele ria com o desconforto da menina, mas sequer imaginava que aquilo tudo era por sua causa.

— Você tem alguma coisa pra fazer depois de comer? — Ele perguntou.

— Ah... bom, não, eu acho... — A morena respondeu, ajeitando o cabelo atrás da orelha, como costumava fazer quando estava ansiosa. — Por que a pergunta?

— Não sei, porque você parece agitada. — Riu.

Mentalmente Tina revirou os olhos. Sério que ele conseguia ser tão lerdo assim?

— É a fome. — Forçou um sorriso.

O garoto pareceu engolir a resposta, porque não perguntou mais nada depois daquilo. Logo os lanches ficaram prontos e eles se sentaram numa mesa para comer juntos.

— Então... — Jamie começou a dizer depois de uma mordida no lanche. — O que achou dos membros novos?

— Eu gostei deles. Natalie é muito legal e William é engraçado, embora eu não tenha falado muito com ele. — Respondeu. — E você?

— O mesmo. — Falou. — Ah, e aquela briga entre William e Jessica? Eles são engraçados discutindo. Você acha que eles vão conseguir se dar bem?

— Não só se dar bem, quem sabe eles se casem também. — Tina deu de ombros, arrancando risadas do menino de olhos pequenos. — O que foi?

— Ah, então você é do tipo que acredita em ódio que vira amor... — Comentou.

— E você não acredita nisso?

O menino negou com a cabeça.

— As pessoas começam a se gostar quando já tem uma ligação um com o outro. — Ele disse, brincando com um guardanapo.

— Você é chato. — Tina falou, fazendo o garoto rir novamente. — Duvido que saiba alguma coisa sobre gostar de alguém.

— Embora não pareça, eu sei sim. — Refletiu. — Tem alguém que eu gosto há um tempo...

Tina sentiu seu coração pular. Certo, era errado alimentar a impossível esperança de que talvez aquela pessoa fosse ela? Infelizmente não teve muito tempo para pensar sobre isso, porque logo o seu celular tocou. Na tela, o número da líder do conselho estudantil piscava.

— Oi? — Atendeu.

— Tina, reunião agora. — A voz fina de Alice, a garota do terceiro, ano soou do outro lado da linha.

— Como? Agora?

— Sim. E nem pense em matar a reunião e dizer que se machucou no treino. — A menina disse, para logo em seguida desligar a chamada.

Tina fez uma careta.

— O que foi? — Jamie perguntou.

— Tenho que ir. — Disse, pegando suas coisas. — Coisas do conselho estudantil, sabe como é.

— Não realmente, mas posso imaginar. — Falou o garoto, rindo.

— Nos vemos por aí. — A menina de cabelos curtos acenou e pegou seu hambúrguer de cima da mesa, para então sair correndo do refeitório.

Malditas tarefas do conselho, com tantas matérias chatas durante o dia para eles atrapalharem, tinham que ligar bem na hora do lanche com Jamie? Quer dizer, em quantas vidas ela conseguiria outra oportunidade como aquela?

A sala do conselho ficava não muito longe, no mesmo prédio onde eram as salas dos professores. Tina ainda resmungava mentalmente sobre perder um momento tão único com o garoto que gostava, quando se surpreendeu com a visão de literalmente todos os membros do grupo sentados na mesa de reunião, a fitando.

— Uou, o que aconteceu de tão grave? — Questionou, se sentando numa das únicas cadeiras vazias. — Qual o assunto do dia?

Alice, a menina de cabelos ruivos na ponta da mesa, limpou a garganta.

— Você é o assunto. — Falou.

Tina arqueou uma das sobrancelhas.

— Eu?

— Sim, Christina. — Respondeu. — Ontem nós tivemos nossa reunião de estatísticas e você não compareceu. De novo.

— Reunião de estatísticas? Ninguém me avisou sobre isso.

— Estava escrito no cronograma que eu entreguei antes das férias. — Disse.

Tina refletiu. O cronograma era aquele papel que ela tinha feito alguns barquinhos de dobradura pra enfeitar o quarto?

Ela engoliu a seco.

— Bom, com mais um de seus foras, pudemos perceber que você não tem feito muito para a escola desde o início do ano. A decisão geral era te remover do conselho estudantil, mas acabamos achando uma outra proposta mais interessante para você...

Então Alice pegou de um dos outros membros um envelope grande de papel e o entregou à garota de cabelos curtos. Tina, por sua vez, abriu o pequeno selo que lacrava o envelope e de lá de dentro tirou algumas folhas. Nelas, uma ficha com todos os dados sobre um garoto chamado Alexander Campshire era a que mais chamava atenção.

— O que é isso? — Perguntou.

— Informações que nós andamos coletando sobre um membro do clube de atletismo. — Luca, o principal assistente de Alice, disse. — De uns meses pra cá os professores vêm reclamando muito dessa pessoa, e soubemos hoje que ele não foi para as atividades de seu clube.

— Ok, e o que eu tenho a ver com isso? — Tina questionou.

— Queremos que descubra por que esse garoto anda tão desmotivado e ajude ele a voltar ao normal no prazo de três meses. Simples. — Alice esclareceu.

— Tá, e se eu recusar...

— Você é removida do conselho estudantil por falta de atividades e comprometimento.

Tina assentiu, pensativa. É, talvez seus colegas estivessem certos sobre ela não fazer absolutamente nada, mas aquela seria a hora perfeita de mudar sua imagem.

— Ok, eu to dentro. — Disse.

Alice sorriu com a resposta.

— Perfeito. Leve esses papéis com você e veja o que pode fazer sobre isso. — Ela disse. — Fim da reunião.

xx

— Eu não acredito que você aceitou isso, Tina. — Rachel disse em tom de reprovação durante a aula de química.

A garota de cabelos curtos tinha acabado de contar para as amigas sobre sua nova função no conselho estudantil, mas pareceu não obter a reação que imaginava.

— O quê? Qual o problema? — Ela questionou, perplexa. — É nobre ajudar pessoas desmotivadas.

— Não querendo te botar pra baixo nem nada, — Natalie disse. — mas você percebeu que eles praticamente te obrigaram a fazer amizade com uma pessoa, descobrir sobre a vida dela e resolver seus problemas em tipo três meses?

— Isso tá mais pra cruel do que nobre. — Jessica disse.

Tina respirou fundo.

— Ah, fala sério, estão duvidando do meu potencial de ajudadora de pessoas desmotivadas?

— Sim. — Rachel falou, sem tirar os olhos do texto que copiava. — Você não ajuda nem a si mesma.

— O que quer dizer com isso?

— Agora, por exemplo. Você tirou três no bimestre passado em química, e mesmo assim está passando a primeira aula do semestre inteira conversando com a gente. — Explicou.

Christina então revirou os olhos e abriu seu caderno para copiar o que estava em lousa. Estava decidida. Assim que o sinal do intervalo batesse, ela iria atrás desse tal Alexander e provaria para suas amigas o que era capaz de fazer pelos outros.

Jessica, alheia a toda aquela conversa, suspirava em seu lugar. O que Gabe lhe disse mais cedo não saía de sua cabeça: ela era mesmo só um rostinho bonito no time? Nunca tinha parado para pensar por esse ângulo, mas talvez fosse verdade. As pessoas sempre a elogiavam por sua beleza, não era atoa que no ano anterior tinha recebido o apelido de Sereia, mas... era só por isso, não? Nunca tinha conseguido medalhas como Rachel, Gabe e John, então talvez por isso as pessoas tivessem razão para diminuí-la.

Rabiscava em seu caderno freneticamente, na esperança de liberar um pouquinho de sua decepção. Ok, ela não poderia ficar apenas daquele jeito. Tinha que treinar mais e mais, e só assim poderia ser tão boa quanto os seus colegas de time.

E seu treino intensivo começaria naquela noite.

xx

Natalie andava sozinha pelos corredores do prédio principal, entre as várias pessoas que iam e vinham de todos os lados. Tinha ficado pra trás, já que tinha que pegar algumas apostilas que a escola não tinha entregue com os professores. Era engraçado, observou, como o movimento da escola tinha aumentado drasticamente depois do fim do feriado, levando em conta que no dia anterior não se via mais que meia dúzia de pessoas juntas por aí.

O ar que os alunos transmitiam — tirando o de suor matinal, claro — era contagiante. Todos pareciam estar num misto de pressa e empolgação o tempo todo, mas talvez aquilo fosse apenas porque era o primeiro dia desde as férias.

Estava tão distraída com seus pensamentos positivos sobre a vida, que acabou esbarrando em alguém sem querer. Alguns papéis caíram no chão e ela abaixou para pegá-los.

— Descul... ­— Ela deteve a sua fala ao olhar para cima e ver que a pessoa era ninguém mais ninguém menos que Gabe, seu melhor amigo. Que azar. — Ah, você.

Ele a olhou com sua cara fechada de sempre e se abaixou ao seu lado para terminar de recolher as folhas.

— Deveria prestar atenção por onde anda. — Ele disse rudemente, pegando os papéis da mão da garota de cabelos cacheados.

Natalie revirou os olhos.

— Sério, qual o seu problema? — Questionou.

— Você é irritante.

— Só trocamos palavras três vezes na vida e você simplesmente concluiu que eu sou irritante?

— Você também concluiu que eu sou detestável, então sem problemas. — Ele deu de ombros, dessa vez desviando o olhar da garota.

Natalie suspirou, o vendo então sair andando. Ok, ele estava certo, ela realmente o considerava extremamente detestável, mas desde o dia anterior ele tinha dado todos os motivos necessários para isso, não era como se fosse do nada.

Natalie também saiu andando. Ela tinha que encontrar Rachel e Jessica no refeitório, elas estavam a esperando lá.

Enquanto isso, Tina andava de um lado para o outro na escola em busca de qualquer lugar onde o menino problemático poderia estar escondido. Não era muito o seu tipo conversar com pessoas desconhecidas, mas ela tinha conseguido até mesmo informação de seus colegas de quarto — que, infelizmente, não sabiam muito sobre o seu paradeiro. Não tinha nada muito claro em sua mente sobre o que falaria ao encontrá-lo, mas ela não parecia se preocupar muito com isso. Apenas queria achar aquela pessoa, sem mais nenhum planejamento.

Andou por praticamente a escola toda carregando uma das fotos que viera junto com a ficha dele, que mostrava um garoto de cabelos lisos, óculos e um piercing no nariz. Nunca fora muito boa com rostos, por isso corria um alto risco de dar de cara com o tal Alexander e sequer reconhecê-lo. Era estranho como ele não estava em lugar nenhum, será que ele teria fugido da escola?

— Se eu fosse um delinquente, onde me enfiaria para sumir do mapa? — Perguntou a si mesma, embora soubesse que toda e qualquer resposta a levaria para todos os lugares que já tinha passado. As quadras, as praças, telhado da escola, e até mesmo os depósitos dos clubes já tinham sido checados.

Tina suspirou, parando em frente ao clube de natação e se sentando na escada de pedra, cansada. Ela encostou a cabeça no corrimão e olhou para o céu, pensando seriamente em desistir de achar aquele menino. Talvez ficar o esperando na porta do dormitório era uma opção bem mais viável.

Mas foi então que, enquanto olhava para o nada distraída, a garota encontrou com a visão de numa área mais afastada e em cima de uma espécie de morro. Lá havia algo parecido com uma quadra quase impossível de se notar entre as árvores e a grama alta. Tina apertou os olhos para ver se enxergava mais alguma coisa, mas era difícil ver daquela distância.

— Como diabos eu nunca tinha visto esse lugar antes? — Questionou a si mesma e se levantou repentinamente da escada, sem tirar os olhos daquele lugar praticamente escondido. Ela com certeza deveria ir lá.

Com um pouco de dificuldade ­— e também incomodada com aquela maldita saia do uniforme — Tina saiu andando para subir o morro. Foi por uma pequena escada de pedra escondida entre o mato que parecia não ser cortado há séculos, que a menina do conselho estudantil conseguiu acesso àquele lugar.

De fato, como imaginado, aquela estrutura era uma quadra de basquete, porém estava praticamente caindo aos pedaços. Tinha uma grade enferrujada que a cercava, uma cesta provavelmente podre por causa do tempo, uma pintura quase impossível de se ver no chão e... um garoto sentado sozinho, de fones e completamente alheio ao resto do mundo.

Tina olhou para a foto que tinha em mãos e olhou para o garoto. Cabelos lisos, óculos, piercing...

— Alexander Campshire. — Disse baixo, se sentindo infinitamente grata aos céus por ter achado aquele lugar.

Certo, agora era o momento dela planejar o que falar. Infelizmente a pior parte. Um "oi, tudo bem? Me diga seus problemas porque eu preciso melhorar sua vida e seu desempenho escolar para não ser expulsa do conselho estudantil" soaria muito psicopata?

Antes que ela pudesse pensar em qualquer outra forma decente de se aproximar daquele menino, uma voz soou:

— Quem é você?

E então ela percebeu que Alexander a encarava. Ótimo, hora do improviso.

— Eu... bom... eu estava rodando por aí e encontrei esse lugar. — Olhou ao seu redor. — O que é isso aqui?

— Olha, eu tenho a leve impressão de que é uma quadra. — Ele disse, mas num tom levemente brincalhão. — Mas não sei, assim, depende do ponto de vista.

Tina riu, embora quisesse se assassinar mentalmente. Que pergunta ridícula, Christina, era óbvio que aquilo era uma quadra.

— Certo, isso foi uma pergunta idiota. — Falou, andando pela quadra. — Na verdade eu queria saber por que raios tem um lugar como esses aqui em cima. Você sabe?

O menino de óculos negou com a cabeça.

— Não faço ideia. Mas chuto que provavelmente seja algum projeto que não deu certo.

Tina assentiu.

— Faz sentido. — A garota falou. — Você passa muito tempo aqui?

Alexander riu.

— Isso é algum tipo de interrogatório esquisito? — Perguntou.

— Não... — Tina tentou disfarçar. Ok, ela estava sendo muito óbvia. — Curiosidade. Não é todo dia que se vê um menino sozinho sentado no chão de uma quadra velha no meio do nada.

— É, eu passo. É um lugar agradável. — Finalmente respondeu sua pergunta, dando de ombros. — Como é seu nome?

— Tina. E o seu é...?

— Alex. — Ele sorriu fraco.

Alex. Ah, então ele era do tipo que preferia ser chamado por um apelido também? Talvez fossem se dar bem, a garota pensou.

E foi então que o sinal do fim do intervalo bateu. Tina respirou fundo e revirou os olhos, um pouco brava pelo fato do maldito sinal bater justamente quando as coisas iam começar a fluir — quem sabe ela tivesse conseguido virar amiga dele em menos de um dia?

— Bom, eu tenho que ir. — A garota de cabelos curtos falou, fitando menino que não parecia ter intenção de se levantar do chão da quadra. — Nos vemos por aí, Alex.

Ele acenou para ela e então a garota novamente desceu o morro. Hora da aula.

xx

Era noite e já tinha dado o horário do toque de recolher quando as três colegas de quarto — e a intrusa de dormitório, Rachel ­— estavam praticamente dormindo.

Ou talvez não. Jessica, por sua vez, não conseguia pregar os olhos. Passara o dia todo com um semblante sério, e de certa forma sabia que isso preocupava as outras garotas. Ela continuava chateada pelo o que Gabe disse, e mais ainda por ter que concordar com aquilo. Não saía de sua cabeça o fato de que tinha que ser uma nadadora melhor, e por isso estava decidida a seguir seus planos.

Ela olhou no relógio do celular. Eram dez e meia, o horário perfeito.

Se certificou de tomar cuidado para não acordar nenhuma de suas amigas e saiu da cama de fininho, calçando seus tênis e pegando sua bolsa com as roupas de treino. A loira tomou cuidado ao pegar as chaves e destrancar a porta, mas quase morreu do coração quando Tina começou a murmurar coisas desconexas enquanto dormia.

— Que susto... — Resmungou baixinho, saindo então do quarto e fechando a porta com tanto cuidado quanto teve ao abrir.

Ela sabia que teria problemas se fosse pega, mas talvez valesse a pena arriscar. Desceu as escadas do dormitório e saiu em direção ao clube, sempre olhando ao seu redor para se certificar de que nenhum segurança estaria rondando por ali.

Respirou fundo ao chegar em frente ao ginásio sã e salva. Felizmente as portas do clube nunca estavam trancadas graças à péssima memória do treinador, e por isso ela não teve dificuldade em se esgueirar ali e acender as luzes pelo painel que havia logo na entrada.

A piscina estava sem as raias, foi o que ela notou quando entrou no ginásio. Elas provavelmente estavam guardadas no depósito, junto com as pranchas e as outras coisas que Jessica precisaria para seu "treino pra valer". Enquanto pegava as pranchas, acabou notando uma mochila jogada no chão perto do vestiário masculino.

— Deve ser de algum daqueles cabeças-de-vento do time. — Observou. — Quem esquece a mochila assim?

Ela balançou a cabeça, tentando voltar a se concentrar em seu objetivo principal: treino.

Com alguma dificuldade, a menina levou duas raias até a piscina e tentou enganchá-las assim como o treinador Vermont fazia, mas não obteve muito sucesso. Suspirou, finalmente refletindo no quanto tinha sido idiota de sair no meio da noite sozinha esperando conseguir fazer alguma coisa.

— Que ideia estúpida. — Falou, fazendo um esforço para desenganchar um dos lados da raia que antes conseguira prender. ­— Olha só, eu nem consigo fazer uma coisa ridícula dessas. Eu sou uma vergonha completa.

Ela se abaixou um pouco mais, no intuito de ver melhor o que estava emperrado, mas o que ela não esperava era que seu tênis fosse escorregar da beira da piscina e ela fosse cair na água.

Seria um problema simples de lidar, se ela não tivesse caído de cabeça e com as pernas enganchadas na raia que antes segurava. Seu corpo estava completamente submerso, e Jessica começou a se debater, desesperada, mas sem sucesso em conseguir mobilidade o suficiente para sair da água e respirar.

Pronto, era hora da sua morte. Que lindo, uma nadadora morrendo afogada na piscina do próprio clube. Imagina só o quanto de matérias escandalosas isso ia render?

Mas foi então que o barulho de outra coisa pulando na piscina se fez presente. Jessica estava quase inconsciente quando sentiu dois braços fortes lhe darem apoio e desenrolarem a raia de si, a puxando para fora da água.

Sua visão estava turva e faltava pouco para ela desmaiar, mas mesmo assim pôde notar que seu salvador não era qualquer um: era um garoto irritante e de cabelos escuros. William.

 


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