Quem? Meu irmão? escrita por Lexa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, e se puder, deixe um comentário :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775898/chapter/1

A garrafa de cerveja que achamos debaixo da cadeira do pai de Maddy girava bem rápido. Segurei a barra do meu vestido com mais força do que pretendia numa tentativa inútil de aliviar a ansiedade. Funcionou, o tecido absorveu quase todo o suor que a palma das minhas mãos haviam gerado, mas foi inútil de qualquer jeito porque os sintomas apenas se transferiram de local.

Meu estomago parecia um tráfego de borboletas.

Minhas verdades acabaram e eu não tinha escolha. Ou cumpria o desafio ou pagava com a punição. Não iam me deixar sair ilesa, foi o combinado do jogo e todos concordaram. Inclusive eu.

A garrafa estava ficando mais lenta e todos inclinaram seus corpos para frente curiosos com a ânsia de suas expectativas, acho que a única que não parecia empolgada era eu, mas também não parei de desviar o olhar do meu colo para confirmar.

— Will, você não tem mais verdades. – Comunicou Roxie.

            Levantei os olhos e senti um leve arrepio na nuca com o olhar malicioso da minha “dita” amiga.

            Eu já sabia. Eu soube desde o começo. Mas mesmo assim... Droga!

— Will. – Recomeçou Roxie. – Eu te desafio...

            Não consigo decidir o que incomoda mais. Uma breve – mas importante – falta de iluminação no local, ou o tamanho desse armário que não servia nem para guardar uma vassoura. Era tão apertado que se tornou inevitável nossos corpos não se encostarem ocasionalmente no outro. Eles nem cogitaram que eu podia ser claustrofóbica? Ok. Eu não era, contudo, podiam ter ficado mais preocupados comigo!

Em um momento, tentei virar apenas um pouco e meu ombro encostou-se ao braço dele. De imediato voltamos à posição original como se tivéssemos levado um choque. Não nos olhávamos também. Às vezes eu até o espiava pelo canto do olho camuflado pela franja e via que o rosto estava totalmente virado e ai ele desviava o canto do olho para mim, nossos olhos se encontravam e como se fosse mais um choque desviávamos.

Na dedução, diria que faria no mínimo uns 10 minutos que estávamos ali. E nesse tempo todo, decidimos unanimente evitar nos mexer o máximo que podíamos. Ele não tinha dito uma palavra e nem eu, contudo, eu ouvia a sua respiração, era meio barulhenta. Não como um barulho grotesco, apenas forte.

Eu olhei pelo canto do olho. Eu me lembro de já o ter visto no colégio, na hora do intervalo na maioria das vezes. Ele era novo, aluno transferido. Roxie fez amizade rápido com ele porque ela sempre fazia amizade rápido com todo mundo. Fazia sentido como a chefe de turma do nosso ano, embora não esperasse que em menos de duas semanas ele já estaria sendo convidado para a festa de aniversario da Maddy. Eles ao menos eram amigos?

Seu olhar se desviou em minha direção, e rapidamente como o típico choque de advertência eu desviei.

— Se... Se depender deles. – Comecei tentando manter a voz firme. – Nós vamos virar a noite aqui.

— Você nunca fez isso antes, não é? – Questionou

            Não imaginei que ele fosse me responder tão rápido e fiquei tão sem jeito que automaticamente voltei a agarrar a barra do meu vestido, senti meu rosto ficar levemente quente e agradeci mentalmente por não ter tanta luz assim para que se pudesse notar isso.

— E... Nem você. – Respondi na defensiva.

— Claro que já. – Rebateu um pouco chateado, como se eu pudesse tê-lo ofendido pela inexperiência tão evidente quanto a minha. – É que... Eu nunca fiz assim, nesse tipo de jogo. Quando fiz... Ambos queriam isso.

            Levantei o rosto hesitantemente para encara-lo ignorando a parte que queria continuar no meu minúsculo mundo dentro daquele armário mais minúsculo ainda.

— Então... Faça logo. – Pedi.

            Ele teve dificuldade de manter o olhar focado em mim e vi seu pomo de adão subir e descer.

— Ok...

            Sua mão levantou e encostou na parede ao lado da minha cabeça. Eu meio que já conseguia sentir sua respiração estando afastado de mim, mas ao se inclinar levemente em minha direção, eu basicamente pude respirar o ar que saia dele. Ele cheirava a pasta de dente e a sabonete.

Quanto mais seu rosto se aproximava, mais vidrada eu ficava, meu coração batia tão rápido que fiquei receosa dele conseguir ouvir...

— Feche os olhos. – Mandou.

— O que?

— Feche os olhos, não vou te beijar de olhos abertos, é esquisito.

            Não ver o que tinha por vir, com um menino que eu não conhecia, me deixava insegura, mesmo assim, me forcei a fechar os olhos com o máximo de força que eu pude. Ia terminar rápido.

— Vai logo! – Falei nervosa.

— Não me apresse! – Reclamou.

— Precisa de tanta concentração para beijar uma garota? – Questionei irritada.

— Uma garota como você, sem duvida.

Abri os olhos determinada a ligar o foda-se e chutar a bunda daquele miserável metido. Porém, o que encontrei me fez esquecer, se possível, até meu nome. Seus olhos estavam tão perto que eu conseguia ver, mesmo com a pouca luz, os desenhos da sua íris. Sua boca já se encontrava tão perto que eu podia sentir o calor emanando de seus lábios. Meu peito inflou de não sei o que. Minhas pernas queriam fraquejar, mas não havia espaço onde desabar se não os braços daquele mala.

            De repente tudo se iluminou como se o próprio sol tivesse aberto a porta do armário.

— O que vocês pensam que estão fazendo ai? – Questionou um pai furioso.

— Merda... - Ouvi meu cumplice dizer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se puder, deixe seu comentario :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quem? Meu irmão?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.