Pedido de Desculpa - Hiccstrid escrita por Anne Liack


Capítulo 1
Me desculpa, Soluço!




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Astrid não conseguia dormir, o olhar magoado e decepcionado de Soluço não lhe saía da mente estando ela de olhos abertos ou fechados.  Ela queria que ele entendesse, mas de fato, ela entendia que agira errado. Ele era o líder e por mais que ela fosse amiga de Header sua lealdade era a Soluço... e muito mais, seu melhor amigo era Soluço. Mas, na hora pareceu o certo a fazer, ajudar Header. Não queria mentir para ele, enganá-lo, mas… fora o que fizera!



Droga! Não podia continuar tentando arrumar desculpas. Levantou-se andou um pouco de um lado para outro do quarto, deixando Tempestade entediada, até perceber que não iria conseguir fazer mais nada até resolver isso. Saiu porta a fora.



De seu alpendre via perfeitamente o alojamento dele. Construíram tão perto um do outro e isso era tão reconfortante. O voo em Tempestade foi apenas simbólico e lá estava ela de frente a porta de Soluço. Olhou para a dragão que a encorajou com um leve empurrão do focinho.



Bateu de leve, tão leve que ela sabia que não havia como ele ter ouvido, já estava pronta para bater novamente quando ouviu a movimentação dos passos no interior do alojamento, se aproximando cada vez mais da porta, os sons dos passos dele eram inconfundíveis por motivos óbvios.



— Soluço? - chamou, com um fio de voz doce e suplicante.  



No instante seguinte ele a abriu num sopetão, em sua expressão ela via um misto de emoções e se deu conta de quanto o conhecia, ele estava confuso e ainda tinha um pouco de altivez da mágoa que ela vira antes, e ainda sim, pode ver o lampejo de preocupação.



— O que houve? Aconteceu alguma coisa? - ele olhou ao redor rapidamente. - O que faz aqui há essa hora?



— E-eu... - ela gaguejou. - Eu vim conversar.



Soluço pareceu relaxar um pouco.



— Há essa hora Astrid?



— Você não parecia está dormindo. - ela deduziu pela rapidez com que ele atendeu a porta.



— Eu não estava, mas...



Banguela havia acabado de passar por ela e já brincava no alpendre com Tempestade.



— Parece que nos quatro perdemos o sono esta noite. - ela comentou baixinho.



Ele suspirou, e entrou.



— Eu, sinceramente, não sei se quero conversar agora, Astrid! - ele disse indo em direção a sua mesa de invenções, estava cheia de papéis e peças como sempre, coisas que possivelmente só ele entendia.



— Soluço, por favor, não faz assim. - ela se aproximou da mesa. - Eu... eu entendo que o que eu fiz foi irresponsável...



— Entende? Mesmo? Entende a dimensão da irresponsabilidade?



— Soluço! - ela tencionou protestar.



— Não! Me escuta. - ele contornou a mesa, aproximando-se dela. - Você me manipulou e ainda mentiu para mim. - então lhe segurou pelos braços. - Agora me diz: se eu não puder confiar em você em quem eu vou confiar? Hein? - os olhos verdes dele estavam fervilhando dentro dos seus, tão próximo que ela pensou que pudesse se afogar neles.



— E-eu... eu não manipulei você - ela não sabia como as palavras tinham saído de sua boca.



— Foi exatamente isso que você fez.



Sim, ele estava certo. E aquilo agora estava doendo nela. Astrid balançava a cabeça tentando encontrar palavras melhores do que: "Sinto muito" ou " Me desculpe", mas nada lhe ocorria. O olhar tempestuoso dele não estava ajudando, ela nunca o vira assim.



— Como eu disse Astrid, eu não quero conversar agora. - ele disse com a voz mais mansa finalmente a soltando, e estranhamente ela sentiu frio e desamparo. - Fecha a porta quando sair e põe o Banguela para dentro, por favor. - virou- se e subiu as escadas, cabisbaixo.



E ela ficou ali, parada na sala dele com o coração acelerado e o choro preso na garganta. O local em seus braços onde ele tocara parecia em brasa. Tinha um misto de emoções dentro dela que ela não entendia muito bem. Mas, o remorso ela conhecia e não estava disposta a ficar com ele.



Subiu lentamente, passo a passo, cada degrau da escada até o quarto dele. Soluço estava sentado na cama de costa para ela, mas de alguma maneira ela sabia que ele sabia da presença dela, sentou-se ao lado dele e pôs a mão em seu ombro.



— Me perdoa - a sua voz era apenas um sussurro. - Por favor.



— Você não sabe mesmo esperar, não é?



— Não. Por você, não. - ela suspirou. - Eu não vou conseguir me concentrar em nada com você desse jeito comigo, Soluço.



— Astrid, eu estou chateado. E no meu ponto de vista tenho todo direito de estar.



— Eu sei que tem, mas... - ela se aproximou ainda mais dele. - Mas, como eu disse: eu não vou conseguir... - ela colocou o queixo sobre o ombro dele. - Eu prometo, juro, nunca mais vou mentir pra você.



— Astrid...



— Por favor, Soluço. Faz as pazes comigo? - ela o abraçou, e sentiu o coração dele arremeter com força na palma de sua mão.



— Você está fazendo de novo.



— Fazendo o que?



— Me manipulando. - Soluço tinha os olhos fechado enquanto sentia o calor do corpo dela em suas costas.



— Não, eu não estou. Eu só quero estar junto de você. - ela o abraçou ainda mais. - Bem perto.



— Astrid... - ele disse em tom de alerta, mas ela pareceu não ouvi-lo. Então, ele num movimento rápido desgrudou ela de suas costas e a puxou pelo braço a fazendo sentar em sua frente.



— Me perdoa. - ela pediu mais uma vez, dessa vez olhando dentro dos olhos dele que agora tinha um tom mais escuro de verde.



— Para de pedir perdão.



— Não até você me perdoar.



— Porque isso?



— Porque como eu já disse: eu sei que eu agi errado. E eu não vou fazer isso nunca mais. Sua confiança, sua amizade, você...  é uma das coisas mais importantes pra mim. - ela lhe acarinhou a face. - Eu não posso perder isso.



Ele lhe deu um meio sorriso, que a indicou que tudo ia ficar bem. Mas por algum motivo, naquele momento ela quis mais, talvez pela penumbra do quarto, talvez pelo olhar verde cobalto, talvez por ter experimentado uma pitada do que era perdê-lo, ela queria um pouco mais. Ajoelhou-se na cama e aproximou-se dele, lentamente sentindo a respiração de ambos descompassar, aproximou seus lábios e o beijou.



Sentiu de imediato Soluço agarrar sua cintura, enquanto, por um momento, deixava-se ser beijado e ela não se fez de rogada, experimentou um desespero subir da parte mais baixa de seu ventre e tomar todo seu corpo enquanto tinha os lábios nos dele, lhe segurava pela nuca e o beijava com uma saudade inexplicável.



— Eu não posso perder isso. - repetiu quando precisou afastar-se para tomar um pouco de ar. Tornou a beijá-lo tão logo e então sentiu que agora também era beijada a sensação foi melhor ainda. Soluço a abraçou pela cintura e a jogou na cama, seu corpo em cima do dela era reconfortante, as pernas se entrelaçaram e as mãos procuravam cada pedacinho de pele que podia alcançar.



Os beijos não eram mais suficientes, ele desceu os lábios para o pescoço de Astrid e ela se contorceu de prazer, na verdade as sensações eram bem desconhecidas, mas ela sentiu que poderia morrer nelas e tudo bem. Um frio no ventre, um formigamento nos dedos dos pés, arrepios em todo o corpo... Thor, o que era aquilo? Soluço apertava seus braços e parecia que sabia exatamente o que fazer para despertar nela aquelas sensações. Ela queria mais toque, mas parecia que tinha muitos empecilhos.



— Soluço... - ela choramingou, mal reconheceu sua própria voz.  Ele levantou a cabeça para ela, os olhos verdes completamente desfocados e os lábios inchados. Esqueceu-se do que tinha para falar o puxou para si novamente. Acariciando suas costas por dentro da bata que ele usava, foi revelador sentir que ele realmente estava ganhando músculos, sorriu em meio ao beijo com esse pensamento - Isso é bom. - ela suspirou, enquanto puxava a bata dele para cima.



— O que pensa que está fazendo? - a voz de Soluço vez seu ventre aquecer instantaneamente, era rouca, ela nunca a tinha ouvido assim, arregalou os olhos antes de responder:



— Sentindo você.



A tirou por completo. A pele dele era quente, muito quente, considerando o frio que fazia. Mas, considerando o frio que fazia o quarto inteiro estava bastante quente. Os beijos continuaram e entorpecida por eles num rápido movimento Astrid inverteu as posições prendendo o corpo de Soluço embaixo do seu. Atacou-lhe logo o pescoço tentando mostrar para ele o mesmo que ela experimentara minutos atrás, porém com a liberdade de ter todo o tórax dele despido, desceu os beijo pela clavícula enquanto sentia a mão dele apertar sua cintura diretamente sobre a pele, e descer mais e mais.  Perderiam o controle, ela sabia disso, e por mais que quisesse, também sabia que não estavam prontos. Tinham que parar.



Ela voltou a beijá-lo na boca e abraçou-se a ele, Soluço também recuou as mãos de volta a cintura dela. Como num acordo silencioso simplesmente foram parando o beijo até estarem ofegantes e abraçados.



Quando os dragões, cansados da brincadeira, enfim invadiram o quarto Astrid tinha a cabeça deitada no peito de Soluço e ele acariciava levemente suas costas.



— Eu sei que ainda está bravo. - ela não queria voltar no assunto, mas ele tinha ficado subentendido e ela não queria isso.



— Não vamos mais falar sobre isso. - ele suspirou. - Só não faça de novo, por favor.



Ela levantou a cabeça para mirá-lo.



— Eu prometi, não prometi? - ela lhe fez um carinho no rosto.



— E eu acredito em você.



Ela sorriu, com os olhos brilhantes. Um dos sorrisos mais lindo que Soluço já vira nela. O coração dele falhou uma batida.



— Eu acho melhor eu ir indo - ela disse levantando-se um pouco mais. - Daqui a pouco amanhece e...



— E o que?



— E todo mundo acorda e...



— E...?



Finalmente ela corou. E ele achou a coisa mais encantadora do mundo.



— Soluço! Não podem me pegar aqui. O que iriam pensar?- dizia ela enquanto já sentada tentava disfarçar seu embaraço tentando colocar o cabelo no lugar.



— Que você dormiu aqui. - ele disse com falsa simplicidade.



—  Aqui com você. - ela corou ainda mais, e se arrependeu do esclarecimento. - Já que não haveria outro motivo para eu dormir aqui com meu alojamento há alguns pouquíssimos metros de distância.



— É verdade. - ele pareceu pensar. - É perto mesmo.



— As perguntas do Peixe, as piadas dos gêmeos, as implicâncias do Melequento... Arre, eu não tenho paciência para isso!



Ele tentou não sorrir.



— Claro, então se é tanto esforço assim para você vamos fingir que nada disso aconteceu.



Astrid parou de mexer no cabelo que já não tinha mais para onde alisar e o olhou. Ele não podia estar falando sério. Soluço tinha virado as costas para ela. Ela sorriu astuta, escorregou as mãos pela cintura dele, subindo para o peito e o abraçou.



— E o senhor consegue? - sussurrou em seu ouvido. - Porque eu não vou conseguir. - beijou-lhe o pescoço.



— Engraçadinha. - ele virou-se para ela, tentando manter a distância segura, lhe acarinhou o rosto e a olhou tão profundamente que era como se ele estivesse enxergando sua alma. Astrid suspirou, e sentiu que seus olhos brilhavam. - Um dia.



Ela entendeu, de alguma forma, ela entendeu. Deu nele um último beijo e levantou-se.



— Vamos Tempestade! - antes de descer ainda virou-se para ele. - Até amanhã, Soluço. - lançou-lhe uma piscadela e saiu.



Soluço suspirou e Banguela se aproximou dele.



— Ah, amigão! Estou perdido. - passou a mão pelo rosto. - Completamente perdido.


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Notas finais do capítulo

Eu, depois de assistir esse episódio achei sim que Soluço merecia um pedido de desculpas, então como sempre... fanfiquei!!

Por favor, se lerem deixem opiniões.
Beijos!



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