The Battle Frontier escrita por Allphox


Capítulo 1
S1EP00 - The Challenger




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— Eu não quero dar mais explicações quanto a isso. A oportunidade surgiu e eu estou indo buscá-la. Darach terá que entender.
— Tudo bem, Caitlin. Só acho que... Unova? Muito longe, Darach ficará louco quando souber disso.
— Ele já sabe. E está se tornando impossível de ser derrotado pelos desafiantes. Eu estou ficando preocupada com essa situação.
— Não fique. Por um lado isso é bom já que torna o desafio dele muito mais difícil e eleva nossa credibilidade, já por outro...
— Poucos conseguiram derrotá-lo. Faz 3 dias que ele não perde uma luta.
— Quantos desafiantes?
— Quatro.


Minha mãe riu, eu consegui segurar um pouco o riso também para elas duas não me ouvirem.


— Quatro desafiantes eu tive só ontem. Dois eu derrotei, um eu empatei e o outro me derrotou.


Caitlin riu e continuou.


— E Jake?
— Deve estar no lago com os pokémons dele.
— Ele voltou quando?
— Faz um mês. Insisti para que ele fosse pra Altomare pra ver se ele tirava aquela ideia da cabeça, mas assim que voltou já falou isso comigo umas cinco vezes.
— E qual o problema dele tentar? – Caitlin elevou um pouco a voz, em tom de repreensão. -  Depois de auxiliar Wake em Pastoria e Whitney em Johto eu acho que ele se provou um bom desafiante.
— Você ainda não é mãe, mas um dia entenderá. – Uma pequena pausa. - Já me dói demais ter permitido que ele viajasse por aí atrás das 8 insígnias, imagina mandá-lo para tão longe assim?
— Querida, longe é Unova, pra onde eu se Arceus quiser vou. Altomare fica na divisa entre Johto e Hoenn, além do mais, a ideia foi sua de tentar mandá-lo pra lá. – Caitlin riu e minha mãe a acompanhou.
— Ai, ai. Quem sabe eu mande mesmo. Mas queria ficar com ele mais um tempinho aqui, estava com saudades.
— Sei que está. – Caitlin fez uma pausa de um minuto que eu achei inquietante. – Mas e quanto a aquilo?
— Não quero. – Um corte rápido de minha mãe. - Thorton e eu conversamos sobre isso. Sinto que ele ainda não está preparado.
— Dahlia, ele tem 17 anos. Está na idade certa para tentar. Queria estar aqui para quando ele fosse lutar com Darach, mas não será possível. – Caitlin aparentemente fez uma pausa mais longa dessa vez, talvez refletindo. - Enfim, isso não vem ao caso. Você não pode segurá-lo para sempre.
— Sei disso, sei disso. Eu só acho que ele não está... Forte ainda para nos desafiar.


Quase me joguei na sala gritando que eu estava sim, porém Caitlin falou por mim:


— Finalista da Liga Sinnoh e do Grande Festival.


Mais uma vez silêncio. Dei um pulo que quase atingiu a lâmpada em cima de mim e Togekiss, que estava parado ao meu lado o tempo todo, se assustou.


— Quem sabe...
— Ou quem sabe ele decida por conta própria ter o desafio. -  Cailtin indagou. - Você ficaria de mãos atadas. Ou pior: quem sabe quando ele souber que eu fui pra Unova ele queira ir tentar a Liga de lá e me encontrar. O que você prefere? Seu filho perto e fazendo algo que você tenha conhecimento ou se filho no continente mais longe daqui fazendo sabe-se lá o quê? – Seu tom era áspero dessa vez.


O silêncio começou a me irritar.


— Mas Thorton...
— Eu não disse nada dele não tentar. – Automaticamente o som da porta da sala abrindo seguido da voz de Thorton surgiu do outro lado da sala. – Eu dei minha opinião. Se você não quer seguí-la aí já não é comigo.
— Atrasado. – Minha mãe falou séria. – E você o conhece desde pequeno, sua opinião é importante.
— Sabe que pontualidade não é meu forte. - Uma pausa, muito provavelmente para que ele cumprimentasse Caitlin. – Como estão os preparativos para a viagem?
— A todo vapor, tirando Darach.
— Normal. – Ele virou-se para minha mãe. – Por mais que muito me irrite a ideia dele ser igualado a mim... Deixe-o ir. Ele merece. E se ele se recusar no final?
— E se ele disser que sim?
— E se ele disser que não? – O tom sereno de Thorton transmitia confiança. Mamãe sabia que se eu vencesse a Battle Frontier iria querer me tornar um Frontier Brain e isso implicaria que eu tivesse que sair de casa.


Mais uma vez silêncio. Encarei Togekiss que estava encostado na parede ao meu lado. Ouvi uma pokébola libertando um Pokémon. Togekiss ficou de pé ao ouvir o som e eu fiquei alerta.


— E eu acho que o mais interessado nisso tem que saber, não é Jake? – Thorton elevou a voz.


Não consegui reagir tempo suficiente. Um Psychic levitou a mim e a Togekiss e, apesar de nos debatermos fomos lançados no tapete azul da sala, de frente para minha mãe.


— Obrigado, Xatu. – Thorton acariciou a cabeça do pássaro.
— Valeu, Thorton. – Me levantei e Togekiss se ajeitou, ambos ficamos encarando minha mãe.
— Estava ouvindo a conversa tem quanto tempo?
— Tempo suficiente, é claro.
— Sabe que eu não quero que você faça isso, não sabe?
— Sei. Mas como a Caitlin disse. – Me virei para ela. – Melhor eu fazer isso com você tendo consciência de que estou fazendo do que eu ir por conta própria.
— Jake...
— Ou quem sabe eu possa ir com Caitlin para Unova e...
— VAI! – Minha mãe gritou.


A euforia que tomou conta de mim era inexplicável, abracei-a e saí correndo com Togekiss em meu encalço.


— Obrigado! Vou me preparar!

Entrei no meu quarto e peguei minha mochila, Togekiss entrou e pousou na minha cama feliz. Eu mal podia acreditar. Eu iria tentar o desafio da Battle Frontier. Minhas mãos quase tremiam. Peguei minha roupa antiga de jornada por Sinnoh e fui ao banheiro tomar um banho. Assim que voltei, vestido e arrumado de calça jeans, tênis e blusa pretos com uma camisa xadrez azul e laranja por cima, peguei a Pokébola de Togekiss e o chamei de volta.


— Vamos, amigo. Vamos descer.


Desci as escadas correndo e quase tropecei, passei pelas fotos da família e diminuí um pouco o passo. A parede verde piscina combinava tão bem com as molduras na cor marrom das fotos que eu por instinto peguei minha foto com meu Togetic e minha mãe com o Togekiss dela quando eu tinha 11 anos. Entrei na sala e os três tomavam chá. Minha mãe levantou-se meio cabisbaixa e me entregou o símbolo da Battle Frontier vazio.


— Aqui. Acho que não preciso explicar nada, já que como você conviveu com essa realidade toda a sua vida já sabe tudo que precisa saber.
— Obrigado, mãe. – Peguei o símbolo e guardei-o na mochila.
— Posso ganhar um abraço ou já vai me deixar?
— Deixa de ser idiota, eu vou orgulhar você. – Dei um abraço forte nela.
— Jake, ainda vai pegar os Pokémons para ir, certo? – Thorton falou coçando o queixo.
— Vou sim. – Assenti.
— Então eu vou com você. – Ele levantou-se. – Caitlin, quer carona para o Battle Castle?
— Por favor! – Caitlin se levantou e foi comigo atrás de Thorton.


Antes de passar pela porta, senti que minha mãe segurava o choro. Foi inevitável não dizer:


— Quero você chorando quando eu te derrotar, te amo. – E fechei a porta.


Segui Thorton e Caitlin para perto do lago atrás da minha casa, onde todos meus pokémons estavam. Parei em frente a todos eles que me encaravam felizes.


— Bem, acho que vou com...
— Permita-me uma recomendação, Jake.
— Ahn? Qual? – Fiquei confuso.
— Pode levar quem quiser, contanto que Togekiss, Garchomp e Infernape estejam com você.
— Por quê isso?
— Porque eu quero. – Ele riu. – E porque eles são seus 3 pokémons mais fortes, estiveram com você desde que você iniciou a jornada. Faça isso, só um pedido.
— Ou uma ordem, né. – Encarei Infernape e Garchomp. - Tudo bem... – Fiquei sem entender. Caitlin sentou no chão e com uma mão enrolava o cabelo e com a outra mexia na bolsa.
— Quais são os outros 3?
— Hum... - Olhei para Porygon Z, Sceptile, Blissey, Marshtomp, Azumarill, Ambipom e Eevee. – Z, Sceptile e Blissey, estou com eles a mais tempo.
— Ótimo, quer que eu pegue as pokébolas deles no celeiro? – Thorton se ofereceu. – Pelo visto Caitlin quer falar algo com você a sós.
— Pode ser... – Me virei para uma Caitlin envergonhada.
— Odeio quando ele faz isso.
— Pelo menos ele não fez isso num jantar na frente de todo mundo, acredite. Uma prima do Jun veio nos visitar junto com o Palmer e ele me fez passar uma vergonha absurda só porque eu achei a menina bonita. Enfim, queria agradecer por ter me ajudado.
— Não tem problema. – Ela puxou um envelope da bolsa. – Eu quero que você entregue isso pra ele. Não fale pra ninguém, mas eu vou pra Unova agora.
— Agora... Agora? – Eu arregalei os olhos.
— Sim, se eu voltar pro Battle Castle Darach vai dar um jeito de me manter lá e eu quero caminhar com as minhas próprias pernas sozinha. Preciso seguir meu próprio caminho agora.
— Isso soou meio abusivo... – Interjeitei.
— Não, não. Darach pode ser muitas coisas mas nunca foi abusivo comigo, só grudento demais. Preciso desgrudar e seguir meu caminho.
— Menos mal. – Guardei a carta na mochila. – E agora?
— Bem, melhor eu me apressar. Não quero ter que me explicar para Thorton. Você vai fazer o desafio em que ordem?
— Darach, Argenta, Palmer, Thorton e Mamãe. Ou seja, se quiser eu aviso a ele que você já foi.
— Prepare-se para tomar uma surra dele.
— Quero só ver se ele vai conseguir. – Ri de novo.
— Vou logo, não esquece de entregar o envelope pra ele. Boa sorte! – Ela me abraçou e saiu andando na direção da rota que iria para o aeroporto.


Invejei Caitlin de certo modo, mas ao mesmo tempo vi que estava fazendo algo semelhante a ela. Thorton voltou e me deu as pokébolas.


— Nossa, como Caitlin é previsível. Se ela voltasse pro Battle Castle Darach ofereceria o mundo para ficar e ela se sentiria pressionada a não ir, logo, ir agora era a melhor opção porque uma vez em Unova fica muito mais difícil para ele obrigá-la a ficar.
— Você é muito esquisito. – Falei arregalado enquanto recolhia os pokémons.


Abracei a todos os outros enquanto Thorton pegou seu jipe.


— Vou te deixar na rodovia perto do aeroporto. A partir daí você vai estar sozinho. – Embarquei e sentei ao lado dele.
— Sei disso, sei disso. Me espera na Battle Factory que eu vou lá te derrotar.
— Não está planejando ir pra Battle Factory agora, está?
— Não e... Espera, por quê você vai me deixar perto do aeroporto?
— Tenho um voo marcado para Crown City. Surgiu um problema lá e eu quero resolver, além do que talvez isso te afete no futuro. – O jipe deu um solavanco.
— A mim? – Thorton fez uma curva a esquerda e acelerou.
— Se meus cálculos estiverem corretos... Chegue na Battle Factory e eu verás. Aliás, vai enfrentar a nós em que ordem?
— Ahn... – Eu odiava quando ele dava respostas incompletas, porém eu não estava a fim de discutir. – Darach, Argenta, Palmer, Você e Mamãe.
— Nada mais justo. Acho que consigo voltar a tempo contando que não derrotará aos outros 3 logo de primeira, o que é bem possível.
— Quero só ver se eu tiver que te esperar porque derrotei os outros 3 e você está demorando.
— Eu não contaria com isso. – De longe já era possível ver o aeroporto.


Os cinco minutos seguintes foram Thorton falando para mim que eu deveria treinar bastante se quisesse vencer e que seria interessante eu fazer alguma amizade para seguir viagem acompanhado e não sofrer de tédio. Assim que parou em frente a estrutura de concreto pintada de cinza com os dizeres “Battle Frontier Airport”, saltei do jipe e me despedi. Pra variar, ele me deu sua dose diária de otimismo:


— Boa sorte, quem sabe você não precise mas seus pokémons com certeza precisarão.


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