O Fantasma da Ópera escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 39
O Monstro de Netherfield Park


Notas iniciais do capítulo

Este é o capítulo Final, mas vou postar uma segunda temporada com o título de outro clássico da literatura.



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P.O.V. Elizabeth Bennet.

O monstro em forma de mulher atraiu outro monstro. Pessoas estão sumindo.

—Isso é culpa sua abominação!

—Oh, certo. Culpe a híbrida. Mas, me diga existe um ponto em específico onde as pessoas vão antes de sumir?

—A Mansão Grayville. Está abandonada á anos. Todos que foram lá sumiram.

—Então, eles foram e não voltaram?

—Exato.

P.O.V. Melissa.

Estou louca para calar a boca dessas vagabundas invejosas.

—Me diga onde fica este lugar.

—Não está pensando em ir até lá, está?

—Não. Eu vou até lá. E vou parar a criatura seja ela o que for. De preferência sem matá-la.

—Vou com a senhorita.

—Mas, não vai mesmo! Já tá me culpando pelo o que quer que seja que está acontecendo com essa gente. A última coisa que preciso é duma mundana que não sabe atirar, pegar na espada e se defender sozinha. A última coisa que eu preciso é que você morra lá. E onde fica essa tal mansão?

—Netherfield Park.

—Acredito que não possa ser mais específica.

—É a última mansão do quarteirão. Ela está abandonada, afundando no pântano.

—Alguém já foi e voltou?

—Não.

—Á quanto tempo a mansão está abandonada?

—Muito. Anos.

—É frio, escuro e úmido?

—Sim. 

Ela andava pela sala como se formulasse uma ideia.

—Vampiro não é. Se fosse, os Volturi já teriam se envolvido e acabado com isso, além do mais se fossem recém-criados, teriam devastado a cidade inteira sem remorso. Também não é lobisomem ou Lycan. Ou a cidade já estaria no chão. Ele não vai atrás das pessoas, as atrai. Talvez, esteja preso á aquele lugar.

—Um fantasma?

—Talvez, Bev. Há relatos de alguém que morreu naquela casa? De forma violenta?

—Não.

—Talvez tenham acobertado. Tipo, o Senhor da propriedade ficou pistola e matou uma empregada ou sei lá.

—É possível. E o espírito ficou preso em busca de vingança ou justiça. Eu vou pegar as minhas armas. 

E por Deus, eram armas! Armas nunca antes vistas.

—Ai, troca os cartuchos. Eu coloquei cartuchos normais.

—Certo.

Armas enormes com canos e cartuchos que eu nunca vi em toda a minha vida.

—Uu! Uma Winchester! Onde a conseguiu?

—Numa loja em mil oitocentos e pouco. Eu a comprei em homenagem aos irmãos Winchester. Sam e Dean.

—Supernatural até o fim.

—Eternamente. 

Respondeu mostrando uma marca no peito. Bem no colo.

—Uma tatuagem?! Não brinca! Como fez pra não curar?

—Eu fiz com um maçarico e sem anestesia.

—Ai! Tadinha.

Ela trocou os cartuchos das armas por balas cheias de uma substância branca.

—O que é a substância branca?

—Sal.

—Sal?

—Sim.

Então, a senhorita Volturi pegou um dos atiçadores de lareira.

—Isso é feito de ferro?

Perguntou enquanto o usava como um bastão de malabar.

—É. Ferro puro. É impressionante como consegue manuseá-lo como se ele pesasse tanto quanto uma pena.

—Pra mim é bem isso mesmo. São todos de ferro?

—Sim senhorita.

—Vai servir. 

Então pareceu lembrar-se de alguma coisa.

—O porão!

—O que tem o porão?

—Tem umas correntonas lá. São feitas de ferro também.

Ela correu e num instante estava carregando as pesadas correntes.

—Mel, elas tavam parafusadas na parede.

—Exatamente. Estavam. Vou precisar de mais sal. Vou comprar e já volto.

Um pisão e ela sumiu no meio do ar. E quando voltou estava carregando sacolas e mais sacolas.

—Melissa sua louca! Conheço essas sacolas! São do mercado lá do nosso bairro! Da nossa época!

—Eu sei. Também fui ao... boticário.

Disse estendendo a sacola para a amiga.

—Analgésico! Nossa! Remédio para cólica, absorvente! Mel eu te amo!

—Você tem tudo o que precisamos?

—Sal, ferro, armas carregadas de sal e ferro. Mas, vou levar umas lâminas serafim só por garantia. E um esqueiro e fósforos. E gasolina.

—Então vamos.

—Você quer ir?

—Sim. E eu vou.

—Vai, mas com uma condição.

—Que seria?

—Vai fazer o que eu mandar, quando eu mandar, exatamente como eu mandar e sem questionar ou reclamar.

—Muito bem.

—Tenho sua palavra?

—Tem minha palavra.

—E todo mundo é testemunha.

Nós saímos e as duas conversavam, mas sentia como se não fizesse parte daquele... clube.

—Bem que eu queria que tivesse trazido um carro.

—Então, ainda bem que eu trouxe.

—Você trouxe?

—Sim.

—E onde está?

Fomos para dentro da floresta e ela tocou o ar.

—Ocultatum libera.

Então, apareceu aquela coisa. Tinha quatro rodas, mas era feita quase que inteiramente de metal.

—Um Camaro! É isso ai!

Ela abriu a parte traseira daquele... Camaro. E havia um forro. Era como um baú.

—Levanta o forro.

A senhorita Volturi esvaziou a mala, colocando as armas em locais específicos. Havia toda uma organização.

—Bora. Entrem no carro. Deixo você dirigir, mas na volta... é minha vez.

—Feito.

Haviam portas. Os bancos eram estofados, de couro, macios.

—Agora vou te ensinar a colocar o cinto.

Ela me afivelou ao banco como se me amarrasse e depois se afivelou. Pude ouvir o click. Três clicks seguidos.

—Vou descer a janela e ocultar o carro. Ninguém vai vê-lo e consequentemente não vai nos ver. Então, vamos nessa. Ocultatum.

O Camaro se movia a uma velocidade alucinante e quando chegamos á Mansão Grayville o local tinha uma atmosfera de morte. Era frio e desolado, com aquela névoa branca que pairava sob o lago vítreo e esverdeado. A mansão de mármore branco parecia estar sendo engolida pelo pântano, era como se fosse parte dele. 

O enorme portão de ferro, todo cheio de detalhes e pontas afiadas.

—É ferro. Talvez esteja mantendo o espírito preso como a senhorita disse.

—Não é assim que funciona Elizabeth, sim o espírito se for um espírito está ancorado a algo que o mantém aqui, mas também está aqui por vontade própria. E se algo o está prendendo, com certeza não são os portões.

Os muros de pedra eram altos e cercavam toda a propriedade. O ar era pesado, parado, abafado.

A senhorita Volturi lançou um encantamento que fez o cadeado abrir-se.

—Alohomora.

Ela tirou as correntes e nós prosseguimos portão á dentro. A sola de minhas botas ficaram cheias de lodo, mas quando chegamos á entrada principal haviam estátuas. Milhares delas.

—Mas, que curioso. Porque colocar estátuas aqui?

As expressões das estátuas eram de pânico.

—Caramba! Eles nem sempre foram estátuas. Não é um fantasma, é uma górgona.

—O que?

—Fechem os olhos!

—Porque?

—Porque se olhar nos olhos da górgona você vira pedra. Fecha os olhos, Elizabeth! 

Tive que fechar meus olhos.

—Como vamos lutar contra algo que não podemos ver?

—Podemos olhar o reflexo dela. Eu vou buscar um escudo e vocês fiquem aqui e olhos fechados ou fixos no chão.

Ouvi um silvo de vento e então...

—Estou de volta. Vou amarrar os escudos nos braços de vocês. Olhem só para o reflexo da górgona. Olhos no escudo.

Senti algo pesado ser amarrado ao meu ante-braço.

—Sabe usar uma espada Elizabeth?

—Sei.

—Ótimo. Vou colocar uma na sua outra mão. Segure ela firme. E olhos no escudo.

Abri meus olhos.

—Ai! Olhos no escudo! Olha o reflexo. Se olhar diretamente pra ela você morre!

—Isso é loucura.

—Você acha? Vem comigo.

Dei dois passos. E dei de cara com...

—Senhor Clark?!

—A górgona transformou o seu caro amigo, Senhor Clark numa estátua. E a única chance que temos de salvá-lo, de fazê-lo voltar ao normal é matando ela.

Então, ouvi um silvo de cobra.

—Ela está aqui. A górgona tem uma cauda, uma cauda de serpente e ela vai usar para tentar passar rasteira na gente. Se caírem no chão... fechem os olhos imediatamente e não abram até estarem de pé novamente. E olhos no escudo!

Então uma terceira voz, uma voz feminina e aveludada, porém amedrontadora falou:

—Impressionante. Alguém que realmente sabe do que está falando. Sinto a temperatura do seu corpo e é mais baixa que a dos delas.

Toda vez que a criatura pronunciava o S era duma forma prolongada como se fosse uma cobra falando.

—Você já ouviu falar da Medusa? Você é a Medusa?

—Não. Medusa era minha ancestral. Devo honrar seu legado, seu sacrifício.

—Medusa teve um filho?

—Filha. Iris. Elas eram felizes, mas então aquele homem desprezível, maldita cria de Zeus. Veio e ceifou a vida de Medusa. Deixou Iris órfã. E ela cresceu sob os cuidados de suas tias.

—Sim. Esteno e Eurali. As irmãs de Medusa. E você tem um nome?

—Atena. Minha mãe pensou que seria engraçado, afinal... foi Atena quem condenou a pobre Medusa por um crime que ela não cometeu!

Pude ouvir o barulho de pedra sendo esmagada, transformada em poeira.

—Cauda!

—O que?

—Pulem agora!

Nós pulamos e a cauda passou por baixo de nossos pés.

—Porque está matando estas pessoas?

—Não planejava matar ninguém. Soube que a propriedade estava abandonada a anos e decidi estabelecer-me. Não é minha culpa que esta raça burra continua vindo aqui.

—Não acredito. Você gosta de matar. Gosta da sensação. A emoção de vê-los implorar, de ver o medo nos olhos deles. Na primeira vez pode ter sido um acidente, mas depois... pegou gosto pela coisa. Não foi?

Podia ouvir a criatura se movendo, ouvir seu rastejar, o silvo cada vez mais perto.

—O que é você?

—Ah, se eu ganhasse uma moeda cada vez que ouvisse esta pergunta.

A senhorita Volturi continuava falando com a criatura que se aproximava lentamente. Como se se preparasse para dar o bote.

—Humana você não é.

—Como górgonas tem filhos, se não tem partes íntimas e nem podem olhar para nada vivo sem matar?

—Nós botamos ovos.

—Auto-fecundação então. Isso implica que você é hermafrodita. Homem e mulher no mesmo corpo.

—Impressio...

A criatura não conseguiu terminar a fala. Ouvi a lâmina cortar o ar e algo a mais também.

—Perdeu a cabeça. Podem olhar agora.

O corpo da criatura era... algo estanho. A parte superior mesmo sem a cabeça, tinha pescoço, seios, cintura. Era uma mulher. Porém, a parte inferior era uma enorme cauda de serpente verde com uns padrões estranhos e no fim da cauda havia um enorme ferrão que parecia com o ferrão dum escorpião. E o corpo demorou alguns minutos para cair morto, como se estivesse processando a própria morte. Tomando consciência de que havia morrido.

E quando finalmente morreu, todas as estátuas voltaram a ser pessoas. Até mesmo as despedaçadas. As que estavam intactas, reviveram.

—Por Deus! Que criatura horripilante. Ai. Meu corpo dói.

—Mas, pelo menos está vivo.

—Minha Virgem santíssima é a cabeça da criatura! 

—Não olhe nos olhos dela. Mesmo depois de morta ainda transforma gente em pedra.

—Como sobreviveram?

—Agradeça a senhorita Volturi. Ela matou a... górgona.

—Vamos dar o fora daqui. Vamos embora.

—Como vamos levar todas estas pessoas?

—Não vamos. Vamos escoltá-los para fora da Mansão e cada um que cuide de si mesmo. Salvamos as vidas deles, mas não somos responsáveis por elas.

Escoltamos as pessoas para fora da propriedade e a senhorita Volturi trouxe a cabeça conosco.

—Pra que trazer isto?

—Não podíamos largar lá. Para algum desavisado pegar e acabar petrificando de vez. Além do mais, é uma arma e tanto.


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