— Eu sei o que você fez no verão passado — foram as primeiras palavras que Pâmela escutou ao entrar no banheiro.

A moça travou por alguns segundos olhando para seu reflexo no espelho, pega pelo susto de ouvir aquelas palavras e do medo que trazia a si.

 — Não sei do que você está falando — responde baixinho enquanto pegava sua escova, que já estava em cima da pia.

 — Você sabe sim. Eu sei que você sabe. Eu sei, eu sei, eu sei, mas como eu não queria saber. — retruca em tom choroso. 

 — Você deve estar delirando. Nada aconteceu no verão passado.

 — Como você consegue ser tão cínica? Tão fria, tão distante. — sussurra demonstrando uma raiva contida na voz. — Eu não consigo mais enxergar aquela luz que havia em você. Está apagada, não existe mais aquela brilho, que te envolvia e emanava de você. Seus olhos estão sem cor. 

 — Eu não sei o que você quer dizer, por favor, saia, eu quero ficar sozinha.  — sussurra com as lágrimas escorrendo.

 — Não, não irei sair. Você mentiu para mim. Você mentiu para nós. Você jurou que nunca haveria outro alguém, que nada seria maior que aquela promessa, que seria nós na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte separasse, mas você mentiu.

 — SAIA. Eu não quero falar sobre isso.

 — Eu queria poder ir embora, queria poder sumir, talvez essa dor da decepção acabasse, talvez não me sentiria tão magoado por seu erro, mas eu não consigo, ao mesmo tempo que quero ir, algo me prende a você, como se ainda houvesse esperança. 

 — Desculpa, eu não queria, eu não tive a intenção, só aconteceu.  — fala desolada, com o olhar vago, como se estivesse perdida.

 — Eu sei, eu sei. Você não sabe onde estava com a cabeça. Eu gostaria de dizer que te perdi agora, mas já havia te perdido faz tempo, nem mesmo sei dizer aonde você esteve nos últimos tempos ou o que estava fazendo. Só queria que tivesse sido sincera com a gente. Talvez eu poderia ter te ajudado.

 — Eu não sei o que fazer, me ajuda agora, por favor.

 — Não dá mais. Você nós destruiu. Eu sei, eu sei, que essa não foi sua intenção, mas você foi a nossa ruína. Você nos fez perder algo único e maravilhoso.  

 — NÃOOOO. — fala abraçando a si mesma.

 — Pâmela, Pâmela, Pâmela, acorda  — uma voz falava urgentemente enquanto aquele abraço tão acolhedor a segurava firmemente e as lágrimas escorriam por seu rosto.  — Shiiii, está tudo bem meu amor. Calma, foi só um pesadelo.

— Não, não foi — murmura soluçando. Seus pensamentos não a deixavam em paz. Seu corpo, coração e alma doía. Seu erro destruiria quem ela mais amava.   — Eu preciso te contar.

— Contar o que princesa? — Augusto questiona, tentando limpar as lágrimas de sua amada. O destruía a ver daquela forma, sofrendo, e seu coração parecia estar sendo esmagado, por causa da dor de sua amada.

Estavam casados há cinco anos, e os melhores dias de sua vida foi ao lado dela. Sua vida não havia começado no dia que nasceu, mas sim no dia em que juraram diante de todos, que até o ultimo dia de vida, ela seria dele e ele seria dela.

— Pode falar meu amor. — incentiva passando as mãos em seus cabelos, um carinho que Pâmela amava receber. — O que você precisa me contar?

— O que eu fiz verão passado — responde voltando a chorar.

“Quando a consciência te acorda durante a noite, tudo que lhe resta é contar a verdade.”