Os Vingadores - Entre Herois e Aliens escrita por Lia Araujo


Capítulo 28
Segredo




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POV Natasha

Estava na cama quando ouvi alguém bater na porta, me levantei e abri. Me surpreendi ao ver o Dimitri vestido como um agente da SHIELD, ela deu espaço para que ele entrasse.

— Você é da SHIELD? - perguntei curiosa fechando a porta

— Não, só peguei o uniforme - ele falou simplesmente

— Alguém pode te descobrir aqui - falei um pouco nervosa

— Chegaram alguns agentes novos essa semana, um rosto novo não é surpresa pra ninguém aqui - ele respondeu dando de ombros

— É arriscado - falei olhando-o

— Eu sei, mas precisava te entregar isso - ele falou dando um frasco e uma seringa pra ela

— O que é isso? - perguntei pegando o frasco

— O antídoto do seu gatilho - Dimitri falou simplesmente

— O quê? - perguntei surpresa - Como?

— Quando você saiu em missão, entrei nos laboratórios da KGB e busquei o antídoto - ele falou com naturalidade

— Espera, como você sabia que eles tinham um antídoto? - perguntei olhando-o

— Eles tem um sistema eficaz para controlar os agentes, mas não infalível - Dimitri falou olhando-me - Eles tinham que ter o antídoto, caso alguém tentasse usar contra os diretores da KGB.  

— A SHIELD sabe do meu gatilho, sabe como ativar - falei me sentando na cama - Querem fazer uns testes para saber se falo a verdade, se eu tomar isso não acreditarão em mim.

— Pelo que li nos arquivos o efeito não é imediato, levaria uns dias pra sair do organismo - Dimitri falou puxando a cadeira e sentou - Disse a eles quando o quantas vezes aplicaram o soro do gatilho em você?

— Não - respondi intrigada, ele parecia pensativo

— Diga a eles que tomava doses semanais e a última foi há uma semana - Dimitri falou me olhando - Eles vão fazer os teste semanais e vão ver os níveis do soro no seu cérebro diminuírem.

— Parece que pensou em tudo - falei olhando com um sorriso discreto

— Reencontrou o seu irmão? - Dimitri perguntou e desviei o olhar

Foi muita coisa acontecendo nos últimos dias.

— Ficou calada de repente - Dimitri comentou me trazendo de volta a realidade - Não encontrou o seu irmão?

— Eu o encontrei, mas não é isso que me preocupa - falei me levantando, me afastei um pouco e o olhei - Acho que o soro me afetou mais do que eu imaginava.

— Como assim? - ele perguntou preocupado

— Em Budapeste, aconteceu uma coisa - falei um pouco receosa - Quando o Armaturov tentou apagar a minha memória, senti algo, uma energia diferente, ela ganhou forma, cor e lancei contra ele.

— Como era essa energia? - Dimitri perguntou curioso

— Era forte, senti ela em todo corpo, essa energia rosa envolveu a minha mão e a disparei como um raio na direção do Dimitri - falei um pouco preocupada

— Essa energia se chama mana - Dimitri falou tranquilo - Isso não é efeito do soro, é um poder que nasceu com você, mas só foi despertado agora.

— Do que está falando? - perguntei sem reação

— Pessoas como nós nascemos com poderes, herdados de nossos familiares - Dimitri falou se levantando

— De onde veio esses poderes? - perguntei olhando-o

— Os seus são herança da sua avó, no seu pai ele se manifestou de forma diferente - Dimitri falou olhando - Não se preocupe com quanto aos poderes.

— Não me preocupar? - falei sem acreditar - Eu matei um esquadrão de trinta homens armados usando esses poderes que não sei como funcionam e nem como controlar.

— Você estava sob um nível de estresse que nunca tinha sofrido antes, nem mesmo durante as torturas da KGB, por isso seus poderes ativados - Dimitri explicou calmo - Eles não ativam durante um espirro.

— Tenho medo de machucar alguém sem querer - admiti olhando-o

— Não tenha medo dos seus poderes - Dimitri falou se aproximando - Eles fazem parte de quem você é.

— Porque tenho esses poderes? Como sabe tanto da minha família? - perguntei olhando-o

— Não posso explicar agora, mas tenho certeza de que em breve saberá - Dimitri falou abaixando o olhar - Sem seu pai na SHIELD, estamos expostos de certa forma.

— Expostos de que forma? - perguntei sem entender

— Você precisa tomar isso - Dimitri falou tirando o frasco da minha mão mudando totalmente de assunto

— Dimitri - tentei insistir, mas ele me ignorou e continuou enchendo a seringa com o antídoto - Dimitri, eu tenho o direito de saber.

— Vai saber - Dimitri afirmou me olhando - Mas apenas quando for o momento certo.

Ele indicou a cama para que eu sentasse, sabia pelo olhar dele que não conseguiria tirar nenhuma informação. Sentei novamente na cama, ele procurou no banheiro algodão e álcool para passar a fazer a aplicação do antídoto.

— Bellwood - Dimitri falou e o olhei sem entender - Não esqueça esse nome.

— O que é isso? - perguntei confusa

— É o lugar de respostas - ele falou guardando o frasco e a seringa com ele - Aproveite sua nova vida, Natália.

— Isso é um adeus? - perguntei me levantando, sem entender as palavras dele

— De certa forma - Dimitri falou me olhando com um sorriso discreto - Consegui tirar você de lá e te livrar do gatilho, não precisa mais de mim.

— E se eu me perder outra vez? - perguntei olhando-o e ele se aproximou de mim

— Estarei de olho em você - Dimitri falou calmo - Para caso precise de mim, devo isso ao seu pai.

— Obrigada, Dimitri - falei e o abracei - Obrigada por tudo, não teria chego até aqui sem você.

Ele apenas retribuiu o abraço, saindo logo em seguida do quarto. Quando a porta fechou permiti que uma lágrima escorresse, senti como se o peso do mundo tivesse sido tirado das minhas costas, eu realmente estava livre daquela vida de crueldade, de uma vida sem propósito, existente apenas para ser um peão no jogo da KGB. Retornei para a cama e pela primeira vez em anos tive uma noite de sono descente.

Acordei antes do sol nascer, não me adaptei ao fuso-horário, tomei um banho demorado, vesti o conjunto moletom da SHIELD e comecei a caminhar pelos corredores, haviam alguns agentes trabalhando.

— É ela - consegui ouvir um agente murmurando para outro quando passei

Detive um passo e me virei na direção deles, eles assumiram a postura para disfarçar que estavam falando de mim e me aproximei tranquilamente deles.

— Poderiam me ajudar? - perguntei colocando as mãos dentro do bolso do casaco

— Em quê? - o da esquerda perguntou

— Me mostrar a academia de treino - falei simplesmente - Não conheço o complexo e estou com energia acumulada.

— Tudo bem - o da direita falou tranquilamente - Eu te acompanho até lá.

— Obrigada - falei com um pequeno sorriso e comecei a segui-lo

O percurso foi silencioso, alguns agentes da SHIELD olhavam para mim discretamente, outros fingiam não me ver. Notei que o agente que me mostrava o caminho, estava a todo instante tocando a arma no coldre na perna, como se certificasse de que ela estava de fácil acesso em caso de necessidade. Dei ar de riso e fiquei lado a lado com ele, que ficou levemente tenso, não demorou muito para chegássemos a academia de treino.

— Qual o seu nome, agente? - perguntei olhando-o

— Lincoln Mitchel - ele respondeu

— Quando entrou seu objetivo era agente interno ou de campo? - ele respondeu 

— De campo - ele respondeu brevemente

— Mas virou agente interno - falei simplesmente

— Como sabe disso? - ele perguntou intrigado

— Você não age como um agente de campo, não esconde seus pensamentos - falei olhando-o - Desde que nos encontramos no corredor, sei exatamente o que está pensando. Em campo, isso representaria sua morte

— Você está exagerando - ele falou sem acreditar

— Você quis me guiar para tentar me analisar, como não conseguiu, ficou inseguro pensando que eu poderia te atacar de surpresa a qualquer momento - falei olhando nos olhos - Você tocava sua arma a cada minuto que passava, estava nervoso o tempo inteiro e seus olhos estão demonstrando surpresa com o que acabo de dizer.

— Só estava atento - ele respondeu me olhando

— Você vê em mim perigo e em momento algum conseguiu esconder isso - falei rebati com tranquilidade - Seu comportamento em campo, entregaria a estratégia da missão é consequentemente o fracasso ou até a morte da equipe.

— Como sabe disso? - ele perguntou me olhando

— Fui treinada para não cometer esse erro e identificar as falhas dos meus adversários - respondi dando de ombros e fui me aproximando do armário e enfaixei as minhas mãos - Posso te ajudar a corrigir isso.

— Em troco de quê? - ele perguntou desconfiado

— Nada - falei me virando pra ele

— Não quer nada em troca de me ajudar? - ele perguntou surpreso

— Você já me ajudou a encontrar a academia - falei dando de ombros, fui em direção ao saco de areia e comecei a socar - Estarei aqui todas as tardes às 16h, se quiser ser agente de campo apareça.

Ele não deu resposta apenas se retirou, continuei focada no saco de areia, quando os agentes começaram a chegar percebi que havia amanhecido, fui em direção ao banco, tirei as faixas, peguei uma toalha e sequei o suor, sai da academia, fui em direção ao corredor e parei em frente ao bebedouro para tomar água e notei a agente Hill indo em direção a uma sala no corredor em frente, olhei de canto de olho e vi em qual sala ela entrou, pouco tempo depois ela saiu com uma pasta, vi a foto do meu pai grampeada no arquivo.

Ela retornou em retornou pelo caminho que veio, a observei sumir no corredor e fui em direção a sala que ela havia entrado. Na porta, devido ao sistema para impedir que ela fechasse com força ainda estava aberta, coloquei a mão impedindo que ela fechasse completamente,  havia uma placa escrita "Diretor Fury",  entrei fechando a porta e ouvi ela trancando em seguida.

As janelas da sala estavam fechadas, as luzes apagadas, demorou alguns segundos até que minha visão conseguisse se acostumar com a escuridão em volta, assim que comecei a diferenciar a silhueta dos móveis e objetos, fui para até a mesa do diretor, acendi a luz do abajur e comecei a procurar algo sobre os meus pais, ou sobre o meu irmão. Vi uma pasta com meu nome, abri e vi os resultado dos exames que haviam feito com as amostras de sangue.

Olhei em volta e vi no canto, próximo a parede com uma estante enorme de livros, duas poltronas separadas por uma mesinha e um abajur. Apaguei o abajur da mesa e fui me sentar, teria que esperar abrirem a sala para que eu pudesse sair. Fiquei sentada no escuro, com a pasta em meu colo, não sei quanto tempo se passou até que ouvi a porta ser destrancada, o pouco de luz que entrou na sala pude ver a silhueta do homem que entrou. A porta foi fechada e pude ouvir os passos dele se aproximando da mesa, então acendi o abajur ao meu lado, o diretor Fury sacou a arma apontando pra mim, mas permaneci tranquila, não era a primeira vez que eu estava na mira de uma.

— Como entrou aqui? - ele perguntou sem abaixar a arma

— A quanto tempo sabe que sou irmã do Clint? - perguntei olhando-o

— Mexeu nas minhas coisas? - ele perguntou revoltado

— Desde quando sabe que sou filha do agente Nathan? - perguntei firme

— Há quanto tempo sabe? - ele perguntou começando a abaixar a arma

— Há alguns meses, soube quem meu pai era, por um amigo da família - respondi simplesmente

— O mesmo amigo que tirou seu pai e seu irmão da Rússia? - ele perguntou guardando a arma e assenti - Quando enfrentou o Clint em Budapeste, sabia quem ele era?

— Sim. Não vai responder as minhas perguntas? - falei retornando ao assunto inicial

— Soube que era irmã do Clint, pouco antes de manda-lo te interrogar - Fury respondeu indo até as persianas para abri-las

— Bastante ético - ironizei olhando-o abrir às cortinas deixando a luz entrar

— O Nathan retornou desolado por ter perdido você e sua mãe - ele falou me olhando - E quando uma carta endereçada ao Nathan chegou, falando do ataque da KGB em Budapeste e que Natasha Romanoff seria a segunda no comando desconfiei que era a filha dele.

— Coletou meu sangue e fez o teste, para ter certeza de que não era uma impostora, enviada pela KGB pra se infiltrar na SHIELD - falei olhando, ele assentiu indo em direção a poltrona da mesa e me levantei caminhando até lá - Porque o Clint não se lembra de mim?

— Não sabemos, ele retornou achando que a mãe morreu durante o parto da irmã que também não resistiu - O diretor falou me surpreendendo

— Meu pai também acreditava nessa história? - perguntei com a garganta um pouco seca

— Seu pai se lembrava de tudo, todo ano no seu aniversário ele visitava a lápide que mandou fazer em sua homenagem - O diretor falou me olhando - Fica ao lado da lápide da sua mãe no cemitério da cidade.

— Entendi - murmurei sem olha-lo

— Você cresceu sendo treinada pela KGB, como saberei se posso confiar em você? - Fury falou sentando sem desviar o olhar dos meus

— Quem você acha que deixou vazar a informação do ataque em Budapeste? - perguntei pondo a pasta de volta sobre a mesa dele

— O que quer na SHIELD, Natasha? - Fury perguntou intrigado

— Ficar perto da única família que eu tenho, mesmo que ele não saiba - falei sinceramente - Mas vocês me ofereceram a oportunidade de derrubar a KGB, esse foi o meu bônus.

— Vai seguir os passos dos seus pais? - Fury perguntou com um pequeno sorriso de cobiça e assenti sorrindo

— Vou fazer o que eles não fizeram - falei com firmeza - Vou destruir a organização que destruiu a minha família.

— Do que precisa? - ele perguntou interessado

— Liderar e treinar a equipe que ira comigo - falei simplesmente

— Precisaria ser agente nível 8 para isso - Fury falou

— Conhece meu histórico. Minhas habilidades e os resultados das minhas missões - falei olhando-o - Sabe que tenho capacidade para ser agente nível 8. Esse é o preço para conseguir derrubar a KGB.

— Sei apenas o que a KGB diz - ele falou encostando na poltrona - Preciso ver com meus próprios olhos.

— Me teste então - falei simplesmente

— Chegaram novos agentes, são bons, mas tem potencial para serem melhores - ele falou simplesmente - Te darei um mês para treina-los. Se conseguir melhora-los, te coloco como agente nível 8 e te dou a liderança da missão.

— Tudo bem - falei e comecei a ir em direção a porta

— Não quero me arrepender disso - ele falou quando cheguei perto da porta e parei para olha-lo

— O único a se arrepender será o Petrovick por ter me treinado tão bem - falei e me retirei da sala.


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