Cometera um erro. Um grave e terrível erro. Ninguém precisa saber e ninguém iria. Rumores iriam surgir, mas faria como sempre fez e iria andar de cabeça erguida não dando a mínima. Talvez a essa altura já até estavam balbuciando e cochichando por aí afinal, era aquela uma cidade pequena onde qualquer acontecimento não passava em branco e as notícias circulavam com a rapidez dos quatro ventos.

Não permitia que alguém visse seu tremor de nervosismo e temia perder o controle no meio de alguma conversa, pois, esse erro, havia sido o mais fatal de que cometera até hoje, mas não ia deixar que isso fosse obstáculo. Rumores nunca foram.

Se recompunha no banco do seu carro com a respiração ofegante e as mãos trémulas. Parecia ter perdido o controle da situação o que não era de si mas parou e respirou lentamente após fechar os olhos e dizer verbalmente, foda-se.

Saiu de dentro do carro e fechou a porta sem olhar para trás. Naquele momento tudo movia como uma cena em câmera lenta e sua confiança falava mais alto do que nunca naquela noite. Caminhava com suas mãos desimpedidas até a entrada no edifício onde o porteiro reconheceu seu rosto e o cedeu passagem para dentro.

O elevador chegou no último andar e assim que abriu viu toda aquela agitação de pessoas dançando freneticamente com bebidas na mão, casais aos amassos e pessoas aleatórias nos bancos do bar. A piscina na varanda do apartamento estava povoada por algumas almas que gargalhavam enquanto de longe um homem observava com olhar de presa. Deu passos em frente e ao seguir seu caminho todos prestavam atenção em si, alguns com surpresa, outros com desejo ou inveja, mas não podemos esquecer que acima de tudo, estava tendo atenção.

Se deslocou ao bar e pediu uma bebida para se acalmar e ao olhar em seu redor procurava alguém que o pudesse fazer esquecer do acontecido da noite, mas a essa altura já reparava que cochichos e olhares lhe era atribuído. Tentando não entrar em pânico interiormente, acreditou ser pessoas interessadas em sua vida pois aonde ia conseguia roubar a atenção.

Colocou seus olhos em um corpo que balançava perfeitamente ao ritmo da música alta e sensual que ecoava. Não pode deixar de sorrir porque era algo muito bom de se ver, alguém que poderia observar muito tempo sem se cansar. Virou seu copo de whiskey puro e se virou para a pista de dança olhando intensamente para os olhos do corpo que agora lhe olhava de volta. Sorriu novamente já sabendo que havia esquecido seus problemas por aquele momento e possivelmente pelo resto da noite.