Don't Panic escrita por Yurippe


Capítulo 2
Blue Eyes




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Kagura ajeita as ultimas coisas em sua mochila, coloca mais alguns dos seus doces favoritos e tenta fechar sua mochila com dificuldade já que a mesma está cheia.

Batidas na porta. Kagura consegue fechar a mochila e se levanta do chão, coloca a pequena bolsa nas costas. Batidas na porta outra vez.

— Já vai, caramba! —Kagura vai em direção à porta, mas Shinpachi aparece e chega antes que ela.

Os dois dão de cara com Sougo, que no primeiro momento está olhando para o lado, depois olha para os dois a sua frente.  Atrás, percebe-se que o dia estava amanhecendo ainda. Shinpachi tinha feito questão de chegar mais cedo no Yorozuya para ver se Kagura não iria se atrasar. Mas quando chegou, por estranho que pareça, tinha encontrado a garota já desperta.

— O número de corvos voando sobre a sua casa me fez acreditar que tinha morrido. — Kagura já faz sua cara de nojo padrão quando escuta o comentário do sadista. — Sua cara ainda me faz acreditar, mas tudo bem, está na hora.

— Okita-san! — Shinpachi diz surpreso, mais pelo comentário do que a presença dele. Ainda queria entender que tipo de relacionamento os dois tinham.

— Pensei que os corvos estavam seguindo sua carne podre. — A garota retruca. Ela arruma a mochila nas costas. — Vamos logo sadista, quanto mais rápido, menos tempo passo com você.

Sougo encosta na batente da porta e cruza os braços. Ele não estava com seu uniforme do shinsengumi, já Kagura, usava seu vestido vermelho de sempre. Ela pega seu guarda chuva que está encostado na parede e vai andando em direção à porta, mas ela para antes perto de Shinpachi para se despedir.

Sougo olha o corpo de Kagura e pensa como ela tinha mudado durante os dois anos e pouco que se passaram, Kagura cresceu tanto que estava quase na altura de Shinpachi. Além dos seus cabelos que cresceram e que muitas vezes ficavam soltos nos coques que ela fazia, como agora.

Além disso, não conseguia não ignorar as curvas de Kagura. Pensando nisso, ele até virava o rosto para não demonstrar sinal de vergonha. Kagura não era a pirralha de dois anos atrás, ela tinha mudado muito. Mas no fundo, ele ficava feliz que ela não tinha mudado a forma de como tratar ele.

— Kagura-chan. — Shinpachi segura a mão da garota e ela não recua. Sougo vê o afeto dos dois e move os olhos para cima. — Por favor, tome cuidado.

— Patsuan, quem você pensa que eu sou? — Kagura leva a mão que Shinpachi estava segurando e bate de leve em seu próprio peito. — Vou dar uma surra nesses traficantes.

— Não se você apanhar primeiro. — Sougo interrompe o que faz Kagura encarar ele, irritada. Okita se desencosta da batente da porta. — Vamos logo, não aguento mais essa cena melosa de despedida. — O policia se vira e se afasta da porta.

— Tchau Shinpachi! Mande lembranças ao Gin-san na cadeia. — Kagura acena e vai embora, deixando Shinpachi para trás, que parecia mais uma mãe dizendo tchau para sua filha.

— Por favor, não briguem! — Kagura já tinha ido embora, mas ele não deixou de gritar.

— ✘-

Já fazia algumas horas que a dupla andava em silêncio no sol quente. Eles estavam em uma trilha em uma floresta, com muitas árvores, mas nem mesmo as sombras das árvores poderiam amenizar o calor que sentiam. Sougo sempre na frente, e Kagura atrás, segurando seu guarda chuva para se proteger do sol. Kagura já estava cansada, mas não queria admitir ao sadista, então fazia de tudo para continuar andando.

Porém, ele já tinha percebido que ela mal conseguia andar, não a culpava, um Yato não aguenta ficar em um sol por muito tempo como aquele. Mas claro que Sougo não iria deixar o problema tão fácil para ela.

— China, se você quiser descansar, você só precisa dizer que você é mais fraca que eu e precisa de descanso. — Sougo diz sem olhar para trás.

— Ei sadista, você fica quieto o tempo todo, mas quando abre sua boca, só sai lixo. — Kagura dá um sorriso fraco. — Por que não admite que você esteja cansado e quer descansar, sim?

— Não sou eu que estou soando e fedendo como um porco.

Kagura fecha o guarda-chuva e aponta para o sadista. Ele para de andar no mesmo momento e vira para a garota. Ela esperava ele tirar a espada de sua banha, mas não fez.

— Estamos em uma missão. — Sougo foi andando até ela e se aproximou o suficiente da garota para ela ficar surpresa. — Não posso dar o luxo de dar toda minha atenção para você.

—Não preciso da sua atenção.

 Insegura, Kagura olha para o lado. Ela segura o cabo do seu guarda-chuva mais forte. Sougo leva sua mão ao queixo da garota e vira seu rosto até seus olhos se encontrarem novamente. Kagura para de segurar com força o guarda-chuva e fica encarando os olhos vermelhos do sadista. Kagura tinha crescido, mas mesmo assim, ele continuava mais alto. Mas, para Sougo, aqueles olhos azuis brilhavam mais que antes.

— Foi o que pensei. — Sougo quebra o contato dos visuais dos dois. Kagura fica de boca aberta e demora uns segundos para recobrar a consciência.

Okita se afasta e começa a andar, mas logo para ao perceber que a garota não estava indo junto com ele. Ele olha para trás e encara o guarda-chuva roxo de Kagura.

— Quando chegarmos perto do vilarejo, você vai ter que dar um jeito nesse guarda-chuva.

— O que? — Kagura tenta acordar do transe. — Não vou deixar minha guarda baixa ao seu lado.

Sougo fica de frente outra vez e a garota cruza os braços.

— Você não pode mostrar que é uma Yato. — Ele fala sério. — Mesmo com sua pele mais clara, talvez percebam, mas sem guarda-chuva já podem ajudar a não descobrirem. — O garoto coloca o dedo indicador sob o queixo e faz uma cara pensativa.

— Se eles descobrirem que eu sou uma Yato, é só bater neles, viemos para isso afinal, sim? — Kagura coça o nariz com o dedo mendinho. Okita olha aquela situação e faz uma cara de nojo.

— China, como consegue ser tão burra? — Sougo volta a andar e Kagura dessa vez vai atrás. — Hijikata disse que rastreou o fornecedor nesse vilarejo, mas ainda não descobriu o local que as drogas são feitas. Precisamos encontrar esse Yato e o local e assim faremos a prisão do grupo.

— Como os policiais de hoje são lerdos. — Kagura resmunga mais para si mesmo. — Por isso que vocês chamaram uma pessoa forte como eu para fazer o trabalho para vocês.

Sougo para outra vez de andar e a garota para na hora também. Sougo começa a rir bem alto.

— Por que está rindo, sadista? — Kagura aproxima dele e segura à camiseta de Sougo perto do pescoço.

— Hijikata que disse que você precisava vir junto. — Sougo segura o braço de Kagura e encara os olhos da garota. — Se fosse por mim, eu viria sozinho.

Kagura se afasta e tira seu braço a força.

— Então eu vou embora. — Kagura vira de costas e se prepara para ir embora, mas para de andar. — Se você quiser que eu não vá, diga que você precisa de mim sadista.

— Acho que você que precisa dizer isso. — A ruiva olha para ele com uma cara de séria. — Afinal, você sabe voltar para casa sozinha, China?

Kagura perde compostura. Tenta não olhar para o sadista para mostrar que ele tem razão.

— Vamos logo para essa droga de vilarejo. — Kagura abre o guarda-chuva outra vez e os dois começam a voltar a andar.

Os dois ficam mais alguns minutos andando até que Sougo decide por fim parar. Eles poderiam sentar ao redor de uma grande árvore que ele conseguiu encontrar. Assim, Kagura poderia descansar um pouco na sombra.

Os dois sentam na grama, não tão próximos, quase de costas um para o outro. Kagura segurava seu guarda-chuva aberto e ficava girando ele, com tédio. Ela olha para o sadista e vê-o levando sua mão para seus cabelos loiros, ele leva sua franja para trás com os dedos, os fios estão um pouco molhados por causa do suor, a franja logo volta ao lugar, só que mais bagunçada. A garota fica tímida e olha para o outro lado.

Às vezes Kagura sentia curiosidade e encarava o sadista. Sentia suas bochechas ficarem quentes, não sabia por que se sentia assim.  Sougo não tinha mudado tanto nesses últimos anos, ainda continuava o mesmo idiota de sempre para ela. Tinham se afastado durante dois anos por conta que ela tinha viajado pela galáxia toda, mas quando voltou sua relação com ele estava normal como antes. Mas ela o sentia tão mais próximo dela que talvez quando ele não estava lá, sentia-se estranha.

Kagura balançou a cabeça com negação. Sougo a encarou, com uma feição de confuso. Kagura não poderia admitir que tivesse algo a mais naquela relação, eles se odiavam, não?

A ruiva olha para Sougo e se depara com aqueles olhos vermelhos, uma brisa de vento faz com que os cabelos loiros de Sougo mexessem um pouco.

— O que está olhando sadista? — Kagura pergunta um pouco tímida.

Ele demora a responder, estava encarando o rosto da garota a sua frente, aqueles olhos azuis, às vezes, faziam-no pensar longe.

Ele solta um sorriso leve.

— Como você consegue ser tão feia?

Kagura fica brava na hora. Ela fecha seu guarda-chuva e bate na cara de Sougo.

Depois disso, os dois ficaram descansando por um tempo, no silêncio. Até que Kagura decide perguntar algo que estava intrigando ela fazia um tempo.

— Sadista.

— O que quer pirralha? — Ele abre um olho e encara a garota, que está encarando a grama. Ela mexia as mãos como se estivesse insegura.

— Que tipo de problema estamos lidando, quero dizer, essa droga...

Sougo abre os dois olhos dessa vez e encara sério a garota.

— Que tipo de droga é essa, os efeitos dela?

Sougo pega um plástico do seu bolso e mostra para Kagura, ela se surpreende.

— Não tem nada aqui. — Ele mostra o plástico vazio. — Mas é algo mais ou menos desse pacote pequeno, de cor verde. É uma droga bem forte.

— Você já viu alguém com efeito dessa droga?

— Não, mas Hijikata disse que a pessoa perde totalmente a razão.

— Isso é triste. — Sougo olha para Kagura, que ainda encara o chão. Agora ela olha para o garoto ao seu lado. — Quer dizer, entregar sua vida assim para uma droga tão pesada. — Ela leva sua mão até o plástico que Sougo segura para dar uma olhada, mas logo afasta a mão.

Sougo fica encarando Kagura, não sabia que ela tinha um lado tão afetivo assim.

— China, não sabia que tinha um lado tão sensível assim. — Mas mesmo assim, acabou zombando com ela.

— Ei, eu só quero ajudar esse vilarejo. — Kagura levanta apressadamente e Sougo a olha de baixo, com um pouco de admiração. — Eles precisam de nossa ajuda, sim? — Kagura diz determinada, segurando suas mãos com força.

— Certo, certo. — Sougo se levanta e limpa sua roupa. — Vamos chegar logo nesse vilarejo e te alimentar.

— Não estou com fome. — Kagura fala confusa, cruza os braços e olha para o lado.

Um barulho alto deixa os dois em silêncio, era a barriga de Kagura. Sougo sorri cinicamente, Kagura fica com vergonha.


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