—Eu sei. - disse e respirei fundo antes de falar. - Foi a Clara, a sua falecida esposa.

Assim que disse essa frase Elliot me olhou como se não houvesse entendido o que havia falado, ele ficou calado durante um tempo olhando para a floresta como se processasse a informação que havia lhe contado.

—Ela está viva...Isso explica tudo…- Elliot sussurrou perdido em pensamentos e o olhei confusa.

—Você sabia que a sua esposa estava viva? - questionei surpresa por suas palavras.

—Claro que não. Para mim a Clara estava morta e enterrada, mas na última semana aconteceu algo que só nós dois sabíamos. - ele explicou ainda perdido em pensamentos antes de me olhar nos olhos. - E a Clara não é a minha esposa, legalmente ela abandonou o lar ao fingir que estava morta.

—Mas não é o que ela está dizendo por ai Elliot. Para ela, você ainda é o marido dela. - apontei seria enquanto olhava em seus olhos. - E o que aconteceu na última semana que o fez acreditar sem contestar que a Clara estava viva?

—Terça feira passada depois que deixei Ária na escola, estava dirigindo para o hospital e alguém ofereceu uma música para mim na emissora local. E só existia uma pessoa no mundo que sabia o quanto essa música era especial, porque era para ela também, quando escutei a música perdi o controle do carro de tão transtornado que fiquei, por sorte não causei um acidente. - ele disse ainda transtornado pelas lembranças.

—Você tem certeza que outra pessoa não sabia dessa música?

—Talvez sim, afinal ela tocou quando tive a minha primeira dança depois do meu casamento, mas ninguém saberia o quanto ela era importante para nós.

—Nós? Então, você ainda pensa na Clara como sua esposa? - questionei com ciúme e Elliot me olhou surpreso.

—Mas é claro que não. Depois de tudo o que ela fez na minha vida, você acha que ainda gosto dela?

—Porque não? Quando o conheci, você ainda era completamente apaixonado pela Clara.

—Porque ela foi a única que havia se interessado por mim. Ela foi importante na minha vida, afinal me deu uma filha, mas amar eu nunca amei a Clara, o que tínhamos era mais uma relação cômoda do que um relacionamento amoroso.

—Uma relação cômoda que durou muito tempo, e como ela mesma me disse, não importasse quantas vezes você era traído, no final você sempre acabava na cama dela. - disse furiosa e ele me olhou culpado por minhas palavras. - Você não vai tentar nem ao menos se defender? Dizer que ela está mentindo?

—Se eu fizesse estaria mentindo. - ele disse e ouvir sua declaração foi como receber uma golpe em meu coração.

Era como se todo o amor que Elliot sentia por mim estivesse ruindo como um castelo de areia levado pelas ondas do mar, porque se uma simples música do passado deles foi capaz de deixá-lo fora do eixo, o que não aconteceria quando ele visse-se Clara pessoalmente depois de tanto tempo?

—Leah...- Elliot sussurrou tentando se aproximar de mim assim que comecei a chorar.

—Não encosta em mim. - solucei com dor enquanto olhava em seus olhos. - Eu quero ficar sozinha.

—Não vou deixá-la sozinha.

—Pois se você não for eu vou. - disse me levantando do tronco antes de andar em direção a floresta e Elliot segurou o meu braço me impedindo de continuar andando.

—Eu sei que fui um idiota no passado, e sei que você não merecia ouvir nada do que a minha ex-mulher disse sobre o nosso passado, mas por favor, Leah, só me deixa explicar tudo, porque não quero que você ache que vou sair correndo para a Clara, porque isso não vai acontecer. Eu amo você, só você e mais ninguém. - ele disse olhando nos meus olhando, implorando com o olhar para que eu acreditasse nele. - O amor que sinto por você é tão forte e verdadeiro que seria capaz de dar a minha vida por você, e a única outra pessoa pela qual daria a minha vida sem pensar é pela minha filha. Se pudesse, apagaria tudo o que vivi antes de conhecer você, mas não posso fazer isso, porque apesar de não ter sido feliz no passado, ele me deu a minha filha e me fez chegar até você. Vocês duas, são o que tenho de mais precioso nessa vida, e jamais desistiria do seu amor por nada no mundo. Me perdoa se saber sobre o meu passado te machucou tanto, jamais quis te magoar. Só por favor, nunca duvide do amor que sinto por você.

Elliot tinha razão.

Não poderia julgá-lo pelo seu passado, afinal todos nós temos um do qual não poderíamos nos desfazer, mas se eu o amasse de verdade tinha que aceitar a sua história e ter em mente que aquilo havia ficado no passado. E que o nosso amor era o seu presente e o seu futuro.

—Me desculpe, você tem razão Elliot. Não posso achar que você vai deixar de me amar só porque a Clara ressurgiu dos mortos. Eu preciso confiar no que construímos juntos. - disse envergonhada por minhas desconfianças e Elliot concordou antes de me puxar para os seus braços, onde ele me abraçou apertando antes de dizer o quanto me amava.

Assim que nos acalmamos, ele pediu para que lhe contasse como havia encontrado Clara, e Elliot não ficou nada feliz quando soube que ela foi a responsável por ter me deixado desacordada na floresta em frente à casa de Cece.

—Você vai me prometer que vai tomar cuidado, que não vai se colocar em perigo. - Elliot disse olhando em meus olhos.

—Eu não sou uma humana frágil, Elliot, sou uma loba, e sei me defender muito bem, ainda mais quando ameaçada.

—Sei disso amor, mas você é a minha loba e não quero que nada de mal lhe aconteça, porque não sei o que faria da minha vida sem você. - ele disse e acariciei seu rosto de leve antes de concordar.

—Eu prometo tomar cuidado. - disse e ele sorriu antes de me puxar para o seus braços.

—Eu acho bom, porque ainda temos muito o que aproveitarmos juntos. - Elliot disse malicioso e sorri antes de passar meus braços ao redor do seu pescoço.

—E o que o doutor Marshall tem em mente? Acho que mereço uma amostra, para ver se vale a pena.

—Concordo plenamente. - ele disse malicioso antes de me beijar apaixonadamente me fazendo perder o equilíbrio das pernas, só não cai porque Elliot me segurou.

—Eu te disse Jacob, que a Leah escapou do almoço para agarrar o doutorzinho. - ouvi Paul dizer e Elliot se separou de mim o que me deixou frustrada.

—Porque vocês simplesmente não podem dar meia volta e esquecerem que nos virão? - questionei seria olhando para Jacob e Sam.

—Quem são eles? - Elliot questionou confuso para mim, pois ele não reconheceu os rapazes que acompanhavam Jacob e Sam.

—São meus irmãos de bando. Jacob e Sam, você já conheceu no almoço. O Jacob é o meu alfa, já o Sam é o alfa do bando de Paul. O insuportável. - disse apresentando-os.

—O insuportável porquê? - Elliot questionou confuso olhando para mim.

—Acho melhor controlar a língua Leah, lembra da última vez que brigamos? Acabei levando a melhor, já que foi você que quebrou o pulso. - Paul lembrou e o olhei com raiva, louca para quebrar a sua cara, mas fui impedida por Elliot que percebeu que meu “acidente” não havia sido como lhe contei.

—Espera um pouco, você não caiu no banheiro e machucou o pulso. Foi ele que te machucou. - Elliot disse sério enquanto olhava em meus olhos.

—Foi um acidente, nós brigamos e ele só estava se defendendo. - disse e pude ver a raiva dominando os olhos de Elliot.

Antes que pudesse impedi-lo, Elliot foi em direção a Paul e o segurou pela gola de sua camisa antes de chutar a perna dele, derrubando os dois no chão, em seguida ele passou suas pernas pelo pescoço de Paul enquanto segurava um de seus braços enforcando-o.

—Elliot, solte o Paul agora antes, que ele te machuque. - Jacob disse sério enquanto Paul começava a mudar de cor por causa da privação de oxigênio.

—Elliot, para com isso. - pedi e assim que meu namorado olhou em meus olhos soltou Paul imediatamente.

—Elliot, você está bem? - questionei preocupada assim que o ajudei a levantar.

—Isso é piada não é? Ele quase me matou Leah. - Paul disse rouco enquanto tentava se levantar.

—Isso é só um aviso. Se machucar minha mulher de novo eu te mato. - Elliot disse furioso enquanto olhava para Paul e o segurei.

—Quem ele pensa que é? O Bruce Lee. - Paul questionou ainda confuso assim que se levantou.

—Para de reclamar, você mereceu por sempre ser um idiota com a Leah. - Sam disse olhando para Paul.

—Como é que é? - Elliot questionou furioso antes de se soltar de mim e partir para cima de Paul, que pelo seu olhar não deixaria de revidar dessa vez.

Desesperada fiquei na frente de Elliot, porque jamais iria deixar que Paul o machucasse.

—Sai da frente Leah, isso é entre mim e o doutorzinho ai. - Paul disse tremendo de raiva, prestes a perder o controle.

—Eu não vou sair da frente Paul. Elliot é o meu imprinting e se quiser machucá-lo vai ter que passar por cima de mim. - disse furiosa enquanto olhava em seus olhos.

—Foi você que pediu. - Paul disse furioso enquanto começava a se contorcer prestes a se transformar.

Surpresa, senti Elliot me puxar para trás dele, como se quisesse me proteger de Paul, mas antes de ficar atrás dele impedi seu gesto, e o empurrei para atrás de mim, o que lhe deixou confuso.

—Leah. - Elliot sussurrou preocupado atrás de mim.

—Está tudo bem amor, sou mais forte do que você, só fica atrás de mim. - pedi sem tirar os olhos de Paul.

—Paul, já chega desse show. - Sam disse furioso empurrando Paul para longe de mim.

—Foi ele que começou.

—Elliot só estava defendendo a mulher dele de um idiota, porque é isso que você sempre foi com a Leah. E não vou permitir que a sua cabeça quente crie uma guerra que acabará com a nossa família. - Sam disse furioso enquanto olhava para Paul.

—Você só está defendendo ela porque a Leah é a sua ex-namorada.

—Já chega, é a sua hora de ir embora seu idiota. - Sam disse furioso e arrastou Paul floresta adentro.

Mas ele não obteve sucesso até o final, pois Paul se transformou em lobo e correu em minha direção, o encarei seriamente enquanto o lobo cinza escuro rosnava para mim.

—Você vai atacar ou só ameaçar? - questionei seria olhando em seus olhos e o lobo revirou os olhos antes de virar as costas e seguir para a floresta.

Eu sabia que apesar de ser um cabeça quente, Paul nunca seria capaz de causar uma guerra entre nós, ele prezava demais a nossa família assim como todos nós.

—Leah um, lobo estourado zero. - Jacob disse e todos riram assim que ouvimos um rosnado alto vindo da floresta.

—Amor, você está bem? - questionei preocupada assim que virei para vê-lo e percebi que Elliot estava mais pálido e gelado que o natural.

—Acho que não...- ele sussurrou antes de perder os sentindo e o segurei para que não caísse no chão.