“Magnus está dando uma festa--”

“Obviamente”. Jace a interrompeu.

“É uma festa de Natal!”. Clary gritou dando pulinhos, Izzy imediatamente se levantou e começou a falar sobre roupas, maquiagens e várias as outras coisas que o cérebro de Jace parou de processar, ele se resignou a se afundar no sofá.

Magnus sempre dava festas extravagantes, ele era dono de um galpão escondido no centro da cidade que era perfeito, sem falar que não havia muito tempo que Alec havia começado a trabalhar como bartender lá. Jace às vezes fazia uns bicos como segurança ou organizador de fila, era bom ter amigos com contatos.

Mas como todos se conheceram era outra história, por hora os amigos estavam mais preocupados com o evento da Mistletoe Party.

“Muito extravagante?” Izzy perguntou com um cabide em mãos com um vestido vermelho, justo e decotado, o tecido era de veludo e o tom lembrava o de uma pedra rubi, ficaria absolutamente lindo nela.

“Izzy, nada é extravagante em você”. Clary se sentou na cama, ela tinha um sorriso largo. Izzy colocou o vestido contra o corpo de uma olhada no espelho parecendo insatisfeita, o que era totalmente absurdo.

“Acho que não tenho sapatos que combinem com isso”.

“Todos os seus sapatos combinam com tudo”.

A morena pendeu a cabeça para o lado meio que concordando.

“E quanto a você? O que usar? Vamos sair para comprar?”

“Eu tenho uma saia preta que ainda não usei, e pensei em pegar emprestado aquele seu corset maravilhoso que você usou na festa de Halloween”.

“Sim!” Izzy imediatamente foi até o armário e tirou a peça em questão, era um corset com um tecido brocado em preto com dourado, com os fechos frontais e detalhes em couro com fivelas. “Mas não é muito espírito Natalino”.

“É o Magnus, tenho certeza que o espírito natalino estará em outros lugares, menos nas roupas”.

—/-

“Magnus, você quer que eu use o que?” Alec repetiu se fingindo de surdo, como se não tivesse ouvido a coisa mais absurda.

O anfitrião lhe sorriu, seus olhos brilharam levemente em dourado. Ele podia ou não estar brincando quando sugeriu que o barman trabalhasse apenas com uma sunga vermelha, se Alec aceitasse ele certamente não iria reclamar, mas como ele obviamente era contra, bom não havia nada a ser feito.

“Não dê atenção ao que ele fala”. Raphael comentou girando os olhos e tirando as bebidas recém chegadas das caixas e as organizando num canto para a contagem.

“Vocês dois não deveriam trabalhar juntos, eu não gosto dessa dinâmica sarcástica que vocês formam”.

Alec sorriu satisfeito. Raphael o ignorou.

Magnus franziu o cenho, realmente não gostava. Se levantou e saiu andando pelo salão, ainda havia muito o que arrumar.

“Ah Alexander, antes que eu me esqueça”. Sinalizou para que o outro o seguisse.

“Sim?”

“Você está encarregado de pendurar os Mistletoes pelo salão, lembre-se de não ser óbvio”.

“Eles vão estar enfeitiçados e não queremos as pessoas paradas segurando a fila do banheiro, eu já sei”.

“Não era bem isso que eu quis dizer, mas você entendeu. Ótimo”. Bateu as mãos e começou a sumonar coisas pelo salão.

Alec não esperou duas vezes em voltar ao bar, olhando para cima em busca dos lugares perfeitos e não tão óbvios assim.

“Se você não me disser onde todos vão estar, eu não venho nessa festa”. Raphael declarou parecendo desinteressado, mas seus olhos estavam ligeiramente arregalados para ser apenas seu tom casual.

Ele certamente se preocupava em ficar preso com alguém que ele não queria beijar.

“Nós não queremos que isso aconteça, de qualquer forma, eu preciso de ajuda, não são muitos, mas…”

“É o Magnus”.

“É…”

Alec odiaria causar uma má impressão em seu chefe.

—/-

“Por que são sempre runas?” Jace perguntou enquanto Clary desenhava em seu pulso, o mesmo símbolo para todos.

O de Izzy já estava pronto, desenhado e acentuando seu colo e o decote em v em seu vestido. Simon tinha um no pescoço, já que estava usando mangas compridas.Clary tinha um no mesmo lugar que Jace.

‘Do que está reclamando? Nós entramos sem pagar”. Izzy jogou os cabelos para trás.

Eles também não precisavam ficar na fila, Clary conhecia Magnus e Alec trabalhava no bar, também havia Raphael que jurava que não era barman, mas era sempre lá que Simon o via, fazendo bebidas, principalmente as suas, também havia o detalhe que eles estavam saindo.

Já haviam trocado números e ido a alguns encontros.

“Magnus disse para prestar atenção nos Mistletoes espalhados”. Clary comentou de repente enquanto eles entravam e fugiam do frio ao lado de fora.

“Sim, eles estão enfeitiçados”. Izzy comentou.

“Como é?” Jace imediatamente segurou o braço de Clary a trazendo para mais perto. Ela deu uma cotovelada no namorado.

Simon controlou muito mal o riso com Jace tropeçando após Clary ter pisado em seu pé para deixá-la andar sem uma sombra.

Alec já estava ocupado no bar que estava movimentado como sempre. Magnus veio os recebê-los como de costume. Definitivamente não havia nada natalino nas roupas dos convidados, alguns tons de vermelho aqui e ali como o vestido de Izzy, mas de resto os tons neutros dos convidados permaneciam os mesmos.

A decoração é claro estava deslumbrante, com galhos brancos e bolas douradas penduradas e alguns cordões de folhas caindo em cascatas por algumas passagens e parecia existir de fato uma fonte que não existia até algumas semanas atrás.

“Cupcake”. Magnus beijou o rosto de Clary e Izzy.

“Devemos nos preocupar com os feitiços espalhados?” Izzy perguntou divertida.

“Curiosamente eu não sei onde todos estão. Alexander foi o responsável pela distribuição, não são muitos, não sou nenhum casamenteiro, é apenas pura diversão”. O último comentário foi voltado para Jace que estava fingindo não estar ouvindo.

“É claro”. Clary concordou com seu melhor sorriso.

Simon milagrosamente conseguiu se sentar num banco, provavelmente Raphael havia espantado alguém antes que ele chegasse. Raphael empurrou uma bebida que parecia um frappuccino num copo de whiskey.

“Tem café nisso”. Simon sorriu satisfeito lambendo os lábios. “E Vodka, uau”.

“White Russian, você bebe tanto café que imaginei que iria gostar dessa”.

“Ele treinou bastante”. Alec comentou enquanto pegava uma garrafa.

“Cala-te”. Raphael sibilou em espanhol.

Simon se debruçou no balcão e segurou a mão do namorado. “Acho que nós estamos debaixo de um Mistletoe, você tem que me beijar”.

Raphael chegou a olhar para cima, o que era absurdo, ele sabia onde todos estavam, Alec jamais colocaria um no bar onde ele poderia ficar preso com qualquer um. Todos sabiam que Alec e Magnus estavam dançando demoradamente, mas só tinham olhos um para o outros, chegando ao ponto de ser invernante.

“Tolo”. Mas os lábios de Raphael se torceram num sorriso enquanto ele também se inclinava para beijar seu namorado apropriadamente.

Alec girou os olhos.

“Eu gostaria de um Alexander”. Magnus parou bem na frente de Alec que ergueu a sobrancelha num questionamento silencioso, mas pegou a garrafa de conhaque para preparar o drink.

Alec não costumava preparar bebidas para Magnus, normalmente Raphael cuidava disso. Mas ele ainda estava ocupado com Simon, e os outros atendentes estavam atarefados.

Ele gostaria de não corar enquanto fazia bebida para seu chefe, mas Magnus não tirava os olhos de seu rosto. Suas mãos estavam tremendo levemente.

“Eu gostaria de um beijo de anjo”. Clary comentou parando ao lado de Magnus.

“Eu deveria fazer um tema especial de dia dos namorados? Com todas as bebidas como tipos de beijo?” Magnus estava falando sozinho, mas Clary sorriu com a ideia.

“Seria bem popular”.

“Seria um pesadelo”. Alec comentou fazendo uma careta já imaginando todas as cantadas que iria ouvir.

Magnus balançou a mão o dispensando, enquanto obviamente já estava planejando o cardápio.

“Pode incluir beijo de Vampiro?” Simon comentou chegando mais perto dos amigos. Magnus encarou Raphael em questionamento. “O que? Temas de Halloween são legais”.

Raphael deu de ombros.

“Ele tem razão. Por isso, a sua runa é no pescoço? Você quer me dizer alguma coisa?”

Alec encarou os céus pedindo paciência. Raphael e Simon conseguiam o dom de ignorar a todos para agirem como um casal insuportável e ele certamente nunca esperou isso de Raphael.

Magnus tinha um sorriso divertido enquanto observa os dois, e antes de voltar seu olhar para Alec, a bebida foi empurrada em sua direção.

A apresentação estava agradável. Servido numa taça, com uma canela flutuando, as bebidas normalmente eram salpicadas com canela, mas talvez fosse algo especial. Algo entre eles.

Magnus apreciava esses pequenos momentos.

Alec o olhava com expectativa. “Bom?”

“Talvez eu prefira o original”.

Alec engasgou sozinho. Raphael deu um tapa exageradamente forte em suas costas. Clary tinha um olhar de pena para o amigo.

“Está ótimo”. Acabou concluindo sua resposta em favor do rosto vermelho de Alec.

“Magnus!” A voz alta de Jace soou próxima e irritada. Todos se viraram na direção, e Jace estava de braços cruzados, um outro rapaz de cabelos loiros estava encarando o teto.

“Você achou um dos Mistletoes”. Magnus cruzou as pernas e olhou satisfeito para sua criação, os dois rapazes estavam presos num círculos particularmente pequeno.

Simon ergueu o celular começando a filmar.

“Magnus, desfaça isso”. Jace tentou usar seu tom ameaçador, mas não funcionava com ninguém. Magnus ergueu a sobrancelha em desafios, e então deu de ombros.

“Eu não posso, não é assim que funcionava, basta resolver a situação”. Disse gesticulando com a mão.

“Magnus…” O rapaz o encarou torcendo o rosto. “Por favor?”

“Sebastian querido, eu realmente lhe faria esse favor, mas não dá pra quebrar o encanto de um Mistletoe, basta seguir as regras”.

“Clary pode me tirar daqui?” Jace perguntou apontando para a namorada.

“Não, vocês já estão presos”.

“Jace, é só um beijo”. Clary tentou amenizar a situação para o pobre Sebastian.

“Clary--”

“Ah vamos logo com isso”. Sebastian puxou Jace pela jaqueta o beijou. Simples, rápido, encostou os lábios com um pouco mais de força do que o necessário. Jace ficou em choque e a magia ao redor deles se desfez.

Sebastian foi o primeiro a sair do círculo. Ele sorriu na direção de Clary.

Jace se aproximou tentando não parecer constrangido.

“Viu? É como puxar um band-aid”. Magnus comentou se levantando da banqueta com sua bebida em mãos, ele a ergueu na direção de Alec que sorriu abertamente, normalmente do jeito que sorria para seus irmãos.

De um jeito carinhoso.

Magnus se viu perdendo a pose e quase tropeçando no nada.

“Nós não vamos falar sobre isso”. Jace encarava o mármore do balcão.

“O que posso te servir?” Raphael perguntou tomando o lugar de Alec. “Virgin? Sex on the beach? Orgasm? I kissed a boy and I liked?”

“Você está apenas inventando nomes”. Jace retrucou frustrado.

Alec empurrou Raphael para atender seu irmão.

Nenhum deles caiu em nenhuma armadilha depois disso, aparentemente só havia aquela pelo salão, e ficava num canto, após algumas mesas, para pessoas querendo fugir de esbarrar na pequena multidão.

“Como assim eu perdi esse momento?” Izzy colocou a mão na cintura. Jace girou os olhos e Clary se apiedou do namorado o beijando para distraí-lo.

“Eu gravei”. Simon estendeu o celular.

A noite se estendeu, o assunto Jace foi esquecido após algumas horas, quando todos decidiram se retirar já eram quase seis da manhã. Alec e Raphael precisavam ficar e cuidar de algumas coisas.

Felizmente arrumação não era completamente necessário já que Magnus podia fazer tudo estalando os dedos.

“Eu te dei seis, mas eu só vi cinco”. Magnus comentou indo na direção de seu escritório no segundo andar.

Alec vinha logo atrás. Assim que abriu a porta da sala, ele se viu preso na própria magia, encarou o teto e então seu funcionário.

“Ah Alexander, você não cansa de me surpreender”.

“Eu confesso que fiquei curioso”. Alec comentou envergonhado, de repente se sentindo pequeno.

“Com o que?” Magnus se aproximou ainda mais, dava para sentir os limites da barreira, fazia cócegas em sua nuca.

“Se você iria quebrar o seu próprio feitiço”.

“Como eu disse, não é tão simples assim, mesmo para mim. Além do mais, é uma festa, é para ser divertido”.

Alec assentiu, seu olhar se perdendo nos lábios de Magnus. Ele tomou a iniciativa ao beijá-lo, as mãos deslizando pelo rosto de Magnus até seus cabelos. E Magnus se viu retribuindo com a mesma paixão.

“Isso também é para ser divertido?” Alec perguntou recuperando o fôlego.

“Você não faz ideia”.

E quando eles voltaram a se beijar, não havia mais feitiço, não havia nenhuma obrigatoriedade, além da própria vontade.

Raphael deixou o Pandemônio com um sorriso satisfeito. Simon estava o esperando do lado de fora da van.

[...]

“Você sabe, não fui eu quem colocou o Mistletoe na sua sala”. Alec comentou mais tarde, quando os dois estavam acertando suas roupas.

“Oh. Eu devo agradecer a Raphael então”.

“Acho que sim”. Alec sorriu de volta.

Magnus estendeu a mão e Alec entrelaçou os dedos aos dele.

“Está nevando aqui dentro?” Alec perguntou ao ver pequenos flocos de neve caindo dentro do salão fechado.

“Eu posso ter perdido o controle”. Magnus de um sorriso encabulado, enquanto girava os dedos com pequenas chamas azuis e fazia a magia desaparecer.

“Magnus, você é incrível”. E Alec surpreendeu Magnus e a si mesmo, ao beijá-lo novamente, enquanto os últimos flocos de neve caíam.