Bakugou e Jirou estavam novamente no sofá do salão comum. Quando Katsuki chegou, a garota já estava lá. A semana inteira foi muito corrida. Eles mal se viram. Foi a semana de provas e eles estavam muito concentrados em revisar todos os assuntos o quanto pudessem.

Kyouka preferiu fazer isso com Yaoyorozu. Ela foi categórica na recusa de continuar estudando com Bakugou. O loiro podia saber muito, porém, não era o mais indicado para ensinar. Além do mais, Momo era incontestavelmente - para irritação de Katsuki - a mais inteligente da sala. E ela precisava aprender Matemática, sério.

Depois de tanto esforço, agora eles finalmente iriam se atualizar sobre a progressão da “operação kiribaku” e como estava indo a superação de Jirou.

Felizmente, Kyouka parecia um pouco mais acostumada com o fato de Todoroki ter levado Yaoyorozu. Ela nem mesmo quis falar mal do Meio a Meio! Afirmou que se ele deixava Momo feliz, então ele não podia ser tão ruim.

Claro, ainda era dolorido e Jirou ainda estava tendo alguns problemas para lidar com a súbita aproximação física da outra garota. Contudo, ela conseguia não enlouquecer com cada abraço.

Ao contrário de Bakugou, que parecia cada vez mais confuso e perturbado com relação à Kirishima. O loiro disse que o havia provocado ao exigir um abraço no dia anterior, quando estavam estudando e que Kirishima havia deitado a cabeça sobre seu ombro, agradecendo por estar ensinando-o o tempo inteiro.  

— Sabe, acho que se você pedisse mais e exigisse menos, Kirishima poderia já ter percebido o que você quer - Jirou bufou encostando as costas em bakugou e cruzando os braços.

— Ei! Eu não tenho que pedir nada - Katsuki contrariou passando o braço envolta dela - além do mais, eu… tentei… - Katsuki murmurou, apertando Jirou com mais força do que o que ela gostaria e batendo o queixo no topo da cabeça dela.

— Bakugou, você tentou o quê? - Ela perguntou com um pouco de esforço e empurrando os braços do garoto para que ela conseguisse voltar a respirar.

— Eu tentei beijar ele de novo - Bakugou cuspiu rapidamente antes de urrar e afundar a cabeça nos cabelos de Jirou.

— Você o quê?! Como o foi isso? Explica direito. - Kyouka interrogou curiosa tentando virar-se para encará-lo, sem muito sucesso porque ela estava presa por ele.

— Eu segurei aquela cara imbecil dele. Eu quase… porra, aquele Pikachu filho da puta - Katsuki suspirou frustrado e deslizou no sofá, deixando a cabeça pender no encosto.

— Ok, nunca mais acuso você de não ser direto - Jirou brincou conseguindo virar o tronco para encará-lo agora que ele a havia soltado. - Como Kirishima reagiu?

— Aquele idiota pensou que eu estava brigando com ele.- Bakugou bateu a mão na testa - Por que caralhos eu ia segurar o rosto dele se eu quisesse brigar?!

— Bem, você costuma explodir os garotos no rosto - Jirou lembrou puxando a mão de Bakugou do rosto e o fitando sarcástica - Aposto que você não foi a representação da delicadeza quando o segurou.

— Eu peguei assim - Katsuki bufou pondo a mão direita no queixo de Jirou, apertando as bochechas da garota para demonstração.

— Viu? - Ela revirou os olhos, a voz saindo um pouco desarticulada por causa da mão de katsuki - Eu também teria certeza que você ia me matar se me segurasse assim - Jirou afirmou afastando a mão de Katsuki.

— Por que caralhos isso é tão estressante? - Bakugou exalou cansado, puxando Jirou para o seu colo e enterrando o rosto no ombro da garota.

— Alguém está bem carente, hoje, ein? - Kyouka reclamou, ainda assim erguendo a mão para afagar o cabelo do garoto.

— Quieta, eu gosto de um retardado. Eu tenho o direito - Katsuki rosnou roçando o nariz nos cabelos de Jirou.

Kyouka já estava até acostumada com isso. Apesar da vergonha inicial, agora era até divertido quando ele era carinhoso em excesso. Ela podia provocá-lo por ser tão meloso, o que sempre rendia boas risadas por parte da reação do garoto.

Ok, geralmente não demorava tanto assim, e ele também não usava a outra mão para empurrar a cabeça de Jirou na direção do rosto dele.

— Bakugou - Jirou chamou com uma calma séria - O que você está fazendo?

— Cheirando - Ele respondeu curtamente, com sua irritação natural da voz - Ei, Orelha, eu nunca perguntei, mas o que é esse cheiro?

— Ahn… shampoo? - Kyouka disse com ironia - Sabe, é uma coisa meio líquida que as pessoas usam para lavar o cabelo. Pode ser o sabonete também, algo parecido com sabão que os humanos usam… - Katsuki a apertou bruscamente, uma reprimenda por estar sendo tão sarcástica - Ok. Parei.

— Porra, eu tinha esquecido como esse negócio é cheiroso - Katsuki afirmou enterrando o rosto ainda mais fundo na curva do pescoço de Jirou.

— Ok, esse negócio é uma pessoa. Então não exagere, ok? - Kyouka reclamou encolhendo o pescoço e cutucando-o com um dos fones.

Bakugou pensou que a garota fosse atacá-lo quando sentiu a ponta do fone na sua bochecha, por isso o segurou para afastá-lo. O que ele não esperava era que Jirou saltasse como um gato assustado, quase caindo no chão se Bakugou ainda não tivesse um braço em torno dela.

— Nunca, nunca, mas nunca mesmo, faça isso de novo entendeu?! - Ela brigou puxando os dois fones protetivamente para o peito.

— Mas que porra? O quê?! Fazer o quê? - Ele indagou confuso.

— Meus fones! - Ela ganiu com um beicinho, tentando sair do colo de Bakugou, sem sucesso - Não toque neles sem me avisar.

— Por que não?! - A explicação só pareceu deixar tudo ainda mais confuso.

— Eles são sensíveis!

Isso não era óbvio?!

— Você usa eles para atacar!

— É totalmente diferente! - Kyouka berrou mais alto do que pretendia.

— Porra nenhuma - Katsuki resmungou soltando-a e deixando os braços soltos ao seu lado.

— Ok, você ataca com seus braços, certo? - Jirou começou depois de um suspiro. Bakugou confirmou com um grunhido entediado - Feche os olhos e me dê sua mão - Ela ordenou ajustando-se para ficar sentada de lado no colo do garoto.

— Por quê?

— Só faz, anda - Ela revirou os olhos.

Depois de estalar a língua, Katsuki concordou. Ele precisou avisar que já havia fechado os olhos - havia pouca luz no ambiente - quando o fez, Jirou colocou a mão dele nas suas. Lentamente, ela roçou a ponta dos dedos sobre a costa da mão do garoto por alguns segundos. Depois caminhou até a palma da mão e, delicadamente, arranhou-lhe o pulso, subindo os dedos vagarosamente pelo antebraço.

Bakugou retesou a coluna e contraiu um pouco o braço, ele a fitou de olhos arregalados, muito surpreso com a sensação.

— Viu? Completamente diferente.

Apesar de Kyouka estar contra a luz, Katsuki sabia pelo brilho dos olhos que ela estava rindo dele. Bakugou a conhece bem o suficiente pra saber que aquele olhar travesso acompanha um sorriso de deboche. O que lhe rendeu uma ponta de frustração, porque seu cérebro se recusou a encontrar uma boa resposta para ela, então ele permaneceu calado.

— Agora, não toque nos meus fones - Ela ordenou novamente se enterrando no colo dele. - Então, sobre Kirishima, você ficaria irritado se eu fizesse algumas perguntas para ele? Nada muito óbvio, só tentar enfiar alguma noção naquele tubarãozinho. Eu não sou muito indicada para bancar a casamenteira, então eu entendo se você achar que é uma má ideia.

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No dia seguinte, como era sábado e as provas tinham acabado, a turma fez sessão de cinema na sala principal. Uma pausa merecida depois de tanto esforço. Eles são só adolescentes, eles precisam de uma pausa.

Jirou não sabe muito bem o porquê, mas quando deu por si, já tinha se enfiado debaixo do braço de Katsuki e estava confortavelmente aninhada nele. Claro, Ashido não podia deixar de provocá-los sobre isso, pois Jirou foi única e diretamente para lá assim que entrou na sala.

— Você tá é com inveja porque eu sou quente e confortável e não tem mais espaço para você aqui. - Bakugou retrucou com um sorriso arrogante puxando Kirishima que estava ao seu lado - Pega o seu espaço aqui, Cabelo de Merda.

Eijirou prontamente se acomodou no outro braço de Katsuki. Kyouka não gostou muito. Pelo contrário, ela se incomodou tanto de dividir Bakugou com Kirishima que nem sequer conseguiu esconder, deixando transparecer uma careta irritada.

Por sorte, Ashido - que sentou-se ao seu lado - não percebeu. Ou ela teria que ouví-la novamente. Com um suspiro e o pensamento de que o propósito de tudo isso era que esses dois finalmente se acertassem, Kyouka estapeou o incomodo para longe. Afinal era Kirishima que estava dividindo Bakugou com ela, não o contrário. E porque ela estava pensando em Bakugou como uma propriedade?! Não, estava tudo bem. Bakugou era seu amigo, Jirou tinha maturidade suficiente para não se importar com o fato de que o possível futuro namorado do loiro estava encostado no lado direito dele. Não era nada demais, até porque ela tinha todo o lado esquerdo para se acomodar. Bakugou era grande o suficiente para aninhar os dois.

Até Kirishima começar a invadir o SEU espaço.

O filme ainda não estava nem na metade e o ruivo já estava enfiando o braço ao redor da cintura de Katsuki, por TODA a cintura, incluindo o lado esquerdo - o lado DELA.

— Ei - Kyouka ergueu a cabeça e chamou Katsuki com a maior cara de pau da  face da terra ao fingir indiferença - eu quero me encolher, mas não quero chutar Ashido, eu posso colocar minhas pernas entre as suas? - Ela pediu baixinho para não atrapalhar o filme.

Katsuki apenas encolheu os ombros e afastou um pouco as pernas. Jirou prontamente ergueu os joelhos, deixando-os apoiados na coxa esquerda de Bakugou enquanto suas pernas pendiam entre as dele, um dos pés enfiados na dobra do joelho direito do garoto.

Ela ficou um pouco desconfortável, entretanto, Kirishima recuou. Kyouka aproveitou para enlaçar a cintura de Bakugou por completo. Ela tentou não sorrir com a pequena vitória birrenta, porém não conseguiu esconder que gostou de tomar posse do loiro quase todo para si.

Contudo, não demorou para que ela sentisse um pouco de dor nas costas, então ela deslizou um pouco mais para longe, apoiando a cabeça no ombro de Bakugou, ao invés do peito.

Inconscientemente, Katsuki apertou Jirou um pouco mais e inclinou o rosto para o lado, roçando o rosto do cabelo dela.

Kyouka ergueu a cabeça, acreditando que o garoto estava chamando sua atenção para algo. Entretanto, Bakugou continuava com os olhos no filme, apesar de seu queixo, boca e nariz estarem roçando na orelha da garota punk, fazendo a rir.

— O quê? - Katsuki percebeu a risada de Jirou e olhou na direção dela com uma sobrancelha erguida.

— Isso faz cócegas.

— isso o que?

— Sua cara no meu ouvido, então pare - Ela brincou empurrando-o pelo queixo para cima.

— Você quer saber o que é cócegas, Orelha, então… - Bakugou começou com um sorriso audaciosos.

Porém, quando ele estava prestes a começar outra briga idiota com Jirou, Katsuki acabou acertando o cotovelo no rosto de Kirishima e o ruivo sentiu.

— Ai!

— Porra, eu acertei você, Kirishima. Ei, tá doendo? - Bakugou perguntou estalando a língua.

— Não foi nada, Bro. Tá tudo bem - O ruivo sorriu docemente - Vamos voltar a ver o filme, essa é a melhor parte.

Voltando a recostar-se em Bakugou, Kirishima terminou a briga antes mesmo de começar. Foi a primeira vez que Jirou ficou irritada com Kirishima por ter se intrometido.