Counting Stars escrita por Dani


Capítulo 14
O Baile - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

BOA GENTEEEEE IHAAAAAA
Tudo okay? Espero que estejam bem, e olhai, como prometido tentei não demorar TANTOOO pra essa att

Espero que gostem e obrigada por tudo ♥



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Poseidon o olhava dos pés à cabeça, apoiando o queixo em uma das mãos, enquanto um sorriso orgulhoso começava a se formar nos lábios parcialmente escondidos pelo bigode espesso e bem cuidado.

— Este lhe agradou senhor Poseidon?

Um homem vestindo uma camisa social verde musgo por baixo de um colete preto perguntou ao lado do mais velho, também sorrindo para o reflexo de Percy no espelho.

— Com certeza, por favor embale esse e o vintage vinho do mesmo tamanho, e o mais novo da sua coleção para mim, coloque na minha conta.

O funcionário sorriu, fez uma rápida reverencia e saiu animado.

— Vou lhe devolver assim que a festa acabar — Percy cuspiu, enquanto dobrava cuidadosamente o terno azul e começava a desabotoar a camisa social.

— Ele é seu, não precisa me devolver.

— Eu não quero nada de você, vou pra essa festa idiota pra você sair do meu pé, só isso.

Poseidon riu.

— Eu ainda sou seu pai Percy, devia ter mais cuidado ao falar comigo.

— Ou o quê? Vai me colocar de castigo?

O mais velho não respondeu, o sorriso vacilou por um instante, mas voltou rapidamente a marcar a face bem tratada do homem.

— Não, mas você sabe que eu tenho tentado, mas você não Percy, estou tentando retomar sua confiança, mas você tornar tudo isso mais desgastante do que deveria ser — Poseidon falou, não escondendo o cansaço em sua fala.

Percy sentiu o corpo ficar rígido e um peso tomar seus ombros. Ele estava mesmo o culpando por algo que Poseidon causou? Uma risada sem graça escapou do mais novo, que se virou para o pai com uma postura tão séria quanto.

— Você está me culpando por algo que causou?

— Percy, eu não estou lhe culpando por nada, mas qualquer pessoa ficaria desgastada na minha posição.

— Na posição que você se colocou — Corrigiu.

Poseidon massageou os olhos fechados e cansados, enquanto suspirava contido.

— Eu sei o que eu fiz, mas eu não me arrependo de ter tido Tyson ou Tritão, e nem controlo meu amor por Anfitrite, eu só sinto muito pela forma como eu fiz, como eu machuquei você e sua mãe, jamais foi minha intenção.

Percy escutava tudo aquilo e parecia que alguém havia lhe enfiado uma faca. Estava começando a sentir novamente os pulmões falharem consigo e a falta de ar se instaurar, escondeu as mãos suadas embaixo do terno dobrado e pendurado em suas mãos, e tentava se convencer que ninguém mais no lugar podia escutar o seu coração bater acelerado.

Era duro escutar Poseidon admitir que não se arrependia de ter tido outros filhos ou se apaixonado por outra mulher, era ainda mais difícil notar como ele se esforçava para ser a vítima daquela situação, quando quem realmente sofreu foi um Percy que na primeira vez ainda não havia nem mesmo nascido e posteriormente quando era novo demais para entender os erros do homem que apareceu repentinamente dizendo ser seu pai. E claro sua mãe, Sally, que teve que passar por uma gravidez inesperada praticamente que sozinha, se sustentar com as migalhas que recebia de pensão e cria-lo tendo que abdicar de seus sonhos e do seu próprio bem estar para trazer algo para casa e proporcionar uma boa educação e vida.

Claro, Percy era grato por Tyson que havia sido a única coisa boa que saiu de tudo aquilo, e sabia que não havia como ordenar ao coração do mais velho que continuasse amando sua mãe, mas ele falava de uma forma quase como se orgulhasse da traição, sendo sua única desculpa sua própria fraqueza.

Para Percy, Poseidon era mais que fraco, ele era um covarde e inconsequente, sempre fugindo quando mais precisavam dele, quando ele precisava dele. Sempre aparecendo para lhe dar falsas esperanças quanto a sua relação. Foi duro crescer sem um pai, mas foi pior ainda crescer sendo visto apenas como uma ferramenta. Pois era exatamente assim que Poseidon o fazia sentir.

A raiva se inflamava pelo peito de Percy, ele queria tanto falar tudo o que sentia, como ele só era requisito para ser mostrado em festas e reuniões das empresas, como ele estava triste e magoado, como a simples presença do pai o machucava.

Mas ele não conseguia, nunca conseguia. E ainda olhando para a face... cínica, do homem no meio daquela loja de elite, ele sabia que hoje também não seria esse dia.

E começou a se acalmar com sua técnica de respiração.

10...

— Estou indo — Percy falou, se dirigindo para o trocador.

9...

— Vou vê-lo mais tarde? — Perguntou, parecendo ignorar todo o discurso feito anteriormente.

8...

— Eu disse que estaria lá, eu cumpro a minha palavra.

7...

O homem sorriu.

— Obrigado Percy...

6...

— É muito importante para mim que você esteja me dando essa chance.

5...

Percy não respondeu, acenando com a cabeça.

— Ah, Percy, e sobre o que eu falei, é verdade, eu realmente sinto muito.

4...

 Percy apenas fez um murmúrio assentindo.

3...

— Você pode ao menos realmente pensar nisso, realmente levar em consideração?

2...

Percy respirou fundo, levantou sua cabeça determinado e apenas respondeu.

— Sim.

1.

[...]

Aquele era um dos lugares mais ricos que Percy já havia visto. O salão era branco e brilhava como se ele estivesse coberto de verniza, os adornos nas paredes e no chão eram em dourado com desenhos florais sutis. As escadas que levavam para o próximo andar tinham o corrimão e a sacada do primeiro andar cobertas de luzes pequenas e que davam a impressão que pequenas estrelam se arrumavam pelo caminho.

Ao redor das entradas e corredores, haviam vasos com arranjos de flores de coloração clara, mas que trazia um contraste agradável com a claridade do lugar.

Era bonito e com certeza ostentava toda a fortuna da Olympus a empresa que infelizmente era da sua família.

Percy havia chegado naquela comemoração com Poseidon antes mesmo de começar sendo um dos primeiros a comparecerem, juntamente é claro com Hades e Zeus os outros dois responsáveis pela empresa, e seus primos pela graça dos deuses.

A primeira a se aproximar, cumprimentando com um sorriso o mais velho e Percy, estava Hazel. A garota usava um vestido deslumbrante, indo até seus pés, por pouco cobrindo as delicadas sapatilhas cinza encrustadas de joias, um vestido que tinha um degradê indo do preto ao amarelo chamuscado, o tecido parecia brilhar nas luzes brancas do lugar e faziam Hazel se destacar.

Percy sorriu pela primeira vez naquela noite.

— Você está deslumbrante Haze — Falou carinhosamente, depositando um beijo na mão da garota que apenas riu com o gesto.

— Obrigada, e você também está lindo Percy.

O Jackson riu baixo, brincando ao fazer uma pose de modelo para mostrar a roupa ­– por mais que ele odiasse.

— Hazel você está realmente linda querida — Poseidon elogiou, a Levesque sorriu também para o tio, assentindo em agradecimento.

O mais velho olhou para Hades e Zeus reunidos em um canto, o olhando e fazendo um gesto para que se aproximasse.

— Se me dão licença, devo falar com meus irmãos, mas fiquem à vontade logo nossos convidados chegarão — O homem sorriu mais uma vez e se apressou.

Hazel sustentou o sorriso enquanto acompanhava o tio até que se encontrasse com seu pai, e quando confirmou que estava longe o suficiente, virou-se para o moreno.

— Estou surpresa que esteja aqui Percy.

— Eu também, mas ele não me deu muita escolha, me fez até usar essa roupa.

— E você não soltou nenhuma gracinha desde que chegou? — Hazel assoviou, zombando — Estou impressionada.

Percy riu.

— A noite é uma criança priminha.

Os dois riram juntos.

— Mas então? Onde estão os outros? Tenho certeza que Zeus deve ter forçado Jason a vir, e Jason deve ter convencido Thalia, além de que tenho certeza que Hades convenceu Nico e Bianca a virem.

Hazel colocou um dedo sobre o queixo, pensativa.

— Sim, eles vieram, mas não sei onde estão na verdade, Jason deve estar tentando convencer Thalia a permanecer aqui junto com a Bianca, e quanto ao Nico, o vi no Jardim na última vez.

— O que ele estava fazendo?

— Não sei, invocando espíritos noturnos?

Riram novamente, baixo e sem chamar a atenção.

— Bem, vamos sair daqui, e encontrar pessoas mais interessantes — Percy ofereceu o braço para Hazel — Me acompanha bela dama?

Hazel sorriu para o gesto, fez uma pequena reverência puxando as laterais do vestido e agarrou o braço do primo.

— Com certeza, meu senhor.

E de braços dados saíram andando, enquanto buscavam seus amigos.

[...]

Após encontrar Thalia escondida com uma garrafa de champanhe, enquanto Jason tentava controlar a irmã e a tirar da vista de seu pai, e em seguida encontrar Nico sentado apreciando o jardim enquanto Bianca lia um livro ao seu lado, sendo iluminada apenas pelos postes distribuídos pela propriedade.

Percy foi obrigado a recepcionar os convidados, ele preferia ter ficado no jardim, sentindo a brisa fria e aconchegante que fazia naquela noite, enquanto conversava sobre a vida e faculdade com os irmãos Di Angelo – Levesque, mas Poseidon tinha outros planos.

Ele fez Percy acompanhá-lo enquanto saltava de grupo em grupo, escutando conversas sobre bebidas ou as férias de alguém, era claramente uma tentativa de manter boas relações com a alta sociedade e possíveis investidores, Poseidon falava e a única tarefa de Percy era sorrir e se portar com educação e demostrar humildade quando o mais velho elogiava suas conquistas na universidade.

Era o único momento que Poseidon se interessava pela sua vida.

Após o que pareciam ser algumas horas, o garoto já sentia ter andado o salão inteiro e falado com cada homem, mulher e velho barrigudo daquele lugar, já sentia sua bochecha dormente dos apertos que havia recebido de senhoras gentis e admiradas. Ele estava cansado e estressado, e por isso quando teve uma abertura, se distanciou sem ser notado – o que não foi tão difícil – e respirou aliviado quando finalmente se escondeu perto de um dos enormes arranjos florais do lugar.

Ele poderia ter ficado lá pelo resto da noite, ou ido procurar algum de seus primos, quem sabe encher um pouco a cara junto com Thalia e ignorar o tédio e inquietação desagradável que aquele evento lhe proporcionava.

Até que a viu.

Usando um vestido azul longo, claro, decotado e justo ao corpo que brilhava a cada movimento da garota que agora mais parecia uma mulher com um ar muito mais maduro e sensual. Seus cabelos antes caídos como uma cascata dourada sob seus ombros, agora estava preso em um coque bem elaborado, mas que ainda permitia com que alguns cachos deslizassem sobre o pescoço destacado da garota.

Aquilo fez o garoto estremecer.

Annabeth estava linda, ainda mais que o comum, a sua postura transmitia confiança e empoderamento, seus olhos estavam mais selvagens. Ela conversava contida com quem Percy identificou como sendo Piper, que também estava linda, mas a Chase prendia toda a sua atenção.

Ele não sabia o motivo de ela estar lá, mas pela primeira vez na noite estava grato por aquele evento ter lhe proporcionado tal visão. Se com suas roupas normais, às vezes bagunçadas e amassadas por passar tanto tempo na universidade, já lhe encantava tanto, vê-la daquela forma fez o moreno suspirar sem perceber.

Ela olhava o salão, corria seus olhos pelo enorme espaço, prendendo o olhar vez ou outra em alguns grupos de pessoas que ele identificava como sendo empresários e acionistas, mas ainda não o havia visto.

Lembrando-se da conversa que havia tido com Nico, não deixaria a oportunidade passar. Percy respirou fundo, ajeitou o terno e seguiu até a garota.

Piper foi a primeira a vê-lo, abrindo um sorriso cúmplice.

— Eu só acho que... — A garota se interrompeu, soltando um suspiro de surpresa, para que em seguida um sorriso travesso surgisse em seus lábios — Algo de interessante, deveria acontecer — Concluiu.

Annabeth não olhava para a amiga e nem para o garoto, mas se divertiu com o comentário.

— Como o que?

— Bem — Piper riu — Quem sabe o que pode acontecer hoje à noite, não é?

— Como assim?

Mas não houve resposta, quer dizer, não houve a resposta de quem ela esperava, no lugar da voz delicada e terna de Piper, uma voz rouca e masculina soou, uma voz que Annabeth reconhecia bem, e que fez os pelos de seu pescoço se arrepiarem involuntariamente.

— Oi — Percy falava, tentando inutilmente controlar o nervosismo.

Ao se virar a Chase deu de cara com uma versão de Percy que ela não conhecia, e ele pôde perceber uma certa inquietação e desequilíbrio em sua postura.

— Oi.

Percy usava um terno azul escuro, seu cabelo não tinha a bagunça habitual, tomando agora um penteado comportado, mas ainda espetado. Sua postura estava mais séria, mesmo que visivelmente nervoso, ele carregava uma imponência consigo, seu cheiro era amadeirado e agradável, e a gravata folgada em seu pescoço não deixava com que ele perdesse totalmente a imagem do garoto que ela conhecia.

— O que está fazendo aqui? — Ela falou, tentando esconder o rubor de vê-lo daquela forma.

— Eu poderia lhe fazer a mesma pergunta — Percy retrucou, sorrindo bobo, falhando em esconder a admiração pela loira.

Mas antes que ela pudesse responder, a música parou, uma parte do salão se esvaziou, apenas para que logo em seguida casais se dirigissem até o meio, para então um novo ritmo começar a tocar. Os casais dançavam conforme o som, os que apenas observavam apontavam e cochichavam coisas.

Ele pigarreou chamando sua atenção, recebendo a total atenção de seus olhos cinzentos e que pareciam penetrar nos seus.

E lhe ofereceu a mão, curvando de leve seu corpo.

— Me concede está dança?

Annabeth o olhava surpresa, mas aceitou.

O coração de Percy parecia que ia pular pela boca quando ele a puxou para mais perto, a segurando pela cintura e mantinha seus corpos pertos o suficiente para que sentisse o aroma doce da garota.

Seus corpos se mexiam no ritmo leve compassado da música, seus olhos estavam presos um ao outro, enquanto que Percy tentava não pisar no pé da loira.

Ela foi a primeira a quebrar o silêncio, parecendo nervosa, mas escondendo bem em sua voz controlada.

— Então, a que devo a honra da sua presença, me seguindo de novo?

Percy riu, mesmo que sentisse um arrepio ao constatar tê-la tão perto de si.

— Estou aqui contra a minha vontade, não há muito mais a ser dito.

— Você parece elegante demais para alguém que não queria estar aqui.

Percy sorriu sem muito humor, lembrando o motivo de estar lá.

— Eu sou apenas um enfeite, meu pai — Mordeu a língua para não escarnecer enquanto o chamava assim — É a verdadeira estrela da festa, minha família paterna na verdade.

Annabeth arqueou uma sobrancelha. Ela sabia que aquela era uma importante reunião de negócios para sua mãe, feita por uma das famílias mais ricas e influentes da cidade, se Percy estava dizendo que era um evento promovido pela sua família, então ele era realmente bem mais do que aparentava ser.

— Você é... —Ela começou, sendo imediatamente interrompida ao ser girada e puxada novamente pela cintura para os braços do moreno.

— Sou um Olympus, mas não uso o nome, Poseidon é o meu pai.

Annabeth suspirou surpresa. Sim, já ouviu falar dele, um dos sócios da grande empresa Olympus e concorrente ao cargo de futuro presidente, já ouvira sua mãe mencionar sobre seus encontros de negócios com aquele homem e como seria vantajoso para ela se aliar a alguém com tamanha gama de contatos, e ali estava ela, dançando com o filho dele.

Lembrou-se então dos inúmeros primos e primas do garoto, isso quer dizer que então ela convivia com os filhos das pessoas com quem sua mãe mais queria fechar negócio? Isso era uma surpresa, muito vantajosa por sinal. Precisava falar com sua mãe, era o momento perfeito de fazer aquele encontro acontecer, com a ajuda de Percy é claro.

— Você dança muito bem — A voz próxima do garoto, a despertou de seus pensamentos, enquanto o mesmo beijava sua mão delicadamente.

E o contato dos lábios quentes de Percy fez seus pelos se ouriçarem.

— Obrigada, você também — Não continham o nervosismo com tanta eficácia agora, pondo-se de lado para limitar a visão que o Jackson tinha de seu rosto corado.

O viu sorrir de canto de olho.

Mas logo voltou aos pensamentos sobre sua mãe. Ela não queria falar de negócios agora, mas era preciso.

— Percy — Ela o chamou, que sorriu animado — Se você não se importar, acha que seu pai se interessaria em conhecer uma arquiteta fantástica?

O sorriso do moreno murchou, a Chase o olhou confusa.

— Claro — Ele falava mais desanimado que antes — Gostaria que a apresentasse?

Ela não conseguiu evitar sorrir, era sua chance de ajudar sua mãe. A garota assentiu com a cabeça, saiu rapidamente para encontrar e cochichar algo no ouvido de Atena que inicialmente pareceu repreender a filha com o olhar, após Annabeth interrompê-la em uma conversa, mas logo mudou de humor, despedindo-se educadamente do pequeno grupo com quem debatia.

Annabeth apressou-se a voltar para perto de Percy, seguida por sua mãe, a quem o garoto prontamente cumprimentou, ofereceu um braço a Chase mais nova que aceitou envergonhada e os guiou há Poseidon.

O que elas não perceberam em meio a sua animação, fora o olhar triste e decepcionado de Percy.


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Notas finais do capítulo

O Percy merecia o mundo, mas o mundo não merece o Percy.



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