Alan escrita por Lady Zanão


Capítulo 4
O desaparecimento da assombração


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa!
Antes do capítulo começar, quero agradecer alguém que me deu um empurrãozinho para postar ele ksks muito obrigada Lady Romanoff, provavelmente eu já teria desistido de Alan se não fosse por seu apoio. s2
Boa leitura !



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Acordei em um pulo e passei a mão em minha bochecha, era como se alguém tivesse me dado um tapa. Sem pensar direito, olhei para o sofá e senti uma sensação estranha ao não ver a Brenda ali, era como uma pontada, outros diriam que eram borboletas no estômago, mas eu diria que a comida de ontem não tinha caído muito bem.
Olhei de relance para meu despertador e notei que estava atrasado, coloquei a primeira roupa que achei e sai correndo do meu quarto. Quando estava quase chegando na escada, meu pai saiu de repente do quarto, fazendo a gente se esbarrar. Aquilo foi o suficiente para fazer uma chuva com a papelada de seu trabalho. Ótimo. Comecei a pegar os papéis no chão, todos fora de ordem, e entreguei para ele antes de sair correndo novamente.
— Bom dia, saghir. – Meu pai gritou de onde estava.
Fui em direção a garagem pegar minha velha e fiel companheira, também conhecida como minha bike, e tive um impulso idiota de dar uma olhada para o córrego. Mesmo estando atrasado, só uma olhadinha não iria me matar, não é mesmo? quando cheguei perto, tive a bela imagem do meu encosto, até aquele momento desaparecido, se debatendo igual uma foca agonizando na beira do córrego.
Que cena mais linda para se ver em uma manhã de sol.
Um impulso me fez pular, e cá estamos nós agora, dois babacas se afogando na beira de um rio. Se uma pessoa normal visse isso, com certeza teria que ir às pressas para o hospital com o laudo contendo: “morto por hilaridade fatal”.
Enquanto me debatia perto da Brenda, notei que um mini redemoinho estava se formando à centímetros dela, e isso não tinha lógica. Claro, não que ver minha vizinha morta tivesse, mas redemoinhos só se formam em grandes profundidades, ou um sumidouro, mas isso estava fora de questão.
— Me tira daqui! – A Brenda gritou para mim. – Esse redemoinho está me puxando!
— Ah, sério? Pensei que você estava nadando tranquilamente aqui – falei com ironia.
— Por favor. – Ela pediu, começando a ser sugada para longe.
Me concentrei e firmei meus pés na beira do córrego, controlando meu desespero, consegui pegar os ombros da Brenda (ok, descoberta do dia: se um fantasma estiver em apuros, você consegue tocar nele). E foi aí que cometi um grande erro, era como se eu estivesse sendo sugado junto com a Brenda. A soltei no mesmo instante. Virei e me joguei na borda do córrego, e como não poderia fazer isso sem o pacote completo, claro, comecei a gritar mais fino que uma garota. Ainda segurava na borda quando, de repente, Brenda me deu alguns tapas e segurou meus calcanhares, o que só me fez gritar mais e mais fino. Mas graças a esse ataque de histeria habitual, arrumei forças para sair do córrego como se estivesse correndo da minha cama à noite depois de encontrar uma aranha lá.
Caímos igual gelatina: molengos e molhados. Sinistro. Isso só me fez pensar em como a vida era uma droga, em um filme ou em um livro isso seria uma cena heróica! O mocinho salvando a mocinha que estava se afogando, mas a vida não é um filme ou um livro e, por acaso, eu não sou um herói e a mocinha nem está viva, realmente. Depois de ficarmos imóveis e sem coragem de olhar para o córrego, nos entreolhamos enquanto respirávamos fora de sincronia. Se fosse um filme, eu provavelmente estaria trocando saliva com a minha vizinha morta nesse exato momento. Esse pensamento me fez tomar a dianteira de levantar e soltar alguns xingamentos por estar todo encharcado.
— O que você pensa que estava fazendo ali? – falei com um tom acusador. – Resolveu dar uma nadadinha no córrego logo de manhã?
Brenda se levantou em um pulo.
— Á, você acha que eu fiz isso porque eu queria? Eu tentei acordar a princesa aí. – Ela apontou para mim e continuou: – Mas pelo jeito você tem um sono de pedra.
— Claro! Se você não tivesse ficado me atrapalhando para dormir, eu teria acordado mais facilmente! – gritei.
— Você não sabe de nada! Você está bem, está saudável e é feito de carne e osso. Humano! Você não acorda de manhã e é puxado para um redemoinho, não está a meses vagando solitariamente e sendo ignorado por qualquer ser humano porque não conseguem te ver e te tocar! – Ela gritou na mesma intensidade que eu tinha gritado com ela. – Você não está sozinho como eu. – Lágrimas se formaram em sua face fantasmagórica, mas seu conhecido orgulho não permitiu que nenhuma á traísse e escorresse por seu rosto.
Sem pensar, a abracei. Ela não se moveu.
— Vai, me abraça também se não vai ficar estranho.
— Ninguém pode me ver, já está estranho.
Pude ver um pequeno sorriso se formando em seus lábios ao imaginar os vizinhos olhando o filho estranho e desajustado dos Martin abraçando o vento.
— Você é uma fantasminha danada mesmo.
— Você vai se atrasar, cara de peixe morto.
— Obrigado, meu encosto pessoal, pela preocupação.
Nos olhamos com o habitual sorriso falso, então fui até a garagem. Quando cheguei, notei o Ben vindo em minha direção.
— Bom dia, peixinho fora do aquário. – Ele me olhou de cima a baixo. – Tomou banho e esqueceu da toalha?
Revirei os olhos.
— Você está atrasado.
— Você está mais estranho que o habitual. – Ben tinha um sorriso brincalhão. – Estamos 15 minutos adiantados, nem acredito que não tive que te derrubar da cama hoje.
— Você só pode estar brincando. – Nesse momento a Brenda surgiu perto de minha orelha.
— Ele está dizendo a verdade – sussurrou.
— Nossa, que vento gelado. – Bem passou as mãos em seus braços, tentando se aquecer. – Vamos, peixinho.
No caminho para a escola, minhas roupas secaram com o vento que batia nelas pela velocidade nada aconselhável que estava com minha bike. Chegamos alguns minutos adiantados.


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Notas finais do capítulo

Ooopa e aí, gostou ? Acha que tem algo a ser melhorado ? Comenta aí ! Isso me ajuda muito.
Obrigada por ter lido, até a próxima S2