Perdido escrita por NatihH


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Depois de anos sem escrever eu resolvi reaparecer por aqui rs rs
Talvez, eu já tenha perdido a prática a muito tempooo, mas não podia deixar essa fic guardada e não compartilhar com quem ama Tris e Tobias como eu!
Antemão peço desculpas por alguma falha na linha de raciocínio ou até mesmo de português. É aquilo né, eu revisei 357 vezes, maaaas as vezes alguma coisa passa batido :)

Aproveitem!! Nos vemos lá embaixo...



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Idiota. É isso que eu sou, um idiota! Como eu fui meter os pés pelas mãos dessa maneira.

Praticamente joguei fora um casamento de anos, com filhos lindos por uma noite que  se quer me lembro direito.

Como eu fui deixar  Nita espalhar para todos o que havia acontecido. Mas não podia julgá-la como somente a culpada, afinal eu que sou, ou pelo menos era casado. A responsabilidade é só minha.

Eu sei onde Tris está com os gêmeos, Myra e Edward, mas não tenho coragem de ir atrás deles. Não depois da vergonha que passei e a fiz passar por uma inconsequência minha.

Peguei o copo de wisky e joguei contra a parede do meu quarto, agora só habitado por mim. Cai na cama e um choro de desespero veio do fundo da minha alma.

Um ano passou muito rápido, como meus filhos estariam?

E ela? Será que estaria bem? Será que havia recolhido todos os seus cacos e os recolocado no lugar?

 

Flashback On

Como de costume íamos juntos trabalhar. Vimos o nosso negócio de cosméticos dos tempos de colégio crescer e virar um império. Éramos líder de mercado em vários segmentos e só expandiámos e conquistávamos os países a qual chagávamos.

No carro enquanto levávamos as crianças na escola, os assuntos eram amenos e familiares.

Levamos Myra e Edward até a porta e nos despedimos.

Entramos no carro e ela me deu um beijão, sempre para mostrar que está tudo bem e que estava comigo.

Algo me assombrava havia duas semanas.

Culpa.

Medo.

Desespero.

Covardia.

A duas semanas atrás Tris não pode ir comigo em uma feira de cosmético, então resolvi levar Nita, a minha secretária discreta  e educada, e que além de tudo despertava sentimentos de amizade e irmandade em Tris.

Tris a adorava, ela que me ajudou a escolhe-lá.

Enquanto Tris levava o financeiro a punhos de ferro, Nita ajudava com minha agenda e compromissos. Então quando Tris disse que não iria, e sugeriu levar Nita, eu gostei e topei a ideia prontamente. Afinal, não precisaria me desdobrar em vinte para cumprir  tudo que precisava fazer. Eu poderia colocar ela em reuniões menos importantes e focar naquilo que precisava fazer de imediato.

—Amor, você está bem? - Virei meu rosto e me deparei com os olhos azuis acinzentados de Tris. Senti sua mão pequena e quente sobre a minha.

—Estou sim. Só cansado. O final de semana será só nosso, as crianças podem ficar com seus pais se estiver tudo bem para eles. -Sorri de um jeito que sei que não alcançou meus olhos.

Ela percebeu, mas achando que era algo envolvido a trabalho bateu palmas.

—Muito bem, um final de semana só nosso até que enfim! - Beijou meu pescoço e eu arrepiei, eu tinha essas sensações há quinze anos. - Agora vamos que estamos atrasados.

Parei em minha vaga de costume, ela desceu do carro já cumprimentando o porteiro. Vi que ele sorriu para ela com um olhar de pena, ela era muito querida em nossa empresa. Só poderia ser coisa da minha cabeça que estava assustada.

Eu contaria para ela o que havia acontecido durante o nosso final de semana. Eu não tinha ideia de qual seria a sua reação, mas tinha a certeza que ela gostaria de escutar isso da minha boca e não por outras pessoas.

— David estava estranho. - Senti a bile subindo até minha garganta.

—Sério? Por que achou? - A encarei através do espelho.

— Não sei. -Os olhos dela cravaram nos meus e só consegui desviar porque nosso andar havia chegado.

—Até mais tarde! - Mais um beijo e senti meu corpo se aquecer.

Estranho. Por onde passava percebia pequenos olhares logos desviados. Eu devia estar com mania de perseguição, mas algo dentro de mim me dizia que não estava tudo bem.

Em meu corredor tudo vazio.

Onde estaria Nita?

Após aquela noite, ela simplesmente fingiu que nada havia acontecido, o que eu achei muito bom, mas agora vendo a mesa dela vazia calafrios começaram a percorrer meu corpo.

Me encaminhei até o jurídico, Nita possuía amigos por ali. Poderia estar com eles.

—Matthew, viu Nita por aí? Tenho uma reunião essa manhã e preciso dela. - Vi quando engoliu em seco e virou devagar em minha direção.

—Senhor Eaton, é er… - Mais uma engolida em seco dele e meu desespero aumenta. - Nita não trabalhará mais aqui senhor. Ela passou cedo no RH e pediu dispensa.

—Você sabe me dizer o por quê? -Devo ter ficado branco, pois Matthew levantou e veio em minha direção, segurando meu braço firme para dar apoio, mas suficiente calmo para passar força.

—Tobias, desculpa falar assim com você, mas preciso que me escute. Acho bom procurar a senhora Eaton, antes que chegue aos ouvidos dela, ou melhor antes que ela veja algo.

Meu mundo desabou.

Minha vista escureceu, e só tive tempo de puxar uma cadeira para sentar antes que desabasse.

—Matthew venha a minha sala, por favor. - Fui me escorando na parede, quem me visse saberia o por quê do meu estado de calamidade.

Me joguei no sofá esperando que fosse de um morro.

—Me conte por favor, o que você sabe, e o que está acontecendo. - Tirei a gravata a fim de respirar melhor, o ar não vinha.

—Bom… - Começou envergonhado. -Nita sempre o achou atraente, mas nada que fosse desrespeitoso, achávamos nós. Um sonho de ser famosa que nunca foi revelado, até anteontem. E bom, naquela viagem você sabe o que aconteceu, um celular com uma câmera faz estragos.

“Ela filmou a fim para mostrar aos amigos, como um troféu, mas segundo ela, não queria que caísse nas mãos dos outros. A uns três dias ela esqueceu o celular no banheiro e quando foi procurar viu que o vídeo não estava mais lá. Algém o enviou para os celulares corporativos, foi o que bastou para correr igual água. Hoje ao chegarmos a assessoria de imprensa da empresa veio nos procurar para ver se cabe alguma medida legal na nota a soltar, muitos veículos de imprensa estão ligando aqui senhor. ”

—Eu não sou vítima. Nita não é vítima. Ela não deveria ter filmado. Se exposto, me exposto. - Disse em um sussurro. Obrigada, pode voltar a sua sala.

Fiquei uns quinze minutos em minha sala para me recuperar, levantei a fim de ir atrás de Tris.

A porta se abre em um rompante.

Os olhos que tanto amo estavam ali carregados de raiva e dor. Vermelhos de lágrimas.

Tris me encarava com o celular em suas mãos.

—Obrigada! -Ela arremessou o celular em minha direção que se espatifou no chão e saiu andando rápido pela porta. Mais uma vez eu fiquei sem reação.

O que eu havia feito com minha vida?

Depois de um tempo sem reação, sai correndo atrás dela até a garagem.

—Ela já foi senhor. - A voz de David possuía um pesar repleto de compaixão. Tudo o que eu menos precisava era daquele sentimento.

Entrei em meu carro e disparei para minha casa. Ela só podia ter ido para lá.

 

Tudo em silêncio. Tudo escuro. Uma chuva fina começou a cair lá fora.

Subi as escadas devagar e escutei o som que dilacerou meu coração.

Tris chorava alto em nosso quarto. Eu tive medo do que encontraria naquele quarto. Eu deveria deixar de ser covarde e encarar meus atos de frente.

Abri a porta da forma mais silenciosa que consegui, ela estava deitada em posição fetal sobre a cama. Seus olhos mais uma vez cravaram nos meus em busca de respostas.

—Por quê?

Me aproximei devagar, ajoelhando ao lado da cama.

—Por favor, não me abandone. - Encostei a cabeça no colchão ao seu lado e deixei que as lágrimas viessem.

—Por quê? Eu achei que tivéssemos amor. Eu achei que pertencíamos um ao outro. Pelo jeito eu estava enganada. - Mais um soluço que foi acompanhado pelo meu.

—Por favor, me perdoe!

Como resposta recebi uma mão na cara e as costas dela correndo para o banheiro.

 

Três dias haviam se passado, Tris estava muda. Não me dirigia uma palavra. Não havia colocado os pés na empresa desde então.

As crianças não notaram, ou pelo menos pareciam alheia ao turbilhão em que estávamos vivendo.

—Por favor, vamos para casa! Precisamos conversar. - Os olhos azuis acinzentados outrora cheios de luz e alegria, pareciam apagados e opacos ao deixarmos Myra e Edward na escola.

O caminho foi longo, e eu esperava que fosse. Sabia que não estaria preparado para o que estava por vir.

—Sente-se, por favor. Vamos manter uma conversa com respeito pelos nossos filhos e pelos anos juntos.

—Tris nunca foi minha intensão te desrespeitar…

—Mas desrespeitou. Só quero te comunicar a minha decisão. -A bile gelada subindo a minha garganta mais uma vez estava lá. - Eu vou para a casa que meus pais possuem no Norte com as crianças. Eu não tive coragem de dizer a eles o que se passa entre nós, só adiantei que é um tempo que pode, mas eles não sabem  que vai se tornar definitivo.

“Não quero te afastar das crianças, mas acredito que seja a melhor escolha elas irem comigo. Quando estivermos instalados te passo o telefone e os horários das visitas por chamada de vídeo. Ontem liguei na empresa e passei meu cargo adiante, eles estão bem assessorados. Vou procurar um advogado e logo ele entrará em contato com você a respeito do divórcio. Fica tranquilo que só vou querer o necessário para meus filhos viverem bem.”

O olhar gélido dela me fuzilava e eu me sentia nu. Demorei para absorver as palavras dela.

—Você não pode me afastar dos meus filhos.

—Não é essa minha intenção. Assim que possível aviso quando pode ir visitá-los. Comprei as passagens, vamos essa madrugada. Obrigada por me dar duas jóias preciosas, é o que guardarei de nós dois.

Tris se levantou e me largou na sala vendo-a subir as escadas.

 

Flashback off

 

Fiquei jogado na cama olhando o copo espatifado do outro lado do quarto e os papéis que chegaram por correio no chão.

Demorou tanto para chegar o pedido dela de divórcio que achei que ela estava se curando para voltar. Fui iludido por eu mesmo. Depois de tanto sofrimento era óbvio que ela não me queria mais por perto.

Um ano sem abraçar meus filhos. Uma ano sem vê-los crescer.

Um ano sem aquela que eu amo. Sem aquela que eu sei que é o amor da minha vida.

A causadora de todo esse mal mostrou a que veio. Jogou o sextape na internet e entrou em vários reality show.

Eu não poderia ficar mais na inércia, passei muito tempo remoendo a dor. Eu precisava agir.

 

O bip de chamada do telefone mostra que a outra pessoa do lado da linha está muito ocupada para atender.

—Alô.

—Natalie! É o Tobias. -Não dei tempo para Natalie processar tal ligação. -Preciso que você me confirme por favor o endereço da casa de Tris, eu gostaria de enviar um presente para as crianças.  -Escutei uma risada do outro lado da linha, mas não irônica e sim de alegria.

—As crianças estão aqui em casa, você pode trazer aqui e vê-las pessoalmente.

—Seria fantástico! -Depois eu resolveria esse desencontro com meus filhos. -Mas preciso enviar umas coisa para Tris Também.

Um suspiro.

—Eu infelizmente imagino o que seja Tobias. E fico muito triste. Tris um dia me ligou e acabou contando o que de fato se passou entre vocês, e apesar de você ter errado, entendo que quem fez isso foi por fama. Eu sinto muito que tudo tenha acontecido assim.

Ela me confirmou o endereço.

Dei um sinal ao táxi e passei para onde seguiríamos.

 

Uma luz estava acesa, provavelmente a sala.

Frio. E não pela neve que caia, mas sim o frio que a falta dela me causava.

Adentrei o pequeno beiral da porta, a curiosidade me chamava. Andei alguns passos e observei pela janela.

Alguém estava com ela.

Respirei aliviado ao perceber que era seu irmão Caleb e sua esposa Cara.

Ótimo, teríamos plateia. Talvez alguém me colocasse porta a fora na força.

Tris era muito apegada ao irmão, então eu sabia que com certeza ele tinha completa ciência do que eu havia causado a ela.

Respirei fundo e bati na porta.

Um silêncio que poderia ter durado horas.

Escuto a chave girando no trinco.

—Boa noite, o que deseja… -As palavras na boca de Cara sumiram, quase a taça que estava em sua mão deslizou para o chão também. -O que faz aqui? O que quer? -Ela disse saindo para fora e encostando a porta atrás dela.

—Eu preciso falar com Tris. Espero que entenda.

—Não, eu não entendo. E estou chocada que você atravessou o país depois de todos esses meses. Você a destruiu em pedaços, demorou tempos até ela começar a se consertar. Não está certo você aparecer agora, quer destruí-la de novo?

Se Cara ia falar algo a mais nunca saberei, a porta abriu de uma vez.

—Cara quem é que… -As palavras morreram em sua boca, o riso que alcançava seus olhos sumiu. O que antes era brilho, ficou opaco e se transformou em raiva e acusação. - O que você faz aqui?

—Tris, por favor, precisamos conversar. -Eu não sabia qual seria a reação dela a partir daí, mas precisava tentar. -Precisamos mesmo conversar, trouxe os papéis. -Disse em voz baixa, esperava não ter que usá-los.

—O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI? -Caleb apareceu gritando e vindo para cima de mim, Tris se jogou encima dele.

—PARE! ELE TROUXE OS PAPÉIS!

Caleb se acalmou, o que me pareceu uma eternidade na verdade foram minutos.

Tris os dispensou alegando que que precisávamos de fato conversar, e Caleb saiu pisando duro e deixando claro o quão mal eu fiz para sua irmã.

Sentei em um sofá enquanto em minha frente estava a mulher de minha vida.

—Eu não sei por onde começar.

—Não tem começo, só quero os papéis do divórcio assinado. -Ela virou o rosto para o lado e vi quando seus olhos se encheram de lágrimas. Ela ainda sofria com isso da mesma forma que eu.

—Só me escute, por favor.

—Eu nunca te dei a chance de se explicar, então use-a com sabedoria. Antes, coloque os papéis sobre a mesa, por favor. -O olhar duro e úmido pelas lágrimas estava ali, me rasgando por inteiro.

Suspirei e fiz o que ela pediu.

Eu sabia que deveria escolher as palavras certas, caso contrário ela me cortaria e nunca mais nos falaríamos.

—Eu errei muito feio e só Deus sabe o quanto eu me arrependo. Eu não deveria ter feito aquilo, mas hoje vendo o que aconteceu com a vida de Nita, entendi que foi premeditado. Você sempre foi o meu raio de sol. Nossos filhos sempre foram, e sempre serão os amores de minha vida. Seria muito egoísmo da minha parte pedir a você uma chance para consertarmos, e reconstruírmos sua confiança em mim, e nós?

Tris, com os olhos cheios de lágrimas, mirou o teto acima de sua cabeça e eu percebi que dentro dela havia uma batalha.

Um parte queria ceder e me perdoar, e a outra que falava mais forte, dizia a ela para tocar a vida em frente. O que mais me deixava agoniado, era que eu não fazia ideia de qual ia ganhar. Afinal, muitas coisas na vida ela mudaram nesse último ano.

—Eu sofri muito nesses últimos meses, só Deus sabe o quanto sofri. E as crianças, que não tem culpa de nada, sofreram por tabela. Cada final de semana uma desculpa, “o papai está resolvendo umas coisas, logo estará aqui”, “o papai ficou doente e não consegue dirigir”, “o papai está em uma convenção em outro país”, as desculpas se esgotaram junto com as perguntas de onde você estava e quando viria. Eu sei que errei nesse ponto, e a cada desculpa às crianças, meu coração se partia mais.

“Talvez meu coração não tenha cicatrizado porque eu nunca deixei você se explicar, mas de qualquer forma isso foi bom. Porque assim, você esteve vivo em mim durante esse tempo. Eu te perdoo Tobias, eu eu quero que voltemos a dar certo, mas para isso eu peço tempo a você.”

“Vou voltar para casa e vamos nos reaproximando com o tempo, e um dia essa dor será apenas uma cicatriz que merece ser deixada para trás.”

Terminado seu discurso ela olhou para mim, os olhos e a face mais molhados do que antes.

Eu encarando seus olhos, só conseguia chorar.

Ela tinha mesmo me perdoado, e queria que eu me reaproximasse?

Sim! Era isso mesmo!

—Eu...eu posso te abraçar? -Disse em um sussurro, e recebi de volta, como resposta, os seus braços abertos.

A única coisa que consegui fazer ao chegar perto dela, foi deitar a cabeça em seu colo e chorar.

Chorar de gratidão.

Chorar pelo tempo perdido.

Chorar pelo arrependimento.

Chorar de alívio e exaustão.

Senti seu beijo em meu cabelo, e isso foi o bastante para perceber que eu estava com o amor da minha vida e faria de tudo para recuperar a sua confiança.


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Notas finais do capítulo

Gostaram??
Deixem comentários para essa autora véinha e destreinada com as suas impressões sobre a história.

Muito obrigada pela leitura!!!
Volte sempre!!!

Bjos NatihH ;**