B612. escrita por Y O U N G B L O O D
Notas iniciais do capítulo
Oneshot meio bosta escrita agora na taciturnidade da madrugada mesmo.
Eu tinha essa sinopse há muito tempo desde que tinha relido O Pequeno Príncipe, ano passado, que foi a grande inspiração para o nome - mas só agora resolveu sair e mesmo assim não foi o suficiente pra me deixar 100% satisfeita. Esse título já diz muito sobre a narrativa em si e talvez até mais. B612 é o asteroide do livro.
Boa leitura e espero que você fique mais contente com a história do que eu fiquei :/
Janelas. Eu não gosto. É possível descobrir muitas coisas por entre elas. É viável acometer-se por entre elas, qualquer um. Sem janelas. Aqui não há nenhuma.
Aqui não há nenhuma janela e mantém-se quase sempre desguarnecido, na ampla parte do tempo – isso me deixa cansada. É exaustivo. É exaustivo ter de simular o tempo inteiro a minha recorrente falta de interesse sob qualquer coisa. É exaustivo ter de certificar-me de que as pessoas estão totalmente cientes do meu desprovimento de emoções. É exaustivo ter de fingir isso. Ou ter de adotar essa postura, essa que não me permite ser alguém facilmente impressionável. E eu nunca quis ser essa pessoa vazia e arredia por dentro, mas acabei tornando-me deveras boa nisso. Então isso explana toda a minha indiferença. Contudo, enquanto todos assim gesticulam, estou uma balburdia por detrás dos olhos impassíveis, dos espinhos embaixo da minha língua e do sotaque ardido.
Eu estou malditamente cansada de fingir para socorrer a minha própria pele quando é o que me dilapida cada vez mais a um passo de distância para a insanidade. Aqui é ínfimo, remoto, ermo, solitário, vago e insociável. Não há espaço para mais ninguém – apenas para mim. Mas quase não cabe.
Você é sua única e ímpar casa. E a minha está toda bagunçada.
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