Espirito e Materia escrita por Ogum


Capítulo 1
Sagitariana




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Habitar entre os homens é um trabalho hercúleo, a existência humana é repleta de falhas, oscilações e instabilidades. A própria realidade se torna vacilante quando preenchida pelo intelecto humano, ora, essas criaturas com tão pouco tempo de vida, um misero piscar de olhos próximos da eternidade e que fazem tanto barulho.

Para os homens a vida é simples: estudo, trabalho e morte.

E se esquecem da magia profana que habita o cosmo desde o inicio, se perdem dos ritos antigos que ligam a matéria física a sua verdadeira essência. Vivem esperando a morte e morrem como se jamais houvessem existido.

 Ah, como eu queria não ser homem.

Como eu queria enxergar pelos olhos da filha de Apolo, que vê a beleza e o sentimento na arte, que enxerga, quase que como sinestesia, a forma da música. Ela, que o espirito se desprende da matéria e sente o etéreo, me causando tanta inveja.

Mas toda dadiva vem acompanhada por sua maldição, talvez seja apenas uma grande piada cósmica que impeça aqueles com potencial de se libertarem por completo, tamanho poder fere o ego de deuses medíocres e falhos. Um espirito com potencial ilimitado preso a uma realidade manchada pela imperfeição humana.

Falho em lhe mostrar o campo quântico de possibilidade infinita que seu conhecimento pode proporcionar e em meio as minhas falhas acabo por enjaular a leoa em uma cadeia de sentimentos mal dialogados e a trago mais perto da insanidade absurda que é existência humana.

Ela, que é o canto das sereias e que me encanta quando sutilmente me arrasta pro canto e me fala alguma bobeira, ela que é energia no seu estado mais puro quando toca seu pincel e transfere a realidade para a folha. Ela que é tão gigante mas que ainda vê seu reflexo através dos olhos de quem não enxerga sua verdadeira natureza.

Me encanta a fusão única entre seu espirito e a matéria, viver entre linha fina e sutil que é a existência terrena e a eternidade divina. Luto para que ela possa enxergar, sentir, se deslumbrar com quão grandiosa é essa deidade que enxerga no reflexo do espelho.


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