2012

Nós não éramos exatamente o que você chamaria de "pobre", mas não tínhamos luxos. Vivíamos em uma casa de dois andares, com uma televisão e apenas um banheiro com água quente. Nosso negócio, o trabalho da família, era uma pequena zapatería. Passou de geração em geração, de padre a hijo. Quando éramos mais jovens, eles não nos deixavam fazer os sapatos, então tinhamos que polir os sapatos masculinos na praça pública.

Nossa mãe, Mamá Gloria, era uma mulher bonita. Seu cabelo preto brilhante era tão comprido que, se ela trançasse, ainda assim alcançaria seus quadris. Ela tinha os olhos mais bonitos e sua pele era tão bronzeada que brilhava. Ela era cheia de felicidade, ela enchia a pequena casa com sua cantoria e deliciosas refeições. Mamá era a mulher mais forte que eu já conheci, ela poderia nos bater com sua chancla a metros de distância.

Meu pai, por outro lado, bem ... eu não tenho palavras para dizer. Ele era muito alto e forte. Nós sabemos que fazemos sapatos e coisas assim, mas você sabe o quão pesadas são essas coisas? Seus músculos eram duros de bater, e seu bigode podia manter os meninos longe, gracias Papá Hector. Eles eram o casal perfeito. Eles combinavam um com o outro como fogo e gasolina. Eles não se importavam com o dinheiro, nós tínhamos saúde e eramos felizes, então outra televisão, ou um vestido bonito não nos importaria.

Até a crise chegar. Foi no meio do inverno, logo após Año Nuevo. A bolsa de valores dos Estados Unidos quebrou e eles pararam de nos ajudar com alguns suprimentos. De repente, uma lata de feijão poderia começar uma guerra no mercado, las chicas se quedaron para comprar un simple pote de champú.

A comida começou a se tornar escassa, a eletricidade só funcionava nos bairros ricos. As pessoas economizariam dinheiro para comprar comida e remédios, não sapatos. Ninguém comprou de nós por meses, até que meu pai desistiu. Ele nos disse para pegarmos nossas coisas, para que fossemos embora. Para onde? Ele não sabia exatamente, mas sabia que queria estar nos EUA.

La familia Gonzales viajou por todo o país. Passamos pela Califórnia, Washington, Texas, Ohio, Alabama, até chegarmos a Nova York. Alugamos um pequeno apartamento em Jackson Heights, dois dormitórios e uma pequena cozinha. Pallas e eu dividimos um quarto, a princípio rejeitamos a ideia, mas nos aproximamos tanto que nem nos incomodamos mais tarde.

Nosso pai tentou continuar o negócio da família, mas o retorno foi pequeno, então ele teve que encontrar outro emprego periodicamente. Mamá também encontrou um emprego, num pequeno salão do outro lado da rua. Era de uma pequena viúva russa e às vezes até me deixava ajudá-los, como varrer o chão e pintar as unhas.

Na época, eu e Pallas tínhamos quinze anos e precisávamos ir para o colégio americano, como nos chamavam de "segundanistas". Não tinha aprendido muito bem a língua, estava sofrendo bullying. A garota estrangeira, eles me denominavam. Meu irmão, bem, fiquei surpresa. O fato de que ele era bonito, com seus cabelos negros, olhos amendoados e uma covinha em cada lado de sua bochecha; e excepcional talento em esportes o fez popular, e seu sotaque parecia não incomodar os outros.

Pallas tentou me incluir no grupo de amigos dele, mas eu disse que, se precisasse de amigos, eu os faria pessoalmente. Eu não deveria ter dito isso. Durante um ano inteiro, sentei-me sozinha no refeitório, fazia os trabalhos sozinha e, quando os professores me emparelharam com alguém, conversamos apenas sobre o importante.

2013

No ano seguinte, uma nova garota entrou na nossa aula. Ela era o estereótipo típico de garota americana. Loira, olhos azuis, alta, mas não tanto, e um sorriso bonito. Ela não conhecia ninguém, nós compartilhamos a mesma aula de biologia, e desde que eu não tinha um parceiro, a Sra. Green disse a ela para se sentar ao meu lado. Eu não esperava que ela falasse comigo, mas ela me surpreendeu. Seu nome era Cornelia e ela se mudou da California.

Nós nos tornamos melhores amigos em dois dias. Fizemos tudo juntos e ela me colocou em algumas materias extracurriculares, como teatro e até torcida. Ela me ajudou com o meu sotaque e eu era popular assim como meu irmão. Nosso grupo ficou um pouco maior, com Noora, Elio e Han.

No começo, Noora era muito difícil de lidar, ela não falava com a gente, eu sabia que precisava de amigos, alguém para sentar com ela no almoço e algumas aulas, então, eu apenas a integrei no grupo. No começo, ela só usou 'mhum, sim, meh', mas adivinhe? Depois de algumas semanas ela teve uma conversa comigo que durou mais de 5 minutos.

Elio era o quarterback da nossa equipe da escola, ele e meu irmão costumavam ser amigos, muito próximos. Ele namorou uma garota da nossa turma, ela era legal, eu acho. Mas ela traiu ele, e ele se perdeu, parece que ela era 'tudo' para ele, ele perdeu a concentração na aula, o time ... Eu tive muita pena por ele. Um dia, meu parceiro em inglês não apareceu, e ele se sentou comigo. Ele foi muito legal, o palhaço da nossa classe, literalmente.

E finalmente Han ... Eu acho que todo grupo tem um amigo gay. Ele era nosso. E ele não tinha o humor gay que todos estereotipam sobre. Ele era um cara normal. E ele não era apaixonado por moda, fala serio. Nós assistíamos Friends toda sexta à noite em sua casa, aquela vadia era rica. E quando eu digo rico, você pode apostar sua bunda quão rico ele era.

Elio e Han se tornaram meus melhores amigos, passei mais tempo com eles do que com Pallas. As meninas e eu, bem, éramos a Santissima Trindade. Assim como as meninas super poderosas. Ha, entendeu? Porque Noora era Florzinha, Cornelia era Lindinha e eu, Docinho.

2014

Finalmente ultimo ano. Tinha acontecido tanta coisa que você tem que estar sentado agora porque se cansaria. Cornelia e Elio estão namorando agora, eles são o casal do ano. Eu fui a rainha do baile de formatura no baile de inverno deste ano.

Enviei algumas cartas para as faculdades, Brown, Berkeley e Columbia. Elas são caras, mas eu esperava conseguir uma bolsa de estudos. Eu não era exatamente uma nerd, mas eu era uma estudante dedicada. Fiz estágio em poucas lojas, mas nada com o meu real interesse, moda. Tipo, como o Starbucks tem a ver?

Papá foi demitido e estava procurando outro emprego. Então o único que trabalhava em nossa família era Mamá.

"Buenos días" eu disse um dia qualquer, entrando em nossa cozinha, o cheiro de huevos rancheros entrando no meu nariz fazendo minha barriga roncar. Mamá tinha o cabelo puxado para cima em algum tipo de rabo de cavalo bagunçado, a camisa do meu pai pendurada em seu corpo. Ela sempre se importava em sorrir em todos os lugares que vamos.

"Buenos, mi hija. Grande dia hoje, hun?" Eu apenas dei de ombros, tomando um gole de café que ela tinha feito. Ouvimos um grande barulho no banheiro e a porta estava aberta com brutalidade. "Dios mio, Pallas"

"Desculpe, mamãe" Ele correu para a cozinha, mexendo no meu cabelo e beijando-a na bochecha. "Ei, você vai pegar o ônibus comigo, ou o pessoal vai vir te buscar?" Meu irmão perguntou com a boca cheia de comida, e eu tive que respirar fundo para não vomitar minha própria comida.

"Noora vai me pegar, ela conseguiu sua licença na semana passada." Mamá fez uma careta e fez o sinal da cruz no peito. Ela gostava de todos os meus amigos, mas sabia que eles eram um perigo.

Eu olhei para a cadeira vazia, me perguntando em silêncio onde meu pai poderia estar. Você sabe, desde que ele foi demitido do trabalho, ele estava agindo um pouco estranho. E algumas coisas de casa estavam desaparecendo, mas a mãe não disse nada.

"Ele não voltou para casa ainda?" Pallas fez o trabalho para mim, enquanto terminava o café da manhã. Ele tinha um olhar irritado em seu rosto, eu sabia que ele não estava feliz por meu pai ir e voltar sem dar explicações. Papá e ele entraram em algumas discussões da última vez que o vimos, e ele meio que se culpa pelo desaparecimento dele.

Mamá soltou um resmungo, limpando as mãos com o pano de prato. Exceto seu sorriso, ela carregava um olhar cansado. Seus olhos castanhos perderam o brilho, e ela tinha olheiras profundas sob os olhos amendoados. Mamá não dormia desde que isso começou, cinco meses atrás. Ela está chorando constantemente, e eles brigavam sempre aqui e ali. Mas ela tinha sido forte, acho que era para nós, então Pallas e eu estamos fazendo o melhor que podemos.

Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos, meu irmão se levantou e foi para lá. Ele olhou pelo pequeno olho mágico e deu alguns passos para trás. Ele franziu a testa, um olhar preocupado enquanto ele arrumava o cabelo e limpava a garganta, abrindo a porta.

"Olá, Sr. Policial. Como posso ajudá-lo?" Bem, no pijama do seu pokemon não seria. Talvez seja um engano.

"Esta é a residência de Hector Gonzales?" Eu me levantei da minha cadeira, caminhando para o lado do meu irmão.

"Sim, é sim." Ele respondeu, olhando para mim. Ay ay ay, lo que ese imbécil apuntó esta vez?

O policial tirou seu gorro, quepe ou o que quer que fosse, entregando-nos algum tipo de papel. Ele também nos deu um pacote pequeno com o telefone do meu pai - completamente quebrado, suas chaves e sua carteira dentro.

"Sinto muito, garotos. Seu pai foi encontrado morto, nesta madrugada, a duas quadras daqui, em um beco. Pensamos que poderia ser um ataque da gangue que seu pai estava lidando-"

"Uau, calma ai senhor! Gangue? Beco? Ataque? Mi Papá nunca haria una cosa de esas, en nuestro país, el tendría sus dos manos cortadas fuera, eso un absurdo, digale mamá, diga que papá era un hombre de honor. " Eu ataquei aos dois, o oficial na minha frente e minha mãe que estava na cozinha, com uma carranca de culpa, ou talvez cumplice.

"Mi hija, esse homem está certo. Seu pai, ele se perdeu... M-me desculpe" Ela começou a chorar, colocando suas duas mãos no rosto.

O oficial deu a Pallas um pequeno pedaço de papel com algumas coisas escritas. "Este é o endereço do IML. Para você... Hm, você sabe... Reconheça, o corpo" Ele deu uma última olhada dentro do apartamento, seus olhos fixaram na minha mãe "Sinto muito pela sua perda, Sra. "

Ela apenas assentiu, continuando a chorar. Seu cabelo estava realmente uma bagunça agora, seu rímel escorrendo pelo rosto bonito.

Dios, este fue apenas o comienzo de las tragedias.

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DICIONARIO:

Zapateria: Sapataria

De padre a hijo: De pai para filho

Mama: Mae

Papa: Pai

Chancla: Chinelo/sandalia

Gracias: Obrigada

Ano Nuevo: Ano Novo

Las chicas se quedaron para comprar un simple pote de champú: As garotas se batiam para comprar um pote simples de xampu.

La familia Gonzales: Familia Gonzales

Buenos dias: Bom dia

Huevos rancheros: Ovos fritos servidos em tortilhas de milho cobertos com molho de tomate apimentado

Mi hija: Minha filha

Dios mio: Meu Deus

Ay ay ay, lo que ese imbécil apuntó esta vez?: Ai, ai, ai, o que que esse imbecil aprontou dessa vez?

Mi Papá nunca haría una cosa de esas, en nuestro país, él tendría sus dos manos cortadas fuera, eso es un absurdo, digale mamá, diga que papá era un hombre de honor: Meu pai nunca faria uma coisa dessas, em nosso pais, ele teria suas duas maos cortadas fora, isso é um absurdo, diga mamae, diz pra ele que papai era um homem honrado.

Dios, este fue sólo el comienzo de las tragedias: Deus, este foi apenas o começo das tragédias.

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Eu realmente espero que vocês gostem, essa coisa estava me deixando louca desde o ano passado. Eu até tive alguns sonhos sobre isso!!!

Por favor, deixe-me saber se algo está errado, ou se você quiser ver alguma coisa diferente.

Além disso, se você quiser aparecer, seria um prazer! Apenas escreva para mim, eu ficaria feliz.

Até a próxima semana. Dedos cruzados, que eu não tenha um bloqueio de escritor para que eu possa escrever mais rápido para vocês.

Muito amor.