Baby Cullen escrita por Dark Angel


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Heyyyy, penúltimo capítulo e ele é BIG, meu pessoal! Kkkkkkkkk



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Foi tudo muito rápido, Edward adormeceu depois de um pequeno ataque de choro, sinto-me extremamente culpada por tê-lo feito chegar a esse ponto, é Esme quem me tranquiliza.

— Temos que incentivá-lo, meu bem, não se sinta mal por tentar.- sorrio minimamente com a sua fala, observo Edward dormir de forma tranquila. Vou ao banheiro e enquanto estou descendo as escadas novamente o celular vibra no bolso da calça, uma sensação estranha percorre a boca do meu estômago ao ver no identificador de quem se trata.

— Eu não acredito que esses sugadores de sangue chegaram a esse ponto, Bella!- nem mesmo tenho tempo para falar nada, Jacob já vem com sete pedras nas mãos.

— O quê?- alcanço o térreo e avisto três pares de olhos amarelados encarando-me em expectativa, na certa ouviram o tom nada discreto do meu ex-melhor amigo pelo telefone. Distancio-me deles, mesmo que isso não faça a menor diferença tratando-se da audição evoluída dos Cullens.

— Você sabe muito bem do que eu estou falando! Leah viu você com aquela criança imortal, eu vi você com aquela criança imortal, Bella.- a sua voz é uma mistura de nojo e incredulidade.

Essas novas informações dão giros dentro da minha cabeça, em menos de dois segundos percebo o porquê de todo o seu nervosismo. Ele pensa que os vampiros quebraram o trato, pensa que eles transformaram alguém, uma criança.

— Primeiro, não admito que fale comigo assim.- ele não me responde imediatamente, mas ouço a sua respiração compassada.

Segundos passam antes que ele possa voltar à linha.

— Tudo bem, desculpe pela grosseria.- a ironia passeia pelos meus ouvidos, mas não estou nem aí.

— Segundo, vocês deveriam ficar a par de todas as informações antes de saírem especulando feito um grupo de velhas fofoqueiras.- ouço a risada ritmada de Emmett vindo do outro cômodo.

Ele não responde, Black não está acostumado comigo dando as cartas na nossa conversação, mas é bom que se acostume com o meu novo eu.

— Estou disposta a me encontrar com você para explicar tudo o que está acontecendo, mas precisa ser agora, não posso perder tempo.- sou curta e grossa, espero que ele entenda as entrelinhas e aceite logo a minha oferta.

— Estou te esperando na entrada.- claro que ele não daria chances para que eu fosse acompanhada. Desligo o telefone e me apresso no que tenho de fazer, realmente não temos tempo a perder.

Pego o jipe de Emmett emprestado, gosto de carros grandes em minhas mãos. Tenho a impressão de vislumbrar uma pelagem castanho-avermelhado por entre as folhagens ainda úmidas quando adentro a reserva quileute, enquanto dirijo vou repassando tudo o que eu e Edward fizemos ao ar livre naquele dia, Leah nos viu interagir entre muitas conversas, embora tenha sido uma ação precipitada esta sua, dá para compreendermos espanto em me ver falando e sendo perfeitamente compreendida por um bebê daquele tamanho.

Também não esqueço do fato de que mesmo que ela certamente estivesse há vários metros da casa- o suficiente para que os outros não sentissem o seu cheiro camuflado pela chuva e pelo cheiro forte de terra e pinheiros que sempre remanescia após uma chuva forte- ainda assim estava em terras proibidas até segunda ordem, não me admira a carranca de Rose e de Emmett ao me verem saindo pela porta. Lembro do cenho levemente franzido de Esme ao passar por nós dois do lado de fora, claro, ela sentiu o cheiro... Mas Esme jamais faria alarme para isso imediatamente, pelo menos não depois de ver que o lobo havia se afastado logo em seguida, Edward não estava mais lendo os pensamentos dela, certamente ela pensou que isso seria uma pequena situação, que poderia ser resolvido com uma conversa entre eles e Billy, quem sabe.

Estaciono já quase na entrada da praia após o desvio característico, não olho na direção das casas ao longe, lembranças demais acompanham o meu olhar na direção do que vem a ser o caminho para o antigo penhasco.

Encontro Jacob antes mesmo de travar a porta do carro, está sem camisa e seus cabelos um pouco maiores, não nos cumprimentamos diretamente, mas sinto os seus olhos sobre mim quando passo na frente para ir até a areia. Sento nas raízes grossas de uma árvore nodosa, não muito distante a maré ainda baixa deixa várias piscinas naturais, a vaga lembrança de pular nessas mesmas piscinas quando criança me faz querer ir até lá para ver que tipo de vida marinha posso encontrar dentro dessas depressões rasas a esta hora do dia. Não o vejo desde que fez a tal viagem e nem faço ideia de quando regressou.

— Pensei que ia relutar mais em vir me ver... você sabe, por causa dele e tudo o mais.- quase dou um pulo quando percebo a sua presença tão perto de mim, quase rio sozinha com isso.

— Tudo o mais?- repito, me olha um tanto confuso com o meu deboche logo de cara. Desvio o rosto do seu e olho para o mar desejando que tudo aquilo fosse apenas um sonho ruim dentro de uma noite mal dormida.

Não obtenho resposta imediata, nem do meu subconsciente, e muito menos vinda de Jake.

— E então, qual é a história que você veio me contar?- ele reclina-se sobre os próprios joelhos antes de apoiar o queixo sobre as mãos, não sei se o fez de propósito, mas a sua pose me faz lembrar bastante o de uma criança ávida por conhecimento, tento evitar olhar para as olheiras fundas que marcam a sua pele acobreada, sei que sou eu a culpada por parte disso. Uma parte significativa.

Quando acabo de narrar os acontecimentos das últimas semanas, Jacob me olha de sobrancelhas erguidas e boca aberta, se a situação fosse outra eu ficaria mais do que contente em tirar uma foto da sua cara para a posteridade.

— Eu já ouvi histórias sobre os pedidos feitos sobre o solo sagrado, mas nunca levei a sério essas lendas.- olho-o atenta, não preciso citar em voz alta o quanto é irônico que ele- um lobisomem!- desacredite assim com tanta veemência das crenças locais quando grande parte delas já mostraram serem verdadeiras.

— Eu preciso ver com os meus próprios olhos, vou falar com os outros assim que sair daqui, mas tenho que fazer isso, preciso convencer a mim mesmo dessa maluquice.

Apesar de aquilo ser a última coisa que eu queria, não hesitou em aceitar, não sei realmente até que ponto os lobos estavam prontos para esquecer da trégua.

— Consigo no máximo uma hora para você reunir os sopradores de gelo na sua casa, Billy e Charlie sairam não faz nem trinta minutos, é um local seguro e neutro o suficiente.- ele passa as orientações enquanto me acompanha até o carro.

— Vou estar lá em menos de trinta, com certeza, leve somente um integrante da matilha com você.- digo, antes de abrir totalmente a porta do carro.

— Combinado, nos vemos lá.- vejo que ele observa entretido as mechas dos meus cabelos, deixei Alice corta-los um pouco antes de começar a fazer as malas, agora eles estavam na altura dos meus seios e com um repicado discreto.

— De jeito algum! Nós não vamos expor o Edward àquele bando de cachorros pulguentos!

— Rose, tente ser um pouco flexível, sim?- Jasper a mira sem nenhuma paciência nos olhos, acabo de chegar na casa e sei que Edward acordou agitado e chamando por mim, estamos na garagem decidindo quem irá me acompanhar até a casa de Charlie.

— Preciso de somente um de vocês comigo, Emmett já está quase garantido, pensei em talvez levar você para ajudar a controlar os ânimos, mas acho que eles podem interpretar isso de uma outra forma já que sabem sobre a sua habilidade, Jasper.-o louro pondera com um aceno leve de cabeça.

— Embora Rose seja mais esquentada, ela é a melhor escolha para fazer a sua proteção e a de Edward. Emmett não é assim tão cuidadoso.- Esme fala. Rose também concorda somente com um chacoalhar dos cachos dourados.

Emmett e Alice estão distraindo o bebê enquanto combinamos a ação a ser feita, muito embora eu duvidasse- ou quisesse duvidar- que aquilo pudesse acabar de modo tão violento. As fronteiras haviam sido invadidas, em um mundo territorialista como o destas duas espécies dificilmente haveria volta para tal ato.

Dados os comandos de como iríamos agir caso alguma coisa desse errado, eu subi correndo para apanhar Edward, encontro-o ocupado com um pianinho de brinquedo, os seus olhinhos grandes e esverdeados me olham e sinto um frio na espinha quase na mesma hora. Caso não soubesse sobre a sua verdadeira identidade aquele olhar provavelmente me assombraria durante muito tempo, ninguém com menos de um século de vida conseguiria transmitir aquele tipo de olhar. Um pouco cansado, infinitamente sábio e assustadoramente soturno.

Vamos no jipe que ainda está do lado de fora, ele deita a cabeça de lado em meu braço e suspira parecendo cansado. Quando Emmett estaciona eu mal tenho tempo de piscar antes da loura estar abrindo a porta para que eu possa sair, Jacob me espera no batente e ao que parece tomou banho antes de ir,a sua roupa- assim como um carro preto e desconhecido estacionado não muito longe- denunciavam que ele não havia chegado ali sobre quatro patas. Depois que percebo a porta aberta ainda levo alguns momentos para processar que ele sabia o local costumeiro no qual meu pai escondia a chave.

Depois de ele adentrar a sala visivelmente escura, é Rosalie quem entra fazendo a nossa dianteira, vou no meio com Edward agarrado a mim e não ignoro o olhar estupefato de Black ao notar claras semelhanças entre o meu noivo e a criança assustada que carrego, Emmett vem fechando a pequena fila. Ao entrar totalmente na sala de estar percebo que não está tão sem luz assim, consigo distinguir perfeitamente a silhueta da anciã estranhamente sentada sobre a colcha velha que Charlie teima em manter sobre o nosso sofá puído. Só vejo Leah quando essa vem em direção à gente, mas sem se aproximar demais.

— Pensei que só pudesse trazer mais uma companhia.- Jacob tira sarro, Rose reprime um rosnado para ele, sei disso pelos cantos da boca cerrados que ela demonstra antes me lançar um olhar raivoso, sei que é a última de todos nós a querer estar ali.

— Pois é, parece que nós dois quebramos o trato.- não seguro a língua na boca. Leah solta uma risadinha baixa e eu ajeito Edward em meu colo para poder olha-la melhor.

Ninguém diz nada de imediato.

— Parece que o clima está um pouco pesado por aqui, hã? Você minha jovem, creio que seja você a guardiã da pequena criatura.- a senhora idosa- até agora totalmente calada- solta uma risadinha animada antes de apontar brevemente em minha direção.

— Pode-se dizer que sim.- não sei posso ser chamada por um nome tão forte como esse.

— Sente-se aqui perto, por favor, e não tenha medo, eu quero apenas olhar para o pequenino.- a sua voz bondosa e o tom calmante lembram o da minha própria avó. Faço o que ela pediu, apoio-me na beirada da poltrona mais próxima dela, Edward ergue a cabeça para olhar o meu rosto quando me sento, percebo-o ligeiramente disperso desde que descemos do carro.

— Bewa.- todos os olhos no cômodo estão vidrados nele, agora todos os ouvidos também aguçam para poder captar o seu timbre manso e infantil.

— Sim?- abaixo o rosto até a altura do seu e sorrio um pouco para que ele saiba que está tudo bem.

— Bah bah bah bah!- ele ri em direção à senhora, que observa a nosso interação de maneira tranquila e contemplativa. Diferente dos outros quatro, de pé e com feições sérias e fisionomias duras.

— Interessante o modo como ele parece entender o que está acontecendo aqui.- ela fala, estou tentando lembrar do seu nome e falho nessa missão, já a tinha visto em uma visita remota até a reserva. Depois de uma olhada serena pela sala, ela respira com calma antes de falar.

— Eu gostaria de ficar sozinha com os dois por um momento, assim eu e Bella poderemos conversar melhor.- Leah assentiu e sumiu porta a fora em menos de dois segundos, Jacob lançou um olhar enigmático em minha direção antes de sair despreocupadamente.

Rose faz menção de abrir a boca para reclamar, mas para o meu espanto Emmett toca o seu ombro e sussurra algo em seus ouvidos, ela vira o rosto para mim e assente antes de acompanha-lo até a cozinha.

Analiso a senhora à minha frente, ela possui pele morena clara e um rosto redondo e bondoso, seus cabelos- presos em um coque na nuca- são tão alvos que passam a ilusão de uma calda prateada, os seus olhos castanhos são profundos e me olham com atenção.

— Deve estar se perguntando o porquê de eu estar aqui, não é? Desculpe não ter feito apresentações, nomes são jargões pouco usados de onde eu venho, me chamo Ivy, mas todos conhecem- me por Granny.- Edward começou a brincar com os dedos da minha mão direita, sinto os seus dedinhos gorduchos tocando o meu anel de noivado, não desvio os olhos dela, no entanto.

— Eu já ouvi falar da senhora, é a anciã...

— Mais velha que vive em La Push, sim, minha criança. Eu também já ouvi falar sobre você, a menina que se apaixonou por um frio e quase morreu por causa disso mais de uma vez.- embora tenha dito o que disse o seu tom não soou acusatório em nenhum momento. Não me surpreende terem-na trazido para avaliar a nossa situação, a pessoa mais idosa dentre os mais idosos era a última palavra dentre o conselho deles.

Ela sorri ao perceber que fiquei sem palavras pela sua sinceridade. Mas seu corpo se curva enquanto estou pensando nisso e logo ela já não estava mais falando somente comigo.

— E você, meu bem, qual é o seu nome?- Edward estava concentrado no anel, olhou para a mulher durante pouco mais de cinco segundos antes de falar alguma coisa, soltou a minha mão voluntariamente e encarou-a de maneira séria.

— Ewá Ullen.- dessa vez ela não sorriu imediatamente, mas pude ver suas íris faiscarem ao ter contato direto com as dele.

Os dois se encararam ainda mais, olho no olho, por quase dois minutos inteiros.

— Eu li sobre o que aconteceu com ele em um livro quileute, quem narra a lenda é Mary Lou Connor.- ela volta a sentar-se propriamente no sofá.

— Ah, sim, Lou era minha prima, ficou tão feliz ao ver sua história sendo publicada naquela época.- não ignoro o verbo usado no passado. Se não me engano, o tal livro foi publicado há quase dez anos atrás.

— Fiquei sabendo que Leah deu a entender que os Cullens haviam transformado uma criança humana, não preciso dizer que ela foi mais do que precipitada ao sair espalhando tais acusações.- provocar um lobo nunca é recomendado, mas eu quis deixar claro- caso não estivesse o suficiente- o quanto aquilo estava me aborrecendo.

— Sim, ela nos informou isso mais cedo. Sei que foi um equívoco de sua parte, estou vendo a criança e mesmo eu sei diferenciar ao ficar cara a cara com alguém da minha faixa etária.- Edward a olha de maneira curiosa, não sei se está conseguindo compreender.

— Então, isso já aconteceu antes? Quero dizer, fora o que é contado através de gerações.- a velha mulher descansa as mãos no colo antes de falar.

— Não posso entrar em detalhes, mas sim, digamos que o seu pequeno vampiro não é o primeiro que vem até mim com tal problema.- o mesmo balbucia alguma coisa e bate de leve no meu braço para chamar atenção, olho para baixo e ele aponta o chão, mesmo surpresa, o coloco sentado sobre o tapete de Charlie, ele logo se ocupa de pegar as chaves que estão na beirada da mesinha de centro. Olho para Granny novamente e ela o analisa admirada.

— Mas o que aconteceu com essa pessoa? Ela voltou à forma antiga?- Ivy ajeita o xale rubro que carrega sobre os ombros e suspira.

— Tal qual a velha cantiga feita sobre o solo dos nossos ancestrais, um jovem rapaz esteve como morto por quase dois meses.

— Quase dois meses inteiros?- assente para mim.

— A moça que o fez ficar assim não permitiu que velassem seu corpo, sabendo ela o que tinha pedido sob a luz da lua escarlate e perto das árvores anciãs. Durante mais de um mês esteve ele gelado como mármore, pálido feito a neve, mas a sua carne não apodrecia e, apesar disso, os seus lábios continuavam róseos e a pobre moça o amava demais para admitir que já não sentia os batimentos do seu coração, permaneceu ao seu lado dia e noite, durante todos esses dias, sem dormir, comer ou beber até que o seu próprio corpo caísse ao chão.- aquilo soou como o conto de horror mais lindo e triste de todos os tempos.

— O que aconteceu com ele quando acordou?

— Não lembrava de nada do que aconteceu antes, nem mesmo da briga que os levara a tal ponto, a vida seguiu o seu curso, para os dois, juntos.- ela sorri minimamente e tenho a impressão- a certeza, aliás- que Granny é a moça da história, a que, sob o solo de seu povo desejou em voz alta que o homem a quem ela amava estivesse morto.

Por isso a sua simpatia para comigo, ela sabia exatamente pelo que eu estava passando. Tenho a ligeira impressão de que este seu relato não era muito conhecido pelos mais novos.

— Não se preocupe quanto ao trato, a menina Clearwater descumpriu um juramento quando nenhum tipo de trégua havia sido estabelecida e será devidamente repreendida, logo nos reuniremos com Carlisle para mais essa conversação.- posso estar errada, mas o seu tom de voz dá a entender que ela sente certa simpatia pelo pai dos Cullens.

Afirmo, mexendo a cabeça, Edward fica de costas escoradas no sofá, no espaço entre as minhas pernas, ainda brinca com a chave reserva de Charlie, ouço-o balbuciar baixinho, mas não entendo o que diz. A velha anciã faz menção de erguer-se de seu lugar e mais do que rapidamente Leah e Jacob surgem pela porta aberta da sala, que estava apenas encostada.

Para alguém de idade tão avançada, ela tinha um ótimo porte físico, muito embora ao ficar de pé o seu corpo encurvado a denunciasse. Enquanto Jacob a fazia apoiar-se nele, a mulher nos olhou de maneira terna uma última vez.

— Foi bom conhecê-la, Bella, há tempos que estava querendo te ver com os meus próprios olhos.- não respondo a isso, não há porque fazê-lo.

— Gwanny!- Edward aponta animado para ela e eu não fico surpresa de ele ter capturado o momento em que a senhora se apresentou a mim. Ela solta um risinho bem humorado e curva-se mais ainda para poder alcança-lo, seus dedos nodosos e longos tocam- lhe a bochecha cor de rosa e o observo corar brevemente.

— Também gostei de conhecer você, pequeno Cullen, de longe o frio mais bonito que já conheci.- claro, ela não devia ter visto Edward quando em sua versão adulta, mas estava completamente correta, mesmo agora, em miniatura, a sua beleza inumana saltava aos nossos olhos.

Jacob sai com ela, eles conversam algo ao chegar ao umbral da porta, mas não entendo do que se trata. Vejo Rosalie vir em nossa direção, saindo diretamente da cozinha junto a Emmett, mas ela congela, assim como eu. Leah ficou para trás e agora está aproximando-se devagar.

Fico de pé e o coloco nos braços, embora eu tenha certeza de que ela jamais tentaria algo- não só porque não era do seu feitio, mas também porque ninguém em juízo perfeito desafiaria Rosalie. A filha de Sue me olha ainda calada.

— Algum problema?- não demonstro grosseria, mas tão pouco sou educada ao questiona-la.

— Só queria dizer que sinto muito, não quero que isso prejudique o acordo que temos, o erro foi meu.- só agora ela se permite olhar para o bebê, não demonstra raiva ou algo do gênero, pelo contrário, parece estar puramente envergonhada.

— Tudo bem.- Leah assente uma vez com o queixo ainda empinado e vai embora. Nossa relação nunca foi das melhores, mas desde que nossos pais começaram a sair há um esforço duplo, meu e dela, para que a nossa relação- inexistente- não atrapalhe a dos dois.

Rose finalmente se aproxima ainda sem falar nada, passo-lhe Edward também em silêncio, porque sei que é importante para ela saber que o está protegendo. Sorri para mim de maneira radiante quando ele vai de bom grado, ao contrário de com a quileute a nossa relação só melhora a cada dia que passa, a cada dia em que nos dividimos para cuidar e zelar por aquela criança.

Rio ao ver a cara despreocupada de Emmett, ele está com uma caixa de pop-tarts em mãos.

— O que estava fazendo?- tradução: por que raios você esteve fuçando na minha cozinha se não consegue digerir comida humana?

— Faz anos desde que tentei sentir o sabor de um desses, continua com um gosto repugnante, aliás.- ele coloca a caixa na minha mão, seu cenho franzido. Apesar de ser uma piada, é um tanto quanto triste.

— Será que nós podemos conversar um minuto, Bella?- a voz de Jacob vem já do lado de dentro, o barulho do carro entrega que as outras duas foram sem ele.

Há um breve momento em que todos me olham em expectativa, claramente esperando uma resposta minha. Eu não digo nada, mas os três Cullens saem pela porta para esperar até que o momento passe, não ignoro a encarada desconfiada que Edward dá do colo da loura, Jacob também pareceu perceber, pois quando o ruivinho rosnou em sua direção ele ergueu as sobrancelhas, surpreso.

Nos olhamos muito rapidamente antes de eu desviar o rosto, vou até a cozinha na intenção de guardar a caixa de comida e sei que ele me segue de perto. A besta percepção de que não ofereci sequer um copo com água à Granny me incomoda.

Abro o armário, caixa para dentro, fecho o armário e Jake está encostado na pia, me olhando do outro lado.

— Eu realmente não quero soar sempre tão estúpido assim com você, sabe?- Black fala baixinho, como se quisesse falar aquilo a si mesmo.

— Acho que sim, mesmo que isso não seja desculpa para agir feito uma criança o tempo todo.- posso ver que o ofendi com a minha colocação, mas não a retiro.

Ficamos em silêncio durante segundos, antes de ele propor-se mais uma vez à fala.

— Eu pensei que sabia o que era loucura até ser informado de que há uma árvore no meio da floresta que realiza desejos.- ele diz.

— Está dizendo isso para mim, mas fui eu quem quase pegou uma passagem só de ida para o hospício ao saber que você é um lobisomem.- ele ri sem muito humor na voz.

— Imagino agora com o seu namorado transformado em um cúpido sem asas.- tira sarro, apesar disso eu rio de sua piada.

— Se está falando... a criatura mítica aqui é você, afinal.- Jake sorri com a nossa velha brincadeira, mas não dura muito, logo as pontas da sua boca vão caindo e caindo, até não haver mais nada ali. Sigo a sua atenção e percebo que está olhando a grande gema que há em meu anelar direito.

— Se eu soubesse que essa lenda idiota era verdade teria ido até essa tal árvore há muito tempo.- atrás da sua cabeça o sol começa a se pôr, a janela envidraçada da cozinha desembocava um grande faixo de luz alaranjada sobre nós dois.

— Teria prazo de validade.- digo, cruzo os braços e desencosto do armário de baixo. Ele nega com a cabeça.

— Ainda assim aconteceria do mesmo jeito.- agora é ele quem se afasta, aproximando-se mais de mim.

Pisco uma vez antes de falar-lhe algo que encerre o assunto.

— Não seria verdade, Jacob, não se esqueça disso.

Ele não pareceu desanimar com o que eu disse, mas noto o seu ego ferido mesmo sem nenhuma palavra proferida.

— Existem meias verdades também, Bella, queira você ou não.- sem me olhar uma segunda vez, ele simplesmente sai dando-me as costas.

Ao trancar a porta da frente e esconder a chave no lugar, o crepúsculo toma o céu e o ar parece incrivelmente mais leve do que quando entrei mais cedo.

O sábado amanhece mais cinzento do que o normal, ainda assim isso não impediu Alice de planejar uma viagem à praia e de última hora. Saímos logo após a hora do almoço, a fina garoa parou de cair e o céu ameaçava se abrir, observo pelo vidro a orla da floresta, vez ou outra tenho a impressão de ver um vulto grande e quadrúpede acompanhando o carro, olho para o rosto de Jasper pelo retrovisor, uma onda de calma me cobre da cabeça aos pés quase imediatamente, embora seus olhos não encontrem os meus tenho plena consciência do que deve estar pensando.

Alice dirige cantarolando um trecho particularmente grudento de “My funny Valentine”. Edward vai na sua cadeirinha, entre Esme e eu, ele assiste atentamente toda a pequena conversação que há no veículo; o restante vai no carro de Carlisle, logo atrás de nós.

Chegamos à costa em menos de duas horas, trata-se de uma praia escondida por mata fechada e alta, de modo que as chances de qualquer um se atrever a aparecer por lá eram mais do que mínimas, fomos até um pouco além de Neah Bay.

Retiro Edward e ele olha curioso para cima, mesmo levando-o para tomar sol regularmente está é a primeira vez em semanas que avistamos um assim tão despontado, mesmo com o tempo ainda um tanto chuvoso.

Emmett estaciona um pouco além, com exceção de mim todos já têm alguma coisa diretamente tirada dos porta-malas em mãos,seguindo a orientação sobre o clima, escolhi roupas confortáveis e um biquíni por baixo. Andamos mais alguns metros e várias placas de madeira aparecem em nosso campo de visão, leio uma delas e arregalo os olhos imediatamente.

— Você não disse que havia animais peçonhentos aqui, Alice!- ela sorri abertamente para mim, mas é Carlisle quem responde.

— Não seja boba, Bella, fomos nós que colocamos isso aí há mais de vinte anos atrás.- toca o meu ombro e ri.

— Sério?- Edward murmura alguma coisa para mim e aponta a floresta às nossas costas. Rose vem para mais perto e conversa baixinho com ele, que gargalha.

— Inventamos rumores cabulosos para a gente poder vir aqui vez ou outra sem nos importar com os humanos.- Jasper fala.

— Vamos, pessoal?- Esme avança na frente, passo Edward aos braços dela e Emmett aparece sorridente ao meu lado.

— Não, nem pensar, Emmett!

Coloco as pernas trêmulas na areia fofa e abro os olhos, o grandalhão ainda gargalha da minha covardia enquanto eu o xingo mentalmente de todos os palavrões que conheço.

— Relaxa, aí, Belinha, até parece que não foi divertido.- Alice chega mais perto de mim.

— Divertido só se for para você, esse maluco quase me mata do coração.- reclamo. O Cullen me levou por entre as árvores em uma velocidade absurda, apertei tanto os braços ao redor do pescoço dele que se pudesse eu o teria estrangulado.

— Eu tenho que aproveitar e fazer essas brincadeiras com ela enquanto o cabeçudo não está aqui para arrancar o meu pescoço fora.- comenta perto de Jasper, que revira os olhos.

Ignoro os dois e sigo Alice, fico de pés descalços e chego até o pequeno espaço coberto por uma toalha, lá me sento, nele estão Edward e a mãe, vejo Carlisle abrindo um grande guarda-sol perto de nós, de modo que a sua sombra abarca a nós três. Rosalie desempacota algumas coisas, mas não presto atenção no que elas são exatamente. Aquele é um dos lugares mais lindos que eu já havia visto na vida, a água azul e o chão imaculado provavam o que a ausência de visitantes tem o poder de fazer.

Passo protetor solar na coisinha saltitante enquanto Esme a segura de pé, nós rimos quando ele pega o tubo da minha mão e em seguida tenta passá-lo no meu rosto. Coloco bolotas do creme em minhas bochechas e deixo que espalhe com as suas mãos, engulo um pouco, mas faz parte.

Ele de calção de banho e eu ainda de roupa, vamos até uma piscina formada entre duas rochas. Carlisle grava e Alice tira fotos dele sentado na beira d'água sozinho, ficamos todos de boca aberta quando toma a iniciativa de inclinar o corpinho para a frente, vemos a sua figura na posição certa para engatinhar e logo em seguida ninguém se mexe quando ele finalmente fica de pé, sozinho, pela primeira vez.

Esme o incentiva com palavras encorajadoras, o danadinho ri mais um pouco e depois volta a sentar-se com tudo na areia fofa. Mesmo assim comemoramos junto a ele, damos parabéns e batemos palmas para fazê-lo sorrir.

A tarde passa calmamente, após dar o lanche do bebê Carlisle e Esme saem para caminhar, Jasper e Emmett apostam quem consegue chegar mais rápido até o outro lado da costa e nós três continuamos brincando com Edward. Rio litros- e gravo também!- com a carranca de Rosalie quando ele dá mais atenção à Alice.

A noite chega e todos se reúnem em volta da fogueira feita pela baixinha, Edward está cansado, mas mesmo assim ainda teima em ficar de olhos abertos. Coloco alguns marshmallows para assar e experimento lhe dar um pedaço, dividimos o doce enquanto Carlisle relembra histórias engraçadas vividas desde que começaram a frequentar aquele paraíso escondido há tantos anos atrás- quando eu inclusive ainda não passava de um espermatozóide. O Cullen em miniatura começa a querer dormir finalmente, o cubro com uma manta e ele não demora a ressonar, enquanto me alimento o coloco nos braços mais próximos , no caso, os de Jasper.

Olho para as estrelas que aparecem em meio às nuvens ainda carregadas, a tempestade ameaçou, mas não apareceu. Recordo das fogueiras em La Push e da lendas e histórias que ouvi por lá, diziam os antigos ancestrais que sempre que uma tormenta deixava de cair uma coisa importante estava para acontecer, mesmo crescendo como uma total cética há de se entender porque ultimamente tornei-me tão suscetível a acreditar nesse tipo de coisa.

Penso em Jacob pela primeira vez desde que estamos ali, o seu rosto magoado quando ficou sabendo do noivado ainda me assombra às vezes. Mas não há o que se fazer, não é certo eu sempre desistir da minha felicidade pela dos outros, cansei de fazer isso, não posso e nem vou mais fazer.

Estou de volta ao assento de trás, dessa vez com um embrulhinho dorminhoco e grudado em mim. A lua cheia ilumina a estrada e eu espio pelo ombro de Rose para conseguir ver as horas, já que o meu celular está no bolso e eu não posso me mover. Passa da meia noite quando ultrapassamos a placa anunciando o limite de Forks, olho para o mesmo lugar de antes, dessa vez a única coisa que vejo são as sombras das árvores passando muito rapidamente pelos meus olhos, não posso deixar de pensar que tudo o que vem acontecendo realmente parece querer simbolizar um ponto final para a minha relação com o meu antigo amigo. Dói fazê-lo, mas não posso deixar de me consolar com a perspectiva de que ao menos as coisas seriam mais fáceis dali em diante.


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Notas finais do capítulo

Oi, meninas, turu bom com vocês?
Sksjskznsjajzjsjs

Recomendem e comentem, por favor! Vamos fazer o último capítulo dessa fic ser grandioso!
Tô de olho, hein?
Se n comentou, comente!
Se gostou da fanfic e quer mostrar isso, recomende!
Ok? Ok!
Beijinho, beijinho e xau, xau!!!!!
Até!♥♥;-);-)



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